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domingo, 31 de março de 2013

Elio Gaspari diz que se deve cumprimentar o pastor deputado pela prisão de dois "desordeiros" na CDHM




FELICIANO E AS PATRULHAS DE DESORDEIROS

Elio Gaspari
folha de são paulo

Quem viu os constrangimentos a que foi submetida a blogueira cubana Yoani Sánchez em sua passagem pelo Brasil deve um cumprimento ao pastor Marco Feliciano. Ele deu voz de prisão a dois manifestantes que integravam uma patrulha de desordeiros manifestando-se dentro da sala em que presidia uma reunião da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Yoani Sánchez foi hostilizada em cinco cidades. Em Salvador, precisou de escolta policial. As patrulhas impediram a exibição de um documentário. Em São Paulo foi obrigada a cancelar uma noite de autógrafos. Calar os outros no grito é falta de civilidade, mas tumultuar uma sessão de trabalho na Câmara dos é violação do regimento da Casa.

Admita-se que a presença de Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos é um contrassenso, mas ele não chegou à cadeira no grito. Está lá porque foi eleito com 211 mil votos e preside a comissão pelo voto de seus pares.

A elite paulistana anda revoltada com os direitos das domésticas

Danuza Leão
folha de são paulo

Quem sempre teve uma relação correta com sua empregada está tranquilo. Afinal, férias, 13º, INSS, são coisas que nem precisariam de lei para existir, e além de serem justas, fazem com que as relações entre empregada/empregador sejam amenas e pacíficas, o que torna a vida melhor para todos.

Mas nenhuma lei é perfeita, vide a proibição de dirigir depois de beber; se é possível se recusar a fazer o teste, que lei é essa?

Uma das coisas mal resolvidas é a carga horária. A ideia é que sejam até 44 horas semanais, praticamente nove horas de trabalho de segunda a sexta, o que é demais para qualquer mortal, já que esse trabalho é, na maior parte das vezes, físico, e descansar uma hora, no meio do expediente, como, onde? Na sala, vendo TV?

Por outro lado, não há quem precise de uma doméstica tantas horas seguidas, a não ser uma família com pai, mãe e quatro filhos, em que ninguém arruma sua cama, as roupas são largadas pelo chão, cada um almoça e janta na hora que quer, e aí nem as nove horas diárias vão ser suficientes. Já pensou, explicar aos adolescentes -e seus amigos, já que eles só andam em turma- que não dá para pedir vários lanchinhos várias vezes por dia?

Por tudo isso e mais alguma coisa, acho que esqueceram de falar, nessa nova lei, da remuneração por hora de trabalho. Afinal, o horário de uma diarista varia: existem as que trabalham duas horas, três, quatro ou cinco -e outras, nove.

Os que moram em apartamentos grandes vão precisar de uma empregada em tempo integral e vão pagar por isso; mas para quem vive num quarto e sala, duas horas de trabalho, duas vezes por semana, são mais do que suficientes.

É claro que o preço para duas horas não é o mesmo que para nove, e quem tem um emprego de duas horas, duas vezes por semana, pode perfeitamente ter mais dois ou três (empregos).

E mais: se o empregador tiver que pagar auxílio-creche, auxílio-colégio, salário família e estabilidade em caso de gravidez, então só sendo milionário para poder ter uma empregada. Aliás, só pra saber: se for estipulado o preço da hora de trabalho, o preço vai ser o mesmo para quem mora em Caxias e o quem tem uma cobertura com piscina na Delfim Moreira? Só pra saber.

Tenho passado as noites em claro, apavorada, já que sou totalmente dependente de uma ajuda doméstica. Já tive vários tipos de vida, desde morar em apartamento grande e ter três empregadas, a um pequeno conjugado onde alguém vinha uma vez por semana dar aquele toque de talento que Deus não me deu.

Que felicidade, entrar numa casa, seja ela imensa ou mínima, e sentir que por ali passou uma abençoada mão de fada. Eu troco essa ajuda por qualquer vestido, qualquer carro, qualquer viagem, qualquer joia, porque para mim esse é o maior dos luxos: uma casa bem arrumada e cheirosa.

E espero que as novas leis me permitam, sempre, pagar o que merece a dona desse talento, que para mim vale ouro. Mas a partir de agora vou prestar atenção e contratar mães de filhos já crescidos, até porque em qualquer lugar do mundo a obrigação de dar creche e colégio é do governo.

Assim é essa PEC; imperfeita, e dando pânico de contratar uma nova funcionária. E se não der certo? Demitir vai sair tão caro que trabalhar como arrumadeira será praticamente ter estabilidade no emprego, como os funcionários públicos; e demissão, praticamente, só por justa causa.

Aliás, o que é que caracteriza a justa causa? As empregadoras não sabem, mas pergunte a qualquer candidata a um emprego doméstico; todas elas sabem, na ponta da língua, o que não podem fazer, para não correrem o risco de uma justa causa.

É curioso o mundo moderno: um marido pode ser dispensado por incompatibilidade de gênios, e uma empregada doméstica não.

sábado, 30 de março de 2013

Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar imprensa alternativa



Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.

Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.

Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.

Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.

Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.

Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.

Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.

Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.

Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.

Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.

No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.

Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.
Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.

Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.

Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.

Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.

Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.

O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.

Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.

Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?

O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.

Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.

Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.

Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.

Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.

E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.

Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.
Eu os vejo por aí.

PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.

PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira. 
 
Luiz Carlos Azenha
No Viomundo

quarta-feira, 27 de março de 2013

Haddad diz que decreto evitou 'drama social' em terreno na zona leste

Durante visita a um centro da CET, Haddad afirmou que era preciso evitar a repetição da falta de ajuda a vítimas de reintegração de posse (Foto: Alexandre Moreira/Brazil Photo Press/Folhapress)
 
 
Prefeito de São Paulo critica Tribunal de Justiça por rejeitar primeiro pedido apresentado pela administração municipal para barrar ação policial contra 700 famílias

Por: Redação da Rede Brasil Atual 

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou hoje (27) que se viu forçado a agir de maneira emergencial para evitar que se agravasse ainda mais a repressão da Polícia Militar contra moradores de um terreno localizado no Jardim Iguatemi, na zona leste da cidade. “Você primeiro faz uma parceria com a comunidade, faz o cadastramento das famílias sem atropelos e depois faz o decreto. Então nós invertemos a ordem para que o juiz se sensibilizasse e pudesse rever sua decisão, que ia criar um drama social na cidade”, disse.

O Diário Oficial do Município trouxe hoje o decreto que torna de interesse público o terreno, alvo de ação de desapropriação na véspera contra 700 famílias. Ontem, após ação da prefeitura, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a interrupção da intervenção policial. Horas antes, Haddad havia cobrado publicamente o fim do operativo. Segundo nota divulgada pela administração municipal, a secretária estadual de Justiça, Eloísa Arruda, telefonou ao desembargador responsável pelo caso após o pedido do prefeito.

“É um estudo que deveria ter sido feito antes do decreto, juntamente com o prazo de cadastramento das famílias. Mas como era uma situação de emergência em que havia risco social envolvido, nós tomamos a providência de destacar uma equipe para redigir o decreto. Agora que está superada esta situação, vamos fazer os procedimentos habituais da prefeitura.”

Ao mesmo tempo, Haddad criticou o Judiciário paulista por rejeitar o primeiro pedido da prefeitura para suspender a desapropriação. “Nós queríamos evitar o que já aconteceu tantas vezes no nosso país: um drama social não ter atendimento”, disse.

