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quarta-feira, 11 de abril de 2012

O texto traduz o sentimento da categoria

RESPOSTA AO PRESIDENTE DO SIPEEM

SENHOR Claudio Fonseca.
Senhor Presidente,

Não sou violento, sou pacífico! Professor concursado, ensino aos meus alunos como é bom e bonito respeitar o próximo.
Não faço parte de nenhum grupo intolerante, sou Nordestino e como tal já sofro intolerância. Vez ou outra o Senhor deve ler nos jornais que somos alvo.
Não sou baderneiro, sou um ser que pensa e luta pelos meus direitos e pelos direitos das minorias.
Não sou infiltrado e nem me infiltro em nada. Todos os locais que freqüento, entro e saiu pela porta da frente. Tenho RG, CPF, TÍTULO DE ELEITOR, RESERVISTA e não tenho passagem pela POLÍCIA. Ah! Não tenho Habilitação porque pago aluguel e não posso ter um carro.
Não sou filiado a partido político e nem mesmo ao SIPEEM. Como Professor, aderi ao movimento de greve, entre outras razões, por acreditar que para as crianças, para os professores e para as escolas é importante ter FÉRIAS COLETIVAS em JANEIRO.
* Sugiro debate Público com Pedagogos, Psicólogos, Pais e Sociedade como todo.
Nunca minhas idéias foram impostas através da violência, mas gostaria de lembrar aqui um assunto que já foi amplamente discutido. Violência pode ser física, psicológica, verbal e quando ocorre negligência.
Hoje me manifestei usando a minha voz, apenas a minha voz. O tom/volume foi de alguém que se sentiu violentado. Sim, Senhor Presidente, hoje me senti violentado. Por esse motivo o Senhor tem o direito de dizer que sou violento?
Do local que eu estava, no chão, no meio dos Professores, vi a maioria dos Professores ou no mínimo um número bem divido que votou entre greve e não greve. Por isso gritei: votação, votação.... Mas pergunto? Os mesmos olhos que duvidaram da votação quando o assunto foi o tempo que cada pessoa falaria são os mesmos que não duvidaram da votação se a greve parava ou não?
Não usei de agressão física, não joguei nada no Senhor, mas a pedido do Sindicato a polícia chegou e eu vi homens e mulheres, senhores e senhoras sendo atingidos por spray de pimenta para que o Senhor, protegido no carro de som pudesse passar. Não quero fazer poesia com isso, mas olhei para um policial e falei “companheiro eu sou professor, não sou bandido” e o mesmo me respondeu “eu sei, desculpa, mas é a ordem” E eu me pergunto de quem foi a bendita ordem?
Psicologicamente também fui agredido Senhor Presidente, porque confiei deslocar a minha palavra na Vossa boca, eu atribuir ao Senhor o direito de falar por mim e o Senhor simplesmente falou que era isso e pronto. Senti-me como uma criança que confia em um adulto e é maltratado por ele.
E por fim a negligência tomou conta do lugar. Foi nesse momento que minha mente me projetou da Líbero Badaró e me fez percorrer alguns lugares do mundo.
O cheiro de ovo me levou para as mulheres Afegãs violentadas pelos seus maridos.
A água que cortava o espaço me transportou a países que compartilham recursos hídricos, como Egito e Sudão.
As bandeirolas que antes balançavam no ar em som único, agora estavam espalhadas no chão e me fizeram ver o Haiti e sua miséria.
Foi assim que voltei pra casa senhor Presidente. Voltei violentado e de trem, que por sinal quebrou me obrigando a descer e esperar o próximo.
Nesse intervalo tive tempo de pensar nas pessoas que lutaram e morreram na ditadura para que eu pudesse ter o direito de me manifestar dignamente e não ser confundido com bandido.
Lembrei também dos negros que morreram aqui e no mundo lutando por liberdade.
Lembrei dos moradores de rua, nessa hora me senti violento, não faço nada por eles.
Lembrei das meninas nortistas prostituídas.
Lembrei de político com dinheiro na cueca e lembrei que já nem lembro o nome dele.
Lembrei que o juiz lalau virou lenda
Entre outras mazelas.
Já chegando na casa que moro e não é minha, é alugada, cansado e humilhado, vi uma luz no fim do túnel.......
Lembrei que tenho uma arma poderosa e vou usar. A Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire.
Lembrei que sou ator e posso usar a arte como forma de protesto e o Teatro do Oprimido de Augusto Boal.
Lembrei que “Nada é impossível de mudar” como disse Bertold Brech.
Lembrei também que sou da categoria sim, que não sou baderneiro, agressivo, violento. Lembrei que sou professor e acredito no poder da educação. Lembrei que o violento não foi eu, que o infiltrado não foi eu e que quem usou de poder e violência não foi eu.
Nota: Durante 07 dias postarei esse texto aqui no Face.
Nota II: Segue o que texto extraído do site do SIPEEM na data de 10/04/2012 as 23:06

TIAGO DE MELO PINTO
Professor CEI

BADERNEIROS NÃO SÃO DA CATEGORIA
A agressão aos manifestantes favoráveis à suspensão da greve é típica de grupos intolerantes, que não aceitam a democracia, infiltrados no movimento. São grupos minoritários que acreditam que podem impor suas ideias e métodos através da violência.
O SINPEEM não aceita este tipo de atitude e não se intimidará ou se curvará a estes baderneiros que não pertencem à categoria e que, portanto, não podem ditar regras para uma entidade autônoma e independente, que sempre defendeu, defende e defenderá a democracia e os interesses dos profissionais de educação.

A DIRETORIA
CLAUDIO FONSECA
Presidente
foi tudo
Fim da conversa no bate-papo

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