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domingo, 30 de setembro de 2018

Fernanda Lima adere ao #EleNão


A maior manifestação popular desde as Diretas Já


Foi impressionante. Eu mal conseguia acreditar. Afinal, desde 1968 vou a manifestações na Cinelândia. A primeira foi a do estudante Edson Luís, morto no Calabouço. A última foi a de Marielle. Mas jamais vi nada parecido com a do #EleNão, acontecida ontem. Só comparável à das Diretas Já. Era literalmente uma massa humana comprimida, as pessoas sem espaço para mover, em toda a área da Cinelândia, ocupando a Rua Evaristo da Veiga e as outras transversais e descendo pela Avenida Rio Branco abaixo. Uma concentração alegre, festiva, entusiasmada, somando personalidades da política, de todos os partidos de esquerda e centro esquerda, professores, economistas, artistas (aqui representados pela combativa Lucélia Santos, na foto acima), jornalistas e militantes de todas as áreas. Ao som de blocos de carnaval de gente jovem e comprometida, trios elétricos, torcidas de times, movimentos vários com seus estandartes e as bandeiras, e gente de todas as idades. Senhoras idosas, cabecinhas brancas, ocupando as mesas da calçada do Amarelinho, como se estivessem assistindo de camarote, e todo mundo respeitava. Pais, mães e crianças, levadas nos ombros ou correndo entre as mesas dos bares repletos de gente. Os adesivos apareciam de repente e todos corriam para colá-los no peito. Os bordões se sucediam. Pequenas canções que as pessoas rapidamente aprendiam. E o grito de #LulaLivre de tempos em tempos. E os gritos de guerra “Fascistas, racistas, nazistas, não passarão!”. E dá-lhe #EleNão! Foi uma experiência importante e única, que ainda será muito lembrada.

E não se deu apenas na Cinelândia. Imagens chegavam da Washington Square, em Nova York, dos boulevards parisiense, de Dublin, de Berlim, de Estocolmo, de cidades norueguesas, dinamarquesas, da Itália, da Bélgica, do mundo inteiro. E as manifestações pelo Brasil. Se proibiram na capital, João Pessoa, o interior da Paraíba fez bonita. E esse passeio foi pelo Brasil inteiro. O interior de São Paulo impressionou com a quantidade de cidades que aderiu. No Rio de Janeiro a manifestação prosseguiu na Praça XV, com grande show. Quem comandou o palco foi Paula Lavigne, que levou até Gal Costa, numa programação maravilhosa. Corria o buxixo que Chico Buarque havia concordado em ir cantar para as mulheres. Eles iriam pirar! Mas a produção do palco alegou que eram só mulheres. Se eu fosse a produção lembraria que Chico Buarque foi o primeiro compositor que cantou a mulher do ponto de vista da mulher, falando das questões femininas, dando voz às cantoras brasileiras. Mas ninguém perguntou. Na próxima, tomara que o Chico de novo se anime.

O retrocesso não passará



O dia em que foi selada a derrota do ódio

Passeando com mais calma pelas imagens dos atos de ontem, mais certeza tive do que escrevi antes: as mulheres e os jovens selaram ontem o fim da liderança de Jair Bolsonaro nas intenções de voto para o próximo domingo.

Havia lugar para nós, os “coroas”, claro. Mas a festa era delas e deles, e festa de bom motivo para jovens e mulheres: a liberdade.

Estava demorando: era uma eleição sem ruas, quase, exceção feita ao Nordeste, onde ainda se pôde ver bandeiras e marchas no domingo passado, enchendo as ruas e pontes do Recife.

A maré humana acabou vindo sem candidatos,sem televisão, sem organicidade. Mas veio.

Encheram-se as ruas de jovens e mulheres – aos quais, perdoem-me as radicais, homens adultos sempre devem dar passagem cortês – da melhor maneira que se pode juntar gente: todos diferentes, com candidatos, partidos, escolhas, em suas próprias naturezas, para fazer a escolha mais legítima e verdadeira: a do que não se quer, mais do que a que se quer.

Porque não é, afinal, este o grande critério: o de ser capaz de aceitar tudo no outro, menos o inaceitável, que é o mal?

Talvez, de verdade, não haja entre as coisas que desejamos, nada que saibamos tanto quanto aquelas que não queremos: ódio, morte, violência, opressão, miséria, degradação, perda do respeito ao que cada um é e tem o direito de ser.

Não foi assim que criamos nossos filhos, os seres mais queridos que temos? O que cada um vai fazer da vida é problema deles, o nosso foi e é zelar e prover para que possam fazer escolhas como quiserem. Cedo ou tarde nos ouvem, se agimos assim, porque todo furor amaina, todo inconvencional se ajusta às durezas da vida.

