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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Progressão continuada não é aprovação automática

A confusão entre os conceitos prejudica os debates sobre os ciclos de aprendizagem

"Dividir o tempo escolar fugindo do calendário anual tem por objetivo aprofundara concepção sobre o ensino e a aprendizagem."


É difícil defender uma ideia quando ela é desconhecida ou mal entendida pelos interlocutores. Sempre que falo em progressão continuada, em vez de sair apoiando essa maneira de organizar o tempo escolar, me vejo na obrigação de, antes de tudo, deixar bem claro sobre o que vou tratar. Há muita confusão, pois esse conceito é imediatamente confundido com "aprovação contínua" ou "aprovação automática", como indica a reportagem Organização em Ciclos Respeita a Diferença, que a revista NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR traz na sua edição de dezembro/janeiro. Então vamos aos esclarecimentos. 

Aprovação automática quer dizer sem avaliação, sem orientação, sem cobrança, sem algum apoio. Sendo assim, sem nenhum critério, o aluno é empurrado adiante, correndo ele os riscos de não estar preparado para nada e podendo, mais tarde, atribuir à escola - com razão - o abandono a que foi submetido, sem ter nenhum tipo de orientação. 

Progressão continuada, ao contrário, é um alargamento do conceito de período escolar, pois prevê, em vez de anos, ciclos. E aí é possível falar em ciclo letivo, com mais do que os 200 dias previsto na lei, e também em ciclo de aprendizagem do aluno - e esse pode ser de dois ou três meses, um semestre, um ou mais anos. Dividir o tempo escolar fugindo do calendário anual tem por objetivo aprofundar a concepção sobre o ensino e a aprendizagem. Sabe-se, comprovadamente, que as crianças têm diferentes habilidades e, por isso, diversas maneiras e ritmos para aprender. Mas todos podem chegar lá. E chegam. Às vezes, alguns meses ou um semestre a mais são suficientes para constatar mudanças no aluno. Em um curto período de tempo, ele pode amadurecer, superar um problema familiar ou adquirir mais segurança com a ajuda de um professor - fatores que repercutem profundamente na sua capacidade de aprender. 

Reprovar a criança uma, duas ou três vezes e mandá-la ficar com colegas menores causa problemas de adaptação e provoca desinteresse por ela ser obrigada a ver e estudar tudo de novo. Quando adota essa prática, a escola se assemelha a uma indústria automobilística, que devolve à fundição as engrenagens que não estão dentro das normas técnicas. Só que com seres humanos é diferente: não há padrão e, no que diz respeito ao retorno ao início, não se pode dizer que não houve aprendizagem alguma no ano "perdido". O resultado da reprovação anual na rede pública é a expulsão de milhares de jovens da escola, colocando-os no abandono e na marginalidade. 

Os sistemas de progressão continuada são a forma mais eficaz e justa de estabelecer os prazos de reprovação para mudança de fase escolar. Na Finlândia, que tem uma realidade bem diferente da nossa, o ciclo básico é de nove anos e só após esse tempo são feitas as provas que indicam quem ficará retido. Na cidade de São Paulo, Paulo Freire (1921-1997), quando secretário de Educação, entre 1989 e 1991, propôs que os ciclos fossem de três anos no Ensino Fundamental e apenas no fim de cada um haveria exames que definiriam se o aluno seria retido ou não. Sistemas desse tipo devem vir acompanhados de um mecanismo que permita a correção dos rumos antes do fim do ano e envolva os professores em planos de orientação dos alunos com dificuldades. Na verdade, é bom que se diga, essas dificuldades, geralmente, não são dos alunos, mas da escola, do currículo (com pouco ou nenhum significado para eles) e dos professores. 

A solução para um ensino eficaz não está na repetição dos conteúdos ou na afirmação - pobre - de que os jovens não gostam de estudar. Está na obrigação que a escola tem de oferecer a oportunidade de todos aprenderem.


É filósofo, docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e diretor de Educação da Fundação Padre Anchieta.

Via:http://revistaescola.abril.com.br/

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Greve de ônibus: retrato de um impasse brasileiro


Sociedade quer mais do que lulismo oferece – mas ainda não surgiu projeto alternativo. Direita flerta com caos e retrocesso



Por Antonio Martins

“A esta hora, a cabeça da mulher deve estar fervendo no palácio”, comentou um popular no fim da tarde de ontem, ao entrar, após horas de espera, num dos raros ônibus que circulavam em São Paulo. “Acha que ela pensa em nós?”, respondeu o passageiro ao lado – “está é de olho nas festas da Copa, para os estrangeiros”. A presidente Dilma era, ontem, um dos alvos do desabafo da população, diante da greve inesperada de motoristas e cobradores.

O outro surgiria hoje: segundo pesquisa Datafolha, 73% dos paulistanos acham que a paralisação dos ônibus “produz mais prejuízos que benefícios”. O apoio à onda de protestos iniciada em junho de 2013 voltou a cair. Tendo chegado a 89% há onze meses, está em 52%, à beira de se tornar minoritário. Em meio a novas lutas sociais (hoje, haverá mais uma manifestestação dos sem-teto), São Paulo vive um paradoxo que retrata o impasse político do Brasil. As reivindicações por direitos permanecem vivas e vibrantes. Mas, à falta um projeto sobre como viabilizá-las, correm o risco de alimentar sentimentos conservadores e interesses retrógrados.

* * *

Seria um erro atribuir a força inesperada da greve de São Paulo a uma “conspiração da direita”. Iniciado na manhã de terça-feira, a partir de ações de motoristas, aparentemente coordenadas, em diversos pontos da cidade, o movimento alastrou-se rapidamente. Foi favorecido pela universalização do celular, mas tinha bases reais fortes. Primeiro, a insuficiência do reajuste salarial. Os 10% conquistados estão acima da inflação (7%), mas são incapazes tanto de repor as perdas (salariais e de condições de trabalho) nos governos Serra e Kassab quanto de oferecer tranquilidade, diante da alta dos preços de alimentos. Segundo, a forma bizarra usada pela diretoria do sindicato para “aprovar” o acordo com os patrões: em“assembleia” não convocada, consumada às pressas, sem debate algum, logo após uma passeata por melhores salários.

Além disso, a revolta dos motoristas não é um fato isolado. As greves estão se difundindo, muitas vezes desafiando a acomodação dos sindicatos. É verdade que, antes da era Lula-Dilma, o normal era os trabalhadores sofrerem, a cada ano, novas perdas salariais; o fato de agora serem frequentes os ganhos reais é positivo e relevante. Mas basta?

Um motorista que trabalhava normalmente ontem (mas estava disposto a paralisar, caso não haja revisão do acordo) notava: “A empresa acabou de encher o pátio de ônibus novinhos. Como não tem dinheiro para aumentar o salário mais um pouco?” Felizmente, a pequena redução da pobreza e da desigualdade, registrada na última década, não amorteceu a vontade de lutar das maiorias. Quem superou o patamar da luta pela sobrevivência tem percebido que a riqueza social é muito mais vasta – e precisa ser muito melhor distribuída…

A esquerda no governo não abre perspectivas para este novo desejo – talvez por ter ligações tanto com as maiorias, quanto com o grande poder econômico. Os conservadores percebem a brecha e ensaiam um jogo ousado. Eles, que planejam voltar ao Palácio do Planalto para reduzir direitos, aproveitam-se do descontentamento para atingir quem não parece capaz de ampliá-los. A greve paulistana relaciona-se com isso, também.

* * *

Em São Paulo, como em muitas cidades brasileiras, as ligações entre as diversas correntes que atuam no sindicato dos condutores e o sindicato patronal são notórias. Nas gestões de Luíza Erundina e Marta Suplicy, greves seguidas foram deflagradas quando a prefeitura procurou impor, às empresas de ônibus, obrigações que reduziam sua enorme lucratividade [Ler Os barões do busão andam de Ferrari, emOutras Palavras]. Após as manifestações de junho, o prefeito Fernando Haddad suspendeu a nova licitação do serviço de transporte coletivo paulistano (cujas cartas estavam marcadas) e contratou auditoria para examinar as planilhas de custo das empresas. Além disso, tem manifestado desejo explícito de “deixar de ser refém” das concessionárias de ônibus e de “criar uma empresa pública de transportes”.

Seria tolo não enxergar, na greve, também o desejo dos empresários em encurralar o prefeito; e o da mídia em desgastar a esquerda como um todo. Alguns fatos chamam atenção. Na terça-feira, motoristas abandonaram ônibus em avenidas e jogaram a chave fora. Outros, furaram os pneus de seus veículos. Não foi um ato isolado, causado por revolta súbita – mas algo que se repetiu em diversos pontos da cidade. Alguém ousaria estes atos – que no Brasil resultam em demissão por justa causa – sem saber, antecipadamente, que teria cobertura? Não é estranho que os patrões tenham “exigido”, na quarta-feira, recursos da prefeitura para negociar com os trabalhadores; e que parte dos grevistas tenha ensaiado, no mesmo dia, cobrar do município o aumento dos salários? A população será chamada a pagar pelo reajuste, enquanto os “donos do transporte” pilotam e destroem suas Ferraris, abastecidos de dinheiro público?

Chega a ser ainda mais insólita a postura da PM: sempre pronta a reprimir qualquer greve ou protesto social, deixou até mesmo de garantir o fluxo do trânsito, quando o movimento pareceu interessar aos interesses eleitorais do governador…

* * *

Que estes três dias revelam a respeito do cenário brasileiro? Há Um grito parado no ar. Por um lado, seria tolo e paralisante atribuir a greve e o ascenso de lutas sociais a uma manipulação contra a esquerda no poder. As maiorias deveriam ficar paralisadas, após terem obtido conquistas que não afetaram os donos da riqueza e do poder real? A quem isso serviria?

