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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

50 anos de golpe: o que faremos sobre isso em 2014?

Autor: Miguel do Rosário


Em 2014, o Brasil viverá a mais dolorosa efeméride de sua história: 50 anos do golpe de Estado.

O que está sendo preparado pelo governo, pelos partidos, pelas organizações civis e pela mídia para que o passado não seja esquecido?

A coincidência com ano eleitoral, Copa do Mundo, e prováveis protestos de rua, nos dá a chance de forçarmos o Brasil a fazer o que até hoje nunca fez: politizar o debate sobre o golpe de 64. Por que ele aconteceu? Quem se beneficiou? Quem são os herdeiros do golpe?

Seria um belíssimo presente à democracia brasileira, por exemplo, se a Lei da Anistia fosse revista. Não para prender velhinhos, mas para darmos uma satisfação política a nós mesmos, enquanto povo.

Não se anistia tortura. Não se anistia golpe.

Sobretudo, é preciso lembrar à sociedade que o que vivemos não foi nenhuma “ditabranda”. Vivemos um período de ruptura democrática, truculento e sinistro, que abortou o sonho de milhões de brasileiros. O golpe serviu para ampliar a desigualdade de renda, achatar o salário dos trabalhadores, e esmagar as esperanças de setores organizados de construir um país mais justo.

Não há nada de brando no esmagamento do sonho de centenas de milhões de cidadãos e na violação da normalidade democrática, com a instalação de um regime militar de exceção que, paulatinamente, aniquilou todas as liberdades no país.

Não há nada de brando na ruptura brutal de toda uma série de estudos e pesquisas acadêmicas e científicas em curso no país, nas universidades, quase todas abandonadas por causa de uma repressão estúpida e paranóica.

O Brasil, especialmente a nossa juventude, precisa ser melhor informado sobre o que aconteceu. A ditadura trouxe corrupção, miséria e degradação institucional. A origem do sucateamento dos serviços públicos está na ditadura. O problema da corrupção política também tem raízes no período de exceção, porque era um tempo sem liberdade de imprensa, sem instituições de controle e com chefes políticos exercendo cargos administrativos importantes de maneira quase totalitária. Quem ousaria acusar o diretor de uma estatal de corrupção, sendo o mesmo um coronel ou general com poder de mandar prender o acusador por “subversão”?

Precisamos conhecer melhor a história da construção do golpe. Como ele foi gestado, como foi a campanha midiática que o preparou? As passeatas que antecederam o golpe também merecem ser objeto de mais estudo, até porque a mídia, a mesma mídia que apoiou o golpe, prossegue até hoje tentando organizar protestos “espontâneos” para derrubar forças populares.

Via:http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/2013/12/50-anos-de-golpe-o-que-faremos-sobre.html

sábado, 28 de dezembro de 2013

Ninguém pode prender meus sonhos

Ninguém pode prender meus sonhos


O sonho de um Brasil livre da ditadura me levou à luta, à prisão e anos e anos longe de minha família e meu país. 

O sonho de fazer um partido que desse voz aos trabalhadores e lutasse por eles me levou a ser um dos fundadores do PT.

O sonho de tornar um operário presidente da República fez com que eu trabalhasse muito em todo o país. 

O sonho que tinha de ser declarado inocente porque nada fiz e não há nenhuma prova contra mim virou uma injustiça com a condenação. 

Mas quem sonhou a vida toda por um Brasil melh, com menos miséria, sem fome, com mais valor aos trabalhadores, não pode parar de sonhar.

O peso da injustiça pode tudo. Só não pode prender meus sonhos.

Que você realize todos os seus sonhos no ano novo

José Dirceu

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A verdade que a burguesia e a direita não querem ver e aceitar

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre




O Partido dos Trabalhadores é integrado por vários grupos políticos, muitos deles de força ideológica socialista, comunista, que se dividem em subgrupos considerados radicais. Eles desejam uma solução política que ao menos domestique o capitalismo selvagem que viceja no Brasil, um sistema econômico não filosófico, mas que apenas tem por finalidade primordial favorecer o lucro em detrimento da maioria da população de qualquer país.

Contudo, apesar de o PT ser um partido de esquerda e, mais do que isto, ocupa majoritariamente e politicamente o espaço à esquerda do espectro ideológico no Brasil, a agremiação política mais poderosa da América Latina é, na verdade, um partido reformador e não revolucionário, como muitos socialistas queriam, inclusive eu, o autor deste artigo.

O PT é um partido transformador, e, consequentemente, apresentou nas eleições ao povo brasileiro um programa de governo e um projeto de País que viabilizasse as mudanças esperadas há décadas pela sociedade. Válido é salientar que desde o último governo do estadista trabalhista Getúlio Vargas o Brasil e seus consecutivos governantes se recusaram a mexer nas estruturas de um País agrário que foi edificado por intermédio do trabalho escravo e que tem uma das "elites" mais perversas e violentas do mundo.

Uma classe social abastada e que domina os meios de produção e controla um sistema midiático, que desestabiliza até mesmo governos trabalhistas, a exemplo de mandatários populares como Lula e Dilma Rousseff, que ano após ano têm de enfrentar todo tipo de acusações, muitas delas levianas, e denúncias vazias, que jamais são comprovadas, porque similares a tiros na água, cujo propósito é apenas causar confusão à sociedade, principalmente aos grupos sociais conservadores, como as classes médias alta e tradicional, altamente sugestionáveis, além de serem reacionárias e preconceituosas por natureza.

São grupos sociais conservadores e que ainda não entenderam que o Brasil mudou, porque acreditam nos valores e nos princípios de uma burguesia minoritária, colonizada há séculos, que igualmente não conhece o poderoso País sul-americano, além de não se importarem com as condições de vida da maioria do povo brasileiro. Equivocadamente, consideram-se parte das "cortes", retratadas nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. São pequenos burgueses que sonham algum dia participar do baile dos ricos, serem sócios de seus clubes, porque carregam em seus espíritos a vã esperança de não serem barrados nas portas de suas mansões.

Equivoca-se, redondamente, a classe dominante quando pensa em retrocesso político, a fim de eleger candidato conservador que conquiste a cadeira da Presidência da República e comece a trabalhar em prol dos interesses do establishment, e, por seu turno, continue a manter o status quo intacto, como se o povo brasileiro não soubesse que com a ascensão dos trabalhistas e socialistas ao poder a sua condição de vida não tivesse melhorado, realidade esta que sem sombra de dúvida é notada por qualquer pessoa, por mais alienada que ela seja. As condições de vida do brasileiro melhoraram em todos os sentidos.

É evidente que tem muito trabalho a realizar e, por sua vez, fazer com que o Brasil seja mais igualitário, solidário e viabilize as oportunidades a todos os brasileiros, independente de suas origens ou classes sociais. O povo deste País sabe disso e por causa dessa compreensão a virtual candidata do PT é a favorita em todas as pesquisas até agora divulgadas pelos meios de comunicação de direita e que efetivam há 11 anos oposição sistemática aos governos populares do PT, que, como afirmei anteriormente, são de carácteres reformistas e não revolucionários. Ponto.

Mesmo assim a direita brasileira é tão reacionária, sectária e egoísta que luta, com todas suas forças, para que os milhões de brasileiros mais pobres não se emancipem. Essa realidade acontece porque somos uma sociedade patriarcal, casuística, autoritária e de passado escravocrata, que impinge valores e conceitos terrivelmente bárbaros e de conotação fascista, que estão enraizados na alma e na mente das classes médias e ricas, sendo que a primeira é a caixa de ressonância dos grupos dominantes deste País e por isto difundem tais condutas e pensamentos reacionários, que na verdade visam, efetivamente, manter por tempo indeterminado o status quo e a dominação social e econômica sobre os pobres e os trabalhadores.

A verdade é que o PSDB se chama Partido da Social Democracia Brasileira. Mas quem é social democrata, por ser reformista, é o PT. O partido dos tucanos é de direita, aliado à direita patrimonialista e porta-voz dos conservadores nos fóruns públicos, a exemplo do Congresso, do STF e do Ministério Público Federal. Esta poderosa direita tupiniquim, uma das mais influentes do mundo, não quer reformas, como não as quis quando derrubou o grande presidente trabalhista João Goulart, o Jango, e conspirou contra o estadista Getúlio Vargas, até a sua morte trágica em 1954.


