Total de visualizações de página

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Documentário quer ser contraponto às comemorações de 50 anos do golpe

“1964 – Um golpe contra o Brasil”, de Alípio Freire, será lançado neste sábado com a proposta de se difundir por escolas, cursinhos e Universidades de todo país
 

Aline Scarso

Da Redação

O que pretendiam os estadunidenses e a elite brasileira com o golpe militar? É o que busca explicitar o documentário “1964 – Um golpe contra o Brasil”, do diretor Alípio Freire, que será lançado neste sábado (02), às 14h, no Memorial da Resistência de São Paulo, na capital paulista.

O documentário aborda um período que vai desde a eleição do presidente Jânio Quadros, em 1961, até a posse do militar Castelo Branco, em 1964. “Esses anos foram extremamente turbulentos. Os principais elementos, como a associação do capital nacional ao grande capital internacional, a conspiração do governo dos Estados Unidos na realidade interna brasileira e os políticos que representaram isso, estão demonstrados”, conta o diretor Alípio Freire, que realizou o trabalho de forma voluntária.




Freire, que ficou preso entre os anos de 1969 a 1974 por conta da oposição à ditadura civil-militar (1964-1985), considera o documentário uma ferramenta para que jovens possam compreender as razões da resistência. “Hoje existe na opinião pública nacional grandes setores extremamente solidários com a gente que fez a resistência, mas é importante que eles saibam contra o quê a gente lutava, por quais razões a gente teve que fazer a resistência. É preciso dar esse passo adiante”, defende.

Ainda segundo ele, “1964 – Um golpe contra o Brasil” deve servir de contraponto às comemorações dos 50 anos do golpe que se completam no próximo ano. Por essa razão, será amplamente divulgado em escolas, cursinhos e Universidades de todo país. Já estão previstas exibições em Salvador (BA) e nas cidades do interior paulista Campinas, Ribeirão Preto e São Bernardo. Argentina, Chile, França também devem exibir o documentário.

O filme é uma parceria do Núcleo de Preservação da Memória com a TVT - TV dos Trabalhadores, e conta com o apoio do Memorial da Resistência de São Paulo e da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Após a exibição de lançamento em São Paulo, haverá debate com o diretor.

SERVIÇO
O QUÊ: Lançamento do documentário “1964 – Um golpe contra o Brasil”
QUANDO: 02/03
ONDE: Memorial da Resistência. Largo General Osório, 66. Luz
 

A privataria tucana — O resto é o silêncio ensurdecedor

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

“O Governo tucano e neoliberal de FHC foi o governo “cavalaria de Átila”, ou seja, por onde passava nem a grama nascia. Nunca vi tanta insensatez e ganância no que tange a vender o patrimônio público e a falta de respeito com o povo brasileiro. E eles estão soltos”.
 
 Lula fortaleceu o mercado interno, criou empregos e pagou a dívida. FHC, o Neoliberal, vendeu o Brasil.
 
 
Há quinze anos, no mínimo, milhões de brasileiros sabiam e sabem que a venda do patrimônio público brasileiro no governo do presidente neoliberal Fernando Henrique Cardoso, conhecido também como FHC, foi e continua a ser a maior roubalheira contra os interesses do Brasil e do seu povo trabalhador. Mesmo se as transações fossem legais e éticas, os homens e mulheres do PSDB, do DEM e do PPS não tinham o direito de alienar empresas gigantescas, rentáveis e principalmente estratégicas para a segurança e o desenvolvimento do povo brasileiro.

Sempre afirmei ainda que os tucanos emplumados e seus comparsas aliados de crimes de lesa pátria, o DEM e o PPS, que também participaram da privatização de estatais preciosas para a nossa independência e autonomia, como a Vale do Rio Doce e o sistema Telebrás, deveriam estar presos, na cadeia, e dessa forma expurgados da vida da política nacional, a bem do serviço público, além de a punição ser também uma satisfação ao povo brasileiro e às gerações passadas, que construíram o Brasil e depois ter de aturar pessoas completamente divorciadas dos interesses da Nação.

A alienação do bem público brasileiro, construído com dedicação, estudo, pesquisa, trabalho, suor e investimentos orçamentários no decorrer do século XX, principalmente a partir da ascensão, em 1930, do presidente nacionalista, o estadista Getúlio Vargas, foi uma rapinagem e pirataria, com o apoio, indelével, da imprensa privada brasileira, aquela mesma que até hoje considera os princípios do neoliberalismo a única solução para atender as demandas das sociedades, apesar do derretimento dos mercados de capital e imobiliário e da insolvência de estados nacionais como a Grécia, a Irlanda, Portugal, a Espanha, a Itália, com reflexos terríveis para países poderosos como a Alemanha, a França e a Inglaterra, que foi superada pelo Brasil no que concerne ao tamanho do PIB.

A doação de estatais estratégicas do Brasil foi um processo estudado e depois colocado em prática por aqueles que foram eleitos em meados da década de 1990 e nomeados para administrar e zelar pelos nossos interesses, o que, terminantemente, não ocorreu. A verdade é que esse processo dantesco de entrega das riquezas nacionais e da submissão do Brasil teve seu início no governo do presidente que renunciou para não ser cassado, Fernando Collor de Mello, que começou a abrir com maior vigor o nosso mercado interno, bem como colocar em prática o que foi estabelecido pelo Consenso de Washington de 1989, que começou a impor ao mundo o pensamento neoliberal, que é alicerçado em princípios que diminuem o estado, bem como prega a não intervenção estatal na economia.

Esses “dogmas” foram levados a cabo pelo ex-príncipe dos sociólogos, FHC, que se transformou no sapo do entreguismo e da aplicação nua e crua do neoliberalismo no Brasil, com a assessoria constante e influente do homem da bolinha de papel, o senhor José Serra, que realizou, no ano passado, juntamente com a velha imprensa comercial e privada, a campanha presidencial de maior baixaria de todos os tempos. Mesmo assim não conseguiu convencer o povo brasileiro, que nunca foi trouxa e muito menos alienado ao ponto de não perceber que o Brasil de Lula foi infinitamente melhor do que o Brasil do vendilhão e traidor da Pátria conhecido por FHC — um verdadeiro Joaquim Silvério dos Reis, o Judas do Brasil, o pai do neoliberalismo, sistema que, inclusive, extinguiu empregos em vez de criá-los.

Os governantes tucanos diminuíram as tarifas alfandegárias e retiraram quase todas as restrições comerciais para facilitar a entrada de produtos estrangeiros. A intenção era favorecer os grandes exportadores, o que, sobremaneira, não interessava ao nosso mercado interno, porque quando um País privilegia demais um setor da economia, como foi o caso do comércio exterior, os empregos são criados lá fora e não no mercado interno. As exportações têm de ser fortalecidas e consideradas, pois importantes, mas o mercado do Brasil é essencial para que possamos nos desenvolver. Não é à toa que o aquecimento do nosso comércio e indústria contribuiu, indubitavelmente, para que o Brasil não sentisse muito a crise internacional iniciada em 2008.

Não satisfeito em vender estatais poderosas e rentáveis como a Vale do Rio Doce, as siderúrgicas, a Telebras e as companhias de eletricidade, dentre muitas outras, os tucanos reduziram os gastos (na verdade, investimentos) em setores essenciais como a saúde, a educação, a moradia e a previdência. O propósito de não investir tinha a finalidade de desviar o dinheiro para o pagamento das dívidas externa e com os fornecedores do Governo, ou seja, os empresários e banqueiros. A falta de comprometimento e responsabilidade desses tucanos com o País fez com que esses setores entrassem em colapso, além de o País ainda ter de enfrentar o famoso “apagão” durante dez meses, bem como ter grande prejuízo com o afundamento de uma das maiores plataformas de petróleo do mundo, a P-36. Os trabalhadores sofreram também com o congelamento do salário mínimo e não recebiam reposições salariais, de acordo com o índice da inflação.

O Governo tucano e neoliberal de FHC foi o governo “cavalaria de Átila”, ou seja, por onde passava nem a grama nascia. Nunca vi tanta insensatez e ganância no que tange a vender o patrimônio público e à falta de respeito e de consideração com o povo trabalhador brasileiro. A privatização do PSDB e do DEM foi a maior entre os países da América Latina. E eles estão soltos, como se nada tivesse acontecido. Esse pessoal tucano sempre considerou investimentos como gastos e por isso somente atendeu as exigências do FMI e o que foi estabelecido pelo Consenso de Washington. O neoliberalismo do Governo FHC foi tão radical que fez com que a “criadora” que colocou em prática o neoliberalismo em termos mundiais, a ex-primeira ministra britânica, Margaret Tatcher, sentir-se uma iniciante — aprendiz de fórmulas econômicas que permitissem a brutal concentração de renda e de riqueza.