Agora, a Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab) fará o processo de desapropriação do terreno em 133 mil metros quadrados em nome de Heráclites Batalha. As famílias devem ser cadastradas em programas habitacionais em 120 dias, e no local deve ser erguido um conjunto para moradia.

Danuza Leão é o símbolo vivo de uma elite inculta, egoísta e vil


do Blog da Cidadania

Há um setor da sociedade que simplesmente não consegue enxergar e aceitar o processo civilizatório em que o Brasil mergulhou após os seguidos desastres administrativos, econômicos e sociais que governos medíocres, vendidos e ladrões lhe impuseram até 2002.

Talvez o mais eloquente símbolo do processo civilizatório em curso no Brasil seja estar se tornando raro famílias de classes média e alta terem “empregadas domésticas” que trabalhem de sol a sol por ninharias que não pagam refeição em um bom restaurante.

Agora, após séculos de verdadeira escravidão a que mulheres e até meninas pobres se submeteram trabalhando nessas condições para famílias de classe social superior, o Congresso criou vergonha e estendeu aos trabalhadores domésticos os direitos de todos os outros.

Um dos muitos avanços sociais para a maioria empobrecida do nosso povo que os governos Lula e Dilma vêm proporcionando está na raiz do ódio que a elite tem deles, pois acabou a moleza de madames como a colunista da Folha de São Paulo Danusa Leão terem escravas.

Eis que a socialite-colunista, que já andou vertendo seu ódio de classe devido à conquista dos aeroportos e viagens internacionais pelas classes “inferiores”, agora se revolta com os direitos trabalhistas serem estendidos também às “domésticas”.

Para tanto, como bem anotou o site Brasil 247, a socialite-colunista se valeu dos “argumentos” que há mais de século os escravocratas brasileiros usaram para manter este país como o único em que persistia a escravidão de negros.

Os escravocratas diziam que se os negros fossem libertados, seriam os principais prejudicados porque não conseguiriam se sustentar sem a “proteção” do senhor de escravos.

Agora, uma centena e tanto de anos depois, a colunista da Folha diz que dar direitos trabalhistas a domésticas seria ruim para elas porque, dessa forma, não conseguirão emprego.

Essa mulher é colunista do dito “maior jornal do país”. Espanta como alguém tão desinformada pode ter espaço em um veículo de projeção nacional para provar por escrito sua ignorância desumana.

Danusa é o retrato de uma elitezinha minúscula, iletrada, desinformada, egoísta, racista, sonegadora e pervertida. Leia a sua diarreia mental na Folha deste domingo. Prossigo a seguir.

(...)

Manipulação midiática vergonhosa: Estadão omite participação de Haddad na suspensão da reintegração de posse no Jardim Iguatemi e atribui ao governo de SP o mérito da ação


Governo de SP pede suspensão da reintegração de posse no Jd. Iguatemi

Moradores protestaram e policiais usaram bombas de efeito moral durante a ação


do Estadão


http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/governo-de-sp-pede-suspens%C3%A3o-da-reintegra%C3%A7%C3%A3o-de-posse-no-jd-iguatemi

Após pedido da prefeitura, TJ suspende desocupação na zona leste de São Paulo

Por: Gisele Brito, da Rede Brasil Atual 

Pelo menos duas pessoas ficaram feridas (Foto: Marcelo Camargo/ABr) 
São Paulo – O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a reintegração de posse de um terreno no Jardim Iguatemi, na zona leste da capital, onde vivem 750 famílias de sem-teto. A desocupação, por ordem judicial a pedido do proprietário, começou hoje (26) de manhã com homens da tropa de choque da Polícia Militar, que usaram bombas de efeito moral para dispersar moradores que protestavam na frente do terreno. Segundo informações não oficiais, pelo menos duas pessoas se feriram.

O TJ não deu mais informações sobre os termos da suspensão e se ela atende ao pedido da prefeitura de São Paulo. O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou horas atrás que a prefeitura iria interceder para tentar reverter a situação.

Segundo Haddad, o secretário de Habitação do município, José Floriano de Azevedo Marques Neto, foi instruído a procurar o dono da área, Heráclides Batalha, para tentar uma solução negociada, que passaria pela desapropriação amigável do local. Batalha, porém, não teria aceito a proposta.

Diante disso, a prefeitura diz que irá publicar um decreto nos próximos dias declarando a área de utilidade pública. Ao mesmo tempo, segundo o secretário de Negócios Jurídicos, Luis Fernando Massonetto, a administração entrou com uma petição no TJ de São Paulo para suspender a reintegração.

Histórico

Cerca de 300 moradores da área realizaram a primeira manifestação da gestão Haddad, no dia 4 de janeiro, em frente à prefeitura. O grupo foi recebido por representantes da Secretaria de Habitação que realizaram uma visita na área.

Eles afirma que o próprio Batalha reuniu há cerca de um ano moradores de bairros próximos ao local e afirmou ser o dono do terreno, incentivando a ocupação em troca de R$ 10 mil por lote. Depois, os moradores poderiam pedir a posse do terreno judicialmente, por usucapião. Aos moradores, Batalha disse que o negócio precisava ser feito dessa maneira porque não poderia vender legalmente a área de 173 mil metros quadrados.

Luciano Santos, membro da comissão do bairro, contou que depois de as pessoas se estabelecerem no terreno Batalha passou a pedir R$ 35 mil por lote, valor incompatível com a renda da maioria dos moradores. Sem acordo, ele entrou na Justiça pedindo a reintegração. “Era uma terra parada desde 1932, muito marginalizada, onde aconteciam muitas mortes. A gente não quer invadir nada. Agora a gente só quer o que foi acordado”, afirmou o morador José Fernandes de Oliveira.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Espaço - Barão Vermelho


Discursos versus nova realidade

domingo, 24 de março de 2013

McDonald's desaparece na mídia venal



ALTAMIRO BORGES       

Decisão da Justiça contra a rede americana é histórica, mas não mereceu qualquer destaque na imprensa privada. Os bilionários anúncios publicitários da empresa explicam esse silêncio.

A 11ª Vara do Trabalho do Recife decidiu nesta semana que o McDonald's deverá regularizar de imediato a jornada de trabalho dos 42 mil funcionários das suas 600 lanchonetes no Brasil. A liminar atendeu ao pedido do Ministério Público do Trabalho. A poderosa multinacional estadunidense desrespeita as leis trabalhistas do país ao impor uma jornada móvel, o que obriga os trabalhadores a permanecerem à disposição da rede nas escalas de trabalho. A decisão da Justiça é histórica, mas não mereceu qualquer destaque na imprensa privada. Os bilionários anúncios publicitários da rede explicam o silêncio da mídia venal!

De acordo com a medida imposta por liminar pela 11ª Vara do Trabalho, a empresa Arcos Dourados, que representa o McDonald's no país, será obrigada a partir de agora a aplicar a jornada regular prevista em lei, que deixa explícito o horário de entrada e saída dos funcionários. Segundo a Procuradoria do Trabalho, o modelo adotado até hoje permitia que a multinacional decidisse, com poucas horas de antecedência, a escala da equipe para o dia seguinte. Em dias de movimento fraco, os funcionários eram dispensados mais cedo, o que impedia que recebessem o salário integral no fim do mês.