A direita brasileira é escravocrata e a efetivação de simples reformas propostas pelos governos trabalhistas causa a ela um sentimento de perda. Não a perda de seu dinheiro e do patrimônio amealhado ou acumulado no decorrer de décadas ou até mesmo séculos. É um sentimento mais profundo, que remonta historicamente o sentimento de posse e domínio sobre seres humanos. É terrível e muito complexo enfrentar essas questões tão enraizadas na sociedade brasileira, que atinge, inclusive, os corações e as mentes da classe média de pele branca e valores morbidamente capazes de deixar uma pessoa que preza a igualdade e a democracia com o queixo caído, porque se trata de gente que, indelevelmente, é empregada dos ricos por toda sua vida.


O PT e seus membros são diuturnamente desqualificados e desconstruídos pelo establishment em forma de mídias, notadamente a imprensa de negócios privados, setor este que sonega impostos e deve muito dinheiro ao poder público. Essa realidade acontece porque o PT e seus governos romperam os paradigmas estabelecidos há séculos pelas oligarquias inquilinas da Casa Grande.


São "elites" que não conseguem conviver com a igualdade entre as pessoas, porque se acham superiores, quiçá pessoas tão "formosas" e "superiores" que se consideram diretamente "escolhidas" por Deus para receberem todos os benefícios e privilégios que a vida pode dar, mesmo se muito de suas riquezas e prazeres são originários do trabalho duro dos trabalhadores brasileiros.


É inaceitável viver em um País onde campeia a desigualdade. Para reverter este quadro lúgubre e nefasto, necessário se torna concretizar ferramentas e instrumentos que viabilizem a ascensão social, econômica e financeira dos pobres e dos desvalidos, bem como dos pequenos empreendedores, pois são eles os responsáveis maiores pela criação dos postos de trabalho no Brasil. Os governos trabalhistas de Lula e Dilma Rousseff estão a investir pesadamente em educação, pesquisa, infraestrutura e também em saúde.


Entretanto, nada é divulgado nas mídias mercantilistas e ditatorialmente controladas por magnatas bilionários que não têm o menor compromisso com o Brasil e seu povo. O PT e seus aliados vão ter de mostrar suas ações e realizações por intermédio do horário eleitoral gratuito, bem como responder à altura toda denúncia vazia, acusações infundadas e ataques ferozes que visam confundir para manipular a verdade e a realidade perante o eleitor, que é o cidadão brasileiro.


O PT luta pela cidadania plena dos brasileiros, mas está a pagar um altíssimo preço ao enfrentar o establishment, retratado em instituições ainda "pertencentes" à Casa Grande, a exemplo do STF, da PGR e de setores da Polícia Federal, além, evidentemente, da forte oposição da imprensa de mercado e de partidos conservadores como o PSDB. As reformas dos trabalhistas são as verdades que a burguesia e a direita não querem ver e aceitar. É isso aí.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A história do comunismo brasileiro por Jacob Gorender




Fonte:http://opensadordaaldeia.blogspot.com.br/

O novo não se inventa, descobre-se

Reconhecido internacionalmente por suas contribuições às Ciências Humanas e, entre os que conviveram com ele, por sua generosidade e humildade, Milton Santos é hoje uma referência também para o movimento negro

Por Glauco Faria

“Ele representava nas Ciências Humanas o que se pode chamar de ala combatente. O que Florestan Fernandes foi na Sociologia, ele foi na Geografia. Nos seus trabalhos, o rigor científico nunca foi obstáculo a uma consciência social desenvolvida e profundamente arraigada nos problemas do Brasil.” Foi assim que um dos grandes intelectuais brasileiros, Antonio Candido, definiu o geógrafo Milton Santos, que foi seu colega na Universidade de São Paulo (USP).

Baiano de Brotas de Macaúbas, Milton Santos cursou Direito em Salvador, embora quando jovem tivesse dado aulas na área que verdadeiramente o apaixonava, a Geografia. Na universidade, envolveu-se com a política estudantil e chegou a ser eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Mas as letras da lei não foram suficientes para seduzi-lo e, concluída a graduação, Milton tornou-se professor de Geografia do Instituto Central de Educação Isaías Alves (Iceia) e do Colégio Central. Levou a concurso sua tese Povoamento da Bahia, e passou a ocupar a cadeira de Geografia Humana do Ginásio Municipal de Ilhéus. E foi ali que escreveu seu primeiro livro, A Zona do Cacau, que tratava da monocultura na região. A obra já alertava para os riscos que poderiam advir da adoção de tal prática.

No ano de 1956, foi convidado pelo professor Jean Tricart, uma de suas principais influências, a realizar seu doutorado em Estrasburgo, na França. Sobre o orientando, escreveu Tricart: “O humor, a alegria, e o sorriso de Milton, classificado como inimitável, conquistaram a simpatia de toda a equipe da Universidade”. Após viajar pelos continentes europeu e africano, publicou em 1960 o estudo Mariana em Preto e Branco e, depois de apresentar sua tese de doutorado, O Centro da Cidade de Salvador, regressou ao Brasil.

Mas os périplos de Milton Santos pelo mundo não pararam. Logo após o golpe militar de 1964, foi exilado e retornou à França, onde lecionou na Universidade de Toulouse por três anos. Seguiu para Bordeaux e, até voltar ao Brasil em 1977, passou por diversas universidades do mundo. Deu aulas na Venezuela, no Peru, e no Massachusetts Institute of Technology (MIT) dos Estados Unidos.

De regresso ao Brasil, boa parte da obra que o faria mundialmente conhecido já tinha sido escrita, inclusive o clássico Por uma geografia nova, com enfoque nas questões sociais e referência em geógrafos marxistas, evidenciando a necessidade de se constituir uma análise do espaço como algo essencialmente humano, promovendo um redirecionamento da Geografia. Dizia ele na introdução: “A verdade, porém, é que tudo está sujeito à lei do movimento e da renovação, inclusive as ciências. O novo não se inventa, descobre-se”.

A geógrafa Ana Clara Torres Ribeiro trabalhou com Milton Santos e confirma o grande legado deixado por ele na área das Ciências Humanas. A ideia defendida por ele era tirar a Geografia de seu isolamento e promover um diálogo com as outras disciplinas da “A Geografia deve estar atenta para analisar a realidade social total a partir de sua dinâmica territorial, sendo esta proposta um ponto de partida para a disciplina, possível a partir de um sistema de conceitos que permita compreender indissociavelmente objetos e ações”, disse.

“Por uma geografia nova”

O depoimento do geógrafo da USP Wagner Costa Ribeiro ilustra a generosidade de Milton Santos, que não se furtava a colaborar com colegas da área. “Conheci o professor Milton Santos em Paris, por ocasião de uma visita de estudos, em 1988. Naquele ano o professor também estava pesquisando na França e me recebeu em sua casa, sem nunca termos nos falado antes, a partir de um telefonema. De maneira direta, indicou colegas franceses que me receberam com muita atenção, grande parte deles ex-alunos de Milton. A partir daí, recebi seu renovado apoio em diversas ocasiões, como quando solicitei artigos para publicações da Associação dos Geógrafos Brasileiros”, conta.

A seguir, o leitor poderá conferir uma das últimas entrevistas concedidas por Milton Santos, que revela pontos importantes do pensamento do único geógrafo fora do mundo anglo-saxão a receber, em 1994, o prêmio Vautrin Lud, o equivalente ao Nobel no campo da Geografia. E que deixou uma herança que vai muito além da já grandiosa transformação promovida por ele no estudo da Geografia, que coloca a exclusão como o principal inimigo a ser vencido. A professora Maria Adélia Aparecida de Souza, que trabalhou com o geógrafo na USP, define o que significaria a concretização de sua visão de mundo. “O período popular da história, a que se referiu Milton Santos, envolve uma nova humanidade, onde se construirá a paz através da consolidação de mecanismos solidários que não serão fabricados em laboratórios. Já estamos em pleno período popular da história.”

A técnica e o poder

Em uma de suas últimas entrevistas, Milton Santos fala sobre globalização, a violência do dinheiro e da informação, e analisa qual deveria ser o papel dos intelectuais

Era um estagiário do Serviço de Divulgação e Informação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) quando, junto com a colega Julienne Gananian, entrevistei Milton Santos, em setembro de 2000. Já debilitado pelo câncer, o professor recebia dois estudantes e conversava com eles como dois iguais, sem adotar uma postura arrogante, como não raro acontece entre os acadêmicos.

Docemente, não concedeu uma entrevista, mas deu uma aula. Permitindo sempre que pudéssemos intervir, esclareceu conceitos e mostrou sua visão sobre o mundo. Abaixo, alguns trechos da entrevista, que dão um pouco a dimensão da importância de seu legado.