Quanto nos custa, sendo tão amados ensinar-lhes que não são especiais senão para nós, que não são melhores que os outros ou que têm mais direitos que eles, porque seres humanos produzem o que seria, nos números, um paradoxo, no qual os diferentes são, essencialmente, iguais.

Inevitável que, à beira dos 60, voltem as imagens da juventude que não se foi, quando enchemos as ruas para outra causa tão generosa quanto a da democracia, a anistia política, em 1977/78.

Talvez não tivéssemos a clareza de expressar, mas queríamos que estivessem ali nossos pais e avós, como muitos estavam ontem. Não estavam, a maioria, porque a ditadura a muitos perseguiu, prendeu, matou e a todos, muito ou pouco, amedrontou e fez descrer da ressurreição da liberdade sepultada há tantos anos.

Mas nos prepararam para entender como se deveria viver. Romper o medo era tarefa de nossa juventude, fase em que temos forte como nunca o sentimento do mundo.

Escrevemos com tinta humana a história de um tempo e estamos vendo outro tempo ter sua história escrita. E só os mesquinhos, os odientos não têm prazer em ver a trajetória destas linhas, sinuosa e, por vezes,de difícil decifração.O futuro não se escreve com ideias duras e inflexíveis.

Elas não estão exorcizadas, estão fortes, ainda, capazes de ir às ruas conjurar seus demônios.

Ontem, porém, as ruas mostraram que há um Brasil disposto a se livrar do ódio.

De nada sabemos o fim, mas dos princípios podemos ter certeza.

Ditaduras, torturas, espancamentos, tiroteios, mortes, sangue, tiranias, eles não.

sábado, 29 de setembro de 2018

É por juízes como Fux que Bolsonaros são possíveis


Fux é uma espécie de contraventor da Constituição, uma óbvia contradição em si para o cargo que ocupa.

Estranha o fato de não estranharmos a declaração estapafúrdia que foi dada pelo presidenciável Jair Bolsonaro acerca do que ele espera das eleições de 2018.

Numa entrevista dada ainda num quarto de hospital, disse o capitão da reserva: “Não aceito resultado diferente da minha eleição”.

Já não é salutar para o espírito democrático que nos jogos de várzeas o dono da bola tenha lá seus arroubos de totalitarismo, mas que isso se dê no seio da República sob as barbas dos tribunais superiores do país, mais do que escárnio, é o resultado da locupletação de instituições à beira da falência.

Seria inclusive um caso de ineditismo no sistema democrático brasileiro o fato de que alguém que se presta a concorrer um pleito, só admitir como resultado da expressão soberana de uma nação de mais de 200 milhões de pessoas, a sua própria vitória.

Seria se já não tivéssemos experimentado os frutos da consequência de um mau perdedor como o foi Aécio Neves. Pela birra de um moleque mimado que até então jamais havia sido contrariado, jogaram uma nação inteira no abismo.

Só esse episódio, aliás, já seria mais do que suficiente para que versões pioradas do “mineirinho” fosse imediata e categoricamente eliminada da vida pública brasileira.

Até porque, a cumprir-se todas as previsões de todas as mais recentes pesquisas eleitorais, ou seja, a derrota de Bolsonaro no segundo turno para Haddad, o que o capitão acena com essa declaração nada mais é do que a tentativa desesperada de reeditar uma tragédia provocada pelo inconformismo e pela irresponsabilidade de quem não possui as mínimas credenciais civis, públicas e intelectuais para conviver com as regras do jogo democrático.

A questão aqui consegue ser pior do que já parece.

A bem da verdade não é de se admirar que numa democracia, junto a todos os valores que ela abarca, surjam sujeitos que de uma forma ou de outra queiram em sã consciência ou não, enfraquecê-la ou mesmo eliminá-la.

A despeito disso, há sempre remédios jurídicos para esses indivíduos.

Porém, para o caso brasileiro, reside justamente aí um dos grandes problemas nacionais. As reincidentes falhas e omissões do nosso sistema judicial provocaram – e ainda estão a provocar – a perigosa pavimentação para a proliferação do descrédito na política e de tudo que dele decorre.

Os exemplos nessa seara são muitos, mas nesse particular o ministro Luiz Fux apresenta especial desenvoltura.

Notado representante de um reacionarismo sectário judicial, Fux vem dando sequenciais demonstrações do quanto o Supremo Tribunal Federal pode contribuir para um estado de coisas em que tudo é permitido, menos a lei.

A sua última intransigente decisão de barrar a entrevista do ex-presidente Lula, em flagrante afronta à decisão anterior proferida por um par seu, mostra que no ideal de Estado Democrático de Direito que ele vislumbra, as liberdades de imprensa e de expressão são valores dispensáveis.