Os tucanos foram generosos, evidentemente, ao conceder empréstimos a juros baixos via bancos de fomento, como o Banco do Brasil, o BNDES e a CEF. Empresários como Carlos Jereissati e Daniel Dantas agradeceram penhoradamente. Realmente, aconteceu no Brasil o que já tinha acontecido no México e no Chile, país este que foi cobaia ainda na década de 1970 do neoliberalismo, à frente desse vampiresco processo os chicago boys do ditador sanguinário Augusto Pinochet. O governo tucano entreguista e lacaio dos interesses dos europeus e dos EUA, não satisfeito com tanta desfaçatez, propôs ainda a redução de direitos trabalhistas e da força de negociação dos sindicatos. Eram metas a serem alcançadas pelo governo neoliberal, que, porém, não conseguiu alterar ou tirar direitos essenciais conquistados pelos trabalhadores desde os tempos do estadista gaúcho Getúlio Vargas.

O Programa Nacional de Desestatização, o Plano Collor e a abertura do mercado nacional às importações foram as senhas para a desestruturação do estado, por meio da venda de estatais à iniciativa privada. À frente da lavagem cerebral estavam a imprensa e o sistema midiático. A finalidade era fazer com que o povo brasileiro aceitasse a rapinagem, a pirataria, a roubalheira do patrimônio nacional. A propaganda era constante e os jornais televisivos e impressos repercutiam a alienação dos bens brasileiros como se fosse uma coisa necessária, normal, natural, primordial para o Brasil integrar um mundo “moderno”, regulado por si mesmo, ou seja, auto-regulado e regulamentado, praticamente sem a intervenção do estado. A resumir: os banqueiros, os grandes empresários dos diversos setores da economia passariam como passaram a estabelecer as regras, as normas, inclusive no que concerne à fiscalização, à concorrência, ao combate ao dumping e à estabilidade dos preços. Seria cômico se não fosse trágico.

Os estados nacionais não podem e não devem deixar a raposa cuidar do galinheiro. Salutar se torna também não deixar o lobo cuidar das ovelhas. Do contrário, a vaca vai para o brejo. E foi. O foi em 2008. A crise internacional “lambeu” os princípios do deus mercado e os economistas, políticos, jornalistas, empresários e a classe média papagaio de pirata e de direita acabaram com os burros na água, e perceberam que o neoliberalismo não tinha e nunca teve princípios, porque não os tem, não os possui. Sua natureza é a exploração de poucos sobre muitos. Quem considera o mercado e os números mais importantes que o ser humano não pode vencer, porque a riqueza é intrínseca à condição humana, maior e única responsável pela riqueza ou pobreza da humanidade.
 
O Brasil teve a infelicidade de ser por quase quarenta anos comandado pelos monetaristas, a começar por Eugênio Gudin e Roberto Campos. Terminou mal, nas mãos de Pedro Malan, cujo chefe era o presidente neoliberal Fernando Henrique Cardoso, que, além de estar solto, tem a cara-de-pau de dar palpites que ninguém quer ouvir, porque as pessoas não são bobas ou trouxas para sempre. Quem o ouve é a Folha de S. Paulo, a Veja, o O Globo e seus congêneres. Eles ainda estão nas décadas de 1970/80 e principalmente na de 1990, quando os tucanos venderam o País e eles apoiaram tal roubalheira sem pestanejar, afinal são golpistas desde os tempos de Getúlio Vargas.

O golpismo, o entreguismo, a subserviência, o complexo de vira-lata são o DNA deles, suas impressões digitais. Essa gente tem orgulho de ser colonizada e por isso não tem resquício de vergonha. O caso da Chevron que derramou óleo na Bacia de Campos e o golpe de estado em Honduras são episódios emblemáticos do servilismo e da mente imperialista dos donos dos meios de comunicação brasileiros e de seus jornalistas de confiança, que chegam ao cúmulo de não reconhecer os avanços do Brasil nos últimos anos apesar dos números gigantescos nos aspectos social e econômico.

Muitos afirmam que as ideologias acabaram e eles são extremamente ideológicos e de direita. A censura da imprensa velha, comercial, corporativa e privada (privada nos dois sentidos, tá?) ao livro “A Privataria Tucana” de autoria do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que vendeu em apenas quatro dias mais de 30 mil exemplares, demonstra que a imprensa, a mídia, não está interessada em combater a corrupção como ela apregoa no Governo Dilma e apregoou no Governo Lula. A imprensa, definitivamente, mostrou quem ela é e a quem ela serve. O poder midiático privado serve aos ricos, aos interesses do grande capital internacional e nacional e combate, ferrenhamente, todo e qualquer governo trabalhista do Brasil e do exterior. A imprensa censura a si mesma quando percebe que os interesses de grupos empresariais, inclusive os dela, estão em xeque, como ocorre no momento por causa do livro do Amaury.

O silêncio da imprensa é ensurdecedor e rompe os tímpanos do bom senso, da verdade, do jornalismo e do interesse público. Contudo, a imprensa de negócios privados censura a si mesma e silencia para que a corrupção tucana e dela mesma não se dissemine por todos os segmentos sociais. Essa realidade acontece porque a imprensa entreguista tem lado, é partidarizada, além de ser useira e vezeira em manipular, distorcer, dissimular e até mesmo mentir para ter seus interesses e dos grupos os quais representa sejam concretizados.

Os barões midiáticos não se fazem de rogados e impõem o silêncio ao povo brasileiro sem se preocuparem, entretanto, com sua credibilidade futura, porque apesar de a blogosfera sistematicamente desmenti-los, a velha imprensa alienígena continua a demonstrar sua falta de compromisso com o Brasil e o seu povo, e por isso vai continuar a exercer seu papel de ponta-de-lança dos interesses do capitalismo internacional, bem como ser indutora de conspirações, principalmente contra os nacionalistas e trabalhistas, que ocupam, no decorrer da história, a cadeira da Presidência da República. É isso aí.

Boa Noite - Vamos de Música!!!


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Carta a uma blogueira


É a blogueira ou Lampião?
Prezada colega Yoani Sanchez.

Sou um pobre blogueiro brasileiro e moro na aprazível cidade de Salvador. Criei meu blog para conseguir ouvir a minha própria voz já que os jornais e as TVs locais não estão nem aí para os blogueiros.

Acabo de voltar de Buenos Ayres com minha esposa onde passei nove dias e gastei “uma nota” com hospedagem, passagem e alimentação, que vou pagar durante seis meses. Durante a viagem tive que parar com o blog pois não tenho recursos nem assessores ou funcionários para mantê-lo ativo.
 
 Nem Paul teve tanta mídia quando veio ao Brasil!

O motivo desta cartinha é pedir algumas dicas á colega sobre o que fazer pra desenvolver a minha atuação na área blogueira. Gostaria que a colega me informasse o que faz para se conectar a Internet se afirma que os cubanos não têm acesso e ela.

Observei que usa o moderno sistema Paypal, de pagamento online, e estou interessado em saber a mágica que fez para obtê-lo pois ninguém que vive em Cuba pode utilizá-lo por conta das sanções econômicas que proíbem, entre outros, o comércio eletrônico. Seria ainda muito útil a informação sobre a hospedagem do seu blog já que o site dispões de uma banda com capacidade 60 vezes superior àquela que Cuba dispõe para todos os usuários de Internet.
 

Ela deixou pra vir depois do carnaval!

Peço também que me oriente a fazer registros graciosos de domínio fora do país já que percebi que o do seu blog foi feito por meio da empresa norte-americana Godady, e isto está proibido pela legislação sobre as sanções econômicas ao seu país.

Se a colega me der a honra de visitar o meu humilde blog verá que tenho sérias dificuldades com a comunicação com meus cinco mil leitores em outros países. Sim, sei que é pouco mas no Brasil tenho muito mais leitores do que a colega tem em Cuba pois soube que são só oitenta. Como a invejo por ter conseguido tantos leitores fora do país peço para me dar uma dica de como torna-lo disponível em 18 idiomas como o seu, superior inclusive aos sites da ONU, Banco Mundial, FMI, e da União Europeia. Peço também alguma dica para que eu possa financiar as traduções.
 
 
Daqui a pouco vão fazer um filme:"A blogueira"!

Sei que estou começando na atividade blogueira, na qual ainda vou completar três anos. Gostaria, então, que a colega, que já tem a enorme experiência do alto de seus cinco anos, me orientasse como ganhar tantos prêmios e conseguir financiamento para tantas viagens como a atual de oitenta dias.

Soube que a colega conseguiu ganhar 250 mil euros de prêmios, é apoiada pela revista Time e obteve até o cargo de vice-presidente regional da Sociedade Interamericana de Imprensa. A colega acha interessante que todos nós blogueiros devamos nos registrar como jornalistas para obter também essa grana e honrarias?
 
 
Será que a blogueira tem ficha limpa?

No meu humilde blog nunca consegui entrevistar nenhuma autoridade maior do que o antigo superintendente da Fonte Nova. Por isso gostaria de me desse algumas dicas como fez para “furar” as assessorias e comitês de segurança de tantos embaixadores norte-americanos e até do presidente Obama para obter entrevistas para o seu blog, e até aparecer no Wikileaks.
Por último, eu a parabenizo pela clareza política que nós blogueiros não temos. Pelo que entendi de suas entrevistas o bloqueio econômico faz bem a Cuba e devemos agradecer ao grande irmão norte-americano por tê-lo incentivado e não a essa pérfida Assembleia Geral da ONU que teima em condená-lo.
 