Globalização

A história é feita pela sucessão de épocas e cada época tem sua própria marca. A marca de cada época é dada, a meu ver, por dois fatores, que são na realidade inseparáveis: um é o estado da técnica, o outro é o estado da política. A nossa época é caracterizada por uma técnica que atinge níveis altíssimos de precisão, uma técnica altamente cientificizada, pois é penetrada pela produção científica, permitindo, por isso mesmo, um alto grau de intencionalidade no seu uso. Deste modo, os atores hegemônicos atuais se apropriam dessa qualidade da técnica para aumentar seu poder.

Como a técnica se tornou planetária, algo que nunca tinha acontecido, os atores se tornaram planetários. A globalização é resultado de uma forma particular de casamento da técnica com a política. Nesse caso, a política será exercida pelos atores hegemônicos e não mais pelos Estados. A técnica hegemônica é a base de dois fenômenos também inéditos, que são a informação e o dinheiro globalizados. A informação e o dinheiro globalizados fazem com que as fronteiras tenham se tornado permeáveis, resultando na diminuição do poder interno das nações.

Na realidade, isso não é algo que se dá de forma homogênea: o país que mais globaliza, os Estados Unidos, é o menos globalizado. A Europa também não aceita a globalização totalmente. Eles impõem aos demais a globalização, querem impor a ideia de democracia, que na verdade é uma não-democracia, implantada por meio do regime neoliberal. Mas vai dizer nas ruas que não vivemos numa democracia…

O dramático de nosso tempo

Quanto mais nos informamos, mais nos tornamos desinformados. A própria casa do pensamento livre, que é a universidade, estimula cada vez menos o pensamento livre. E nós continuamos com as velhas palavras, com conteúdos que não são eficazes, razão pela qual a democracia sucumbe em toda América Latina. Essa desinformação continuada, esse poder implacável do dinheiro globalizado, são uma ofensa às pessoas, mas aparecem como se fossem suas metas. Isso é o dramático do nosso tempo.

Violência da informação

A própria violência do dinheiro não se daria sem a violência da informação. Você liga o rádio e as informações não interessam ao público em geral, apenas a determinados segmentos. As informações sobre bolsa de valores, por exemplo, interessam apenas para quem tem muito dinheiro. Nós somos levados a ficar paralisados diante do discurso do dinheiro, que é a base da ação do dinheiro globalizado.

As técnicas atuais podem ser utilizadas de forma diferente do que acontece hoje. Na realidade, na minha juventude, na época das técnicas de massa, estas só podiam ser utilizadas pelos poderosos. Como eu iria comprar uma locomotiva? Eu não podia criar uma estrada de ferro… Agora é diferente: pela primeira vez, as técnicas são “maleáveis”. Só que o mercado se apossou dessas “técnicas maleáveis” e as endureceu. A técnica se endureceu politicamente pelo uso que os poderosos fazem dela. Se amanhã os atores individuais, dotados de uma vocação de generosidade, se apossam dessas técnicas, aí muda tudo. Aliás, já está mudando. Veja a multiplicação das rádios piratas, dos pequenos jornais, das televisões comunitárias… O que não há é uma legislação feita para evitar o sufocamento desses pequenos atores. É a política corrompendo algo que dá frutos. Era impossível no tempo do Marx ou do Keynes pensar nisso, hoje é possível. Por isso digo que não sou otimista, eu sou realista. A base da vida, de certa forma, é a técnica, que em si não é desfavorável.

O papel da universidade

Não posso abrir as portas da universidade para o trabalho feito para o mercado e continuar dizendo que é pública. Posso dizer que o meu trabalho aqui é pensar, discutir o mercado, só que o que é solicitado a mim é um trabalho para o mercado. É preciso repensar o conceito de universidade pública, que era válido no século XIX e não é mais. São duas as universidades públicas no Brasil: a que vende o saber e outra que produz saber, mas grandes fatias do trabalho acadêmico não têm relação com o interesse público.

E a universidade tem muita dificuldade para fazer uma autocrítica. Várias pessoas desviam o foco da questão, dizendo que a maioria dos alunos é da classe média, que se deveria cobrar mensalidades… É uma falsa questão. Porque devo cobrar da classe média? Aqui há poucas bolsas, a maioria está nas faculdades privadas. Há um discurso não só vazio, mas vadio, que simplifica uma questão que é muito mais complexa.

Se a universidade produz o saber que serve ao mercado e não à grande maioria, estou paulatinamente fechando as portas a um debate sadio. Não estamos buscando a solução, estamos buscando remédios. Os intelectuais críticos estão sendo estrangulados. Não podemos nos contentar com o grande enunciado e esse é o desafio imposto, por exemplo, às faculdades de Filosofia e de Geografia, que têm o dever de criticar. Nós estamos aqui para criticar.

Universidade e mercado

A universidade deve ensinar a usar bem as técnicas. Não posso abrir as portas da universidade para o trabalho feito para o mercado e continuar dizendo que é pública. Posso dizer que o meu trabalho aqui é pensar, discutir o mercado, só que o que é solicitado a mim é um trabalho para o mercado. É preciso repensar o conceito de universidade pública, que era válido no século XIX e hoje não é mais. São duas as universidades públicas no Brasil: a que vende o saber e outra que produz saber.

Perspectivas

Existe um estreitamento das perspectivas para a juventude. O emprego hoje se tornou uma obsessão. Quando eu terminei a faculdade, podia escolher entre os empregos que me eram oferecidos. Isso cria um outro estado de espírito. Mesmo assim, a juventude tem um caldo de cultura fértil para as ideias novas.

Creio que o crescimento beneficia algumas camadas mais do que as outras. Há aquelas que sempre ganharam e as que sempre perderam. No Brasil, as ofertas para os pobres sempre foram mais reduzidas que em outros países. Formulam-se teorias de ciência política e de sociologia baseadas na Europa, mas lá os pobres sempre tiveram mais oportunidades. A classe média deles sempre teve preocupações políticas, enquanto a nossa tem preocupações eleitorais.

Intelectuais “prostitutos”

Os compositores de música popular resistiram à massificação da música e hoje conseguem levar suas ideias à população. Existem músicos, como o Mano Brown, que não estão nas grandes gravadoras e que conseguem vender de forma significativa. Nós do meio acadêmico é que estamos atrasados. Os pobres não têm acesso à elaboração sistêmica da técnica, mas nós temos. Nós, intelectuais, somos um pouco “prostitutos”. É mais simples nos aproximarmos dos poderosos que nos dão dinheiro para pesquisas, financiam nossas viagens. Mas as grandes ideias não precisam de muito dinheiro. Acho que já está acontecendo uma revolução, mas não estamos preparados para percebê-la. Como a universidade está burocratizada, tudo que é novo tem dificuldade para ser absorvido.

A condição de negro

“O fato de eu ser negro e a exclusão correspondente acabam por me conduzir à condição de permanente vigília.” Esse depoimento de Milton Santos evidencia a sua consciência em relação à questão do preconceito e da discriminação que sofrem os negros no Brasil. Não
participava de movimentos ligados à causa, uma questão de coerência com aquilo que ele dizia ser fundamental para um intelectual: a independência. “Não sou militante de coisa nenhuma. Essa ideia de intelectual, apreendida com Sartre, de uma independência total, distanciou-me de toda forma de militância”, declarou.

Descendente de escravos que foram emancipados antes da abolição da escravatura no país, Milton Santos enfrentou quando jovem diversas manifestações de racismo. Desistiu de cursar Engenharia, entre outros motivos, quando o alertaram que havia resistência aos negros na Escola Politécnica. Em outra ocasião, foi convencido por colegas a não se candidatar ao cargo de presidente da Associação dos Estudantes Secundários da Bahia. O argumento usado por eles foi de que, como negro, não teria acesso ao diálogo com as autoridades.

Mesmo assim, continuou sua trajetória no meio acadêmico e hoje, pela sua relevância como intelectual, tornou-se referência para o movimento negro. “Não porque ele militava, era um acadêmico, mas pelo debate que fazia sobre inclusão. E também por não esquecer suas origens, apesar de ter se consagrado como um dos mais importantes intelectuais do mundo”, aponta o geógrafo João Raimundo de Souza, a propósito de uma homenagem feita pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a Milton Santos.

Fonte:http://revistaforum.com.br/blog/2011/10/o-novo-nao-se-inventa-descobre/

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Feliz Natal

Desejo à todos os leitores e amigos que passam por aqui um Natal super feliz e um ano novo cheio de realizações...






sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

QUEM É A DIREITA BRASILEIRA?