Ainda de acordo com a decisão do órgão, a empresa também será obrigada a permitir que os funcionários levem de casa a sua alimentação. Até hoje, eles só podiam se alimentar com os lanches vendidos pela rede. Em caso de descumprimento da limitar, a Arcos Dourados ficará sujeita a multa mensal de R$ 3.000 por trabalhador prejudicado. A aplicação desta decisão histórica dependerá agora da pressão dos sindicatos da categoria e da rigorosa fiscalização dos órgãos públicos. Não dá para esperar qualquer "denuncismo" da mídia privada. O Globo Repórter não fará uma reportagem especial sobre este tema!

sábado, 23 de março de 2013

O problema não é o Marco Feliciano e sim uma cultura que tenta fazer da Bíblia a fonte das verdades éticas e políticas de uma sociedade




por Paulo Jonas de Lima Piva
opensadordaaldeia.blogspot.com.br

O pastor Marco Feliciano é apenas um sintoma, apenas a ponta de um iceberg ameaçador para o futuro do Estado democrático de direito no Brasil. Do ponto de vista da democracia, dos direitos humanos, da laicidade do Estado brasileiro, Marco Feliciano é de fato um problema, um alerta, um lamentável retrocesso em potência e em andamento. Entretanto, o problema que o gerou e, ao que tudo indica, o problema que gerará pela frente muitos Marcos Feliciano, é ainda maior, e se protege atrás de um maciço tabu da nossa cultura hegemonicamente cristã: o de não se discutir no Brasil, de evitar a todo custo, uma reflexão mais pública e ampla sobre as bases da fé religiosa no país, mais exatamente, um debate sobre a veracidade dos livros que lhe servem de fundamento e justificação. Cientistas, pensadores e estudiosos para isso não faltam. Trata-se do tabu de que "religião não se discute", de que tolerância significa calar-se diante de absurdos e truculências cometidas em nome de uma fé. Mas pelo andar da carruagem, com a explosão de fé que contagiou o país nos últimos anos e com o aumento significativo da presença dos religiosos no cenário político nacional, lotando parlamentos e acumulando grandes meios de comunicação de massa, o futuro da laicidade do Estado brasileiro e da ampliação dos direitos humanos no Brasil exige com urgência tal discussão pública e ampla.


A Bíblia


Inspirando o fanatismo, a intolerância e o obscurantismo dos discursos e das práticas desse deputado eleito com mais de 200 mil votos e alimentando ideologicamente o seu projeto político de transformar o país numa "Jesuscracia" está um livro, a Bíblia. Para Marco Feliciano e para os milhares de cristãos que ele representa no Congresso Nacional, a Bíblia é um escrito sagrado, isto é, portador de explicações, valores e normas de conduta dados ao homem por uma divindade. Portanto, esse livro é por eles considerado uma obra oracular, concentradora de todas as verdades absolutas e únicas sobre o universo, o tempo, sobre a condição humana, sobre o certo e o errado, o permitido e o proibido, a vida e a morte. Assim sendo, não restaria outra alternativa ao ser humano senão submeter-se aos seus ditames e estórias, vinculando-se a ela sobretudo pela fé. Pensar, agir e viver fora dos padrões bíblicos seria viver em desacordo com as verdades com vê maiúsculo, por conseguinte, contra as vontades do deus no qual acreditam e a ele se dedicam e temem. Este seria o tal do "pecado".

Ora, o que está fazendo Marco Feliciano no Congresso Nacional? Marco Feliciano está apenas sendo coerente com o seu credo e leal ao eleitorado que o elegeu. Como deputado federal Marco Feliciano está sendo evangélico, seguidor do que ele acredita serem as palavras de um deus. Marco Feliciano está combatendo o mal, lutando contra o "pecado" na sociedade brasileira. Ao desqualificar eticamente os homossexuais em seu discurso e no seu engajamento homofóbico, Marco Feliciano mostra simplesmente que respeita e cumpre rigorosamente o que está escrito no seu livro sagrado. Ele segue à risca, por exemplo, Levítico 18:22: “Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação.” Ele segue também Romanos 1:26-27: “Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro”. Ou ainda 1 Coríntios 6:9: “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas”. Sua misoginia também encontra fundamento claro na sua Bíblia, em 1 Coríntios 11:3, por exemplo: "Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus". Também em Efésios 5:22-24: "Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos".

Portanto, a atuação parlamentar de Marco Feliciano é digna de orgulho para os cristãos que compartilham da sua fé. Trata-se de uma conduta politica absolutamente coerente com uma ideologia misógina, homofóbica e autoritária, de uma representação que reage e age, de maneira automática, em conformidade com as fábulas do livro no qual ele e seus milhares de eleitores cegamente acreditam. E por mais que muitos religiosos discordem do cristianismo expresso por Marco Feliciano e pelos seus milhares de eleitores, por mais que muitos teólogos façam contorcionismos lógicos e malabarismos retóricos mil para tentarem mostram que a Bíblia não diz o que realmente diz, quando abrimos as páginas enfadonhas, absurdas, ora assustadoras, ora risíveis, desse livro de mitologia, de contos da carochinha e de máximas bárbaras que tantas desgraças já causou ao mundo, o que encontramos lá? Como vimos acima, encontramos exatamente o que Marco Feliciano defende: passagens machistas, misóginas e homofóbicas aos montes, personagens autoritários, intolerantes e megalomaníacos que se apresentam como porta-vozes de um deus, que se dizem filho de um deus e, o que é pior, que se colocam como a encarnação da Verdade, sem contar as inúmeras atrocidades cometidas contra animais inocentes e alheios ao fanatismo dos personagens, animais estes condenados a rituais estúpidos de sacrifício. E é em coerência com esse livro digno de um Steven Spielberg sem inspiração que Marco Feliciano sustenta a sua homofobia, o seu machismo, o seu racismo, a sua intolerância, enfim, o seu desrespeito aos direitos humanos e à diversidade que caracteriza ainda o nosso ambiente democrático.

Resumindo e deixando mais claro, o problema central revelado pela eleição do presidente da Comissão de Direitos Humanos do Congresso Nacional não é o Marco Feliciano em si, que desfruta de um mandato legitimado por 200 mil eleitores seguidores da Bíblia, mas a nossa cultura de ainda levar a sério e de tomar como bússola existencial e moral um livro tão misógino, tão homofóbico, tão intolerante e autoritário como a Bíblia, onde o "amar ao próximo como a si mesmo", máxima que não é uma exclusividade evangélica, torna-se nota de rodapé em meio a tanta violência, sofrimento, crueldades, truculências e absurdos de suas "verdades" e personagens.



(Publicado em partes no jornal A Gazeta Itapirense, edição 407, 23 de março de 2013)

Cabral invade a aldeia

Marx escreveu que 'a história só se repete como tragédia ou como farsa'. Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os 'conquistadores' contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!
 


Chico Alencar*

Não, não estamos em 1500. O fato truculento se deu há pouco, no Rio. Mais de 200 PMs, apoiados por carros blindados e helicóptero, desalojaram indígenas que ocupavam há anos o antigo Museu do Índio, no Maracanã.