 Sapato de blogueiro brasileiro que não é financiado pela Nike!

Todo cubano que se preze deve ter saudades do tempo de Fulgêncio Batista onde havia verdadeira liberdade, e deve também apoiar o funcionamento no território de seu país da base militar de Guantánamo.

Depois de ouvir as suas sábias palavras compreendo que é normal e aceitável que os Estados Unidos financiem uma oposição interna em Cuba para conseguir mudar o regime e é o Brasil que deve ser condenado por deixar de intervir nos assuntos dos cubanos.
 
 
Minha filha, blogueiro sozinho não está com nada!

Desde já agradeço as esperanças que a colega deu a todos os blogueiros brasileiros que esperam ter algum dia o mesmo destaque e qualquer luz que puder dar sobre esses assuntos.
Atenciosamente
Franklin Oliveira Jr.

Via: http://wwwterrordonordeste.blogspot.com.br
Criador do blog Memórias da Fonte Nova

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Programa Aprovado, gravado em Paulo Afonso

O programa aprovado mostra a história da cidade de Paulo Afonso, a rota do cangaço e a cultura da região. Com a participação de pesquisadores, escritores e artistas da cidade.
 
 

Espaço - Cássia Eller



Salve sempre Cássia por ter passado por aqui!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Fernando Morais: O outro Brasil, de Lula e Dilma


Em texto exclusivo para o 247, o escritor Fernando Morais relata um episódio pessoal, de quando concorreu ao governo de São Paulo, e diz que o país sonhado no poema "O outro Brasil que vem aí", escrito por Gilberto Freyre, em 1926, pregando a esperança contra o medo, começou com Lula e continua com Dilma; leia

Por Fernando Morais

A festa de celebração dos 10 anos de governo do PT, realizada nesta quarta-feira, me fez lembrar de um episódio ocorrido em 2002, durante a vitoriosa campanha de Lula.

No começo de junho daquele ano fui chamado para um encontro com o ex-governador Orestes Quércia, presidente do Diretório Estadual do PMDB, partido ao qual eu era – e sou – filiado. Sem muitos prolegômenos, ele foi direto ao assunto: o partido me convidava para ser candidato a governador de São Paulo. Ele, Quércia, disputaria uma das duas vagas de senador em jogo naquelas eleições.

Mal refeito do susto, respondi que era uma honra etc etc, e que eu aceitava – mas havia uma questão que certamente inviabilizaria minha candidatura. Eu estava decidido a fazer a campanha de Lula e votar nele para presidente, a despeito da decisão da direção nacional do partido de apoiar José Serra.

A aliança com os tucanos havia sido cimentada com a indicação da senadora Rita Camata, do PMDB capixaba, para vice de Serra. Para minha surpresa, Quércia topou, mesmo sabendo que sua decisão poderia implicar em uma intervenção da direção nacional na Executiva paulista. Estendeu-me a mão a anunciou: “Então está fechado. E você não vai sozinho com o Lula. O PMDB paulista, como um todo, vai apoiá-lo para presidente.”

Durante dois meses eu acordava todos os dias às seis da manhã, chovesse ou fizesse sol, pegava um avião e saía pelo Estado pedindo votos. Nesse período devo ter percorrido mais de cem municípios. Participei de um único debate, na TV Bandeirantes – do qual saí com um processo movido contra mim pelo governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin, do PSDB. Minha pele foi salva pelos craques Manuel Alceu Afonso Ferreira e Camila Cajaíba, meus defensores. Derrotado na Justiça, o governador ainda teve que pagar as custas do processo – os tais “honorários de sucumbência” – dinheiro que eu pretendia que fosse doado ao MST, mas que acabou sendo destinado ao Fundo Social de Solidariedade de São Paulo. Anos depois recebi um polido telefonema de Alckmin, sugerindo que puséssemos uma pedra sobre o assunto. Mas isso é outra história.

Minha campanha foi muito difícil. Embora tivesse que enfrentar pesos-pesados com máquinas poderosas, como Alckmin, Maluf e Genoíno, eu contava com pouquíssimos recursos e estrutura muito precária. Com índices miseráveis nas pesquisas (acho que nunca passei dos 5%), eu apostava no grande trunfo do PMDB: no horário eleitoral eu iria dispor de cinco minutos diários – que na verdade eram dez minutos, já que o programa era exibido duas vezes por dia. Quem quer que tenha elementar noção do poder da televisão sabe que cinco minutos diários na TV são uma eternidade. E era na TV que eu pretendia virar o jogo.

No dia 15 de agosto, quando faltavam duas semanas para a estreia do horário eleitoral, liguei para o marqueteiro contratado pelo PMDB para sugerir que começássemos a gravar meus pilotos para o programa de televisão. Para meu espanto, o publicitário respondeu que na primeira semana o horário do partido seria integralmente ocupado por Quércia – que já dispunha dos três minutos destinados ao candidato ao Senado. “São ordens do próprio Quércia”, reiterou, “e eu obedeço ordens de quem paga as minhas contas”. Para encurtar a conversa, no dia seguinte denunciei a tramoia publicamente e retirei minha candidatura.

Entrei na campanha do PT e passadas algumas semanas fui convidado a participar de um ato de artistas e intelectuais em apoio a Lula no Rio de Janeiro. Ao chegar ao salão apinhado de gente (acho que era na churrascaria Porcão), fui informado de que eu falaria “em nome dos escritores”. Apanhado de surpresa, eu não sabia direito o que dizer. Foi então que me lembrei que trazia na mochila uma preciosidade: um poema escrito em 1926 por Gilberto Freyre que me fora mandado dias antes por e-mail por uma amiga de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. Na verdade eu ignorava que o autor de “Casa Grande e Senzala” era dado à poesia. Mas não tinha dúvidas de que aqueles versos septuagenários de pouco mais de trezentas palavras caíam como uma luva para o momento vivido pelo Brasil, na iminência de eleger pela primeira vez um operário para a Presidência da República. O poema parecia atual também pela circunstância de que dias antes a atriz Regina Duarte aparecera no programa de TV de José Serra afirmando “ter medo” – medo, claro, de que Lula ganhasse a eleição. Enquanto Regina falava em medo, Gilberto Freyre semeava esperança.

Quando chamaram meu nome, subi ao palco e anunciei que, em vez de fazer um discurso, eu leria uma ode à esperança, o poema de Freyre:
O outro Brasil que vem aí

Gilberto Freyre, 1926

Eu ouço as vozes

eu vejo as cores

eu sinto os passos

de outro Brasil que vem aí

mais tropical

mais fraternal

mais brasileiro.

O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados

terá as cores das produções e dos trabalhos.

Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças

terão as cores das profissões e regiões.

As mulheres do Brasil em vez das cores boreais

terão as cores variamente tropicais.

Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,

todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor

o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.

Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil

lenhador

lavrador

pescador

vaqueiro

marinheiro

funileiro

carpinteiro

contanto que seja digno do governo do Brasil,

que tenha olhos para ver pelo Brasil,

ouvidos para ouvir pelo Brasil,

coragem de morrer pelo Brasil,

ânimo de viver pelo Brasil,

mãos para agir pelo Brasil,

mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis

mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e
norte-americanos a serviço do Brasil

mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar).
mãos livres

mãos criadoras

mãos fraternais de todas as cores

mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus

sem Maurícios de Lacerda.

Sem mãos de jogadores

nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,

pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,

de artistas

de escritores

de operários

de lavradores

de pastores

de mães criando filhos

de pais ensinando meninos

de padres benzendo afilhados

de mestres guiando aprendizes

de irmãos ajudando irmãos mais moços

de lavadeiras lavando

de pedreiros edificando

de doutores curando

de cozinheiras cozinhando

de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.

Mãos brasileiras

brancas, morenas, pretas, pardas, roxas

tropicais

sindicais

fraternais.

Eu ouço as vozes

eu vejo as cores

eu sinto os passos

desse Brasil que vem aí.

Emocionado, e diante da emoção daquela multidão, não resisti e repeti o verso final:
Eu ouço as vozes

eu vejo as cores

eu sinto os passos

desse Brasil que vem aí.

À saída Lula me pediu uma cópia do poema, que passou a ler no encerramento de todos os comícios dali em diante. Na primeira entrevista depois de eleito, ele declarou aos jornalistas: “O mais importante é que a esperança venceu o medo” – expressão que o ágil marqueteiro Duda Mendonça havia transformado em bordão de campanha.

Seria arriscado afirmar que o poema de Gilberto Freyre tenha sido profético em relação à Revolução de 30 – até porque a primeira providência do grande sociólogo, após a chegada de Vargas ao poder, foi asilar-se em Portugal. Nem acredito que Freyre, se vivo fosse, estaria ao lado dos petistas. Mas ao reler “O outro Brasil que vem aí” é impossível deixar de pensar que o país sonhado no poema começou com Lula. E continua com Dilma.