Em artigo exclusivo para o 247, o jornalista Breno Altman disseca o pensamento da nova direita brasileira, que tem Reinaldo Azevedo como um de seus expoentes; "Sob o rótulo de 'direita democrática', o que respira é uma concepção liberal-fascista", lembra Altman. "Não é de hoje que direitistas recorrem a truques de maquiagem para não serem reconhecidos. A mais comum dessas prestidigitações tem sido a de se enrolar em supostas bandeiras democráticas para cometer malfeitos", afirma, lembrando o apoio da direita a golpes e quebras institucionais; sobre Azevedo, Altman nega que se trate de um rottweiler e o compara a um cachorrinho de madame. Ainda assim, adverte sobre o perigo que representa. "Claro que o ladrar de Azevedo e seus parceiros não é capaz, nos dias que correm, de ameaçar a estrutura democrática do país. Mas choca o ovo da serpente pelas ideias e valores que representa"; leia a íntegra


20 DE DEZEMBRO DE 2013 
Por Breno Altman, especial para o 247

O sr. Reinaldo Azevedo, a quem injustamente referiu-se a ombudsman da Folha de S. Paulo como rottweiler do conservadorismo, continua a desmentir sua colega de redação. Qualquer comparação com uma raça canina tão forte e cheia de personalidade é realmente despropositada. Se o nobre animal lesse jornal, provavelmente se sentiria insultado. O colunista, tanto pelas posições que defende quanto por estilo, está mais para cachorrinho de madame.

Deu-nos mais uma prova, no dia 6 de dezembro, em artigo intitulado "Direita já!", de qual é o seu pedigree. A ideia básica é que falta, no Brasil, uma força política que tenha competitividade eleitoral e, abraçando claramente valores de direita, faça oposição ao governo. Ou que acredite na hipótese de se tornar dominante exatamente por defender esses valores. Ainda mais longe vai o santarrão do conservadorismo: o PT provavelmente continuará a governar porque não seria possível "candidatura de oposição sem valores de oposição".

O que Azevedo esconde do leitor, por ignorância ou má fé, são as razões pelas quais a direita brasileira atua disfarçada. Esse campo ideológico, afinal, esteve historicamente comprometido com a quebra da Constituição, o golpismo e a instituição de ditaduras. Seus valores de raiz são o autoritarismo, o racismo de índole escravocrata, o preconceito social, o falso moralismo e a submissão às nações que mandam no mundo. Vamos combinar que não é fácil conquistar apoios com essa carranca.

Não é de hoje que direitistas recorrem a truques de maquiagem para não serem reconhecidos. A mais comum dessas prestidigitações tem sido a de se enrolar em supostas bandeiras democráticas para cometer malfeitos. Exemplo célebre é o golpe militar de 1964, quando bateram nas portas dos quartéis e empurraram o país para uma longa noite de terror, em nome da liberdade e da democracia.

A ditadura dos generais foi o desfecho idealizado pela "direita democrática", depois que se viu sem chances de ganhar pelo voto e tomou o caminho da conspiração. O suicídio de Getúlio Vargas sustou a intentona por dez anos, mas os ídolos de Azevedo estavam à espreita para dar o bote. As provas são abundantes: estão presentes não apenas nos discursos de personalidades da "direita democrática" de antanho, mas também nas páginas dos jornalões da época, que clamavam pela ruptura constitucional e a derrubada do presidente João Goulart.

Algumas dissidências desse setor, a bem da verdade, tentaram se reconciliar com o campo antiditadura, depois de largados na estrada pelos generais ou frustrados com sua truculência. A maioria dos azevedinhos daquele período histórico, no entanto, seguiu de braços dados com a tortura e a repressão. Eram ativistas ou simpatizantes do partido da morte. Batiam continência como braço civil de um sistema talhado para defender os interesses das grandes corporações, impedindo a organização dos trabalhadores e massacrando os partidos de esquerda.

O ocaso do regime militar trouxe-lhes isolamento e desgaste. A direita pró-golpe, mesmo transmutada em partidos que juravam compromisso com a democracia reestabelecida, não teve forças para forjar uma candidatura orgânica nas eleições presidenciais de 1989. Acabaram apoiando Fernando Collor, um aventureiro de viés bonapartista, para enfrentar o risco representado por Lula ou Brizola. O resto da história é conhecido.

Depois deste novo fracasso, as forças reacionárias ficaram desmoralizadas e sem chão. Trataram, em desabalada carreira, de aderir a algum pastiche que lhes permitisse sobrevida, afastando-se o quanto podiam da herança ditatorial que lhes marcava a carne. Viram-se forçadas a buscar, entre as correntes de trajetória democrática, uma costela a partir da qual pudessem se reinventar. Encontraram no PSDB, capturado pela burguesia rentista, o instrumento de sua modernização e o novo organizador do bloco conservador.

A mágica acabou, porém, quando o PT chegou ao Planalto, deslocando para a esquerda boa parte do eleitorado que antes era seduzido pelo conservadorismo. Esse foi o resultado da adoção de reformas que modificaram e universalizaram providências antes circunscritas a tímidas medidas compensatórias, como parte de um projeto que permitiu a ascensão econômico-social da maioria pobre do país. Tais conquistas tingiram de cores fúnebres, na memória popular, o modelo privatista e excludente sustentado pelo tucanato.

Enquanto a direita republicana tratava desesperadamente de estabelecer vínculos entre o sucesso do governo petista e eventuais políticas do período administrativo anterior, evitando reivindicar seu próprio programa, outro setor deu-se conta que, sem diferenciação clara de projetos, seria muito difícil reconquistar maioria na sociedade e romper a dinâmica estabelecida pela vitória de Lula em 2002.

Não haveria saída, contra o petismo, sem promover a mobilização político-ideológica das camadas médias a partir de seus ímpetos mais entranhadamente individualistas, preconceituosos e antipopulares. Ao contrário de uma tática que encurtasse espaços entre os dois polos que definem a disputa nacional, o correto seria clarificar e radicalizar o confronto.

As legendas eleitorais do conservadorismo titubeiam a fazer dessa fórmula seu modus operandi, mas os meios tradicionais de comunicação passaram a estar infestados por gente como Azevedo e outros profetas do passado. A matilha não tem votos para bancar nas urnas uma alternativa à sua imagem e semelhança, é verdade. Seria um erro, no entanto, subestimar-lhe a audiência e o papel de vanguarda do atraso que atualmente exerce nas fileiras oposicionistas.

Até porque conta com uma fragilidade da própria estratégia petista, de melhorar a vida do povo através da ampliação de direitos e do consumo, mas atenuando ao máximo o enfrentamento de valores e o esforço para modificar as estruturas político-ideológicas construídas pela oligarquia, especialmente os meios massivos de comunicação. O PT logrou formar maioria eleitoral a partir dos avanços concretos, mas não impulsionou qualquer iniciativa mais ampla para estabelecer hegemonia cultural e ideológica.

Seria persistir neste equívoco não dar o devido combate ao conteúdo programático do discurso azevedista. Sob o rótulo de "direita democrática", o que respira é uma concepção liberal-fascista, forjada na comunhão das ditaduras chilena e argentina com a escola de Chicago e os seguidores do economista austríaco Ludwig Von Mises.

O velho fascismo, que trazia para dentro do Estado as operações dos conglomerados capitalistas, tornando-os parasitas econômicos da centralização política, efetivamente caducou como resposta aos próprios interesses grão-burgueses. Entre outros motivos, porque retinha parte ponderável da taxa de lucro para o financiamento do aparato governamental.

A combinação entre ultra-liberalismo e autoritarismo converteu-se em um modelo mais palatável entre as elites. O Estado assumia as tarefas de repressão e criminalização das lutas sociais, na sua forma mais perversa e violenta, soltando as amarras legais e sociais que regulavam o desenvolvimento dos negócios em âmbito privado. Não eram à toa os laços afetuosos que uniam Margaret Thatcher e Ronald Reagan ao fascista Pinochet. O neoconservadorismo se trata, afinal, do liberal-fascismo sem musculatura ou necessidade de realizar seu projeto histórico até o talo.

Claro que o ladrar de Azevedo e seus parceiros não é capaz, nos dias que correm, de ameaçar a estrutura democrática do país. Mas choca o ovo da serpente pelas ideias e valores que representa. A melhor vacina para a defesa da democracia, contudo, como dizem os gaúchos, é manter a canalha segura pelo gasganete. Os latidos dos cachorrinhos de madame devem ser repelidos, antes que se sintam à vontade para morder.