O prédio público se tornara 'ruína dirigida', para a prevalência de interesses da especulação imobiliária e dos negócios privados - entre eles, o assumido pelo governo do estado, de ali fazer um... estacionamento! Esse projeto nem a Fifa, argentarista como é, segurou! Graças à tenaz ocupação, o governo teve que recuar e prometeu preservar o imóvel. Mas não aceita a proposta de criar ali um Centro de Referência das Culturas Indígenas, muito menos de vê-lo ocupado por representantes de povos originários.

A Justiça injusta concedeu reintegração de posse para quem nunca zelou pelo local. E a Polícia de Cabral não cumpriu integralmente o acordo mediado com parlamentares do PSOL e um procurador da República: invadiu o prédio antes mesmo dos 10 minutos solicitados para um ritual de finalização da ocupação.

Às centenas de pessoas que apoiavam, extra-muros, a boa causa, a tropa de choque distribuiu bombas, balas de borracha, gás pimenta e prisões, perseguindo os manifestantes pela rua afora.

Com uma ânsia de bater que, entre outras anormalidades, pode refletir não apenas o despreparo, mas também as condições de trabalho impostas pelo governo cujas ordens seus soldados são tão violentamente fiéis em obedecer ('o opressor introjeta seus valores no oprimido' - Paulo Freire).

Marx escreveu que 'a história só se repete como tragédia ou como farsa'. Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os 'conquistadores' contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!



*Chico Alencar é deputado federal pelo PSOL/RJ. 

É assim que se faz uma Copa do Mundo? Com spray de pimenta, bombas, violência?







É assim que se faz uma Copa do Mundo?
Por Fernanda Sánchez*

Nesta sexta-feira, o Batalhão de Choque da Polícia Militar invadiu a Aldeia Maracanã, antigo Museu do Índio, e agiu com extraordinária truculência. Os policiais jogaram bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, gás pimenta, bateram nos manifestantes e prenderam ativistas e estudantes. A Aldeia estava ocupada desde o ano de 2006 por grupos representativos de diferentes nações indígenas que, nos últimos tempos, diante do projeto de demolição do prédio (para aumentar a área de dispersão do Estádio do Maracanã, estacionamento e shopping), vinham resistindo.

As lideranças indígenas são apoiadas por diversos movimentos sociais, estudantes, pesquisadores, universidades, comitês populares, organizações nacionais e internacionais de defesa dos Direitos Humanos, redes internacionais e outras organizações da sociedade civil. A luta dos índios e o conflito estabelecido entre o governo e o movimento resultaram num importante recuo do governo, que diante da pressão social desistiu da demolição do prédio e passou a defender a sua “preservação”. A desocupação do prédio foi decretada, com hora marcada. Os índios, no entanto, continuaram a resistir, apoiados por diversas organizações.

Certamente essa posição política ensina muito mais aos cidadãos cariocas e ao mundo sobre preservação, direitos e cidades do que as violentas ações que vêm sendo mostradas nos diversos meios. Para os índios e para as organizações sociais que os apoiam, preservar o prédio vai muito além de preservar sua materialidade. A essência da preservação, neste caso como em muitos outros, está na preservação das relações sociais, usos e apropriações que lhe dão sentido e conteúdo. Seria um exemplo para o Brasil e para o mundo a preservação da Aldeia Maracanã, o reconhecimento de seu uso social e a pactuação democrática acerca da reabilitação arquitetônica do edifício.

Cada vez que se comete um ato de violência que coloca em risco a integridade de um grupo social indígena, se esfacela sua cultura, seu modo de vida, suas possibilidades de expressão. É uma porta que se fecha para o conhecimento da humanidade, como dizia Levi-Strauss. É essa a Copa do Mundo que o governo quer fazer? É esse espetáculo da violência, a lição civilizatória que o Rio de Janeiro tem para mostrar ao mundo? A política-espetáculo tem um efeito simbólico: mostrar que o avanço do projeto de cidade, rumo aos megaeventos esportivos, far-se-á a qualquer custo.

Direitos humanos, democracia e pactuação estão fora da agenda deste projeto de cidade. Os manifestantes, em absoluta condição de desigualdade frente à força policial e seu aparato de violência, lançaram mão de instrumentos bem diferentes daqueles utilizados pelo Batalhão de Choque: ocuparam o prédio para apoiar os índios, resistiram à sua desocupação e manifestaram, no espaço público, nas ruas e avenidas do entorno do complexo do Maracanã, sua reprovação e indignação frente à marcha violenta desta política.


*Fernanda Sánchez é professora da UFF e pesquisadora sobre megaeventos e as cidades.

Dia da Devolução: Em Salvador professores devolvem livros com conteúdo racista e sexista

BA: em protesto, professores devolvem livros considerados racistas


Cerca de 100 coordenadores pedagógicos e professores da rede municipal de educação de Salvador (BA) fizeram um ato na manhã desta quinta-feira chamado de Dia da Devolução. A ação consistiu em devolver, na frente Secretaria de Educação, todos os kits do programa Alfa e Beto. O projeto foi contratado pela prefeitura por R$ 12,3 milhões.

Os professores alegam que o material possui conteúdo racista e sexista, além de ser inadequado pedagogicamente. "Existe neste material textos preconceituosos, que mostram que o belo é a pessoa da cor branca, que a mulher tem de ser submissa, que menino não deve usar a cor rosa. Isso é um retrocesso para essa cidade que luta tanto por espaço", afirmou a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) , Jacilene Nascimento.

De acordo com o secretário de educação, João Carlos Bacelar, que foi recebido pela categoria com vaias, a utilização do material é optativa e os professores podem escolher se vão adotar ou não os livros. "O programa Alfa e Beto já atendeu a mais de 700 municípios e em todas as 426 escolas serão realizadas atividades para a inserção desse material, além de transformarmos 12 escolas polos para a realização da formação dos educadores. O objetivo da implantação é estabelecer uma política municipal para alfabetização e elevação do nível de desempenho acadêmico dos alunos das séries iniciais do ensino fundamental", ressaltou Bacelar.

Ao ser questionado sobre a acusação do material conter conteúdos racistas o secretário falou: "Uma professora propôs que fosse substituída a palavra saci pererê por menino afrodescendente portador de necessidade especial. A sociedade que julgue", concluiu.



Terra

Veja a serenidade da Polícia Militar do Rio de Janeiro

Relações públicas da PM, Cel Frederico Caldas, diz que a PM agiu com tranquilidade, com serenidade.

Se isso é serenidade, tranquilidade imagina o que ele considera truculência?
 
 

quinta-feira, 21 de março de 2013

21 de março – Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial

racismoambiental

“Os evangélicos não são todos iguais”

Diário do Centro do Mundo

Caio Marçal, da rede Fale, que congrega 30 organizações evangélicas em 17 estados, conversou com o Diário sobre os estragos de Marco Feliciano.

Manifestação contra o deputado Feliciano

O deputado Marco Feliciano, do PSC, conseguiu ficar apenas oito minutos à frente de uma reunião da Comissão de Direitos Humanos na tarde de quarta (20). Manifestantes burlaram a segurança e protestaram contra ele. MF continua dizendo que não vai sair, mas um vídeo em tom conspiratório, com uma narração das catacumbas, foi postado em sua conta no Twitter. O título: “Marco Feliciano Renuncia”. Ele diz que não tem nada a ver com isso.

Uma das vozes mais eloquentes contra Feliciano, e uma das primeiras a se levantar, foi a de Caio Marçal, secretário de mobilização da Rede Fale, entidade que congrega 30 organizações evangélicas em 17 estados. A rede Fale soltou um comunicado oficial e um abaixo-assinado pedindo a destituição de MF.