Por outro lado, parece evidente a tentativa de manipular lutas difusas. Não é um caso apenas brasileiro. No Egito, Ucrânia, Turquia e Tailândia, protestos que fustigam poderes aparentes, mas não enxergam a dominação social mais profunda, foram empregados, nos últimos anos, para restaurar a velha ordem das oligarquias.

No Brasil, constrói-se uma hipótese pesarosa. Se ela avançar, implicará desgastar um governo cheio de contradições, mas aberto à pressão social. Seria instalado, em seu lugar, um outro – cujo ímpeto de retrocesso é evidente. Ao assumir o poder, ele contaria com o cansaço da sociedade diante das lutas, com o desejo de impor a ordem. Seria um cenário devastador.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Boa Noite

A música de hoje é a nova chamada ''Calma'' da dupla Jorge e Mateus.
Desce uma Pinga rs

Calma, a sua insegurança não te leva nada, eu quero ser seu homem e te fazer amada, amar amar você ate você se amar e me amar “♫♫


domingo, 18 de maio de 2014

“Desde o início eu vejo que tentam sabotar esse governo”, diz Otto sobre Lula e Dilma



Músico falou também a respeito das táticas Black Bloc e sobre as manifestações

Por Redação

Em entrevista para a revista Cult, o cantor pernambucano Otto falou sobre os governos Lula e Dilma, comentou a respeito da Copa do Mundo e também abordou a questão das manifestações. “Sou contra a violência. Nunca concordei com Black Bloc, com as pessoas quebrarem coisas. Não achava que o Brasil precisava chegar num desespero tão grande”, comentou o cantor.

O músico acredita que há muita coisa acontecendo que é pensada para atrapalhar o governo federal. “O que eu vejo é uma politicagem, uma sabotagem em cima desse governo, algo que eu sinto desde o primeiro governo de Lula. Eu morava no alto Leblon quando Lula ganhou. Era só eu e mais dois apartamentos gritando e o resto calado”, disse Otto, que ainda declarou que é impossível andar pelo país e não notar a mudança. “Eu que ando pelo Brasil vejo que a gente nunca teve uma situação melhor. Mas tem pessoas que não aguentam ver o pobre garantir mais coisa”, criticou.

Otto declarou voto em Dilma Rousseff e apontou que a utilização da violência nas manifestações pode despertar os grupos de extrema direita do Brasil. “Fico do lado da democracia sempre. Principalmente em horas como agora. Torço muito por dona Dilma, mas tô esperando a votação, o que vai dar. Respeito isso aí. Mas sou contra essa manifestação toda, esse perigo no qual estão colocando o Brasil. Parar a Copa, acho isso tudo aí meio ingênuo (…) O Brasil tem uma coisa pacífica tão bonita e isso está se perdendo. Falava com meus amigos que estavam numa de quebrar tudo, de destruir: ‘Calma aí’. Senão isso vai atiçar os bolsonaros, pode ver que eles subiram todos. Nessa hora sobe esse ‘boa família’, preconceituoso, careta… Esse cara está amando na hora que radicaliza. Vem a marcha da família, essas coisas tristes”.

Por fim, Otto falou sobre as contradições da base governista e as alianças políticas. “Democraticamente eu consegui mudar esse país, com meu voto. Já fui um tempo mais radical, mas eu tinha Sarney de presidente. Hoje ele é apoiador da base do meu governo. E eu não posso derrubar o meu voto porque o Sarney está me apoiando. Tenho que defender um pouco o apoio dele. É delicada a coisa. A democracia se constrói pouco a pouco”.

sábado, 17 de maio de 2014

Manifestação pelo tumulto





Desculpem, mas não foi contra a Copa coisa nenhuma. Poderia ser, não foi. Hoje foi a favor de qualquer coisa que parasse o trânsito em nossas cidades, e pra isso bastam cem debiloides e alguns cartazes.
O que está acontecendo nesse momento no Brasil não é uma manifestação da insatisfação popular contra a Copa ou a FIFA. O que acontece é uma soma de ações de grupos organizados pelos mais diferentes motivos, mas sob o guarda-chuva da Copa. Isso é desonesto, mas quem vai cobrar honestidade de black bloc?

Em São Paulo, por exemplo, professores municipais em greve tomaram a avenida 23 de maio e sem-teto se deslocaram pela Zona Leste. O que isso tem a ver com Copa? Algumas centenas de black blocs e assemelhados subiram a avenida Consolação e quebraram uma concessionária de automóveis e queimaram lixo. Cadê o tema? A manifestação era contra ao capitalismo coreano, ou o não-recolhimento de lixo na capital? Que Copa?

Pergunte a um desses blocs qual é exatamente o problema com a Copa? Lembram daqueles atorezinhos globais que fizeram um anúncio contra Belo Monte e não acertaram um só dos motivos pelos quais aquilo fosse mesmo a fonte de todo o mal? Seus bloc: qual o problema de vocês com a Copa? Corrupção? É na Copa que tem corrupção? É a questão dos aeroportos? Vocês se afligem muito com os aeroportos, isso?
O dinheiro que deveria ir pra Saúde? A Saúde gasta por ano mais de 100 bilhões de reais, e gasta bem e mal pra caramba. A Copa vai custar uns oito bilhões, pra sempre. Quem sabe se manifestar contra a burocracia que destrói a Saúde e desvia ou desperdiça bilhões fosse uma causa mais legítima para quem está mesmo indignado com os desvios do país? A Educação? De que adianta investir mais em uma Educação do século dezenove? Seu bloc: você está enfurecido pela desorientação do currículo escolar implementado pelo MEC, é isso?

Há um ano, a indignação era com os transportes, alguém lembra? Pra onde ela foi? Transporte e Copa são a mesma coisa? A Copa dura um mês, os transportes a gente usa e necessita a vida inteira. O que deveria nos preocupar mais? Aliás, com toda a indignação bloc, alguém viu alguma planilha de custos das empresas de transporte ser aberta e analisada? Em algum lugar? 

Ou seja, no ano passado a gente incendiou o país por uma causa justa – a falta de transparência nos pagamentos feitos a empresas de transporte que oferecem pouco e ganham muito. Nada se resolveu, nada avançou, mesmo que o aumento tenha sido suspenso, o que não resolve em nada o problema, uma vez que provavelmente as empresas estão sendo pagas com dinheiro público, pelo que deixaram de receber desde junho passado.

Nada do que era assunto no ano passado avançou um milímetro, e todos vocês já estão de novo colocando aquelas mascarazinhas ridículas por uma outra causa? De que adianta a indignação abastecida a molotov contra tudo isso que está aí? Vocês querem transformar radicalmente o aí? Para que servem vocês, se não sabem sequer o que são contra? Apenas para assassinar cinegrafistas e encher o saco de todo mundo?

O que acontece hoje, é que vocês assassinam causas. Vocês ridicularizam a democracia com essas máscaras sem sentido, e a democracia significa muito para mim, que vivi muitos anos sem ela. Vocês afastam todo mundo das ruas. Vocês são umas pragas.

O que eu quero ver é planilha de custos de ônibus, transparência e honestidade na definição dos custos e investimentos, e um transporte mais bem gerenciado, planejado, e quem roubou dinheiro dos trens e metrô na cadeia. O que eu quero ver é quem sobreorçou os estádios pagando por isso. Quero ver as mamatas expostas e os responsáveis chamados diante da Justiça e o dinheiro de volta. Quero ver o Ministério dos Esportes mostrando exatamente o que foi feito, o que não foi feito, e as causas, e não apenas gastando milhões com consultorias inúteis. Quero novos métodos de gestão do dinheiro público, com indicadores que nos permitam avaliar o retorno sobre TODOS os investimentos que bancamos com nossos impostos.

E isso, estimados blocs, não se consegue indo lá fora resolver nossos problemas com a autoridade paterna. Isso se resolve com ação contínua, organização dos cidadãos, com mobilização e disciplina, com meios de comunicação que queiram o bem do país, e não apenas os favores de quem apoiam. 

Isso tudo só se consegue com cidadania, algo adulto, que começamos (mal) em 1989 e estamos longe de acabar. 

Eu quero ver a Copa em paz. Já pagamos por ela, e temos esse direito. Eu quero começar a pensar na eleição presidencial e nos rumos que o Brasil vai tomar. Eu quero seguir em frente com o fortalecimento das instituições e do estado laico, deixando a Marina Silva longe de qualquer coisa parecida com poder. Eu quero seguir trabalhando, organizando, pensando e debatendo, porque sem isso o que existe é pauta e imposição. Se isso serve para os partidecos de exquerda, não serve para ninguém que viva no século 21.

Eu quero a gente curtindo a vida, sem desligar por um segundo da nossa responsabilidade para com ela e para com o país. Eu quero a gente livre dos black blocs e de volta às manifestações sérias, na dura tarefa de fazer o que tem que ser feito, e não apenas berrar ao vento pelo que nunca pode ou deve acontecer.

Gostaria ainda que a nossa Seleção fosse bem e não fizesse feio na frente de todo mundo. Mas, não sei se já perceberam, eu sei muito bem o que dá pra pedir, e o que é melhor deixar pra lá.

Um bom dia a todos, e vamos em frente.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O que o Brasil ganhou com a Copa?

OS NEGROS, A CIDADANIA, A ECONOMIA E A ESCRAVIDÃO. PARA NÃO ESQUECER

Tem um pensamento que eu gosto muito. Mais do que gostar, eu acredito neste pensamento, porque, para mim, ele significa a verdade. "Raça não existe; o que existe é a espécie humana". Quando o homem, ou melhor, a humanidade se organizou em sociedades. Quando ela passou a dominar a agricultura e, conseqüentemente, construir cidades para alojar milhares ou milhões de pessoas, a luta pelo controle político e pela hegemonia econômica recrudesceu. Desta luta deriva todo tipo de preconceito, inclusive o pior deles: o racismo.