Breno Altman é jornalista, diretor editorial do site Opera Mundi e da revista Samuel.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Bom Senso FC responsabiliza a CBF por fim do Brasileiro decidido nos tribunais


Bom Senso envia carta a Marin e ironiza: não está acostumado à democracia

Bom Senso FC - Carta aberta à CBF



Caro Presidente,

Talvez o senhor não saiba, mas não somos apenas um grupo de jogadores. Somos mais de 1000 (mil), reunidos em apenas três meses, em prol de um futebol melhor para todos.

Um grupo democrático, onde todos os envolvidos têm poder de votar, opinar e participar. Sabemos que o senhor não está acostumado com essa tal democracia e até entendemos que seja difícil se adaptar, faz pouco tempo...

O senhor tem razão quando diz que existe um calendário permanente desde 2003. E um calendário ruim desde então. Porque antes disso ele era péssimo.

Mas o senhor conseguiu resolver todos os problemas do calendário do dia para a noite. Foi só limitar o número de jogos dos jogadores e não dos clubes e pronto, eis que melhoraremos a qualidade no espetáculo. Ou seja, a saída escolhida é o mesmo que encontrar um burro dentro de sua sala e pedir para trocarem o sofá, pois algo lhe parece estranho.

Não nos diga que o senhor tem orgulho do calendário de apenas quatro meses de competição para a maioria dos clubes do Brasil. Talvez o senhor dê pulos de alegria quando vê a formula de disputa do Campeonato Paulista de 2014, que pode fazer com que um time seja campeão e rebaixado ao mesmo torneio. 

Desconfiamos até que o êxtase o atinja quando o senhor percebe a extraordinária estratégia de um time precisar ser desclassificado de uma competição nacional (Copa do Brasil) para se classificar para um torneio internacional (Copa Sul-Americana). 

Quanta genialidade! Responda-nos uma coisa: É justo que os times percam seus melhores jogadores quando há partidas das seleções simplesmente porque o campeonato daqui não para nas datas FIFA?

Responder não parece ser seu forte, não é mesmo? 

Inclusive, esse "grupo de meia dúzia de jogadores" deve ser muito chato mesmo para exigir explicações tão "complicadas".

De qualquer forma, e apesar de tudo, foi importante o senhor ter falado das Séries C e D e ressaltar a boa ação da CBF com essas duas competições. Mas veja, caro presidente, a fonte de receita da CBF é a Seleção Brasileira, fruto final do futebol jogado no país. Logo, usar parte desses recursos para subsidiar as competições para as quais a confederação não consegue receita não é caridade, é uma simples obrigação. Afinal, assim como os direitos sobre a NOSSA Seleção são da CBF, os deveres sobre o futebol brasileiro também devem ser.

Só para lembrá-lo, é graças à grandeza do futebol brasileiro, construída por clubes e jogadores nos últimos 100 anos, que a CBF possui hoje, 14 legítimos patrocinadores. Logo, não basta cuidar apenas da Seleção, é preciso regar a raiz do nosso futebol.

Outra coisa. Talvez o senhor não tenha lido, mas já falamos abertamente sobre os salários do futebol. E temos certeza de que o Fair Play Financeiro implementado de forma eficaz (não aquele de faz de conta da FPF) irá diminuir os salários. E mesmo cortando na nossa própria carne, continuaremos lutando pelo bem do futebol. Porque quem regula o salário pago aos jogadores é o mercado e se o gestor for obrigado a gastar apenas o que o clube arrecada, pagará menos a todos. O que gera salários astronômicos (e atrasados) é a falta de um dispositivo punitivo (esportivo e civil) a quem gasta mais do que ganha. 

Mas isso é encrenca política demais para alguém assumir em ano de eleição, não é?

E para ajudar o Bom Senso FC a virar consenso de uma vez por todas, o Campeonato Brasileiro terminou de forma melancólica, dentro do tribunal! A frase: "Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas" não poderia se encaixar melhor nessa situação. A justiça desportiva se torna protagonista e o resultado de campo fica para trás. Sem discutir o mérito de quem está certo ou errado, a conclusão final é de que a CBF é que deveria ir para a segunda, terceira, quarta divisão.

No fundo e para finalizar, a nossa expectativa é que a CBF, que se denomina entidade maior do futebol brasileiro, realmente assuma o seu papel de gestora do nosso esporte e participe do debate jogando, atuando, e não apenas assistindo.

E antes que nos perguntem, as férias têm nos feito muito bem. 

Em janeiro nos vemos por aí. Boas Festas!

Bom Senso Futebol Clube

Por um futebol melhor
para quem joga, 
para quem torce,
para quem apita,
para quem transmite, 
para quem patrocina.

Por um futebol melhor para todos.

Fonte:http://esportes.terra.com.br/futebol/brasileiro-serie-a/bom-senso-envia-carta-a-marin-e-ironiza-nao-esta-acostumado-a-democracia,6fc4ac8863103410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html

“AI-5 foi luz verde para a tortura”

45 anos depois, jornalista Cid Benjamin, autor do livro Gracias a la vida: Memórias de um militante, descreve o contexto e analisa as consequências do AI-5


Vivian Virissimo,

do Rio de Janeiro

No dia 13 de dezembro, completou- se 45 anos de um dos capítulos mais sombrios da recente história do país: a edição do Ato Institucional número 5, o AI-5, que vigorou por uma década durante a ditadura militar.

Para analisar o instrumento que deu amplos poderes aos militares, o Brasil de Fatoentrevistou o jornalista Cid Benjamin, autor do livro Gracias a la vida: Memórias de um militante. Cid lutou contra a ditadura e foi barbaramente torturado enquanto esteve preso em 1970.

Brasil de Fato – No livro, você fala que o AI-5 tornou a repressão escancarada. Onde você estava e como era o contexto da época quando esse ato passou a vigorar?

Cid Benjamin – O AI-5 foi editado em dezembro de 1968. O endurecimento da ditadura era um processo que já se previa. Em um dado momento, foi votado na Câmara o pedido que a ditadura tinha feito para que houvesse licença para processar o deputado Márcio Moreira Alves. Ele tinha feito um discurso bobo, perto do 7 de setembro, conclamando as mocinhas a não dançarem com os cadetes, por conta da ditadura militar. Como a Câmara não deu licença para que o deputado fosse processado, isso foi tomado como pretexto para a edição do AI- 5 que já vinha sendo preparado e aconteceria de qualquer forma. Eu estava na rua, semiclandestino, ainda não tinha começado a fazer ações armadas. Nossas primeiras ações foram em fevereiro do ano seguinte, mas já estava fazendo treinamento com armas quando houve a confirmação do AI-5. Não foi surpresa, era algo que já vinha se delineando, já era esperado esse fechamento maior da ditadura. Mas os termos não eram conhecidos.

O que mudou com o AI-5?

Diferentemente dos quatro atos anteriores, ele não tinha prazo para acabar. Os outros duravam 30, 60 dias etc. Eles permitiam uma série de medidas como a censura à imprensa, cassação de mandatos, demissão de funcionários públicos... Já o AI-5 ampliou o leque de arbitrariedades. Ele permitiu uma limpa no Judiciário, que até então estava sendo poupado, e proibiu a concessão de habeas corpus para acusados de crimes políticos. Isso significava, na verdade, a luz verde para a tortura. Porque a pessoa era presa e ficava incomunicável na mão dos carcereiros pelo tempo que eles quisessem. Quando fui preso, por exemplo, em abril de 1970, a minha prisão só foi legalizada 20 dias depois. Eu poderia ter morrido e desaparecido nesse período inicial de torturas e não havia nenhum registro oficial. Esse contexto permaneceu até o último dia do governo Geisel, 31 de setembro de 1978.

O que o AI-5 revela sobre governos militares?

Ele instrumentalizou a ditadura para o ápice do autoritarismo. Ele deu todos os poderes. Nada poderia ser contestado. Como o Judiciário, a imprensa e o Congresso estavam cada vez mais castrados, o clima de medo se instituiu de forma muito grande. Qualquer denúncia de um vizinho, de um professor ou de um aluno poderia levar à prisão do denunciado com as consequências mais variadas. Garantias legais foram inteiramente suprimidas. Quando entrei pela primeira vez na principal sala de torturas

do Doi-Codi no Rio, haviam dois cartazes rústicos, feitos a mão com os dizeres: “Aqui advogado só entra preso” e “Aqui é o lugar que filho chora e a mãe não vê”. As torturas que já aconteciam ganharam outro patamar. O AI-5 significou, entre outras coisas, o sinal verde para que a tortura se transformasse em uma política de Estado.