Fux é uma espécie de contraventor da Constituição, uma óbvia contradição em si para o cargo que ocupa.

E é também por atuações desastrosas como a sua no STF que maníacos como Jair Bolsonaro são possíveis.

Eliminar o fascismo no Brasil não se encerra com a defenestração de um candidato nitidamente fascista. Passa, sobretudo, por expurgar esses ideais daquilo que deveriam ser as nossas mais solenes instituições.

Fux proíbe Folha de entrevistar Lula e determina censura prévia


O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu na noite desta sexta (28) uma liminar concedida mais cedo por seu colega Ricardo Lewandowski e proibiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de dar entrevista à Folha na prisão. Conforme a decisão de Fux, se a entrevista já tiver sido realizada, sua divulgação está censurada. 

“Determino que o requerido Luiz Inácio Lula da Silva se abstenha de realizar entrevista ou declaração a qualquer meio de comunicação, seja a imprensa ou outro veículo destinado à transmissão de informação para o público em geral”, escreveu Fux. 

“Determino, ainda, caso qualquer entrevista ou declaração já tenha sido realizada por parte do aludido requerido, a proibição da divulgação do seu conteúdo por qualquer forma, sob pena da configuração de crime de desobediência”, completou.

“A decisão do ministro Fux é o mais grave ato de censura desde o regime militar. É uma bofetada na democracia brasileira. Revela uma visão mesquinha da liberdade de expressão", disse Luís Francisco Carvalho Filho, advogado da Folha.

​​Fux atendeu a um pedido de suspensão de liminar formulado nesta sexta pelo partido Novo, adversário do PT nas eleições. O processo foi registrado para apreciação do presidente da corte, Dias Toffoli, por volta das 19h. Em seguida, segundo os deslocamentos registrados no site do STF, a presidência o enviou para a Seção de Processos Diversos, que, por sua vez, o remeteu a Fux, que é o vice-presidente.

Pela manhã, Lewandowski havia autorizado que Lula concedesse entrevista na prisão à colunista da Folha Mônica Bergamo. Ele havia atendido a uma reclamação do jornal que argumentou que decisão da 12ª Vara Federal em Curitiba, que proibira a entrevista, impedia o livre exercício do jornalismo. 


AO CENSURAR LULA, FUX NA PRÁTICA ADERIU AO FASCISMO


247 – O ministro Luiz Fux prestou um serviço ao neofascismo brasileiro, ao afrontar seu colega Ricardo Lewandowski e deferir uma liminar solicitada pelo Partido Novo, para impedir que o ex-presidente Lula, que vem sendo mantido como preso político há mais de cinco meses para não disputar as eleições presidenciais de 2018, conceda entrevistas (saiba mais aqui).

Fux, o mesmo que pretendia tornar Lula "irregistrável" antes mesmo de qualquer processo no Tribunal Superior Eleitoral, agora tenta impedir que Lula diga o óbvio: que seu projeto político é representado por Fernando Haddad. Como Lula venceria as eleições em primeiro turno, tal declaração poderia, obviamente, também garantir a eleição de Haddad na primeira volta. Portanto, a censura prévia imposta por Fux aos jornalistas Florestan Fernandes Júnior e Mônica Bergamo, que haviam garantido o direito constitucional de entrevistar o ex-presidente, atende apenas aos interesses de Jair Bolsonaro, que vem sendo denunciado no Brasil como representante do fascismo e foi acusado, neste fim de semana, de roubo de cofre, ocultação de patrimônio e ameaça de agressão por sua ex-mulher.

“A decisão do ministro Fux é o mais grave ato de censura desde o regime militar. É uma bofetada na democracia brasileira. Revela uma visão mesquinha da liberdade de expressão”, disse Luís Francisco Carvalho Filho, advogado do jornal Folha de S.Paulo.

No entanto, mesmo que Fux atue contra a liberdade de expressão, Lula vem conseguindo transferir seus votos para Haddad. De acordo com a mais recente pesquisa Datafolha, ele já tem seis pontos de vantagem sobre Bolsonaro no segundo turno.

Fux toma decisão típica de ditaduras

Ministro suspende liberação de entrevistas com Lula


O ministro do STF Luiz Fux matou no peito, contrariando a Constituição e precedentes legais, afrontando decisão de colega que tem o mesmo poder e assegurando um absurdo (eventual censura prévia). Fux suspendeu decisão do colega Ricardo Lewandowski que liberou duas entrevistas com o ex-presidente Lula, preso em Curitiba.

A decisão de Fux é típica de ditaduras que fazem do Judiciário um simulacro de poder.

O presidente do STF, Dias Toffoli, ganhou a sua primeira crise.