O preconceito do racismo é a forma mais infame e cruel de intolerância moral que o ser humano pôde expressar, porque se trata da negação da vida, da negação de Deus. O racista nega a vida e reafirma a indiferença, a desigualdade social e a violência. A pobreza material de grande parte dos povos da África negra e do povo brasileiro é intrínseca ao racismo. Eu quero afirmar, sem dúvida alguma, que a miséria material do nosso povo tem como raiz o racismo. Este sentimento, além de ser comportamental e cultural, o é também de fundo econômico, o que o torna intolerável para as pessoas civilizadas e de filosofia humanista e democrática.

Quando os ancestrais do povo brasileiro foram escravizados em um tempo de cinco séculos pelas potências colonialistas, o trabalho humano escravo foi visto como solução para que os colonizadores europeus pudessem ocupar os territórios por eles conquistados, além de desenvolver suas economias e, por conseguinte, disputar o mercado, em seus diferentes setores, pois a corrida pela hegemonia econômica e militar se encontrava em um processo de disputa entre a Inglaterra, a França, a Espanha, a Holanda e Portugal, dentre outros países, que buscavam riquezas, com o objetivo de colonizar terras e dominar os oceanos.

Com a explosão demográfica no continente europeu e o fim da Idade Média, considerada a era mais sombria das sociedades ocidentais, iniciou-se o ciclo das grandes navegações. Historiadores afirmam que foi a opção e a realidade encontrada pelos governos das potências européias, para que a Europa não sucumbisse economicamente e seus povos não ficassem sem espaço para desenvolver suas atividades econômicas, principalmente a agricultura, razão pela qual foi efetivado o sistema de escravidão, com a cumplicidade entre os europeus e suas diversas nacionalidades, com apoio, inclusive, da Igreja da época, bem como de agentes africanos que participavam do tráfico negreiro.

A escravidão de africanos começou no Brasil ainda em meados do século XVI. Duarte Coelho, donatário da Capitania Hereditária de Pernambuco, solicitou, em 1539, ao rei de Portugal a isenção de impostos de "peças" africanas. As "peças", na verdade, eram os escravos. Grandes extensões de terras e agricultura baseada na monocultura de cana-de-açúcar, que propiciou ao Brasil colonial o Ciclo do Açúcar, foram as primeiras razões dos colonizadores para que o comércio de homens, mulheres e crianças negros se perpetuasse até o ano de 1888, quando oficialmente foi abolida a escravidão no Brasil.

O tráfico de escravos foi um comércio tão lucrativo que somente acabou em âmbito mundial em 1865. A partir deste ano, o Brasil se tornou o único no mundo ocidental a possuir escravidão institucionalizada. Essa realidade impedia a chegada de imigrantes que preferiam outros países das Américas. Enquanto o mundo se transformava por meio da revolução industrial, as nossas elites, principalmente os cafeicultores paulistas, insistiam, teimavam com o sistema de escravidão, o que prejudicou, sobremaneira o Brasil nos fóruns internacionais, bem como a sua economia, que, baseada na mão-de-obra escrava, não conseguia competir, satisfatoriamente, com os países, inclusive muitos da América do Sul, que pagavam salários aos trabalhadores, principalmente aos imigrantes europeus que tinham conhecimento técnico para exercer suas funções nas fábricas e no campo.

O Brasil foi o último País a dar fim ao comércio de escravos, além de Cuba, que, apesar de ter escravidão em seu território, a ilha caribenha era usada mesmo como entreposto de escravos, que eram distribuídos pelo Caribe, América do Norte e América Central. Países escravagistas como a Inglaterra, a França, a Espanha e a Holanda tinham grandes interesses econômicos nessas regiões. A presença da Espanha na América do Sul também era muito forte, bem como Portugal, pequeno país ibérico, mas que se tornou potência marítima, que, através do tempo, transformou o Brasil colonizado por ele em um País continental.

A escravidão dos negros africanos era uma escravidão essencialmente mercantilista. Sempre houve escravidão no mundo. A humanidade sempre pecou no que concerne a explorar à própria humanidade. Os países muito antigos, as sociedades antigas, os do tempo de Jesus Cristo e os de tempos anteriores ao do Filho de Deus escravizavam, mas, geralmente, eram troféus, os quinhões dos vencedores de guerras. Eram militares e civis que perderam guerras e pagaram com o preço alto da escravidão.

Por seu turno, a escravidão dos negros não tinha razões outras que não apenas a comercialização de seres humanos, por cerca de 400 anos, no mundo ocidental, que já tinha passado pelo Renascimento e se preparava para entrar no mundo moderno, que se iniciou, primeiramente, com as grandes navegações. O sentimento, realmente, é de vergonha. Não minha vergonha, não sua vergonha, não a vergonha dos milhões de negros brasileiros, mas daqueles que enriqueceram e conquistaram terras com a morte e a escravidão de milhões e milhões de homens e mulheres, que morriam nos navios negreiros, em cerca de 40%, vítimas de maus tratos, de todo tipo de doença, além de serem jogados aos mares, como punição ou por causa da fiscalização do exército e da marinha ingleses, cujo governo, no ano de 1806 para 1807, decidiu dar fim ao tráfico de escravos. A Inglaterra era a potência mundial daquela época.

Portugal, que edificou uma nação importante em termos mundiais na América do Sul, foi o maior mercador de escravos de todos os tempos, no que tange aos interesses especificamente comerciais e econômicos. O Brasil, além de ser o último País a libertar os escravos, foi também o destino de três milhões e 600 mil escravos, dos dez milhões que chegaram vivos e foram trazidos para as Américas. Como se percebe, o Brasil, nos séculos da escravatura, foi responsável por 36% de todo comércio escravagista em âmbito mundial. São realmente números assombrosos.

A escravidão dos negros foi e ainda o é a maior diáspora da história da humanidade. Se a comunidade negra internacional fosse rica e controlasse as mídias, a imprensa comercial e privada, os bancos e as terras evidentemente que essa dolorosa história nunca deixaria de ser comentada, nunca seria esquecida, bem como o genocídio dos índios de todas as Américas nunca ficaria relegado a um segundo plano. Como se observa, a divulgação política da escravidão e dos massacres e genocídios dos negros e dos índios são também questões econômicas e financeiras, além de morais e de justiça, que nunca foi feita, e considero que nunca o será.

Os escravocratas nunca ganharam tanto dinheiro. A comercialização de pessoas era mais lucrativa do que a estratificação, a agricultura, a pecuária e a pesca. A indústria praticamente não existia, porque começou a se desenvolver na segunda metade do século 19, quando a Inglaterra começou — por questões econômicas e não morais —, que isto fique registrado, a perseguir e a afundar navios, boicotar economias e agredir militarmente os países que insistiam em traficar seres humanos com finalidade comercial. Era o início da industrialização, quando surgiu, de forma incipiente, a classe operária, melhor qualificada, sem direitos trabalhistas, contudo, assalariada, valores baixíssimos, trabalhadores explorados, porém, reitero, assalariados.

Os negros africanos, cujos filhos e descendentes são brasileiros, desembarcavam nos portos da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Depois da chegada, eles eram espalhados, "distribuídos" por todo o País. Trabalhavam na mineração, na lavoura, na pecuária, nas instituições governamentais, nas ruas e nas casas residenciais. Eles estavam presentes no dia a dia da vida brasileira e ajudaram, indubitavelmente, a construir o Brasil de hoje, País que tem um PIB de R$ 3,675 trilhões, segundo o IBGE, e que atualmente tem influência planetária. Sem sombra de dúvida, a plural e multirracial sociedade brasileira deve muito aos homens e mulheres negros que trabalharam, arduamente, sendo que milhares pagaram com a própria morte, como vítimas que foram da terrível e inominável escravidão.

Os negros, os cidadãos negros foram heróis da Guerra de Canudos e da Guerra do Paraguai e não receberam retorno algum, a não ser o abandono do estado e da sociedade brasileiros. Foram morar nos morros da Favela e da Providência, as primeiras favelas deste País. As desigualdades sociais são gritantes. A miséria e a pobreza, históricas, são a razão da prostituição, do tráfico e da violência. São essências da degeneração familiar e, consequentemente, da sociedade.

Os negros, observemos, pertencem às camadas mais pobres da sociedade brasileira, as que estão em risco constante de ser vítimas de todo tipo de miséria humana e de ignorância. O ignaro é mais perigoso que o marginal, porque ele é parte de milhares, quiçá milhões, e por isso se anulam as condições para que as nossas cidades e o País se desenvolvam, de maneira equânime, justa e democrática. Não há paz se não existir justiça social. Os governos, em todas as esferas, têm de deixar de ser patrimonialistas. O estado tem de ser devolvido ao povo e não continuar a servir à pequena parcela da sociedade, que há séculos confunde e mistura os interesses do estado com os interesses privados — particulares. É uma luta árdua, perene e constante.

Os governos trabalhistas de Lula e agora o de Dilma Rousseff têm lutado e conseguido mudar o quadro social e econômico das classes sociais carentes e populares. É uma revolução da grandeza da que o presidente Getúlio Vargas realizou em 1930 e depois em 1950, quando o Brasil deixou de ser rural e passou a ser urbano, por meio da industrialização, da organização do serviço público de forma centralizada, em âmbito federal, e da criação de meios de fiscalização das receitas públicas, bem como dos serviços de arrecadação de tributos do estado nacional, além da criação de estatais como a CSN, a Vale do Rio Doce (os neoliberais só querem chamá-la de Vale) e a Petrobras.