Quarenta e cinco anos depois qual é a herança do AI-5 para a sociedade brasileira?

É a pior possível. Regimes autoritários tendem a embrutecer o país. Em todos os sentidos, não só no plano intelectual, como no plano das relações sociais e políticas. Estou convencido de que se não tivesse havido o AI-5 e, portanto, a tortura não tivesse sido uma política de Estado desenvolvida tão amplamente, casos como o pedreiro Amarildo não acontecessem tanto no país.

Você acha que a tendência é que a Comissão da Verdade seja encerrada sem ter acesso aos arquivos da ditadura?

Acho um risco grave. Mas mesmo assim se pode avançar muito. Embora o avanço substancial fosse com o acesso a esses arquivos. Falta disposição para criar um barulho com as Forças Armadas. Afinal, a presidência da República é a comandante das Forças Armadas. Não vejo a presidenta peitando os militares e exigindo esses arquivos dando um soco na mesa.

Fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/26918

CBF e STJD mudam as regras para o campeonato de 2014

Parágrafo Único!

Está proibido o rebaixamento do Fluminense, não importam as circunstâncias





Tenho vergonha dos bastidores do nosso futebol.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Menores infratores merecem mais ECA e menos Código Penal, diz jurista e eu apoio

Menores infratores merecem mais ECA e menos Código Penal, diz Juarez Tavares


O jurista Juarez Tavares disse na quinta-feira (12), em palestra sobre maioridade penal no auditório do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que o encarceramento de adolescentes envolvidos em atos violentos “não irá implicar a diminuição do número de infrações, irá apenas satisfazer sentimentos de vingança”. 

“Para menores infratores, sugiro mais assistência, mais educação, mais recuperação, mais estatuto e menos Código Penal”, concluiu – referindo-se ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 

A conferência fez parte das atividades programadas em comemoração aos 25 anos do STJ. O presidente do Tribunal, ministro Felix Fischer, os ministros Sérgio Kukina e Sebastião Reis Júnior, além de servidores, advogados e outros interessados no tema acompanharam a palestra. 

Felix Fischer abriu o evento. Ao apresentar o conferencista, definiu Juarez Tavares como “um dos maiores penalistas, não só da atualidade, mas talvez de toda a história do direito penal brasileiro e da América Latina”.


Imputabilidade 
Tavares abriu a palestra destacando o caráter complexo do tema e a exploração midiática da violência juvenil que, segundo ele, muitas vezes não reflete a realidade e faz gerar discussões infundadas. 

O jurista apresentou um desenvolvimento histórico do conceito de imputabilidade. Em sua visão, entretanto, esse é um conceito subjetivo, pois “não se pode, de modo absoluto, definir uma idade limite da maioridade penal”. 

Para ele, o juízo de imputabilidade deve atentar para as condições reais de subsistência dos imputados, como suas relações de vida, influências, quadro de valores, marginalização social, inserção prematura no mercado de trabalho e, principalmente, as condições oferecidas para garantir estabilidade e formação da personalidade. 

Estatísticas
Juarez Tavares citou um boletim criminológico produzido pela Universidade de Málaga, na Espanha, chamado “Observatório criminológico”. De acordo com o estudo, em todas as partes do mundo a criminalidade de menores não é significante como se quer dar a impressão. 

“No Brasil, por exemplo, inclusive com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a relação do número de infrações e o número da população juvenil é de 0,5%, o que corresponde a 10% da criminalidade geral. Índice inferior ao da Alemanha, que está em torno de 14%”, disse. 

Mais assistência
O palestrante destacou que, apesar de todos os esforços de programas com modelos punitivos, o resultado que se tem obtido é a formação de delinquentes e não a recuperação. 

“Antes de qualquer modificação legislativa, é fundamental que se invista em programas de acompanhamento de crianças e adolescentes”, defendeu. Para ele, o combate à criminalidade juvenil está mais ligado a uma efetiva atuação do estado, da família, da escola e da sociedade do que a modelos punitivos, que só têm aumentado a violência.

Com site STJ
Fonte:http://mariadapenhaneles.blogspot.com.br/

Ratos acuados avançam como cães


Faz tempo que deixei de comentar as sandices do rola bosta da Veja, Reinaldo Azevedo. Ele é um ser insignificante, um sem noção, não vale a pena. Mas me chamou a atenção ele ficar esbravejando contra o STF, contra a OAB, que querem o fim das doações privadas, de empresas, nas campanhas eleitorais. Como vocês podem ver abaixo, o governo do PSDB, de Serra e Alckmin, fazem um gasto milionário, engordam a caixa da editora Abril. Lógico que isso é feito com o dinheiro público, dos impostos, do contribuinte, do povo do estado de São Paulo. Dinheiro público que poderia ser usado para ações importantes. Como a construções de mais escolas e hospitais, combate às enchentes, melhoria no transporte público, melhores salários para os professores, médicos, profissionais da saúde, policiais. Então funciona assim: O governo do PSDB de Serra, Alckmin enche as burras da editora Abril, na campanha eleitoral uma parte dessa grana milionária volta em forma de doação de campanha para o candidato da vez, Serra, Alckmin ou qualquer outro do PSDB, que se compromete a manter contratos com a editora Abril cada vez mais milionários . Entenderam porque o rola bosta da Veja , Reinaldo Azevedo, está tão raivoso como um Rottweiler com o STF e a OAB? O salário dele e dos outros rola bostas devem estar em jogo, e ele tem que fazer a defesa dos seus patrões. Entenderam? Acho que não preciso desenhar. 
Jussara Seixas


Sem alarde da mídia, Alckmin renova 5,2 mil assinaturas daVeja

por Helena Sthephanowitz publicado 23/08/2013


 
No último dia 14 de junho, enquanto as atenções estavam voltadas para os protestos nas ruas de São Paulo, o Diário Oficial do Estado publicou a compra – sem licitação – de 5.200 assinaturas semestrais da revista Veja para serem distribuídas nas escolasda rede pública. O valor contratado foi de R$ 669.240,00, a ser desembolsado em nome da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, órgão do governo estadual.

Há anos os governos tucanos paulistas recebem duras críticas pela compra em grande volume destas revistas e jornais. As críticas começam pela dispensa de licitação, afinal há pelo menos outras três revistas semanais no Brasil que concorrem com a Veja.
A linha editorial da publicação é, digamos assim, a mais simpática ao governo paulista e hostil à oposição dentro do estado. E isso atrai questionamentos aos governadores tucanos da vez, sobre haver mais interesse político próprio do que público nesta compra.
Outro ponto polêmico é se a revista é realmente adequada para ser direcionada ao ambiente escolar, tantas são as polêmicas em torno de suas reportagens. E não me refiro apenas aos diversos casos que ensejaram processos e condenações, seja de indenização por danos morais, seja de direitos de resposta.
Há também casos de reportagens contestadas e repelidas pelo meio acadêmico e científico, inclusive um caso de apologia ao consumo de remédios para emagrecer que haviam sido proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E lembremos que, no ano passado, a revista esteve envolvida com o escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, cujas interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça captaram diálogos que sugerem estreita proximidade entre o alto escalão da Veja, bem acima do recomendável e até hoje mal explicada.
Com esse perfil editorial, que não podemos chamar de educativo, seria melhor o governador Geraldo Alckmin deixar que quem a queira ler que a compre, em vez de fazer distribuição compulsória para escolas com dinheiro público.
Além disso, a revista sequer está direcionada para a faixa etária dos estudantes. A própria editora Abril publica, em seu perfil dos leitores que apenas 11% têm mais de dez e menos de 19 anos. A maior fatia de leitores tem mais de 50 anos.
Mesmo que não existisse nenhum dos argumentos anteriores, recente pesquisa da Fundação Perseu Abramo registrou que 37% dos entrevistados se informam pela internet, contra 24% por revistas impressas. A pesquisa ouviu 2,4 mil pessoas de todas as idades acima de 16 anos. Se fosse refeita só com a faixa etária de estudantes até o ensino médio, a diferença a favor da internet seria muito maior, pois as novas gerações usam intensamente as redes. Por isso, o mais provável é que grande parte dos exemplares comprados para as escolas fiquem encostados em vez de serem lidos pelos alunos, o que revela um mau gasto de dinheiro público.
Enfim, a decisão de continuar comprando estas assinaturas é muito boa para os interesses empresariais dos donos da revista, inclusive sustentando a tiragem artificialmente, o que segura o preço dos anúncios. Pode ser boa também para os interesses políticos do governador, mas é péssima para os cofres públicos paulistas e para os estudantes das escolas públicas.