Fernando Morais, jornalista e escritor, é autor, entre outros, dos livros “Olga”, “Chatô” e “Os últimos soldados da Guerra Fria”.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

História une Lula a Getúlio para derrotar FHC e Lacerda

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

No dia 24 de agosto de 2013 vão se completar 59 anos da morte do grande estadista Getúlio Dornelles Vargas. Ao acordar, pensei no notável político que foi o gaúcho da cidade de São Borja, berço do trabalhismo brasileiro. Lembrei que o Senado homenageou, em 2004, o grande estadista, em uma sessão especial, da qual participei por meio de convite, pelo transcurso dos 50 anos de seu trágico desaparecimento e que, contraditoriamente, propiciou naquele momento a derrota da direita brasileira, que estava há poucos momentos de efetivar mais um golpe de estado.
 
O Senado, instituição republicana por onde passaram vultos importantes de nossa história, entre eles o general gaúcho, Pinheiro Machado, e o doutor das letras, o baiano Rui Barbosa, sempre relembrou e homenageou as pessoas que ajudaram a pensar e a construir este País. É tradição, e, a meu ver, assim continuará, pois se trata de uma Casa augusta, enraizada na história do Brasil, além de ser um fórum político muito importante de deliberações e decisões em âmbito nacional.

Pensei em Getúlio e em sua grandiosa obra. Refleti sobre seu imenso legado, e, conseqüentemente, em seus opositores, ferozes e injustos, desrespeitosos e ousados, mas, principalmente, oportunistas e mentirosos, combustíveis da violência daqueles que querem assumir o poder pela força das armas. Uma oposição de direita, sobretudo, herdeira da escravidão e contrária ao desenvolvimento social e econômico que a população brasileira estava a experimentar pela primeira vez em sua história.

O Brasil, até então, era um País de herança escrava, atrasado. Cerca de 70% da população, em 1930, vivia no campo. Para ilustrar ou dimensionar o que foi Getúlio Vargas recorro ao saudoso professor, fundador da Universidade de Brasília (UnB) e criador do CIEP, senador Darcy Ribeiro, que disse a seguinte frase: "Quando você pensa que coisas elementares para qualquer País como os Ministérios da Educação, da Saúde e do Trabalho não existiam no Brasil antes de 1930; quando você pensa que não havia jornada de oito horas de trabalho, não havia direito a férias, a sindicato, à greve, e constata que quem introduziu isso tudo foi Getúlio, mesmo reconhecendo seus defeitos não se pode esquecer sua importância histórica".

A constatação do mineiro Darcy Ribeiro personifica e sedimenta a vida política, o ideário do estadista gaúcho, herdeiro de Júlio de Castilhos e, filosoficamente, positivista. Não há como, de forma imparcial, dissociar Getúlio Vargas do desenvolvimento do Brasil, e, por conseguinte, da inserção de nosso País no rol dos países que são considerados civilizados.

Getúlio civilizou a sociedade brasileira, porque garantiu os direitos civis e trabalhistas, bem como permitiu que o cidadão brasileiro se tornasse independente, por intermédio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), da instituição do salário mínimo, da organização dos sindicatos, do direito à greve, do acesso das massas à educação, da criação da Previdência Social e da Justiça do Trabalho.

Além disso, Getúlio reorganizou o estado nacional ao instituir o concurso público, para depois centralizá-lo e com isso obrigar os estados a serem, de fato, federados. Naquela época, os governadores eram chamados de presidentes, e as oligarquias rurais e urbanas controlavam os governos estaduais, administravam o dinheiro público sem darem satisfações a um poder central, que hoje tem instrumentos como a Receita Federal, a Polícia Federal, o Ministério Público e as procuradorias, que combatem o desvio de recursos e apontam aqueles que são os responsáveis pela corrupção e por diversas modalidades de crimes financeiros e fiscais. A punição fica a cargo dos tribunais do Judiciário, não se pode confundir.

Por tudo isso, não é correto, historicamente, negar o valor e a importância de um homem, raro, como Getúlio Vargas. Ele, juntamente com homens da importância de Oswaldo Aranha, Lindolfo Collor, Francisco Campos, Gustavo Capanema, Pedro Ernesto, Juarez Távora, Tancredo Neves, Assis Brasil, Juracy Magalhães, Alberto Pasqualini, João Goulart e, posteriormente, Leonel Brizola, entre muitos outros, revolucionaram o nosso País, que até então era rural, voltado à agricultura e à pecuária, além de exportar minérios, sem, entretanto, agregar valor algum.

Essa brilhante geração de políticos realmente pensou o Brasil e o construiu, solidificando-o para o futuro, mesmo quando este mesmo futuro não foi tão bom para os brasileiros — vide os homens que vieram a governar este País após a morte de Getúlio Vargas e da queda de João Goulart, o Jango, no ano de 1964. Em vez de darem continuidade à sua monumental obra, tentaram desconstruí-la, aos poucos, de governo a governo.

Ao contrário dos Estados Unidos, cujos presidentes, em sua maioria, deram continuidade à obra social e econômica de Franklin Delano Roosevelt, os ditadores do período militar e os presidentes José Sarney, Fernando Collor e o tucano Fernando Henrique Cardoso, conhecido também como FHC — o Neoliberal — anunciaram o fim da Era Vargas.

FHC — o Lesa-Pátria —, com sua vaidade e petulância de "aristocrata" ou de cafeicultor paulista quatrocentão, além da vocação para intelectual sociológico, colocou em prática sua característica principal como mandatário: nenhuma praticidade e vontade para fazer do povo brasileiro um povo orgulhoso e satisfeito com os rumos de seu País.

Vendeu empresas públicas lucrativas e organizadas, que serviram de base para o nosso desenvolvimento. Estatais, a exemplo da Vale do Rio Doce (obra de Getúlio) e a Telebras hoje mutilada e dividida entre os estrangeiros em várias partes, foram alienadas do patrimônio público brasileiro e vendidas a preços tão baixos que hoje soam como piada. De mau gosto, é claro.

Em vez de ter papel social, a Telebrás, dividida pela iniciativa privada estrangeira e nacional, transformou-se apenas em prestadora de serviços de telefonia dos mais caros do mundo. Por seu turno, essas empresas são as campeãs de reclamações no Procon. Realmente, as telefônicas privadas dão nos nervos da população, porque quando algo ou alguém somente visa o lucro, não há como priorizar a sociedade e nem respeitar seus direitos fundamentais, garantidos pela Constituição e pelo Código do Consumidor. Portanto, considero que as agências reguladoras e o governo têm de ser duros com os maus empresários e cobrar, sem tergiversar, o que é definido pelos contratos.

As empresas de telefonia se recusam a investir nos rincões do Brasil e até hoje não disseminaram o sistema de banda larga, porque não têm competência para realizar tal projeto, além de considerá-lo caro para seus cofres abarrotados de dinheiro, valores monetários que, evidentemente, vão para fora em forma de remessa de lucro e com isso ajudar a gringada a amenizar o colapso financeiro, econômico, social e moral pelo qual estão a passar, por causa do derretimento do fracassado e desumano neoliberalismo, a partir de 2008. Somente os "especialistas" da imprensa de negócios privados comprometidos com o grande capital "não percebem" essas realidades. Eles não são uns gênios, prezado leitor?

O neoliberal tucano FHC, na verdade, não governou como presidente de uma Nação, e sim como corretor de imóveis e de empresas à venda. Lula trilhou um caminho contrário e fortaleceu o estado nacional, que, posteriormente, tornou-se o maior responsável pelo Brasil praticamente não sofrer com a crise econômico-financeira internacional, que acometeu o mundo no ano de 2008. Lula vem do trabalhismo paulista, que é diferente do gaúcho, mas que, no fim das contas, tem os mesmos interesses políticos e sindicais, porque se trata de defender os interesses dos trabalhadores. E é esta a questão primordial.

Lula, mandatário que já tem um lugar de honra na história do Brasil, tal qual Getúlio Vargas, apenas compreendeu o trabalhismo do antigo PTB e do PDT e passou a trabalhar, de forma programática, essa realidade na Presidência da República. A direita percebeu e sua ponta-de-lança, a imprensa de mercado, passou a combatê-lo, como o fez com Getúlio, Jango e Brizola, ao ponto de, em 2005, quase ser derrubado por essa estratégia conservadora, que se valeu do caso do mensalão para sangrá-lo politicamente, enfraquecê-lo, porque no ano seguinte haveria as eleições para presidente. Todo esse processo teve a cumplicidade da cúpula do PSDB e, obviamente, do DEM, que é o pior partido do mundo, pois tão conservadores quanto os republicanos do Texas. Eles, juntamente com os tucanos paulistas, são o Tea Party brasileiro.