Marçal, que se define como um missionário, mora em Belo Horizonte com a mulher, num apartamento de dois quartos. “Os evangélicos não são todos iguais”, diz ele. “O discurso do ódio só interessa a quem quer espalhar temor e pânico”.

Marçal conversou com o Diário.


Até que ponto Marco Feliciano representa o pensamento dos evangélicos?

Os evangélicos não são todos iguais. Há muitos de nós que não concordamos com a maneira como Marco Feliciano opera. Ele se utiliza de um discurso odioso e agressivo. Nós desejamos o debate, mas considerando o direito do outro a fazer suas escolhas. Eu faço parte de um grupo que crê que todo ser humano é alcançado pela graça de Deus. Por mais pecadores que sejamos, Jesus olha para as pessoas em sua essência.

Qual o papel da bancada evangélica?

Nós não precisamos da política. A igreja não precisa de defesa. Ao invés de defender os evangélicos, é melhor defender o povo como um todo. Fazer com que a sociedade não vire um terreno de discussões belicosas. A gente quer estar sintonizado com Deus e com Jesus. O Feliciano espalha o ódio. Nós não vamos ficar parados.

O Evangelho não endossa esse tipo de postura. Aprendemos a não agredir e a oferecer a outra face. Tocar os que estão à margem. Não podemos estar mancomunados com o poder ou com um projeto de poder. Nosso projeto é de serviço, de servir o outro. Não se trata de dominação e controle.

Além do mais, os interesses não estão claros. Por que esse ataque ao PT agora, se eles fazem parte da base aliada do governo? O que eles vão ganhar com isso? O discurso do ódio só interessa para quem quer semear temor e pânico. Pessoas tomadas pelo pânico não pensam direito.
Por que há pastores evangélicos que falam tanto em dinheiro?

Essa leitura teológica do Feliciano é equivocada. Pastores como ele têm uma posição privilegiada. Ele é um “homem de Deus”. A fixação pelo dinheiro tem a ver com a Teologia da Prosperidade, criada por religiosos americanos. Eles precisam ter um estilo de vida condizente com o que pregam: avião, carro importado etc.
Mas há igrejas evangélicas na periferia, na cracolândia, nas favelas. Isso não está na mídia. Boa parte do que aparece sobre os evangélicos na mídia é por causa desses caras. Dá essa ideia de que todos funcionamos da mesma forma.

O Brasil precisa tratar de forma mais responsável os direitos humanos. Temos de superar problemas com relação ao índio, à mulher, à criança. Temos membros filiados a partidos, mas fazemos questão de manter nossa isenção. Não queremos fazer parte de bancada evangélica.
Existem homossexuais na sua igreja?

Não sei se há homossexuais na minha igreja. Se tem, a gente não sabe… Mas entendemos que não se pode entrar no joguete da política do ódio e da perseguição. A perspectiva da negação do outro não pode existir. Não podemos impor uma agenda de santificação. Acredito piamente que nosso dever é fazer o bem, dar amor e pregar o evangelho.

Lição de como trollar um deputado

Via:http://mariadapenhaneles.blogspot.com.br/

segunda-feira, 18 de março de 2013

Os dois meses de Fernando Haddad

BOM INÍCIO EM SÃO PAULO


da página do Facebook "Fernando Haddad prefeito"

Há pouco mais de dois meses no comando da capital paulista, o prefeito Fernando Haddad tem mostrado disposição incessante para enfrentar os muitos desafios que estão colocados. Já estava mais do que na hora de recolocar São Paulo nos trilhos

16/03/2013
 
Há pouco mais de dois meses no comando da capital paulista, o prefeito Fernando Haddad tem mostrado disposição incessante para enfrentar os muitos desafios que estão colocados. Iniciativas adotadas em diversas frentes mostram que o prefeito já deu a largada para o início da grande reforma urbana que a cidade necessita.

MORADIA

Uma dessas ações, anunciada no início do mês, é a parceria com os governos estadual e federal, no âmbito do "Minha Casa, Minha Vida", e com a iniciativa privada, para a construção de 20 mil unidades habitacionais no centro da cidade de São Paulo. Os imóveis serão destinados aos trabalhadores da região que não possuem moradia própria.

Os investimentos serão de R$ 4,6 bilhões e as obras serão contratadas até outubro deste ano, com entrega prevista no prazo de dois a seis anos. Cada unidade habitacional custará, em média, R$ 20 mil e os imóveis serão distribuídos entre pessoas de níveis de renda diferentes. Além disso, cerca 2.000 unidades devem ser destinadas a entidades pró-moradia habilitadas pela Secretaria de Estado da Habitação.

MOBILIDADE URBANA E O ARCO DO FUTURO

Segundo Haddad, essa iniciativa ajudará a corrigir o grave desequilíbrio que afastou o morador do seu posto de trabalho, causando transtornos, sobretudo, na questão da mobilidade urbana, que não se resolve só com transportes. A estimativa é de que com as novas moradias, entre 20 e 40 mil trabalhadores deixem de se deslocar dos bairros distantes para seus locais de trabalho, no centro da capital. Outro aspecto importante ressaltado pelo prefeito é que essa reordenação permitirá que o centro seja representativo de todas as camadas sociais. Excelente começo para reorientar o desenvolvimento urbano da capital, aproximando emprego e moradia e melhorando a mobilidade.

O processo de implementação do Arco do Futuro, eixo estruturador das novas políticas de desenvolvimento urbano, econômico e social, cujo objetivo maior é reverter a relação desequilibrada entre a periferia e o centro, cujo edital para a construção do primeiro trecho – o Arco do Tietê - já foi lançado. O programa a ser implantado por meio de parcerias público-privadas prevê a revitalização de uma área equivalente a 40 parques do Ibirapuera.

INSPEÇÃO VEICULAR

O prefeito também já tomou a frente de questões com as quais se comprometeu durante a campanha, como a mudança das atuais regras para a inspeção veicular. Nesta última semana, foi aprovada na Câmara Municipal a proposta de autoria do Executivo que estabelece o Plano de Controle de Poluição Veicular do Município e permite o reembolso da taxa de R$ 47,44 a quem tiver veículo aprovado na vistoria.

EDUCAÇÃO

Para elevar a qualidade do ensino, a atual gestão já começou a articular parcerias, tanto institucionais como com o governo federal, para melhorar a formação dos professores e gestores de Educação. A ideia é criar pontos de formação utilizando a estrutura dos CEUs e ampliar o número de bolsistas no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), que oferece bolsas para estudantes de licenciatura, de modo que estes direcionem suas linhas de pesquisa para atividades que possam ser aplicadas nas escolas.

SAÚDE

Na Saúde, área apontada pelos paulistanos como a mais problemática, começam a ser resolvidas as questões mais urgentes. Para reduzir a fila de 800 mil pessoas que aguardam a realização de exames e cirurgias, a prefeitura irá realizar nos próximos três meses 90 mil exames importantes para a prevenção de doenças em mulheres, como mamografias e ultrassonografias, cuja demora estimada é hoje de 190 dias. A prefeitura também dará início neste semestre à composição da Rede Hora Certa, reformando cinco ambulatórios de especialidades que serão dotados de estrutura para a realização de consultas, exames e pequenas cirurgias.