Os programas de Lula incluíram 42 milhões de brasileiros na classe média (quase a população da Argentina) e tiraram 36 milhões da pobreza. E grande parte dessa gente brasileira, caro leitor, é formada por brasileiros de etnia negra. É uma revolução ou não é? Só para ficar nisso, porque esse governo trabalhista fez muito mais, como, por exemplo, fortalecer nosso mercado interno ao ponto de o Brasil praticamente não sentir a crise econômica e financeira que aconteceu no mundo em 2008, apesar de a imprensa de negócios privados não reconhecer e por isso mentir e manipular, porque a verdade é que ela se tornou porta-voz dos trustes internacionais e nacionais, ponta-de-lança dos interesses da classe social que habita o pico da pirâmide social, além de se transformar em um partido de direita — o Partido da Imprensa. Se há alguma dúvida, basta pesquisar para confirmar o que eu afirmo e o que eu escrevo nesta tribuna chamada Palavra Livre.

O estado democrático de direito, conforme reza a Constituição de 1988, é o agente que determina as políticas públicas, no que é relativo à saúde, à educação, à moradia, à segurança e à luta para favorecer a distribuição de renda e a geração de empregos. Todas essas coisas boas são desejos dos brasileiros, principalmente os negros e os índios que ainda não foram resgatados historicamente e socialmente. O Brasil tem de continuar a ser dos brancos, dos amarelos, dos vermelhos e dos negros. Contudo, sabemos que a grande parcela negra da população tem de ser ouvida por todos os segmentos da sociedade, bem como ser alvo de políticas públicas positivas que garantam a inclusão dos negros (e também dos índios) no mercado de trabalho e nas escolas.

Até hoje, em pleno século 20, parte significativa do povo brasileiro não tem acesso a benefícios sociais e ao direito de ter uma vida de melhor qualidade. Os negros continuam a ter os piores empregos, a morar nas periferias, nas favelas, nas comunidades pobres. Seus empregos são os mais insalubres, os mais perigosos e mal pagos. Continuam a ser vítimas do pior sentimento dentre os piores sentimentos que é o racismo, porque, como cidadão negro, ele é medido por sua cor, por seu cabelo, por suas características físicas e não pela sua conduta, pela sua competência, pelo seu caráter, digo melhor, bom caráter, pelo seu coração. Os indivíduos são pertencentes à espécie humana. Raça é terminologia superada, que somente os desinformados, os ignorantes, os preconceituosos e os racistas insistem em assim se comportar. Comportar-se mal.

É um direito inalienável do homem e da mulher, independentemente de sua origem e cor, ter suas cidadanias ratificadas e reiteradas pelo estado e pela sociedade a qual pertencem. Ser cidadão não se reduz a pagar impostos. Ser cidadão é também saber de seus direitos e, dentre um elenco de direitos, é não ser humilhado ou esquecido ou relegado por sua condição social e por sua cor de pele e etnia. Os negros estão para sempre, eternamente, na história do Brasil e do seu povo. Ele é parte dele. Ele é o povo, e o Brasil é de todos e para todos os brasileiros.

Boa Noite


quinta-feira, 15 de maio de 2014

Vilania e covardia: as armas usadas contra o PT

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre



De agora em diante e cada vez mais a direita brasileira, herdeira da escravidão e violenta por natureza, vai brandir seu tacape com mais ferocidade contra o Governo trabalhista do PT. A intenção é destruí-lo e para isso não haverá limites e muito menos ponderação contra as conseqüências que é a desconstrução e o aniquilamento do partido mais importante e organizado da história do Brasil, forjado nas lutas sociais e de classes, bem como vinculado a inúmeros setores e segmentos da sociedade.

O PT não somente dos operários, mas também força e voz dos intelectuais das universidades federais, que, juntamente com a Igreja Católica progressista e suas Comunidades Eclesiais de Base (CEB), com opção preferencial pelos pobres, fundaram o partido mais popular do Brasil em todos os tempos, a superar, inclusive, o grande Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola, San Tiago Dantas e Alberto Pasqualini. O PTB, construtor da Vale do Rio Doce, da Petrobras, da CSN, e formulador da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

O Partido dos Trabalhadores, herdeiro do PTB, porém, mais orgânico, porque presente em quase todos os setores da sociedade e, consequentemente, a agremiação política mais democrática e que nunca, mesmo a controlar a Presidência da República há 12 anos, reprimiu quaisquer movimentos sociais e reivindicações de trabalhadores, ao contrário do que se sucedeu no governo de Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, aquele que afundou o Brasil três vezes, porque foi ao FMI três vezes, de joelhos, humilhado, pois com o pires nas mãos.

O PT é alvo constante de uma das classes dominantes mais perversas e violentas do mundo: a brasileira. A classe que passou séculos a disfarçar sua natureza mórbida, seu caráter mau, seu juízo de valor racista, bem como seu diabólico preconceito de classe, que se baseia na intolerância, que a leva à violência. Os grupos econômicos, os midiáticos, em especial, os partidos que rezam pelas cartilhas dos ricos e dos interesses de governos internacionais (EUA/UE) são os combustíveis, a força motriz que edifica muros e implanta cercas para impedir que o Brasil seja, de fato, independente e que seu povo se emancipe definitivamente.

Com o fim do PTB como partido trabalhista, em plena redemocratização do País, no início da década de 1980, surgiu o PT, a partir da vontade e do desejo dos trabalhadores do ABCD paulista, à frente o operário Luiz Inácio Lula da Silva, que décadas depois se tornaria um dos presidentes mais populares da história do Brasil, a rivalizar com o estadista Getúlio Vargas. Lula deixou a Presidência com mais de 80% de aprovação, índices maiores que o do famoso político comunista e revolucionário, Nelson Mandela, quando terminou seu mandato de presidente da República da África do Sul.

Contudo, e apesar de tudo, o campo da esquerda trabalhista sempre foi combatido ferrenhamente pela direita brasileira, com o apoio e a cumplicidade dos grandes capitães da indústria e dos banqueiros internacionais, os mesmos que elegem os presidentes dos Estados Unidos e dos principais países europeus, hoje decadentes para a infelicidade da “elite” brasileira e de seus coxinhas de classe média amestrados, mas ferozes, que replicam, muitas vezes sem saber por quê, os valores e os princípios da classe dominante da qual essa gente formalmente mediana jamais vai fazer parte. Assunto para a psiquiatria resolver.

Entretanto, o que está em jogo não é somente a existência do PT, o partido nascido revolucionário e que hoje, sem sombra de dúvida, transformou-se em uma agremiação política reformista, que formalizou alianças com setores conservadores, para, prioritariamente, vencer as eleições de 2002, depois conseguir a maioria no Congresso, e, por seu turno, poder governar. Governabilidade que seria impossível de acontecer no primeiro Governo de Lula, que quase sofreu um golpe no ano de 2005, quando o presidente trabalhista teve que ameaçar ir às ruas, ao afirmar aos seus ministros:"Olhem, vocês fiquem aqui porque essa gente vai me enfrentar é na rua".

Posteriormente, Lula afirmou: “Se a direita quer luta de massas, vamos fazer luta de massas”. Acontece que o problema maior do PT é que a direita esteve no poder durante séculos e a máquina estatal ainda “pertence” à burguesia, tanto em âmbito federal quanto nas esferas estaduais. Não é à toa que hoje um partido de vocação democrática e voltado às massas se depare com um processo de destruição de sua imagem e as prisões injustas e sem provas contundentes para colocar em presídio lideranças petistas históricas e que influenciaram na construção de um partido com vocação para governar e lutar para distribuir renda e riqueza.

Um partido de massas que, sobremaneira, não agrada aos donos dos meios de produção e que ainda controlam setores influentes de partidos políticos conservadores, do Executivo, do Judiciário, do Congresso e do Ministério Público Federal. O Estado burguês em toda sua intolerância e violência política e de coerção contra setores e segmentos populares que ousaram colocar a cabeça de fora do quadrado estabelecido no decorrer de séculos pelas classes dominantes.

As mesmas que escravizaram seres humanos durante quase quatro séculos, porque, evidentemente, não toleram e demonstram inconformismo com a ascensão social de milhões de miseráveis, que superaram ou transpuseram a linha de pobreza, bem como o ocorrido com os pobres, a classe média baixa e setores da classe média tradicional, que passaram a ter o direito de consumir, de forma plena, e a cooperar para que a roda da economia gire sem parar, e, consequentemente, a permitir, ininterruptamente, que nos últimos 12 anos fossem criados cerca de 20 milhões de empregos, realidade que transformou o Brasil em um dos mercados internos mais poderosos, pujantes e atrativos do mundo.

Se alguma pessoa de direita ou simplesmente incrédula não acredita nos fatos, faça, então, o favor de se levantar de seu sofá e pergunte aos empresários e a seus gerentes, mesmos os reacionários e ingratos, o quanto de dinheiro eles ganharam nos últimos 12 anos com o País sob a batuta dos presidentes trabalhistas Lula e Dilma Rousseff. Ponto! Enquanto isso, a Europa Ocidental, referência da classe média coxinha e dos ricos empedernidos e portadores de um incomensurável e inenarrável complexo de vira-lata, pois colonizados desde os tempos do capitão-mor e fidalgo Pedro Álvares Cabral, está a enfrentar, desde o ano de 2008, uma crise sem precedente, que superou, inclusive, o crash de 1929, que levou a economia dos Estados Unidos e de países europeus à bancarrota.

Depois de anos a ser apedrejado pelo poderoso sistema midiático privado, alinhado aos interesses de classe e internacionais, o PT finalmente percebeu, talvez tardiamente, que não apenas a imprensa de negócios privados e alienígena se contrapõe aos seus programas de governo e projeto de Pais, mas, sobretudo, agentes do estado brasileiro com poder decisório, de mando, que rivalizam com o PT e o Governo trabalhista, porque filhos diletos e fiéis da burguesia nacional, a exemplo dos juízes do STF e STJ, dos promotores e procuradores, de muitos delegados da Polícia Federal, bem como generais, almirantes e brigadeiros, politicamente e ideologicamente conservadores.