Lula percebeu, juntamente com Marco Aurélio Garcia, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil e Luiz Dulci, ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, que estava em jogo não apenas a luta pelo poder em termos civilizados, partidários, eleitorais e constitucionais. O que estava a acontecer era uma conspiração de setores reacionários da vida brasileira, que colocavam em risco o seu mandato de presidente da República conquistado, inquestionavelmente e democraticamente, nas urnas.

O presidente trabalhista avisou aos seus ministros: "Continuem trabalhando no Ministério, porque eu vou para as ruas". Dito e feito. Lula subiu para o Nordeste, e de lá avisou aos golpistas que não aceitaria golpe de estado. Posteriormente, o político fundador do PT e da CUT disse que o problema da direita, dos conservadores é que eles nunca se depararam e trataram com um presidente cuja origem tem raízes profundas no sindicalismo, na ala progressista da Igreja Católica e nas organizações sociais. Trata-se de um triunvirato poderoso, porque ele é enraizado na alma do povo, e, por conseguinte, ramificado em todos os setores da sociedade brasileira. A direita percebeu e recuou. Ela é cruel, mas não é e nunca foi idiota.

O governo neoliberal e entreguista do tucano FHC, que envergonhou a verdadeira social-democracia, principalmente a europeia, deveria, na verdade, ter se espelhado em Getúlio Vargas, que ofereceu propostas e efetivou não um programa de governo, mas, sim, de estado para o País, com sua equipe e, obviamente, com a força dos trabalhadores brasileiros. Se Getúlio é considerado em um período ditador, como gostam de afirmar os "gênios" da imprensa privada golpista, o que pensar então das políticas econômicas e sociais dos cinco ditadores militares, de José Sarney, Fernando Collor e, principalmente, do neoliberal Fernando Henrique Cardoso?

Existe ditadura mais cruel? E há crueldade maior do que a da imprensa comercial e privada? Esta, historicamente, liga-se a políticos que fomentam o jogo de interesses do grande capital nacional e internacional. Barões da imprensa que compactuam, como sempre, com os conspiradores de outros segmentos, que se dedicam a derrubar ou ridicularizar quaisquer políticos que tenham propostas nacionalistas, projetos para o País e programas de governo voltados para o desenvolvimento social, que visam emancipar o povo brasileiro. Programas e projetos exemplificados em Getúlio Vargas, João Goulart e Luiz Inácio Lula da Silva, bem como em Juscelino Kubistchek, que, por pensar em seu futuro político, apoiou, em um primeiro momento, o golpe de estado de 1964. Depois Juscelino percebeu seu grave erro e passou também a combater, corajosamente, a ditadura civil-militar, que o perseguiu e o humilhou.
 
 CARLOS LACERDA E FHC: TUDO A VER... PLIM PLIM!
 
Por sua vez, a corrente política trabalhista dos gaúchos, também dos uruguaios e dos argentinos, enfim, foi derrotada em 1964, por intermédio de políticos e militares udenistas e golpistas umbilicalmente ligados à Guerra Fria, promovida e patrocinada no ocidente pelos Estados Unidos, e apoiada por parte da classe média despolitizada e conservadora e, logicamente, como não poderia deixar de ser, pela imprensa alienígena e pelos religiosos conservadores da Igreja Católica, além de banqueiros como o governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, que tiveram ainda a cumplicidade dos empresários da Fiesp, da Fierj e de outras federações empresariais menos importantes.

Não procede e não reflete a verdade histórica a interpretação de muitos historiadores, sociólogos, políticos e jornalistas que Getúlio Vargas, em 1945, teve de renunciar por causa da vitória da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na II Guerra Mundial, como, por exemplo, declarou, na época, o presidente do Senado, José Sarney. O político maranhense, de origem udenista da ala Bossa Nova, afirmou tais palavras ao "Jornal do Senado", em sua edição especial de 24 de agosto de 2004, em homenagem a Getúlio Vargas.

A verdade é a seguinte: em 1945, Getúlio Vargas teve de renunciar, pois o Palácio do Catete estava sitiado pelos militares (sempre eles). Agiu dessa forma para manter o regime democrático e com isso garantir a vitória do marechal Eurico Gaspar Dutra, seu ministro da Guerra, nas eleições constitucionais de 1946. Tanto é verdade que Getúlio foi eleito democraticamente, em 1950, fato este que recrudesceu o ódio feito de bílis da direita reacionária udenista-militar, que nunca teve voto e continuou a não tê-lo através da história. Nem mesmo as mudanças constantes de nomes, como, por exemplo, Arena, PDS, PFL e agora DEM, partido que está a se transformar em uma agremiação média para pequena, serviu para que os udenistas melhorassem suas imagens perante os eleitores. Mudar o nome da sigla não convence ninguém. A direita é o que é, porque seus propósitos são o que são, e todo mundo sabe disso, até um recém-nascido.

Com o ressurgimento do PSD (sigla partidária fundada por Getúlio) do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, acarretou que muitos demoníacos (desculpem, foi um lapso!) do DEM pulassem do barco para não afundar com o partido direitista. Kassab percebeu que ser aliado de José Serra é dar abraço em afogado, e apoiar Geraldo Alckmin significa não ter acesso livre para concorrer a governador de São Paulo. Esperto o Kassab, não achas, caro leitor? Com isso, o DEM, que é o PFL e a UDN, vai seguir o seu destino: o fracasso retumbante e, quiçá, a extinção, palavra esta muito íntima de ex-senador e ex-governador de Santa Catarina e ex-"ideólogo" do DEM, Jorge Bornhausen. Quem sobrou para o DEM? O ACM Neto, atual prefeito de Salvador. Só que o neto do falecido coronel ACM não tem expressão nacional, mas mesmo assim o DEM, o pior partido do mundo, ergue as mãos aos céus por ter conquistado a capital dos baianos.

Voltemos ao Sarney. Udenista que também foi da Arena e do PDS, conhece a história do Brasil. Ele sabe que Getúlio Vargas foi vítima de um golpe. Vargas caiu porque sofreu um golpe "branco" e foi traído pelos coronéis e generais, inclusive pelo seu ministro da Guerra, general Zenóbio da Costa. Os generais, a maioria, dizia-se, até então, legalista, portanto, constitucionalista. Esses mesmos coronéis e generais, dez anos mais tarde (1964), ascendem ao poder, por meio de um golpe militar, com amplo apoio de forças estrangeiras, como a CIA e o Departamento de Estado, da IV Frota dos EUA, de civis brasileiros de oposição, aqueles com influência junto aos empresários que controlam os meios de produção e de comunicação, bem como o importantíssimo apoio logístico, geográfico e político de governadores poderosos como Magalhães Pinto de Minas Gerais, o intrépido, loquaz, agressivo, ambicioso sem limites pelo poder e multifacetado Carlos Lacerda do Rio de Janeiro, denominado pelos seus adversários de o Corvo, além do governador de São Paulo, Ademar de Barros, "o rouba, mas faz".

Para o bem da verdade é necessário que fique claro que Getúlio não foi derrubado porque era "ditador", e sim porque era nacionalista, contrariava interesses internacionais e elaborou leis e assinou resoluções que beneficiaram o trabalhador. A questão política (ser ditador ou não) sempre ficou em segundo plano, mas foi usada e manipulada, sistematicamente, como questão principal. A imprensa atacava violentamente Getúlio (a Tribuna da Imprensa, do golpista Carlos Lacerda, publicou, de forma cruel e infame, a seguinte manchete: "Somos um povo descente governado por um ladrão"). Os proprietários de jornais, rádios, televisões e revistas pertencem à classe do patronato e, igualmente, aos patrões de outros segmentos da economia, eram e ainda o são até hoje contra os avanços sociais efetivados pelos governantes trabalhistas. Eles sempre, quando podem, pedem a revisão das leis trabalhistas. Sempre.

Considerar Getúlio ditador realmente foi um subterfúgio para a burguesia brasileira combatê-lo e derrubá-lo. Tanto é verdade que depois a imprensa empresarial apoiou como cúmplice e de forma subserviente os militares a partir de 1964. Ou seja, a imprensa privada foi um dos principais alicerces da ditadura militar. Ao apoiarem o golpe de estado, os barões da imprensa e das mídias enriqueceram a tal ponto que hoje enfrentam governos e tentam pautá-los conforme seus interesses políticos, ideológicos, econômicos e financeiros. Ainda mais se determinado governante for trabalhista, a exemplo de Getúlio, Jango, Lula e agora a presidenta Dilma Rousseff.

A verdade é que a ditadura Vargas perto da dos militares de 1964 era coisa de amador. A imprensa da época, os ricos e parte da classe média derrubaram Getúlio porque seu governo estava a distribuir renda, além de inserir muitos milhares de brasileiros no mercado de trabalho e nas escolas públicas. Getúlio Vargas foi derrubado em 1945 e morto em 1954 porque era nacionalista e tinha um projeto de autodeterminação e de independência para o Brasil. Fato este que não interessa e nunca interessou aos EUA e à nossa burguesia herdeira do sistema de escravidão.