SERRA VAI AS COMPRAS..... DE NOVO 


Muito se tem falado sobre as relações perigosas do Governo José Serra (PSDB-SP) com o Grupo Abril, que publica entre outros títulos a revista Veja. No último dia 19, como é possível ver na imagem acima, a Fundação Para o Desenvolvimento da Educação – FDE, do Governo de São Paulo, publicou despacho para compra por inexigibilidade (sem licitação) de 540 mil exemplares do Guia do Estudante e 27,5 mil unidades da Revista do Professor, ambas da Abril.De fato, é de se estranhar a escalada dos contratos entre o Governo Serra, a Fundação Roberto Marinho (das organizações Globo) e a Fundação Victor Civita (editoras Abril, Scipione e Ática). De acordo com o Sistema de Acompanhamento da Execução Orçamentária de São Paulo, os valores pagos ao Grupo Abril pularam de R$ 526 mil, em 2007, para R$ 11,5 milhões, em 2008. Só até marco deste ano, outros R$ 2,5 milhões saíram do bolso dos contribuintes paulistas para o bolso dos Civita.
A Fundação Roberto Marinho saiu dos magros R$ 60 mil, em 2007, para mais de R$ 30 milhões, em 2008 – a maior parte desse valor foi para o projeto Telecurso.
O blog NaMaria News detalha as compras feitas pelo governo paulista à Editora Abril. Veja (veja???) abaixo.
15/1063/07/04 – Fundação Victor Civita – Assinatura da Revista Nova Escola destinada as escolas da rede Estadual de Ensino – Prazo: 300 dias - Valor: R$ 408.600,00 - Data de Assinatura: 27/09/2007. (Ver: Despachoda Diretora de Projetos Especiais, de 25/9/2007 – Declarando inexigível licitação … eis que trata-se de renovação de 18.160 assinaturas, da Revista “Nova Escola” destinadas às Diretorias de Ensino, Oficinas Pedagógicas e Escolas da Rede…)
15/0181/08/04 – Editora Abril S/A – 3.000 assinaturas – Revista Recreio – ao Programa Ler e Escrever Prazo: 365 dias - Valor: R$ 1.071.000,00 – Data de Assinatura: 14/03/2008.
15/0182/08/04 – (já retificado de acordo com DO de 6/março/2008) Editora Abril SA – 6.000 Assinaturas Revista Recreio – Programa Ler e Escrever – Editora Abril S/A -
Objeto: Programa Ler e Escrever – Prazo: 365 dias - Valor: R$ 2.142.000,00 – Data de Assinatura: 14/03/2008.
15/0543/08/04 (anunciado em 4/abril/2008) – Editora Abril S/A – Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante - atualidades Vestibular 2008, destinado a alunos da 3ª séries do Ensino Médio, incluindo a entrega às Diretorias de Ensino da Cogsp e Diretorias de Ensino da CEI. – Prazo: 30 dias - Valor: R$ 2.437.918,00 – Data de Assinatura: 15/04/2008.
15/0670/08/04 – Editora Abril S/A – 5.155 assinaturas da Revista Recreio – 365 dias -Valor: R$ 1.840.335,00 – Data de Assinatura: 23/07/2008.
15/1104/08/04 – Editora Abril S/A - Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante – Prazo: 45 dias - Valor: R$ 4.363.425,00 – Data de Assinatura: 08/09/2008. Ver: DO 20/agosto/2008 – Declarando inexigível… aquisição de 2 edições, nºs 7 e 8, do Guia do Estudante Atualidades Vestibular, sendo 430.000 exemplares cada a serem distribuídos às escolas da Rede Estadual para os alunos da 3º série do Ensino Médio, subsidiando o Projeto Apoio à Continuidade de Estudos, conforme solicitação da CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas a ser fornecido pela Editora Abril S/A fornecedora exclusiva…
15/1165/08/04 – Fundação Victor Civita – Aquisição pela FDE, de 220.000 (duzentos e vinte mil) assinaturas da Revista Nova escola, com 10 (dez) edições anuais, para Unidades Escolares da Rede Estadual de Ensino – Prazo: 300 dias - Valor: R$ 3.740.000,00 – Data de Assinatura: 01/10/2008.NOTA: O Tribunal de Contas de SP, em 24 de março de 2009, julgou a negociação perfeita. Votaram pela normalidade absoluta os seguintes Conselheiros do TC: Fulvio Julião Biazzi (Presidente e Relator), Renato Martins Costa e Robson Marinho. Ver: Questionamentos inúteis de Roberto Felício em Plenário, Requerimento de Informação Nº 285 – 2/outubro/2008.
15/0063/09/04 – Editora Abril S/A – Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante Atualidades Vestibular – Edição nº 08, e 20.000 exemplares da publicação Atualidades Revista do Professor, incluindo entrega às 3.530 unidades escolares e 91 Diretorias de Ensino da Rede Estadual de Ensino – Prazo: 45 dias - Valor: R$ 2.498.838,00 – Data de Assinatura: 05/02/2009.
15/0149/09/04 – Editora Abril S/A – Aquisição de 25.702 assinaturas da Revista Recreio – destinadas às escolas da Rede de Ensino da COGSP e da CEI – Prazo: 608 dias - Valor: R$ 12.963.060,72 – Data de Assinatura: 09/04/2009.
15/0355/09/04 – Editora Abril S/A – Aquisição de 5.449 assinaturas da Revista Veja, 51 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino – Prazo: 364 dias - Valor: R$ 1.167.175,80 – Data de Assinatura: 18/05/2009.
15/0238/09/04 – Editora Abril S/A – Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do EstudanteAtualidades Vestibular Edição nº 09 e 25.000 exemplares publicação Atualidades – Revista do Professor, incluindo a entrega às 3.530 unidades escolares e 91 Diretorias de Ensino da Rede Estadual de Ensino – Prazo: 45 dias - Valor: R$ 3.143.120,00 – Data de Assinatura: 10/06/2009.
DO – 23/julho/2009 – ainda sem valores
15/0528/09/04 – Editora Abril S/A – aquisição de 2.259 assinaturas da Revista Recreio destinada às escolas da Rede de Ensino.

Fonte:http://profdiafonso.blogspot.com.br/2013/12/ratos-acuados-avancam-como-caes.html

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Relato indignado: Mesmo com os rapazes pagando a refeição do morador de rua, gerente do restaurante o agride

Parabéns, Thiago.

"Não frequentem o Pigalle Restaurante em Copacabana!




Vi uma covardia muito grande acontecer lá, e logo depois um dos maiores gestos de humildade que eu já vi na minha vida.

Esse lugar tem um rodízio de petiscos na avenida atlântica, em frente a praia de Copacabana.
Depois de sair ali de ipanema eu e um amigo resolvemos comer por lá. Ele já tinha ido e é um rodízio bom e barato.

Sentamos e começamos a comer. Comida pra caramba em cima da mesa.
De repente aparece uma pessoa em situação de rua e pede, com licença, se podíamos dar alguma comida pra ele.
Não pediu dinheiro, pediu "qualquer coisa daquela mesa, já que não iamos comer tudo"
Ok, resolvemos dar comida pra ele. Mas o gerente se meteu no meio e não deixou. Disse que se déssemos a comida teríamos que pagar outro rodízio, afinal é por pessoa o preço.
Ele viu, mas continuou pedindo, afinal estava com fome.
O gerente disse "vamos ali atrás que eu te dou um prato de comida"

Ele voltou assustado e dizendo que na verdade o gerente queria enfiar a porrada nele.
Não tinha mais o que fazer. Enchemos um guardanapo e iamos dar a carne pra ele.
Quando de repente o filho da puta do gerente pega o cara num mata leão e o derruba no chão, quase batendo com a cabeça num vaso de plantas.
Eu e meu amigos ficamos sem reação, só olhamos e começamos a gritar coisas do tipo "que isso cara, ta maluco?", "solta ele porra!!".

Ele soltou o esfomeado que ficou ali no chão, humilhado, olhando de lado pra gente com um olhar triste pra caramba, misturado de fome com humilhação.
Não tinha como ele não comer. Ele ia comer, agora era uma questão de honra.
Isso porque ele ficou com medo de irmos até a delegacia prender o gerente por agressão. Disse que tinha medo.
Resolvemos fazer o seguinte.
Chamamos ele pra sentar na nossa mesa e pagamos o rodízio e guaraná dele. Assim o gerente ia ter que respeitar, era um cliente como qualquer outro.