TRANSPORTE

Para os Transportes, outra área crítica para a capital, o prefeito determinou a abertura de crédito adicional no orçamento de mais de 32 milhões de reais. Esses recursos serão destinados a obras de implantação e revitalização de corredores de ônibus. Segundo a prefeitura, seis corredores já estão com editais abertos e deverão começar a ser construídos neste ano. Já o bilhete único mensal está em fase de estudos, com previsão de implantação para o segundo semestre.

SEGURANÇA PÚBLICA

Na área de Segurança Pública, diante do recrudescimento da violência que a gestão tucana no governo estadual não consegue administrar, foram anunciadas medidas para garantir o abastecimento de energia e melhorar a iluminação das vias públicas, uma ação preventiva determinante para a redução da violência - e que constava do programa eleitoral de Haddad. A guarda civil também terá função mais atuante na defesa dos cidadãos com aumento do efetivo durante a noite. A prefeitura encomendou ainda um mapa da violência, a fim de diagnosticar quais áreas precisam de maior atenção.

GESTÃO PARTICIPATIVA

Outro aspecto que já se revela diametralmente oposto na gestão do atual prefeito em relação ao seu antecessor é o entendimento de que é necessário manter diálogo permanente com a população. A revisão do Plano Diretor da cidade, por exemplo, deverá ser amplamente discutida com a sociedade. Estão previstas reuniões nas 31 subprefeituras para ouvir críticas e propostas, além de audiências públicas com os cidadãos. Esse processo participativo é crucial para dar voz a todos os segmentos sociais, trazendo para o debate interesses diversos que precisam ser conformados.

UMA CIDADE PARA TODOS

Já estava mais do que na hora de recolocar São Paulo nos trilhos, o que só será possível enfrentando os problemas atuais com novas soluções urbanísticas de moradia e de convivência, investimentos em transportes, criação e recolocação de equipamentos públicos, conjugando desenvolvimento urbano, econômico e social.

O grande desafio para os próximos 20 anos é ter uma cidade mais equilibrada e menos desigual, com mais oportunidades e melhor qualidade de vida para todos. É evidente que há um longo caminho a percorrer até que as obras sejam executadas e comecem a reverter os atuais problemas, mas o bom início representa um alento diante da inércia em que a cidade estava mergulhada.

Chauí: "a classe média e conservadora e autoritária".



Nova classe média é bobagem sociológica

A suposta criação de uma nova classe média - anunciada pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e por Dilma Rousseff (PT), é uma 'bobagem sociológica', já que o que houve foi a ampliação da classe trabalhadora. É o que afirma a filósofa Marilena Chauí.

Ela analisa os descaminhos da democracia no Brasil, ataca o STF, diz que mídia manipula informação, controla a internet e frisa que Renan Calheiros é regra
 
por Renato Dias

A filósofa Marilena Chauí participou, participou, na última quarta-feira, 13, em Goiânia, da edição do Café com Ideias. O fórum é uma promoção do Centro Cultural Oscar Niemeyer, do Governo de Goiás. O evento é organizado pelo jornalista e professor Lisandro Nogueira.

Professora titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Marilena Chauí informa que existem duas classes no capitalismo [Burguesia e proletariado/classe trabalhadora]. Para ela, a classe média não teria função econômica, mas ideológica. “Como correia de transmissão das ideologias das classes dominantes. Até “intelectuais pertencem, hoje, à classe trabalhadora,” dispara. “Técnica e ciência viraram forças produtivas,” analisa.

PERPLEXIDADE

A antiga classe média está apavorada, porque pela escolaridade ela não se distingue, provoca. “Pela profissão, menos ainda,”atira. Ela está perplexa com a entrada da classe trabalhadora na sociedade de consumo, insiste. “Qualquer um pode andar de avião. Não tem mais distinção nenhuma,”ironiza. Cáustica, a ex-secretária de Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo (1989-1992), sob a gestão de Luiza Erundina, define a classe média como “conservadora e autoritária.”

A professora denuncia os grandes conglomerados de comunicação. A mídia monopoliza a informação, avalia. “A discordância é vista (pela mídia) como discordância e atraso, portando perigosa,” explica. Segundo ela, há 10 anos, a mídia era um oligopólio. Hoje, quase atinge a dimensão de um monopólio,” informa. “Monopólio, mão única, ideologia da competência, interesses obscenos. A manipulação é contínua. É uma coisa nauseante”, discursa, em um tom de indignação.

Marilena Chauí afirma que a internet pode ser um fator de democratização do acesso à informação, mas também de controle. Ela aponta a suposta vigilância e controle dos equipamentos informáticos, com hegemonia dos Estados Unidos e do Japão.

NEOLIBERALISMO

Ligada ao PT, ela ataca o neoliberalismo. “O encolhimento do espaço público e o alargamento dos espaços privados.” Em uma crítica velada aos oito anos de gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso (SP), ela relata que o ‘remédio neoliberal’ seria um engodo.“Como mostram as crises da União Europeia e dos Estados Unidos,” explica. Especialista em Spinosa, a professora diagnostica a desmontagem do sistema produtivo da Europa.“A Europa é um parque jurássico e pode não conseguir se recuperar.”

A democracia é frágil no capitalismo contemporâneo, aponta. Ela exorciza o que define como ideologia da competência técnico-científica.“Um produto da divisão entre as classes sociais, sedimentada pelos meios de comunicação social e que invade a representação política,”teoriza. A filósofa diz que são imensos os obstáculos à democracia no capitalismo.“ A democracia não se confina a um setor social apenas,” fuzila. O cerne da democracia é a criação de direitos e ser aberta aos conflitos, acredita.

Marilena Chauí condena ainda o mito da não violência brasileira. A imagem de um povo alegre, sensual, cordial seria invertida.“ O mito é também uma forma de ação, cuja função é assegurar à sociedade a sua autoconservação. Ele encobre, substitui a realidade,”analisa. Para ela, com a hegemonia da cultura do mito a violência se restringiria à delinquência e à criminalidade, o que legitimaria a ação do Estado, via-repressão, aos pobres, às supostas classes perigosas.

“As desigualdades salariais entre homens e mulheres, brancos e negros, brancos e índios, e a exploração do trabalho infantil e de idosos são considerados normais,”discursa.“É no fiozinho da vida cotidiana que você vê o grau de violência da sociedade brasileira:você sabe com quem está falando?” analisa. A ex-secretária de Cultura do município de São Paulo afirma que a sociedade brasileira é autoritária.“O Supremo [STF] é a expressão máxima do autoritarismo,” provoca. “Nós precisamos de quase 30 anos para criar a Comissão Nacional da Verdade,”desabafa. A CV surgiu em 2012. Ela cita como exemplo diferente a instituição da Comissão da Verdade da África do Sul,logo após o fim do Apartheid, regime de segregação social e racial. Ela culpa o sistema político do Brasil, que teria sido criado pelo general Golbery do Couto e Silva, bruxo da ditadura civil e militar (1964-1985).“Ninguém mexeu na estrutura política [deixada pelo regime militar],” pondera.

RENAN CALHEIROS

Crítica, Marilena Chauí avalia que o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), [que abençoou os governos de Fernando Collor de Mello (1990-1992), Fernando Henrique Cardoso (1995- 1998 e 1999-2002), Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006 e 2007-2010) e Dilma Rousseff (2011-2013] faria parte da ordem natural das coisas no Brasil.“A sua figura, não é a exceção, mas a regra,” dispara. É uma coisa esquizofrênica, metralha. “Mas uma reforma política ampla poderia nos libertar.”