Os militares e civis que passaram a controlar o Brasil com mão de ferro em 1964 se alinharam aos interesses internacionais, a ter como base a Guerra Fria. Os Estados Unidos não permitiriam jamais que o Brasil, bem como a Argentina de Perón e o Uruguai se desenvolvessem sem sua aquiescência. Era uma questão geopolítica e colonialismo, sem sombra de dúvida, pois os estadunidenses passaram a ficar histéricos quando a União Soviética dividiu o mundo, simbolicamente, com o muro de Berlim.

O Brasil, então, passou a abrir as portas, com ênfase, às multinacionais. Os economistas, de pensamento monetarista,/liberal, como Eugênio Gudin, Roberto Campos e equipes direcionaram a economia do País para o que hoje é conhecido como neoliberalismo, sistema perverso alicerçado na globalização, que é o colonialismo maquiado, com nova estampa, a fim de atender às demandas da nova ordem mundial, que é a mesma ordem secular de sempre: manda quem pode (países ricos); obedece quem tem juízo (países pobres). Como ocorreu com a Líbia. Os países colonialistas, por meio da ONU, órgão de supremacia e defasado; superado e de espoliação internacional, calou-se e mais uma vez se tornou cúmplice da rapinagem e da pirataria que se pratica por meio da força nos países árabes, como exemplificam muito bem a Palestina, o Iraque e o Afeganistão, somente para ficar nesses.

Acontece que Getúlio Dornelles Vargas tinha juízo. Quem não tinha e continua a não tê-lo são os políticos de partidos (extintos ou não) como a União Democrática Nacional (UDN), o PL, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), o Partido Democrático Social (PDS), o DEM (ex-PFL), o Partido Popular Brasileiro, atual Partido Popular (PP), além de outros partidos de centro e de direita como o PPS e o PSDB, aquela agremiação política que vendeu o País e por causa desse grave motivo perdeu as últimas três eleições para presidente da República. Lembro ainda que partidos que se dizem de esquerda, como o PPS e o PSOL foram cooptados pelo establishment, como o foi também o partido de Marina Silva, o Rede, que antes de ser legalizado no TSE já é uma metáfora de si mesmo.

Getúlio Vargas estava tão à frente de seu tempo que, em 1929, na campanha à Presidência da República, pela Aliança Liberal, ele propunha uma legislação que efetivasse as férias remuneradas e a regulamentação do trabalho do menor e da mulher, o que venhamos e convenhamos, deixou a "elite" econômica nacional inconformada, com raiva, ou melhor, com ódio. Getúlio Vargas foi o maquinista da revolução industrial brasileira, a transformar, desse modo, um País rural em urbano.

Criou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Vale do Rio Doce e a Petrobras. O mundo hoje, com as guerras no Oriente Médio, na África e na Ásia árabe, está a enfrentar mais uma crise de petróleo, na verdade de vários tipos de energia, e o Brasil é autossuficiente e, portanto, não sente em demasia a alta nos preços do combustível fóssil. É verdade que o preço da gasolina, por exemplo, não é barato, mas, contudo, o Brasil, com a descoberta do Pré-Sal e com seu mercado interno cada vez mais forte, torna-se um País mais poderoso do que já é, e preparado para enfrentar crises, bem como ter o controle de suas diferentes fontes de energia.

Retornemos a Getúlio. Além disso, a construção da CSN permitiu que o Brasil liderasse o segmento do aço e assim se tornasse proprietário de seu destino, sem precisar exportar ferro bruto e depois comprar o mesmo ferro de países industrializados a preços altíssimos, em dólares, o que, sobremaneira, não agradou aos industriais norte-americanos do segmento do aço. Só que produzir aço é uma questão de segurança nacional e de independência para qualquer País, e Getúlio percebeu isso. Alguns grandes empresários sempre remam contra a maré e contrariam os interesses de seu próprio País.

Lula, quando presidente, pressionou o ex-manda-chuva da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, a agregar valor à produção da Companhia, ou seja, construir siderúrgica, fábricas que pudessem propiciar empregos no Brasil para os trabalhadores brasileiros. Lula demonstrou, em público, sua contrariedade. Agnelli pagou para ver. E viu; pois demitido. No governo Dilma ele teve de sair da presidência da Vale do Rio Doce. Como se vê, existem empresários, executivos atuais que agem como os empresários e executivos do passado. O tempo passa, mas a cabeça é a mesma. São tacanhos e medíocres, porque não pensam no País. Eles não têm compromisso. Não dá para deixar na mão de um executivo predador uma empresa do gigantismo da Vale do Rio Doce, identificada com o povo brasileiro, além de ser obra do estadista nacionalista Getúlio Vargas. E a imprensa e seus "especialistas" de prateleira têm a insensatez e a total falta de noção ao defender o injustificável e o indefensável, tudo para manter privilégios e atender os interesses do mercado internacional, mesmo se o preço for o prejuízo do Brasil e do seu povo competente, criativo e trabalhador.

Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal — quando se despediu do Senado em 1994, com o propósito de desmontar a Era Vargas, afirmou: "Um pedaço do nosso passado político ainda atravanca o presente e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas, ao seu modelo de desenvolvimento autárquico e ao seu Estado Intervencionista". FHC queria o quê? O País não tinha nada. Era rural. Getúlio remodelou o estado nacional e o organizou. Somente o estado teria e tem (como demonstrou na crise mundial de 2008) condições de fomentar e desenvolver a economia e, por conseguinte, permitir a melhoria da qualidade de vida da população, ainda mais naquela época de Vargas.

Nada mais natural aos tucanos do que as palavras de FHC, que depois de terminar seu mandato não deixou legado algum. O político neoliberal e entreguista deixou, certamente, um legado de miséria, de diminuição da renda do trabalhador, de desemprego, de venda das estatais, que FHC não construiu e não lutou para construí-las, de subserviência ao FMI (faliu o Brasil três vezes e pediu dinheiro de joelhos e com o pires na mão), de não efetivação séria da reforma agrária, de degradação do meio ambiente, de destruição das nossas estradas, ferrovias e portos, de racionamento de energia durante nove meses, que redundou no famoso apagão, e, como não poderia deixar de ser, de crescimento da violência.

O executor do neoliberalismo no Brasil, o tucano FHC, criticou o legado de Getúlio Vargas no Senado, em 1994, como se fosse uma senha. Ele sinalizou aos estadunidenses, credores históricos, que desmontaria o estado brasileiro, com as vendas das estatais e do fechamento de instituições e órgãos públicos e com isso permitir a diminuição do estado nacional. Estado menor mais dinheiro para pagar a dívida. Atitude que os estadunidenses, por não serem entreguistas, não fariam com o estado deles.

FHC, o Neoliberal, trabalhou bem para os ricos e manchou de vergonha todos os brasileiros que um dia acreditaram que a social-democracia fosse democratizar a vida nacional, a começar pela distribuição de renda e de riqueza. Afinal, foi isso que os sociais democratas europeus fizeram. Somente eleições não bastam. Tem de haver democracia na economia. Distribuição de renda, de terra, apoio à micro e média empresas, crescimento nos índices de emprego e, sobretudo, aplicação massiva de recursos para a educação. Foi isso que Getúlio e Lula fizeram. Cada uma com as realidades e as diferenças de suas épocas.

FHC (ele é professor) e seu governo entreguista não construíram uma escola de ponta, uma escola técnica. As universidades públicas foram quase desmanteladas e as faculdades particulares surgiram como sarampo em criança, a maioria delas somente de olho nas mensalidades pagas pelo aluno trabalhador, despossuído de dinheiro e de ensino de qualidade. Quanto a Lula, o que dizer?

Lula (e muitos sindicalistas da CUT, alguns deles, inclusive, foram eleitos deputados), antes de ser presidente e por desconhecimento, pensava de uma maneira bem parecida com a de FHC, no que tange ao trabalhismo e ao sindicalismo. Lula considerava a CLT como o AI-5 dos trabalhadores. Para o presidente petista, Getúlio Vargas era o pai dos pobres e a mãe dos ricos. Lula afirmava que o PT nasceu dos operários de macacão e por isso tem de escolher seu destino em vez de ficar à mercê do cajado de políticos que deveriam andar com os trabalhadores e não dizer o que eles têm que fazer.

Na Presidência da República, Lula, homem inteligente, dotado de uma clarividência política ímpar, percebeu que sua condição de político, sua realidade de vida e seu pensamento ideológico eram mais próximos dos trabalhistas gaúchos do que ele pensava. Ele não somente percebeu como começou a governar como tal, ou seja, com as características inconfundíveis de um mandatário trabalhista, tanto no Brasil como na Argentina ou no Uruguai.

Lula sempre quis os sindicatos desvinculados do estado. Os sindicatos foram criados na era Vargas. Lula tem forte influência nos sindicatos, pois a CUT é um conjunto imenso dessas importantes entidades. A verdade é que se não existissem os sindicatos, Lula não existiria como grande líder político que é hoje. Lula, portanto, é fruto do sindicalismo criado por Getúlio. Por mais que os sindicatos paulistas e confederações e federações de trabalhadores não tenham oficialmente vínculo com o estado, não há como desvincular Lula de Getúlio, porque ambos são (ressaltadas suas diferentes épocas e origens) umbilicalmente e historicamente ligados aos trabalhadores brasileiros.