Esses grupos políticos e quase anônimos se juntam, discretamente, aos partidos de direita e aos magnatas bilionários de todas as mídias, em uma frente política que age e atua como formiguinha e atenta, ordinariamente, contra o estado democrático de direito, a Constituição e a democracia, sem se prenderem a questões institucionais e éticas, porque a briga pelo poder vai muito além do jogo democrático e das regras e normas eleitorais vigentes. Esse modus operandi é como uma colcha de retalhos onde os desenhos são disformes e se misturam como se fossem um só, a impedir a percepção e o discernimento de quem tenta distinguir as figuras da colcha ora observada, que na verdade trabalham nos bastidores do poder. 

A direita domina e conhece como ninguém esses mecanismos, pois fez caixa dois a vida inteira, além de contar com a permissividade de pessoas que controlam os órgãos de repressão e fiscalização. Tanto é verdade que nenhum dos principais membros dos que transitam pelo espectro da direita está preso ou a responder processos, que são publicados em manchetes da mídia venal quando se trata do PT. A imprensa de mercado e de natureza golpista jamais vai dar repercussão às tramoias, aos golpes e aos crimes de seus aliados políticos, pois eles o são instrumentos de defesa dos interesses da burguesia nacional e internacional. Para quem não sabe ou finge não saber desse processo hipócrita e draconiano, é exatamente dessa forma que a banda toca. Ponto!

Quando juízes e promotores, a exemplo de Marco Aurélio de Mello, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa e Roberto Gurgel, entre outros, imputam culpas a terceiros sem terem em mãos provas inquestionáveis, bem como deitam falação sobre a vida política do País, além de asseverarem opiniões ao público sobre fatos e questões de pessoas que estão a ser julgadas por eles, realmente não se pode tergiversar sobre a má conduta dessas autoridades. Tais indivíduos, na verdade, não são apenas agentes de estado concursados ou nomeados. Sobretudo, são políticos, que, obviamente, têm lado, preferência e cor, do jeito que ensinaram seus pais, as escolas que frequentaram, as igrejas em que rezaram e a classe social a qual pertencem.

Eles se aproveitam de seus cargos para defenderem suas ideologias, preferências políticas, bem como favorecer seus aliados, atualmente exemplificados nos tucanos, que até hoje não foram objetos de julgamento do mensalão do PSDB, que é mais antigo do que o do PT, este que, evidentemente, nunca existiu, porque nunca foi juridicamente comprovado, mesmo com a arbitrariedade do “domínio do fato” imposto por juízes e promotores de direita, que detestam o PT, os trabalhistas, os socialistas e lutam diuturnamente contra a ascensão social do povo brasileiro. E por quê? Porque se tem uma coisa que essa “elite” infame e perversa detesta, mais do que ver o pobre melhorar de vida, é ter de dividir seu espaço com aqueles que ela considera seus empregados e por isso pessoas inferiores.

Nada como a declaração da dondoca Danuza Leão quando disse que ficou sem graça ir a Nova Iorque ou a Paris e ter que encontrar na rua o seu porteiro. Para a socialite, viajar ao exterior ficou sem graça, porque a “graça” era exatamente não ver a cara de gente pobre. É dessa maneira que funciona a cabecinha preconceituosa e arrogante dessa gente, que, equivocadamente, considera sua classe acima das outras quando na verdade é a classe dos trabalhadores que carrega quaisquer nações nas costas.

Danuza é um blefe, como o é também a classe dominante, que prega a separação entre as pessoas, porque aposta em um País VIP, disposto a trabalhar e dar lucros para poucos, que, sectários e insidiosos, preferem ver o mundo pegar fogo a ter que conviver com as desigualdades, e, mais do que isso, aceitar que os desiguais e os diferentes sejam tratados de forma desigual e diferente, porque somente com esse propósito se alcançará a igualdade e a paridade entre as pessoas, porque afinal a maioria deseja e quer um País de classe média, como acontece nos Estados Unidos e na Europa, tão admirados pelos coxinhas reacionários de classe média, que adoram ir também a Orlando para ver o Mickey e poder bancar o Pateta.

O PT é o alvo da direita. José Dirceu está preso, encarcerado e mesmo assim não sai das manchetes de conotações mequetrefes e não consegue sair da prisão para trabalhar. O político petista foi punido pelo plenário do STF com uma pena de regime semiaberto. O senhor condestável juiz Joaquim Barbosa não permite que o preso tenha seus direitos constitucionais e penais respeitados. Joaquim Barbosa atende aos desejos da direita brasileira e tem como seu porta-voz principal as Organizações(?) Globo, aquelas empresas midiáticas dos Marinho que teimam ousadamente interferir no processo político brasileiro.

A empresa golpista de 1964, além de ter sido protagonista do caso Proconsult que quase roubou a eleição de Leonel Brizola em 1982, bem como editou criminosamente o último debate entre Lula e Collor, em 1989, a favorecer o segundo a apenas dois dias da votação. Interferiu também em 2006 e 2010 quando ajudou a levar os candidatos tucanos, seus aliados e cúmplices, ao segundo turno. Quem não se lembra do caso rastaquera e mequetrefe da bolinha de papel, que quase “causou” um “AVC” em José Serra e desmascarado por uma reportagem do SBT?

Agora, o senhor midiático e mais vaidoso do que um pavão, juiz Marco Aurélio de Mello, resolve afirmar que o PT pagou com o fundo partidário a defesa de seus militantes condenados por causa do “mensalão”. Até hoje tal caso não foi juridicamente comprovado, para o desgosto da magistratura que o condenou sem provas e que, no futuro, por intermédio da História, vai ter sua atuação e ação duramente questionadas. Afinal, Joaquim Barbosa, por exemplo, criou sua própria jurisprudência e resolve, a seu bel-prazer, prender e libertar quem ele quiser e desejar, pois, sois rei, sois rei, sois rei!... E que se dane a jurisprudência brasileira e a legalidade do estado de direito.

Em plena democracia, juízes se transformam em algozes, verdadeiros verdugos e assombram a quem discorda de tanta arbitrariedade e casuísmo em plena democracia. E tudo isso para derrotar o maior partido criado no Brasil em todos os tempos — o PT. Evidentemente, que toda instituição, agremiação política, associação, empresa pública ou privada, entidade possui em seus quadros pessoas que incorrem em erros, malfeitos, corrupções e crimes. E o PT, a exemplo de outros partidos, também está à mercê de malfeitores.

Porém, é inadmissível, além de ser uma grande covardia, tratar um partido da grandeza histórica do PT como um covil de malfeitores quando sabemos que a Polícia Federal nunca prendeu tanto, investigou tanto exatamente nas administrações do PT. Quem duvida, levante-se do assento e acesse os sites da Polícia Federal e do Ministério da Justiça. Verifique e veja, e pare de falar bobagem por acreditar na imprensa corporativa e corrupta. Não engravide pelos ouvidos. Compare os números de prisões entre a PF do PT e a PF do PSDB. São incomparáveis, porque os governantes trabalhistas realmente combateram a corrupção.

O PT está a ser sufocado e mal consegue respirar. Não é fácil enfrentar o status quo, o establishment, que enfrentam o Governo a partir das entranhas do próprio estado. Marco Aurélio de Mello e Gilmar Mendes, de tempos em tempos, enfatizam dúvidas a respeito do PT e de seus integrantes à imprensa alienígena. Gilmar disse certa vez que a vaquinha do PT para pagar multas dos petistas presos poderia ser lavagem de dinheiro. Um absurdo, mas calculado para gerar polêmicas, virar manchetes de jornais e causar mais desgastes à imagem dos presos e do partido junto à população.

Já Marco Aurélio, ainda presidente do TSE e que deixou recentemente o cargo ao ser substituído pelo ministro Dias Toffoli, afirmou que o PT bancou a defesa dos réus da Ação Penal 470. A declaração do juiz foi publicada no Estadão, um jornal provinciano, reacionário ao extremo e que até hoje o seu proprietário pensa que está a viver no período da República do Café com Leite. Lamentável, é o que eu tenho a dizer, porque a prestação de contas do Partido dos Trabalhadores ao Tribunal Superior Eleitoral foi vazada. A intenção é sustentar a tese de que a agremiação trabalhista e socialista pagou a defesa dos réus com o dinheiro do fundo partidário.

Agora, as perguntas que se recusam a calar: “Quem cometeu o crime de vazar informações sigilosas do PT enviadas ao TSE cujo presidente era o vaidoso e direitista juiz Marco Aurélio de Mello”? Por que o PSDB, por exemplo, ou o DEM ou o PPS não tiveram suas contas vazadas por “alguém” do TSE ao Estadão? Pago um chopp para quem descobrir ou adivinhar quem foi o tosco, o leviano, o imprudente que faz política sem ser candidato a nada e resolve, arbitrariamente, vazar informações sigilosas sobre as contas do PT.

A verdade é que a direita quer também impedir o PT, o maior partido do Brasil e que administra o Governo Federal de ter direito ao fundo partidário. Seria cômico se não fosse trágico, bem como seria de bom alvitre que o PT parasse de ficar em estado de letargia e começasse responder à altura, inclusive por meio de denúncias, seja de quem for ou cargo que ocupe se, porventura, sentir-se prejudicado.