QUEM É MARILENA CHAUÍ

Personagem do Café com Ideias, Marilena Chauí é professora titular de Filosofia Política e de História da Filosofia Moderna da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Nascida no município de Pidorama, Estado de São Paulo, no ano de 1941, ela é filha do jornalista Nicolau Chauí e da professora Laura de Souza Chauí.

Marilena Chauí é da esquerda democrática e membro-fundador do Partido dos Trabalhadores (PT).

Ela possui graduação, mestrado e doutorado em Filosofia. A filósofa é autora de livros como O que é Ideologia, Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense; Convite à Filosofia; A Nervura do Real: Espinosa e a Questão da Liberdade. Mais: Simulacro e Poder - Uma Análise da Mídia (1996), Editora Fundação Perseu Abramo. Ela faz ainda a apresentação de A Invenção Democrática - Os limites da dominação totalitária (2011), Coleção Invenções Democráticas (Autêntica).


A professora de Filosofia da USP Marilena Chauí exerceu ainda o cargo de secretária de Cultura da Prefeitura de São Paulo na administração da prefeita Luiza Erundina, à época no PT. É eleitora de Lula & Dilma e crítica da mídia. 
 
Via:wwwterrordonordeste.blogspot.com.b

sexta-feira, 15 de março de 2013

Wagner Moura diz que é de "cortar o coração" a eleição do pastor Marcos Feliciano

Wagner Moura durante o programa “Estúdio I” (Foto: Reprodução/Globo News)


O ator Wagner Moura desabafou sobre a eleição do pastor Marco Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, em Brasília. Durante o programa “Estúdio I”, da Globo News ele criticou a escolha do deputado-pastor e disse:

“Levar o legislativo ao descrédito público ao eleger um sujeito daquele que é notadamente homofóbico e racista é de cortar o coração. É fazer isso e dizer que não se importa com o que o povo está pensando”.

Wagner se disse indignado com a falta de “vergonha na cara” dos deputados em acharem que a população não estaria de olho no que eles estão fazendo.

Via:http://mariadapenhaneles.blogspot.com.br/

quarta-feira, 13 de março de 2013

Dinheiro público financiando o obscurantismo religioso: pastor Marco Feliciano empregou na Câmara toda a cúpula da sua igreja


Integrantes do PT, do PSOL e do PSB se unem e vão ao STF para cancelar eleição de Marco Feliciano


Partidos pedem que STF cancele eleição de pastor nos Direitos Humanos

Parlamentares contrários a Marco Feliciano alegam que sessão foi realizada a portas fechadas

do Estadão

BRASÍLIA - Integrantes do PT, do PSOL e do PSB na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados vão protocolar pedidos de mandados de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contestando a sessão que elegeu o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) como presidente do colegiado. Esses parlamentares pretendem obter uma liminar cancelando a sessão da eleição e, dessa forma, suspender a escolha de Feliciano.

Os parlamentares contrários a Feliciano alegam que a sessão foi realizada a portas fechadas, sem a presença dos movimentos sociais, o que fere o regimento da Câmara e invalidaria a eleição. Esses deputados também pretendem entregar, ainda hoje, documento ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), contestando a participação do PSC na Comissão. O PSC tem uma bancada de 17 deputados, mas conta com cinco vagas na comissão de Direitos Humanos.

"É inimaginável que depois da ditadura se faça uma sessão com portas fechadas, barreiras e policiais", disse o ex-presidente da comissão, deputado Domingos Dutra (PT-MA). Hoje à tarde, às 15h30, a bancada do PSC se reúne para avaliar a permanência de Feliciano na comissão. "Vamos levar os posicionamentos da sociedade contra e favor de Feliciano para a bancada", afirmou o líder do partido na Câmara, André Moura (SE).

terça-feira, 12 de março de 2013

O mundo neoliberal e paralelo de Sardenberg


Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

Estava a ouvir a CBN, conhecida também como a rádio que troca a notícia — e não se importa. Estava a deitar falação o “especialista” em economia, Carlos Alberto Sardenberg, notável porta-voz da direita brasileira e intrépido defensor do neoliberalismo, apesar de o jornalista saber que tal doutrina político-econômica é ou foi um fracasso retumbante, porque derreteu, como gelo em asfalto quente, as economias da Europa e dos Estados Unidos, além de ser mais do que comprovado que esse sistema de pirataria e rapinagem levou centenas de povos à miséria moral e material, bem como alienou o patrimônio público de inúmeras nações, que ficaram sem as estatais planejadas e construídas através de gerações, sendo que o dinheiro auferido com as vendas não foi revertido em novos investimentos, para as sociedades prejudicadas com tal farra efetivada e concretizada pelos neoliberais.

  Para Sardenberg, o Brasil vai de mal a pior, apesar de as estatísticas mostrarem o contrário.

Sardenberg é certamente um dos jornalistas mais radicais de direita que tem voz ativa nos meios de comunicação privados e hegemônicos, de propósitos imperialistas e responsáveis pela defesa e difusão do pensamento liberal, que prega a diminuição do estado e a não interferência por parte dele na economia. Ou seja, Carlos Alberto Sardenberg é a favor da minarquia, cujo significado é quanto menor a participação do estado na economia, os indivíduos serão livres e terão mais poder para exercer, por exemplo, o livre arbítrio para comprar e vender. Enfim, dar rumos e fomentar os negócios e as atividades humanas lucrativas, que levam, principalmente, as classes ricas, donas dos meios de produção, a ficarem cada vez mais ricas, enquanto as pobres... que se virem.

Contudo, Sardenberg sabe o que acontece, até mesmo por ser um profissional com conhecimento junto ao establishment dominado por banqueiros, oligarcas do petróleo, grandes proprietários de terras urbanos e rurais, megaempresários midiáticos e fabricantes de armas, por exemplo. Acontece que Sardenberg é um neoliberal, jornalista-especialista das Organizações(?) Globo, como o é também a grande jornalista Miriam Leitão, que tem mais espaço para falar de economia do que qualquer economista de real grandeza, conhecimento e notório saber do passado e do presente. Somente no Brasil uma rede de televisão e seus “especialistas” influem e combatem tanto as diretrizes e os projetos de governos, ainda mais quando a cadeira da Presidência da República é ocupada por mandatários trabalhistas.

A verdade é que a banda não toca como o senhor Sardenberg deseja e quer. A banda desafina, e como desafinou no decorrer de 30 anos de neoliberalismo, ampliado e colocado em prática em termos mundiais, por intermédio da primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, e do presidente estadunidense, Ronald Reagan, que controlaram a ferro e fogo o Banco Mundial (Bird), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial do Comércio (OMC). O mundo passou, realmente, por uma onda de transformação, que beneficiou as grandes potências mundiais, os trustes e conglomerados internacionais, além das classes ricas e empresariais do campo e da cidade dos países pobres e em desenvolvimento, a exemplo do Brasil, da Argentina e da Venezuela.