Contudo, de uma coisa eu tenho certeza: não se consegue desmontar a história; e Getúlio Vargas vai ficar para sempre na memória do povo brasileiro. Antes de dar fim à Era Vargas (coisa que muitos tentaram, mas não conseguiram), todo dirigente político tem de procurar não imitar FHC — o neoliberal. Se tal mandatário pensa em realmente ficar na história que ele faça por onde. Não basta ser um presidente administrador dos interesses das classes privilegiadas e dos trustes nacionais e internacionais. Tem de ser estadista. E Lula se fez estadista igual a Getúlio. Ponto.

FHC falou demais e fez de menos. Lula aproveitou a crise mundial e parou de administrar somente a macroeconomia (exportações, bancos, grandes indústrias e serviços) e passou, inclusive antes da crise, a valorizar o mercado interno para fazer o País crescer, além de se preocupar com a criação de universidades, extensões e escolas técnicas. Dilma Rousseff vai agora implementar a construção de creches e melhorar o ensino público fundamental.

Todavia, quem quer pagar ensino que pague. O estado é o provedor maior, pois o estado é a própria população. Quando o estado não cuida de seu povo, ele não é democrático. Esse negócio de empresa privada, livre iniciativa é papo para boi dormir. Conversa mole para favorecer os ricos. A livre iniciativa mama nas tetas do estado há muito tempo, como ocorreu há pouco nos Estados Unidos e na Europa, por causa da crise de 2008, que derreteu o neoliberalismo, sistema de rapina e desregulamentado de propósito para privilegiar ainda mais a quem já era privilegiado.

A verdade é a seguinte: empresário empregador tem de ter apoio sempre e financiamento. Empresário especulador "tem que passar a ser competente para se estabelecer", como define o principal bordão empresarial, além de ser a regra número um do mercado, tão admirada inclusive pelos maus empresários. Getúlio Vargas é mais moderno que todos os presidentes brasileiros, juntamente com Lula. Acontece que até hoje a nossa elite econômica tem rancor do grande estadista, por ele ter colocado ordem no País, quando assumiu o poder em 1930 e depois derrotou a "revolução" Cartola Constitucionalista de 1932, que queria manter os privilégios de uma oligarquia que ainda sonhava com o tempo da escravidão (política do café com leite).

Inclusive, infelizmente, parte da elite acadêmica, universitária e de viés tucano, analisa Getúlio com uma ponta de desdém, que é a inveja dissimulada. Getúlio Vargas foi um fenômeno político. Quando ele assumiu o poder e passou a modernizar o estado e as relações trabalhistas a libertação dos escravos tinha acontecido há apenas 42 anos, depois de 350 anos de escravidão, a mais longa da história da humanidade. Acham isto pouco? Mas não é. É muito. A Era de Getúlio não foi devidamente dimensionada pela história e pelos historiadores, e vai levar tempo enquanto viverem neste País pessoas rancorosas, conservadoras e que lutam, incessantemente, pela manutenção do status quo das classes dominantes.

O estadista brasileiro, o "ditador" esclarecido Getúlio Dornelles Vargas reorganizou os partidos, fundou o PSD e o PTB, estabeleceu o voto feminino, o voto secreto, criou a Previdência Social, criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estatizou a geração de energia elétrica, criou a carteira de trabalho, criou a Fábrica Nacional de Motores (lembra-se do caminhão FNM?), criou a Rádio Nacional, criou o Museu Imperial de Petrópolis, a resguardar assim a memória do Século XIX, criou a Eletrobras, criou o Serviço Nacional da Indústria (Senai) e o Serviço Social da Indústria (Sesi), instituições essenciais para a formação de mão-de-obra especializada, pois Getúlio Vargas estava a iniciar a industrialização do País. Os empresários da Fiesp acham que foram eles que criaram o Sesi e o Senai. E os Marinho e os executivos das Organizações(?) Globo pensam que o "Criança Esperança" é programa de governo. Seria cômico se não fosse trágico. Realmente... Sem comentários.

Criou ainda o presidente gaúcho e trabalhista o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp), responsável pelo treinamento e profissionalização da carreira dos funcionários públicos, criou a "Voz do Brasil", para divulgar as ações do governo, além de limitar a remessa de lucros de empresas estrangeiras para o exterior. Somente este último item me leva a imaginar o que Vargas deve ter arrumado de inimigos, tanto estrangeiros quanto nacionais. O político trabalhista era, sobretudo, um homem corajoso. Getúlio Dornelles Vargas fez essa obra gigantesca em 19 anos. Os outros presidentes, juntos, com exceção do também estadista e trabalhista Lula, não fizeram nem a terça parte do que fez o Getúlio. É isso aí.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Cuba, o embargo injustificado, o papel do Brasil e dos EUA

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre





O bloqueio econômico, financeiro e comercial a Cuba, imposto pelos Estados Unidos em 1962, no governo do democrata John F. Kennedy, é um dos bloqueios mais longos que se tem notícia no mundo contemporâneo, além de ser considerado cruel pelos organismos internacionais, a exemplo da Assembléia Geral da ONU, que aprovou, em 13 de novembro de 2012, a 21ª resolução de condenação ao embargo econômico a Cuba. Apenas os Estados Unidos, Israel e Palau ficaram a favor do embargo. No dia 7 de fevereiro deste ano, o bloqueio completou 51 anos, ou seja, mais de meio século, e foi transformado em lei em 1992 e 1995. O ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, também democrata, ampliou o embargo comercial ao pequeno país caribenho em 1999, o que acarretou a proibição de filiais estrangeiras de empresas do país yankee de comercializar com Cuba valores que ultrapassem a US$ 700 milhões, o que é um absurdo e uma gota no oceano em termos de comércio exterior.

A Assembleia das Nações Unidas rejeita, reiteradamente, a política isolacionista promovida pelo governo estadunidense e o seu Departamento de Estado contra Cuba. Tal Departamento, cuja doutrina de política externa é o porrete, transformou-se em alvo de críticas internas contundentes por parte de entidades estadunidenses, contrárias ao bloqueio, ao argumentarem que não existem normas no direito internacional que justifiquem um embargo tão radical em tempo de paz, de globalização, além do fim da Guerra Fria, que ocorreu, simbolicamente, com a queda do Muro de Berlim, em 1989.

Cuba enfrenta mais de cinco décadas de guerra econômica. Para se ter uma ideia do que é isto, ao longo de 51 anos a ilha cubana teve prejuízos que chegam a mais de US$ 1 trilhão, valor este elevado para um país tão pequeno. É algo incompreensível, com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos ainda não mudarem sua política externa para com cubanos. E sabem por que essa realidade acontece? Respondo: Cuba atual não é importante economicamente, mas o é politicamente e ideologicamente, com forte conotação simbólica, que remonta a guerrilha de Fidel Castro e Che Guevara, ícones internacionais e que até hoje povoam o imaginário de diversas gerações — as mais jovens e as mais antigas. Combater e sufocar Cuba é essencial para os grandes capitalistas e seus governos, porque acreditam que dessa forma "matam" o sonho do socialismo.

As contradições da política estadunidense no que tange a Cuba são questionadas pela comunidade internacional. Lembro que, ao tempo em que Cuba é boicotada por um tempo de 51 anos, os Estados Unidos se constituíram nos principais parceiros comerciais da China comunista, além de retomarem o diálogo com a Coreia do Norte e o Vietnã, seus arqui-inimigos do passado e do presente, com o propósito de criarem uma nova fronteira de negócios com os países que, juntamente com o Laos e o Camboja, formam a Indochina. No momento, a Coreia do Norte realiza experimentos atômicos, mas o diálogo com os EUA e a Coreia do Sul prosseguem. Somente indivíduos ingênuos ou jornalistas a serviço da mídia imperialista e de direita brasileira acreditariam que os EUA, no momento, abririam mão de negociações e optariam por uma invasão militar.

É necessário salientar e relembrar também que representantes da Coreia do Norte e dos Estados Unidos se reuniram no ano passado em Genebra, na Suíça, com a intenção de desbloquearem as conversações sobre o desarmamento nuclear dos coreanos, considerados à revelia pelos yankees como um dos países formadores do “eixo do mal”, juntamente com o Irã e o invadido Iraque, que desde 2003 está ocupado pelas forças militares dos EUA, que têm interesses geopolíticos na região, além de controlarem o petróleo e uma nação como a do Iraque cujo povo tem cinco mil anos de história, pois eles são a própria Mesopotâmia.