O PT não pode perder o poder de se defender, coisa que sempre soube fazer em sua história. Os parlamentares têm de ir para a tribuna das casas legislativas, a Secom tem de rebater acusações e ilações levianas, infundadas quando não mentirosas. E a Presidência da República tem de ir às televisões abertas e privadas e ocupar o tempo necessário para responder às acusações e denúncias que somente têm o propósito de desqualificar e desconstruir o Governo trabalhista e suas autoridades constituídas pelo povo, o verdadeiro dono da soberania dos governantes e deste País. A vilania e a covardia são as armas da oposição de direita contra o PT. É isso aí.

domingo, 11 de maio de 2014

Obsoletos



Veríssimo - O Estado de S.Paulo

O problema é que de todas as coisas sucateadas com a automatização da indústria, a única que não se adaptou nem se resignou foi a mão de obra. Ela se tornou obsoleta mas não seguiu o caminho dos outros componentes da produção antiga para a extinção. Continua sendo produzida como se ainda tivesse uso. Tem o mesmo formato e o mesmo sistema de funcionamento - pernas, braços, pulmões, coração, circulação sanguínea - que tinha há milhares de anos. Ainda precisa ser alimentada do mesmo jeito, ainda transforma o que ingere em energia e elimina o que não aproveita, poluindo o ambiente, como antigamente.

*

Não houve mudança significativa no desenho estrutural do ser humano desde o aparecimento do dedão opositor, e isto foi há séculos. Só o pseudocomputador que ele chama de cérebro teve algumas alterações, mas são quase imperceptíveis. Todos os outros instrumentos da produção industrial ultrapassada foram se modificando com o passar dos anos ou simplesmente dando lugar a mecanismos mais eficientes e rentáveis. O homem não se adaptou nem aceitou sua substituição. Continua se reproduzindo, enchendo o mercado de obsoletos iguais a ele.

*

Estou digitando este texto num computador e pensando que o que meus dedos escrevem serve como metáfora para o que aconteceu com o mundo. Antes, o que eu batia no teclado de uma máquina de escrever - que já era, sozinha, uma metáfora para o século 19 - era rebatido por um operador de linotipo, um híbrido de máquina de escrever e usina metalúrgica de onde saíam as minhas linhas transformadas em chumbo. Depois de uma revisão, as linhas voltavam ao linotipista para serem emendadas, depois eram montadas numa matriz da qual faziam o "flan", um papelão que enchiam de chumbo para fazer a chapa encurvada que montavam na rotativa que imprimia o jornal. A passagem da composição "quente", nas fumegantes linotipos para a composição "a frio", fotográfica, que virava chapa para rotativa em "offset", sem a intermediação do chumbo, simbolizou o fim de um ciclo industrial e o prenúncio do mundo robotizado que viria. A produção com sangue quente dava lugar à produção volatizada. Hoje, o texto pode passar do meu computador para o computador que comanda a rotativa intocado por mãos humanas. A impressão digital sem impressões digitais.

*

As velhas linotipos, até pelo seu tamanho desajeitado, lembram dinossauros que sobreviveram a sua era, andando por aí, atrasando o progresso do planeta. Seres humanos sem lugar na pós-indústria são como esses monstros hipotéticos. Sua era passou e eles não se flagram. O que fazer com eles? Pode-se limitar seu acesso à alimentação, o que, dado o seu sistema primitivo de metabolismo, os condenaria à extinção em poucas gerações. Mas existiria o perigo de eles começarem a comer qualquer coisa, inclusive nossos computadores e inclusive nós.

Viva minha cultura nordestina!

sábado, 10 de maio de 2014

Não podemos deixar a brutalidade se naturalizar



Brasil?


O que está acontecendo no Brasil? Cabeças cortadas em presídios, mulheres arrastadas até a morte, linchamentos malucos que viram parte do cotidiano. É certo que o país sempre foi muito violento por baixo da capa cordial, terna e alegre --verdadeira, mas parcial--, usada para construir uma ideologia adequada aos trópicos. Só que agora a brutalidade parece exacerbada.

O que torna estranho o aumento do brutalismo, como o denominou o jornalista Janio de Freitas em coluna recente, é que houve, na última década, uma evidente, ainda que moderada, melhoria das condições sociais. As famílias mais pobres passaram a receber um auxílio que, embora pequeno, aliviou a miséria e abriu janelas de esperança para os seus filhos. Os jovens tiveram acesso a empregos com carteira assinada, ainda que de baixa remuneração e em condições precárias.

Os salários subiram, a começar do mínimo, que teve uma valorização da ordem de 70%. Mesmo depois de três anos de baixo crescimento do PIB, as categorias organizadas continuam a conseguir aumentos reais. Nos primeiro trimestre de 2014, de 140 convenções coletivas realizadas, 97% registraram concessão de ganhos acima da inflação (ver dados embit.ly/agsind). São ganhos pequenos, com apenas 33% desses dissídios representando elevação real maior do que 2%, mas ganhos, enfim.

Pode-se argumentar que tais avanços significam pouco em face do tamanho da pobreza e da desigualdade brasileiras, o que não deixa, também, de ser verdade. Porém deve-se considerar que tendo conseguido mantê-los ao longo de toda uma década, os efeitos são cumulativos. A esta altura já existe toda uma geração formada em ambiente menos excludente.

Por que, então, os traços de barbárie social, nos quais é possível enxergar a perversidade específica que a escravidão legou, não vão sendo atenuados? É como se em um contexto de lento desafogo, as relações fossem tomadas por uma onda barbarizante, quando se esperava um progresso civilizatório, mesmo que incremental.

Com sinceridade, não sei responder à pergunta. Percebo que, no fundo, ela sequer está bem formulada, pois o que estou chamando aqui de brutalismo deve encobrir fenômenos muito diferentes entre si.

Estou convicto de apenas uma coisa: é preciso politizar o problema. Os candidatos e os partidos precisam por a questão da violência em suas agendas. O Estado deve desenhar novas políticas públicas a respeito. As instituições e organizações da sociedade que estiverem do lado da civilização precisam refletir a atuar sobre o assunto.

O pior que pode acontecer é deixarmos a brutalidade se naturalizar, enquanto cada um se esconde em casa, tentando fingir que o mundo lá fora não existe.

sábado, 3 de maio de 2014

Sobre cristãos, a esquerda, o bolsa-família e o ódio ao PT



por Ana Lucia Sorrentino


No domingo de Páscoa entrei no Facebook e me deparei com uma charge que resumiu de uma só vez tudo o que vem me aborrecendo terrivelmente já há um bom tempo: Jesus, ao centro, dizendo que multiplicara pães e peixes e dera aos famintos. Ao seu redor, uma turma de revoltados o chamava de comunista, de assistencialista, de populista e de “petralha”. Referiam-se aos famintos como “vagabundos” e gritavam contra o “bolsa-esmola”, defendendo o ensino da pesca em lugar da doação de peixe. Por fim, mandavam Jesus ir para Cuba. Acima da imagem, a frase: “Será que um dia a ficha cai?”.

Desde que comecei a postar sobre o que me agrada na esquerda, vira e mexe alguém invade o meu mural usando exatamente essas palavras para combater minha defesa de um mundo menos desigual. Seus “argumentos” vão de xingamentos a gargalhadas, que acabo deletando sumariamente, porque não há diálogo possível nesses termos.

Tenho me perguntado todos os dias sobre o real motivo desse desproporcional ódio ao PT e à esquerda, porque jamais senti isso com tanta intensidade como no último ano. À medida que as eleições se aproximam, a animosidade contra o PT se recrudesce de forma assustadora. Os que têm manifestado seu ódio tentam, muitas vezes, justificar sua sistemática oposição ao governo recorrendo aos episódios de corrupção que nada têm de diferente dos de governos anteriores, senão o fato de que quando o acusado é petista a lei é moldada artificialmente com o objetivo de mandá-lo para a cadeia, enquanto acusados direitistas se safam, até porque os julgamentos são tão adiados que os crimes prescrevem. Mas estou me convencendo de que o grande pedregulho no sapato de quem odeia o PT é a redistribuição de renda. O olhar especial que o PT tem para os mais pobres e seu esforço para diminuir a imensa e doentia desigualdade que vivemos.

Passei meu domingo de Páscoa entre cristãos. Clima de confraternização em meio à prosperidade. Orações, agradecimentos, fartura. Em certo momento escutei um militante da direita dizer que “agora era torcer pro Brasil perder a Copa, porque só o povo estando muito aborrecido com uma derrota na Copa pra não votar na Dilma”. Considerei isso uma clara declaração de que o atual governo é muito bem sucedido. Paradoxalmente, mais tarde, alguém citou um artigo da Veja, demonstrando preocupação com a “terrível situação do Brasil”. Não pude me conter: - Não leia a Veja, por favor. – pedi. Mas eu quis saber qual seria, exatamente, a “terrível situação do Brasil”, porque não me parecia que estavam se referindo ao Brasil em que vivo. De mais a mais, se a situação do Brasil fosse tão terrível assim, não seria preciso perder a Copa para o povo não votar na Dilma... Iniciou-se aí uma conversa que enveredou por um caminho tortuoso de citações duvidosas de fatos substancialmente irrelevantes que tentavam desenhar uma realidade que eu não reconhecia. E que, por fim, me levou à inevitável pergunta: “mas, afinal, o que piorou na vida de vocês nos últimos dez, onze anos?” Silêncio. Que alguém quebrou expressando pleno repúdio a “todo e qualquer tipo de bolsa”. Por quê? – perguntei. As pessoas em geral acham injusto o governo cobrar impostos dos mais afortunados e redirecioná-los a miseráveis. E todas as vezes em que converso sobre isso percebo que quase ninguém tem consciência do que é “estar abaixo da linha da miséria”. Apoiam-se em casos pontuais de declarações infelizes dadas a jornais tendenciosos sobre o bolsa-família “não dar nem pra comprar um jeans pra minha filha” e desconsideram completamente que há gente que passa fome. E que quando alguém não tem o que comer, não tem força nem para pensar em trabalhar. Quanto mais para ir à escola, evoluir, aprender um ofício, procurar um emprego. Para aprender a pescar é preciso ter força para segurar a vara. Para frequentar uma escola é preciso ter algo para comer e algo para vestir. No mínimo.