Mesmo assim ainda continuou sofrendo preconceito. Ele tentou ir ao banheiro e foi barrado. Estávamos sentados na "varanda" e o banheiro ficava na parte de dentro, com ar condicionado e pessoas "ricas" comendo. Acho que não queriam um negro, pobre e morador de rua ali dentro.

Ele voltou e dessa vez foi no banheiro comigo. Quando eu abri a porta ninguém tentou segurar. Ninguém tentou impedir. Só olhavam torto pra mim com aquela cara de burguês incomodado de ter que jantar no mesmo lugar que um pobre. Com aquela cara de nojo.
Fiz questão de ir bem devagarzinho.

Depois de usar o banheiro voltamos pra mesa. Ele ainda estava com muita raiva, levantou com uma faca na mão e chamou o gerente pra brigar com ele. Mas logo viu que tava fazendo besteira com raiva e largou a faca e sentou de novo.

Pedimos pra ele não fazer isso de novo, que mesmo estando com a razão isso poderia dar merda pra ele.
Não deu outra, chamaram a polícia.

O PM chegou no restaurante já indo em direção a nossa mesa, mas no meio do caminho um gringo já levantou e começou a defesa do Piauí (chamando assim pois é de onde ele disse que veio, mas seu nome é Clarindo). Disse num portunhol todo enrolado que o gerente tinha batido nele.

O policial veio perguntar se ele estava nos incomodando. Dissemos que se alguém estava incomodando ali era o gerente, e que se fosse pra levar alguém ele que teria que ser levado, por agressão.

O PM foi embora, continuamos comendo, e aí eu vi uma das coisas mais bonitas da minha vida.
O cara levantou e chamou o gerente de novo
"Aê irmão, vamos conversar..."
Foi na direção dele. Pensei "fudeu, ele não vai se controlar"

Eis que de repente ele estende a mão, aperta a mão do cara que agrediu ele, dá um abraço e diz "Eu te perdoo"
Depois dessa, o cara me quebrou. Quase chorei ali sentado na mesa perante tamanha humildade de uma pessoa.
Acho que agora entendo pq chamam pobre de humilde.

NÃO COMAM NESTE LUGAR!
NÃO SEI O NOME DO GERENTE. NÃO INTERESSA TAMBÉM."



O cuidado do corpo contra o culto do corpo

É enriquecedor entender a existência humana a partir da teoria da complexidade. Somos seres complexos, vale dizer, a convergência de um sem-número de fatores, materiais, biológicos, energéticos, espirituais, terrenais e cósmicos. Possuimos uma exterioridade com a qual nos fazemos presentes uns aos outros e pertencemos ao universo dos corpos. Temos uma interioridade, habitada por vigorosas energias positivas e negativas que formam nossa individualidade psíquica. Somos portadores da dimensão do profundo rondam as questões mais significativas do sentido de nossa passagem por este mundo. Estas dimensões convivem e intergem permanentemente uma influenciando a outra e moldam aquilo que chamamos o ser humano.

Tudo em nós tem que ser cuidado, caso contrário perdemos o equilíbrio das forças que nos constroem e nos desumanizamos. Ao abordar o tema do cuidado do corpor faz-se mister, antes de mais nada, opor-se conscientemente aos dualismos que a cultura persiste em manter: por um lado o “corpo”, desvinculado do espírito e por outro do “espírito” desmaterializado de seu corpo. E assim perdemos a unidade da vida humana.

A propaganda comercial explora esta dualidade, apresentando o corpo não como a totalidade exterior do humano mas sua parcialização, seus músculos, suas mãos, seus pés, seus olhos, enfim, suas partes. Principais vítimas desta retaliação são as mulheres, pois o machismo secular se refugiou no mundo mediático do marketing, expondo partes da mulher, seus seios, seus cabelos, sua boca, seu sexo e outras partes, continuando a fazer da mulher um “objeto de consumo” de homens machistas. Devemos nos opor firmemente a esta deformação cultural.

Importa tambem rejeitar o “culto do corpo” promovido pelo sem número de academias e outras formas de trabalho sobre a dimensão física como se o homem-corpo fosse uma máquina destituída de espírito, buscando performances musculares cada vez maiores. Com isso não queremos desmerecer os exercícios dos vários tipos de ginástica a serviço da saúde e de uma integração maior corpo-mente. Pensamos nas massagens que revigoram o corpo e fazem fluir as energias vitais, particularmente, as ginásticas orientais como o yoga que tanto favorece uma postura meditativa da vida. Ou no incentivo à uma alimentação equilibrada e sadia, incluíndo também o jejum seja como ascese voluntária seja como forma de equilibra as energias vitais.

O vestuário merece consideração especial. Ele não possui apenas uma função utilitária ao nos proteger das intempéries. Ele pertence ao cuidado do corpo, pois o vestuário representa uma linguagem, uma forma de revelar-se no teatro da vida. É importante cuidar que o vestuário seja expressão de um modo de ser e mostre o perfil estético da pessoa. Especialmente significativo é na mulher pois ela possui um relação mais íntima com o próprio corpo e sua aparência.

Nada mais ridículo e demonstração de anemia de espírito que as belezas construídas à base de botox e de plásticas desnecessárias. Sobre este embelezamento artificioso está montada toda uma indústria de cosméticos e práticas de emagrecimento em clínicas e SPAs que dificilmente servem a uma dimensão mais integradora do corpo. Entretanto não há que se invalidar as massagens e os cosméticos importantes para pele e para o justo enbelezamento das pessoas.

Mas cabe reconher que há uma beleza própria de cada idade, um charme que nasce da existência feita de luta e trabalho que deixaram marcas na expressão “corporal” do ser humano. Não há photoshop que substitua a beleza rude de um rosto de um trabalhador, talhado pela dureza da vida e com traços faciais moldados pelo sofrimento. A luta de tantas mulheres trabalhadoras, nas cidades, no campo e nas fábricas deixou em seus corpos um outro tipo de beleza, não raro, com uma expressão de grande força e energia. Falam da vida real e não da artificial e construída. As fotos trabalhadas dos ícones da beleza convencional são quase todos moldados por tipos de beleza da moda e mal disfarçam a artificialidade da figura e a vaidade frívola que aí se revela.

Tais pessoas são vítimas de uma cultura que não cultiva o cuidado próprio de cada fase da vida, com sua beleza e irradiação, mas também com as marcas de uma vida vivida que deixou estampada no rosto e no corpo as lutas, os sofrimentos, as superações. Tais marcas criam uma beleza singular e uma irradiação específica, ao invés de engessar as pessoas num tipo de perfil de um passado irrecuperável.

Positivamente, cuidamos do corpo regressando à natureza e à Terra das quais há séculos nos havíamos exilado, imbuídos de uma atitude de sinergia e de comunhão com todas as coisas. Isso significa estabelecer uma relação de biofilia, de amor e de sensibilização para com os animais, as flores, as plantas, os climas, as paisagens e para com a Terra. Quando esta é mostrada a partir do espaço exterior com essas belas imagens do globo terrestre transmitidas pelos grandes telescópios ou pelas naves espaciais, irrompe em nós um sentido de reverência, de respeito e de amor à nossa Grande Mãe de cujo útero todos viemos. Ela é pequena, cosmologicamente já envelhecida, mas irradiante.

Talvez o desafio maior para o homem-corpo consiste em lograr um equilíbrio entre a autoafirmação, sem cair na arrogância e no menosprezo dos outros e entre a integração no todo maior, da família, da comunidade, do grupo de trabalho e da sociedade, sem deixar-se massificar e cair no adesismo acrítico. A busca deste equilíbrio não se resolve uma vez por todas, mas deve ser assumido diuturnamente, pois, ele nos é cobrado a cada momento. Há que se encontrar o balanço adequado entre as duas forças que nos podem dilacerar ou integrar.

O cuidado em nossa inserção no estar-no-mundo envolve nossa dieta: o que comemos e bebemos. Fazer do comer mais que um ato de nutrição, mas um rito de celebração e de comunhão com os outros comensais e com os frutos da generosidade da Terra. Saber escolher os produtos orgânicos ou os menos quimicalizados. Daí resulta uma vida saudável que assume o princípio da precaução contra eventuais enfermidades que podem advir do ambiente degradado.

Destarte o homem-corpo deixa transparecer sua harmonia interior e exterior, como membro da grande comunidade de vida.


Fonte:http://leonardoboff.wordpress.com/2013/12/10/o-cuidado-do-corpo-contra-o-culto-do-corpo/