Se a questão fundamental fosse ideológica, os estadunidenses não negociariam com a China, que é comunista como Cuba e muitas vezes contrária, por exemplo, aos interesses dos estadunidenses no Conselho de Segurança da ONU. Negócios são apenas negócios. Ou como gostam os nossos complexados e colonizados tupiniquins: business to business (B2B). Os Estados Unidos, mesmo na Guerra Fria e em alta escala, sempre negociaram com a extinta União Soviética, e nem por isso o mundo acabou. O bloqueio comercial a Cuba não tem mais sentido, tanto é verdade que muitos países, inclusive o Brasil, negociam comercialmente com o país caribenho e pedem o fim do embargo nos fóruns internacionais.

Além disso, considero o Brasil, que tem uma das diplomacias mais avançadas do mundo, um grande mediador. Com o fortalecimento do Mercosul com a entrada definitiva da Venezuela e o reconhecimento por parte dos grandes países ocidentais de que o Brasil é o principal País da América Latina, o Governo Federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores, deveria se empenhar de forma mais assertiva junto à OEA, à ONU, aos blocos econômicos como a Comunidade Europeia para que os Estados Unidos façam uma revisão de suas políticas públicas e diplomáticas em relação a Cuba, país independente e autônomo, que se recusa a ser tutelado por quem quer que seja, como bem demonstra a história cubana desde 1959, quando os revolucionários, à frente do movimento de libertação Fidel Castro e Che Guevara, assumiram o poder político e militar na ilha caribenha.

Considero fundamental que o Governo Federal recrudesça e procure efetivar a inserção de Cuba no mercado econômico e financeiro internacional, por intermédio de negociações do Itamaraty na OEA, na ONU, na OMC, no Mercosul e nos bancos internacionais, como o Banco Mundial (Bird), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Cuba tem de ser integrada urgentemente, bem como a Palestina à comunidade internacional, e com celeridade. Nenhum país deve ser tratado como se fosse de segunda categoria, porque povo algum é de segunda categoria. A humanidade pode até diferir na cor da pele e na textura dos cabelos, mas ela é uma só, única e indivisível, porque vivemos em um planeta do qual somos filhos, e, quando da nossa morte, voltamos para o útero dele em forma de pó. Existem, sim, países poderosos, com força econômica e bélica incomensurável e que se aproveitam de sua posição para impor sanções e bloqueios, além de, se puderem, promover invasões militares.





Contudo, faço uma ressalva: essas organizações financeiras têm de, urgentemente, reformular seus programas de financiamento, voltando-se mais para o desenvolvimento social dos países subdesenvolvidos e endividados e deixar em segundo plano as estratégias que visam apenas o lucro, fato este que ocorreu durante décadas com o Brasil, e agora, quando a Europa e os EUA estão em crise, seus povos se recusam a apertar seus cintos e protestam nas ruas contra a falta de emprego, de renda e de esperança proporcionados pela crise de 2008, que até hoje perdura e que tende a piorar, segundo os ministros de Fazenda da zona do euro e os analistas vinculados ao mercado financeiro e ao comércio e à indústria.

A verdade é que o ex-presidente Lula tem razão. Ele criticou o FMI em evento nos EUA realizado em 2011 quando recebeu prêmio de reconhecimento pelo seu governo ter combatido a fome e a miséria e inserido milhares de famílias brasileiras no mercado de consumo. O político trabalhista disse o seguinte: “O FMI tinha solução para tudo quando a crise era na Bolívia, no Brasil, no México. Quando a crise chega aos países ricos o FMI se cala, entrou num silêncio profundo. O BID, então, não fala mais nada” — criticou Lula, alto e em bom som para quem quisesse ouvir, inclusive os neoliberais brasileiros e a imprensa comercial e privada que insistem em defender o indefensável, a justificar o injustificável e a dissimular o fracasso retumbante de governantes atrelados ao Consenso de Washington de 1989 e vazios de sensibilidade social, como o tucano e ex-presidente neoliberal Fernando Henrique Cardoso, que foi três vezes ao FMI, de joelhos e com o pires na mão, o que fez milhões de cidadãos brasileiros se sentirem humilhados.

Lula afirmou ainda que os países desenvolvidos deveriam seguir os passos do Brasil, tê-lo como exemplo quando se trata de combater a crise mundial. Para ele, os mais pobres são os que têm de ter prioridade, porque não há nada mais barato do que cuidar deles, pois duro e difícil é cuidar dos ricos. Para o ex-mandatário trabalhista, distribuir renda é a solução para que as pessoas pobres possam consumir e, consequentemente, fazer a economia girar, o que propiciará a criação de empregos e renda para os mais ricos, que poderão dessa forma contratar um número maior de trabalhadores e com isso aumentar a força de trabalho e a riqueza dos países, das sociedades.É o chamado ciclo virtuoso da economia.

Por sua vez, a presidenta Dilma Rousseff disse quando esteve na Turquia que “Desejamos à Europa uma saída rápida da crise por meio da busca por maior estabilidade macroeconômica, mas também e, sobretudo, assegurando a retomada do crescimento, da proteção ao emprego e dos segmentos mais vulneráveis das diferentes populações”. A resumir: Lula e Dilma pensam de maneira igual, pois são executores do mesmo programa de governo e projeto de País. Eles são políticos trabalhistas, nacionalistas e acreditam no Brasil e em sua maior riqueza que é o seu povo. Lula e Dilma seguem, fundamentalmente, os princípios da escola política e econômica estruturalista, progressista, cuja origem remonta a Getúlio Vargas e passa pelo grande pensador e economista Celso Furtado.

Os neoliberais nunca compreenderam isso, não porque são ignorantes ou de parcos conhecimentos sobre as questões e as realidades brasileiras, como se define pessoas relativamente “espertas” de forma educada. Governaram para poucos porque usaram de má-fé. E assim foi feito para, propositalmente, cuidarem dos ricos e governarem para 30% da população do País, como fez FHC — o Neoliberal — em seus dois governos, controlados pelo PSDB e com o apoio de partidos como DEM, o pior partido do mundo, pois tataraneto que é da UDN. Quanto ao PPS do desmoralizado Roberto Freire, considero-o apenas um partido de aluguel e que se esqueceu de sua memória. Lamentável.

Voltemos a Cuba. A crise internacional é questionada fortemente por instituições nacionais de diversos países, bem como por ONGs e outros movimentos sociais que criticam, de forma ácida e até mesmo violenta, a atuação dos organismos financeiros internacionais perante aqueles que deles dependem ou que devem a eles. Se países inseridos em um contexto mais favorável têm enfrentado graves problemas no que concerne à inserção no mercado internacional, o que diríamos de Cuba que há mais de cinco décadas enfrenta um bloqueio econômico dos mais desumanos e cruéis que se tem notícia no mundo contemporâneo? Por isso, como cidadão e jornalista sou favorável ao fim do bloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba.

A Guerra Fria, repito, acabou. O mundo se tornou globalizado. Globalização, como o nome indica, significa interação entre os países, que passaram a se comunicar e a realizar negócios em uma frequência e grandeza nunca vistas antes pela humanidade. É surreal, em tempos de globalização, Cuba ficar à margem do processo de integração mundial por questões muito mais ideologicamente e politicamente mesquinhas do que econômicas. Os Estados Unidos veem Cuba como um problema pessoal. Dá a impressão que os sucessivos governos estadunidenses teriam perdido um estado de sua federação, à força, o que não retrata a realidade. Os cubanos seguiram seus destinos de povo livre e independente e que tem o direito de fazer parte da comunidade internacional tal qual a qualquer outro povo que tem representação na ONU e em outros fóruns internacionais. Cuba não é o Havaí e nem Porto Rico, que merecem, sem sombra de dúvida, todo meu respeito e consideração.

Cuba é soberana. E o Brasil, como um País tradicionalmente moderado, diplomaticamente competente, de vocação mediadora, deve sentar à mesa de negociações, com o propósito de inserir e incluir Cuba no contexto internacional. A Carta da ONU considera direito inalienável de todo povo e de toda nação serem livres, bem como participar dos processos de interação e integração entre os povos. O bloqueio econômico ao país do Caribe não condiz com as realidades das Américas e muito menos com a democracia, tão defendida pelos Estados Unidos ao tempo que por eles negada ao povo cubano, bem como a muitos outros povos. O bloqueio a Cuba é ideológico, geopolítico, insensato, cruel e injustificado.

Será que a blogueira de direita, a cubana Yaoni Sánchez, contratada para o cargo de diretora da ultraconservadora Associação Interamericana de Imprensa (SIP), sabe dessas realidades relativas a Cuba? Com certeza, sim. E daí? O que importa a tipo de gente como a pseuda jornalista é atender aos interesses do governo estadunidense, bem como o do establishment. As questões cubanas são muito maiores e mais complexas do que as palavras encomendadas e direcionadas de Yaoni, que, visivelmente, esta atrelada aos patrões do sistema midiático privado e hegemônico das três Américas. A independência e a autodeterminação cubana, igualmente à brasileira e a de todos os povos da América Latina e do Caribe, não são negociáveis. Cuba é independente. É isso aí.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pesquisa sobre cotas para negros revela um país atento e decidido