Quando falo sobre isso sinto que há uma enorme refratariedade no ar. Talvez porque só consigamos ter empatia pelo que está muito perto de nós, não sei. Talvez porque alguém da classe média consiga sentir mais dó de alguém que não tem dinheiro para comprar um tênis de marca do que de alguém que não tenha um naco de pão pra comer. Porque esta última realidade está tão distante da sua que o reconhecimento é difícil.

Me intriga especialmente o repúdio de cristãos à redistribuição de renda. Porque se alguém tem Cristo como seu líder espiritual e se o idolatra como exemplo de bondade e caridade, qual a lógica desse mesmo alguém refutar tanto a ideia de que a riqueza deve ser minimamente redistribuída

Questionaram-me sobre se acho certo os impostos cobrados dos mais ricos serem transferidos para os mais pobres. Sim, acho. Acho certa toda e qualquer ação que redistribua renda. Perguntaram-me se acredito que o governo está fazendo isso. Sim, acredito. Cada vez que se cobra mais impostos de ricos e menos de pobres, se distribui renda. Cada vez que se aumenta o custo de serviços públicos para bairros nobres e se diminui para a periferia, se distribui renda. Cada vez que se direciona impostos que os mais ricos pagam para beneficiar os mais pobres com o bolsa-família, bolsa-escola e outros programas do mesmo tipo, o governo está redistribuindo renda.

Mas parece-me que as pessoas não entendem um ponto crucial desses programas: quando se redistribui renda, não é apenas o miserável que está sendo beneficiado. TODOS estamos sendo beneficiados. Porque o governo está não só possibilitando ao pobre que se alimente, frequente uma escola, procure um emprego, etc., mas está transformando-o em um consumidor. Está injetando dinheiro no mercado.

Aquele que até então não podia comprar comida para alimentar sua família, ou roupa, ou seja lá o que for, passa a fazê-lo. E quando vai às compras está movimentando a economia. Isso é garantia de que o dono do mercado ou da loja venderá mais, conseguirá manter seu estabelecimento funcionando, precisará de mais empregados para ajudá-lo e poderá consumir mais também. Esse empresário pagará seus impostos e eles serão novamente redirecionados e assim cria-se um ciclo de mais prosperidade. Além disso, aquele que recebe o benefício sai de uma situação da qual jamais sairia se não recebesse alguma ajuda, porque sabemos muito bem que quanto menos se tem, menos chance de sair dessa situação se tem também. Ninguém, ou quase ninguém, dá emprego a um mendigo. Em última instância, se for pra sermos altruístas egoístas, temos que concordar que um mendigo a menos, um assaltante a menos, um flanelinha a menos nas ruas sempre representará uma melhoria nas vidas de todos nós.

Também já escutei, algumas vezes, que esse dinheiro que é entregue às famílias pobres acaba não sendo usado para os fins a que se destina. Que a mulher que o recebe entrega-o ao marido para que ele vá beber no bar. Mas esses programas têm mecanismos de controle que conseguem, ao menos em parte, cobrar dos beneficiados aquilo que ficou acordado. E, se em casos pontuais o marido for beber no bar, ainda assim ele estará consumindo, ou seja, injetando dinheiro na economia. Claro que não é o ideal, mas também não é o que ocorre massivamente.

Outra crítica que sempre ouço sobre as políticas de transferência de renda é de que elas produzem pessoas acomodadas, que se habituam a receber dinheiro do governo e passam a não querer trabalhar. Eu não sei exatamente quais os parâmetros que as pessoas têm para afirmar tal coisa. Mas, para mim, é absolutamente inimaginável acreditar que alguém que receba, digamos, R$70,00 do governo para, assim, completar uma renda mensal de R$140,00, possa suprir todas as suas necessidades com isso, a ponto de não querer mais trabalhar. Para mim, soa como piada. De mais a mais, embora o governo não estipule prazo determinado para recebimento dos benefícios, mais de 1,7 milhão de famílias já devolveu o cartão espontaneamente, o que vai contra a tese de que o governo está criando vagabundos. 
Por fim, me perguntaram o porquê da ausência desses que defendem o bolsa-família em ações como distribuição de café da manhã ou sopão aos mendigos, pelas ruas da cidade. Eu respondi que acredito que quando se trabalha em prol de um programa como o bolsa-família se faz muito mais do que isso. E quando cheguei à minha casa, metabolizando tudo o que havia sido conversado nesse domingo cristão, lembrei de uma frase de Paulo Freire que diz com mais precisão o que eu queria dizer:

“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.”

Nasci, cresci, e virei mulher vendo a elite só lembrar de que os pobres existem quando precisa deles para lhe prestar serviços a preços módicos ou quando tem que, forçosamente, se deparar de frente com eles. Hoje, com as trocas de opiniões nas redes sociais, percebe-se claramente o quanto a elite está incomodada por ver uma hierarquia de subjugação solidamente alicerçada pelo capital sair da zona de conforto e ter que se repensar. A educação, a inclusão, a informação mais acessível a todos e a consciência da cidadania são fatores que vêm competir com o simples poder aquisitivo. E isso se conquistou com um governo de esquerda. Quero crer que apenas a ignorância possa explicar essa resistência em enxergar que um mundo menos desigual seria mais confortável para todos. Se não for por ignorância, o que explicaria isso? Tenho medo de pensar em outra resposta.

Eleições 2014: Dilma versus oligarquia midiática




DILMA NA ÍNTEGRA: COMIGO NÃO TEM ARROCHO


Não fui eleita para mendigar no FMI

do Conversa Afiada

O Conversa Afiada reproduz discurso da Presidenta Dilma Rousseff, no 14o Encontro Nacional do PT:

Ao Lula Dilma dedicou suas primeiras palavras:

"O senhor tem sido o maior líder político que esse país construiu nos últimos anos.

Recebo a missão honrosa e desafiadora de ser a pré-candidata do PT à Presidência.

Meu respeito e carinho a Lula.

Foi o compromisso ao povo brasileiro que nos uniu e esse compromisso é inquebrantável, não se quebra, não se verga.

Mais uma vez, estou aqui diante de vocês e junto com vocês.

É para você, presidente Lula, a quem primeiro me dirijo, e digo-lhe, com todo carinho e respeito, que este ato tem mais do que uma simples coincidência.

Ele é mais uma prova forte e contundente da nossa confiança mútua e dos laços profundos que nos une ao povo brasileiro.

Porque, presidente Lula, foi o compromisso com o povo brasileiro que nos uniu. E esse compromisso é inquebrantável.

Quando você assumiu a presidência, o Brasil era um.

Quando a deixou, o Brasil era outro, completamente diferente e muito melhor.

Assim, quando o sucedi na presidência, tinha a tarefa hercúlea de suceder não um presidente – mas uma verdadeira lenda.

A faixa não pesou em meus ombros porque havíamos trabalhados juntos, anos a fio. Todos os dias, todas as horas, inclusive nas horas mais difíceis, estivemos juntos honrando o nosso compromisso com o povo brasileiro.

Foi isto que me deu ânimo – e experiência- para enfrentar e vencer todo tipo de dificuldades.

A faixa não pesou porque sabia que tinha a meu lado o povo do Brasil, como Lula teve. Dezenas de milhões de brasileiros a tornaram leve.

Tivemos também o apoio imprescindível dos partidos aliados. Essa coalizão foi fundamental para a governabilidade.

E tivemos, sobretudo, essa incrível e corajosa militância do PT, que nunca nos abandonou.

Mas quando assumi o governo, o mundo era um. Pouco tempo depois, o mundo era outro.

A crise econômica e financeira internacional ameaçou não apenas a estabilidade das maiores economias, mas boa parte do sistema político e econômico mundiais.

Porém, o Brasil, dessa vez não se rendeu, não se abateu, nem se ajoelhou!

O Brasil soube defender, como poucos, o mais importante: o emprego e o salário do trabalhador – e foi o país que melhor venceu esta batalha!

Dessa vez, nós nos recusamos a fazer o que se fazia no passado.

Enfrentamos a crise apostando no futuro do Brasil, apostando na força do nosso povo.

Por isso, temos sido o país que mais está vencendo a luta contra a miséria e reduzindo a desigualdade.

O que consolidou o maior programa de habitação popular do nosso continente. O que implantou o maior programa de educação profissional de nossa história. O que levou médicos a todos os municípios brasileiros. O que melhorou a qualidade do ensino em todos os níveis. E acelerou os avanços de nossa infraestrutura física e social.

Fizemos muito, mas precisamos fazer muito mais.

Avançamos bem, mas certos obstáculos reduziram, algumas vezes, a nossa marcha.

Estas dificuldades e obstáculos são inerentes a todo governo de mudanças.

Mas o que nos faz governos de mudança é justamente a capacidade de vencer os obstáculos colocados pela vida e, também, pelas forças do conservadorismo

Companheiras e companheiros,

Porque o Brasil, desta vez, não se rendeu, nem se ajoelhou?

Porque nos recusamos a fazer o que se fazia no passado.

No passado, que a nossa oposição tanto defende, o Brasil se defendia das crises arrochando os salários dos trabalhadores, aumentando as taxas de juros a níveis estratosféricos, aumentando o desemprego, diminuindo o crescimento, vendendo patrimônio público.

E não se contentavam em vender o patrimônio do Brasil.

Alienavam, com essa política desastrosa, o futuro do País.

Alienavam o futuro do nosso povo.

E, o que é mais doloroso, a nossa esperança como Nação.