Sardenberg — o Neoliberal II, pois o I é o FHC — fala muito e defende o indefensável, justifica o injustificável e trata os ouvintes da rádio que troca a notícia como se todos eles fossem ingênuos ou meramente integrantes de parte da classe média de perfil lacerdista, udenista, e, portanto, conservadora e reacionária a mudanças. Sardenberg é o contrassenso em toda sua essência e a dissimulação da realidade em toda sua plenitude. Ele prega a continuação do que não deu certo, do que fracassou e foi derrotado, porque simplesmente o neoliberalismo, como doutrina política e econômica, não pensa no bem-estar social da humanidade, das pessoas, apesar de pregar que o indivíduo deve ser livre das amarras do estado, a não ser quando o estado é obrigado a salvar empresas insolventes, falidas de empresários gananciosos, irresponsáveis, que cometem crimes contra a economia dos países e seus povos, como ocorreu a exemplo da crise de 2008, bem como no Brasil, nos Estados Unidos e na América Latina. Neste momento, o estado é ótimo, e gente como o tenaz e obstinado Sardenberg se cala.

A verdade é que tudo não passa de teoria, porque na prática o neoliberalismo teve também seu muro derrubado, como ocorreu, simbolicamente, com o muro de Berlim em relação ao socialismo real. Sardenberg sabe disso, mas não se importa, porque o jornalista da CBN e da TV Globo cumpre seu papel, com dedicação e até mesmo crença no que fala, apesar de eu notar que, muitas vezes, tal escriba e âncora global não é sincero, porque não é possível que ele não perceba que a teoria do estado pequeno e nunca intervencionista não condiz com a realidade e a condição humanas. E por quê? Porque a economia neoliberal — volto a repetir — somente beneficiou os países ricos, enquanto os pobres e em desenvolvimento sustentaram o alto padrão de vida dos europeus, japoneses e estadunidenses, que passaram quase 40 anos a viver como se não tivesse o amanhã. Quem nunca comeu melado quando come se lambuza. E os europeus, ao contrário do que muitos dos nossos cidadãos colonizados e com um imenso complexo de vira-lata pensam, já comeram durante séculos ou milênios o pão que o diabo amassou. Só que "esqueceram" o passado de guerras e crises econômicas, e, a partir da década de 1970, lambuzaram-se.

Concomitantemente à farra neoliberal dos ricos, os nossos milionários tupiniquins também se lambuzavam com as sobras do melado, com o apoio e a cumplicidade irrestritos dos barões proprietários da imprensa de direita e dedicada a fazer propaganda de uma doutrina liberal que levou os países latino-americanos, africanos, árabes e asiáticos à bancarrota, à falência e à dissolução do tecido social, porque não eram criados empregos para os trabalhadores sem salários, não havia crédito para as classes médias e pobres, bem como os pequenos e médios empresários não tinham condições financeiras e logísticas para ampliarem seus negócios, e, por conseguinte, fomentarem a economia interna. O neoliberalismo aumentou os índices de violência e de pobreza e retirou das diversas sociedades deste planeta, exploradas e oprimidas, o direito de sonhar com dias melhores. A época dos princípios neoliberais impostos ao mundo, a partir do Consenso de Washington de 1989

O Brasil do ex-presidente tucano FHC — o Neoliberal — foi ao FMI três vezes, de joelhos e com pires na mão, porque quebrou três vezes. O Brasil, que hoje é a sexta economia mais poderosa do mundo, era humilhado e com a complacência de uma direita emplumada que tem por símbolo uma ave bela e tropical, que não merecia tal destino, que é o de ser vinculada ao PSDB, um partido que em sua nomenclatura tem as palavras social e democracia, mas que envergonha a verdadeira social-democracia, que, ao ver o que os tucanos fizeram com o Brasil, sentiram vergonha, porque, na verdade, o PSDB é um partido de direita e tão provinciano, que, basicamente, está restrito a São Paulo, estado que, historicamente, combateu e combate os governantes trabalhistas, que, em contraponto, sempre beneficiaram o estado bandeirante, mesmo após a vitória do trabalhista Getúlio Vargas contra as forças paulistas, em 1932.

O neoliberalismo é o darwinismo em sua máxima cuja frase “sobrevivência do mais apto“, como sinônimo de “seleção natural”, não coaduna com o direito de viver e muito menos representa a realidade dos entes humanos, que optaram por viver em coletividade para melhor enfrentar as agruras e os perigos no decorrer da vida, da existência. Quando Sardenberg defende o estado mínimo, na verdade ele está a colocar as ovelhas nas bocas dos lobos, que são os grandes capitalistas, que controlam os negócios privados ao tempo que têm influência nas esferas públicas e governamentais, e, dessa forma, impõem à maioria das populações fórmulas econômicas, financeiras e comerciais de exploração, draconianas, para terem seus interesses de classe, recorrentemente, atendidos.

O Torquemada da CBN — a rádio que troca a notícia — deveria, sim, envergonhar-se por defender, ininterruptamente e sem qualquer peso na consciência, uma doutrina criada pelos grandes capitalistas, seus economistas e governantes neoliberais para, juntamente com a globalização, explorar sem limites as riquezas dos solos, das florestas, dos rios e dos mares dos países emergentes e pobres, além de efetivarem, de forma insana e perversa, o neocolonialismo levado às últimas conseqüências, a tal ponto que a partir da primeira década do século XXI os povos explorados pela pirataria e roubalheira dos países ricos passaram a votar em candidatos trabalhistas, como ocorre até hoje em países como o Brasil, a Argentina, a Nicarágua, o Peru, a Venezuela, o Uruguai, o Equador, Honduras e o Paraguai, que, recentemente, foi vítima de um golpe de direita. Porém, o Paraguai foi enquadrado pelos países membros do Mercosul, o que revoltou muitos dos nossos “mervais” e "sardenbergs". Mesmo depois do fim da punição ao atual governo paraguaio de índole e propósitos golpistas, tal governante e seu gabinete vão continuar como párias, até que seja realizada uma nova eleição presidencial.

Não foi à toa que governantes trabalhistas e socialistas criaram os Brics, a Unasul, o G-20, fortaleceram o Mercosul e enterraram a Alca, projeto de espoliação dos EUA, que visava, na verdade, a abertura de mercados gigantescos e poderosos como o do Brasil para os produtos do país yankee, sem, no entanto, receber contrapartida. A Alca, como não deveria deixar de ser, foi sumariamente enterrada. Os governos progressistas da América Latina e do mundo deveriam também serem rígidos no que diz respeito às remessas de lucros das estatais que foram privatizadas, praticamente doadas, nas décadas de 1980 e 1990 por mandatários neoliberais, além de cobrarem duramente serviços de boa qualidade no que é relativo aos serviços de energia elétrica, telefonia e principalmente no que tange à banda larga, que tem de ser pública, barata e oferecida a todos os brasileiros independente de classe social.

Carlos Alberto Sardenberg é um tolo ou se faz de tolo. A verdade é que seus candidatos tucanos vão ter de comer um dobrado para se elegerem. Enquanto isso, o âncora da CBN — a rádio que troca a notícia — e comentarista da Globo News e do Jornal da Globo continua a tergiversar, a dissimular, a manipular e até mesmo mentir sobre as realidades brasileiras e da América do Sul, como o faz sempre no que concerne à Venezuela e aos governos trabalhistas de Lula e Dilma. Sardenberg criou um mundo paralelo para ele viver. O jornalista é tão assertivo e propositivo no que diz, que um dia ele vai se olhar no espelho e se levar a sério. É isso aí.