Desta vez, ampliando o que já fazíamos desde o governo Lula, enfrentamos a crise apostando no futuro do Brasil. 

Apostando na força do nosso povo.

Assim, criamos 4,8 milhões de emprego, em meu governo. Juntos com os oito anos de Lula temos o recorde de + de 20 milhões com carteira assinada.

Enquanto os outros países desempregavam, nós abríamos vagas de trabalho.

Foi por fazer diferente do passado, que também elevamos o poder de compra do trabalhador e da classe média .

Nos últimos 11 anos o salário do trabalhador teve um ganho real acima de 70%.

E essa política, que eles tanto combatem, vai continuar. Tenham certeza!

Foi por isso, que criamos uma nova e gigantesca classe média no Brasil. 42 milhões de brasileiros entraram, pela porta da frente, no mercado de trabalho e de consumo. Foi por isso que, Lula e eu, fizemos uma verdadeira revolução social no Brasil, retirando 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza.

Ainda ontem reajustei os valores do Bolsa Família em 10%, de modo a assegurar que todos fiquem acima da linha da extrema pobreza, tal como a define a ONU.

Nos últimos 3 anos e 4 meses, foram implantadas 6 grandes melhorias no Bolsa Família que levaram a um aumento real no benefício de 44,3%.

E fizemos muito mais.Implantamos um amplo programa de investimentos públicos.

O MCMV já construiu cerca 1 milhão 650 mil lares para brasileiros pobres, realizando o sonho da casa própria para muita gente.

Com o pacto pela mobilidade urbana, já estamos investindo 143 bilhões que estão melhorando o transporte e o trânsito nas grandes cidades.

Com o pacto pela Saúde e o Mais Médicos estamos levando assistência básica à Saúde a todos os municípios do Brasil.

Em pouco mais de 8 meses, colocamos 14 mil médicos em 3866 municípios, garantindo cobertura de assistência médica para 49 milhões de brasileiros.

E isto, na periferia dos grandes centros, onde moram os trabalhadores e a nova classe média. No NE, no NO, nos distritos indígenas e nas áreas quilombolas e,no interior de nosso País.

Os médicos formados no exterior, que vieram com os + Médicos, falam a linguagem universal da solidariedade. O + importante é que eles melhoram as vidas dos brasileiros.

Com o pacto pela Educação, o mais estratégico para o país, estamos fazendo um esforço monumental, que garantirá o futuro de cada brasileiro (a) e o futuro do País.

Com o Pronatec, o Prouni, o Fies e o Enem construímos, como nunca,um caminho de oportunidades e abrimos as portas da educação para jovens e adultos.

Com o Ciência Sem Fronteiras abrimos o mundo para nossos estudantes se aperfeiçoarem.

Quero reafirmar que, com a nossa decisão histórica de canalizar 75% royalties do pré-sal para a Educação e 50% dos recursos do pré-sal, vamos dar um salto de qualidade decisivo para a Educação pública do Brasil.

Nós também estamos empenhados na construção de um Estado realmente republicano, que seja eficiente e representativo de todos os interesses da população brasileira.

Isso é algo também inédito na história do Brasil.

Nesse ponto, é preciso dizer uma coisa com absoluta clareza e convicção: os governos do PT foram os que mais combateram e combatem a corrupção no Brasil.

Antes de nós, a corrupção era muitas vezes varrida para baixo do tapete. Engavetava-se muito.Investigava-se muito pouco.

Agora, que as gavetas foram abertas, tudo aparece e tudo é investigado.

Os que me conhecem sabem perfeitamente que nunca admitirei nenhum malfeito ou ilícito, venha de onde vier.

Eu sei que o que envergonha um país não é apurar, investigar mostrar. O que pode envergonhar um país é não combater a corrupção, é varrer tudo pra baixo do tapete.

Companheiras e companheiras,

Não comprometemos o futuro do Brasil e do seu povo, como eles fizeram. Ao contrário, apostamos que o futuro do País está justamente na força do povo brasileiro.

Mas tem gente achando que é melhor voltar ao passado em que os pobres e a classe média nunca tinham vez.

São poucos os que querem isto. Mas tem amigos, que falam muito.

Nós somos muitos e por isso temos de falar muito mais.

Tem gente que acha, por exemplo, que o salário mínimo está muito alto. Que é preciso reduzi-lo.

Tem gente que acha que o desemprego está muito baixo e que é hora de aumentá-lo. Que trabalhador brasileiro está ganhando demais, que é hora de voltar a arrochar os salários.

Tem gente que acha que está na hora do Brasil voltar ter as taxas de juros estratosféricas do passado, para atrair investimento especulativos, facilitar a vida dos rentistas e dificultar o crescimento e a produção do Brasil. 

Tem gente que acha que é preciso acabar com o programa de cotas para afrodescendentes nas universidades, como já tentaram acabar com o Prouni.

Com a desculpa de defender a meritocracia, eles defendem, na realidade, uma universidade para ricos e brancos.

Há forças políticas que detestam ainda mais os programas que tiram as pessoas da miséria.

Afinal, eles nunca se preocuparam com os pobres deste país, com a distribuição de renda, com a superação da miséria.

Mas essa é a nossa marca; é a nossa história.

Enfim, minha gente, tem gente que acha que o futuro do Brasil está no passado.

No passado injusto e atrasado(medíocre), o passado do arrocho, do desemprego, do Apagão, do FMI, da universidade para poucos, do rentismo, da venda do patrimônio público.

Não se enganem, essa é a agenda deles. É a agenda do retrocesso. É a volta do Brasil para poucos.

Companheiras e Companheiros,

Eu quero falar para vocês algo que está engasgado na minha garganta. Algo que está guardado no meu peito de cidadã brasileira.

Eu não fui eleita para arrochar salário de trabalhador!

Eu não fui eleita para virar as costas para os pequenos empreendedores do nosso País

Eu não fui eleita para desempregar trabalhadores e trabalhadoras do Brasil!

Eu não fui eleita para vender ou mudar o nome da Petrobras e entregar o Pré-sal!

Eu não fui eleita para mendigar dinheiro no FMI!

Eu não fui eleita para tornar a saúde do Brasil um privilégio de alguns!

Eu não fui eleita para fazer da Educação um caminho estreito!

Eu não fui eleita para varrer a corrupção para debaixo do tapete, como faziam!

Eu não fui eleita para colocar, de novo, o país de joelhos, como eles fizeram!

Eu não fui eleita para trair a confiança do meu povo!


Eu fui eleita para governar de pé e com a cabeça erguida. E é isso que eu vou continuar a fazer, ao lado do povo brasileiro e com a ajuda dessa militância incrível que sempre nos dá forças e inspiração!

​Companheiras e Companheiros,

Minha agenda é outra. É agenda de quem está, de fato, ao lado do povo do Brasil.

Minha agenda é a agenda do futuro. A agenda de quem já fez muito e, por isso, pode fazer muito mais.

Nós podemos fazer isso porque nós, do PT, somos a grande força política inovadora do Brasil.

É hora de avançarmos com as reformas profundas que tanto o Brasil precisa.

Isso começa com a reforma política, porque sem ela não construiremos a sociedade do futuro que o Brasil quer ver nascer.

Os nossos governos estão promovendo uma verdadeira transformação social no país e isso criou as bases cidadãs para a promoção de uma transformação democrática e política no Brasil.

Encaminhei ao Congresso Nacional uma proposta de consulta popular para que o povo brasileiro possa debater e participar ativamente da reforma política. Sempre estive convencida que sem a participação popular não teremos a reforma política que o Brasil exige.

Nossa missão, agora, é realizá-la.

Nessa nova campanha presidencial, colocaremos a reforma política como algo estratégico e decisivo para o futuro da democracia brasileira.

Companheiros e Companheiras,

O rancor que os saudosistas do passado têm de nós provém do nosso êxito, não do fracasso pelo qual eles tanto torceram e tanto torcem.

Nós mostramos que outro mundo é possível, que outro Brasil é possível.

Esse novo Brasil não aceitará retrocessos, mesmo que eles sejam travestidos de aparente novidade.Da estranha novidade de medidas que eles denominam de “impopulares” quando deveriam chamá-las “anti-populares”.

O Brasil não voltará no tempo. Não será conduzido pelo rancor,pelo ódio e o ressentimento.

Sabemos de onde viemos e sabemos para onde vamos. Temos a régua e o compasso das grandes lutas populares. Temos a bússola das eternas utopias libertárias e igualitárias. E, em nosso sangue, o sangue que muitos de nós derramamos, corre a democracia.

O único rumo possível para o Brasil é avançar ainda mais em direção a um futuro de maior igualdade, de mais oportunidades para todos, de maior distribuição da renda, de maiores salários para os trabalhadores, de mais direitos, de mais democracia, de mais educação e inovação. Para nós que sempre queremos e lutamos por mudança toda conquista é apenas um começo.

Quero dar uma palavra sobre a copa. Ela vai ser um sucesso. Quero transmitir a vocês um comentário feito para mim: “É engraçado, a gente adora futebol! Somos o país do futebol, a gente acompanha todas as Copas, torcendo e, se diverte. Agora que é aqui no Brasil não podemos aproveitar… Por quê? Porque a política não deixa….. fica todo mundo criticando, falando mal da Copa…”.

O​rumo do Brasil é o futuro desejado pela generosidade, a solidariedade e o amor do nosso povo, não o passado acalentado pelo rancor ou pelo ressentimento destes que já derrotamos em 3eleições presidenciais e que derrotaremos, de novo, nesse próximo pleito.

Tenham certeza disso!

Porque desse novo Brasil que estamos construindo não há volta possível!

Vamos avançar no rumo certo!

Avançar sempre ao lado do povo!

VIVA O PT!

VIVA O BRASIL!

VIVA O POVO BRASILEIRO!