É fundamental que o plenário do STF se manifeste a respeito do tema. A democracia e a liberdade de imprensa sofreram grave afronta nesta noite. Quem aplaude hoje pode lamentar amanhã.

O advogado Luís Francisco Carvalho Filho, representante da “Folha de S.Paulo” (um dos veículos de imprensa autorizados por Lewandowski a falar com o petista), acertou ao comentar tamanho absurdo: 

A decisão do ministro Fux é o mais grave ato de censura desde o regime militar. É uma bofetada na democracia brasileira. Revela uma visão mesquinha da liberdade de expressão”.

Fux leva STF à guerra e o Brasil de volta à censura




Para além da política eleitoral, é extremamente grave o que aconteceu ontem à noite, quando o exótico ministro Luiz Fux revogou, por liminar, a decisão de seu colega Ricardo Lewandowski, de permitir que a Folha de S. Paulo e o SBT entrevistassem o ex-presidente Lula.

Tão grave que, dificilmente, terá sido apenas uma iniciativa pessoal de Fux, que não a tomaria sem ter a certeza que não ficará sozinho na posição esdrúxula em que se colocou: derrubar, por liminar, a decisão de um colega de Corte.

Há muito o Supremo Tribunal Federal não o admite, em nome da autoridade paritária de seus integrantes.

Todos se recordam, por exemplo, que na crítica decisão de Gilmar Mendes de proibir a nomeação de Lula na Casa Civil do Governo Dilma, nenhum pedido em contrário foi sequer examinado, sob o argumento de que só o plenário poderia rever atos monocráticos de um ministro do STF.

Não há, hoje, no Brasil, crime mais grave que o rompimento do corporativismo judicial – o que já tinha gerado uma crise com o “prende-solta” de Lula dois meses atrás – e neste ato de Fux duvido que consiga mais do que dois ou três integrantes do núcleo de ódio jurídico do Supremo a protegê-lo da onda furiosa que se levantará no tribunal.

Para além do ato de violar as regras da irmandade, porém, a decisão sombria desata uma questão indefensável.

À proibição que subverteu as regras do Tribunal, porém, soma-se algo ainda mais grave.

Ao dizer que, caso se tivesse realizado a entrevista – legal, pois autorizada até ali – decretava “a proibição da divulgação do seu conteúdo por qualquer forma, sob pena da configuração de crime de desobediência”, Fux reinstituiu a censura prévia em nosso país.

Vejam, não é a proibição de que se divulgue algo obtido clandestina e ilegalmente – o que estamos vendo, aliás, todos os dias, com os vazamentos de processos em segredo de justiça – mas a de uma entrevista que, se tivesse sido realizada, estaria mais que legalizada pela decisão, vigente, de um ministro do STF!

Vê-se que o famoso “cala a boca já morreu” de Carmem Lúcia vale para todos, menos para algo que diga respeito a Lula.

Vem aí uma tempestade jurídica. E jornalística.

Embora, no Tribunal e na mídia não vão faltar canalhas que defendam a subversão da ordem jurídica e a volta da censura.

Os que ainda tiverem vida estão obrigados a reagir, sem meias-palavras, aos assassinos da liberdade.

Até onde o STF está disposto a ir contra a democracia?



O juiz bolsomínion que queria dar um golpe na véspera das eleições, Eduardo Luiz Rocha Cubas, é provavelmente só um aloprado. Ele não tem importância por si mesmo, mas como sintoma de processos mais profundos - sendo o primeiro deles o declínio alarmante do nível intelectual dos integrantes do nosso judiciário.

Rocha Cubas foi pessoalmente ao Comando do Exército, em Brasília, para acertar os ponteiros de seu plano infalível para impedir as eleições. É uma ilustração da parceria entre forças armadas e judiciário contra a democracia - anedótica, mas nem por isso menos significativa.

Nos últimos tempos, colecionamos declarações preocupantes de chefes militares, vestindo farda ou pijama, que abrem a porta para um novo golpe. Entre eles, o comandante do Exército, general Eduardo Villas-Bôas. Ontem, entrevistado no hospital, o Bozo fez praticamente um chamamento a uma intervenção militar, para logo depois de sua previsível derrota nas urnas.

Está certo que Rocha Cubas é apenas um juiz de primeira instância do interior de Goiás, assim como o Bozo é só um capitão da reserva. Mas eles vocalizam um sentimento muito presente entre seus pares. Quantos oficiais militares, quantos juízes - e também quantos procuradores do MP ou policiais - estão de fato comprometidos com a democracia?

Em caso de um novo golpe, de que lado ficarão Sérgio Moro, Deltan Dallagnol ou Erika Marena?

A cúpula do judiciário também não tem esse compromisso. O novo presidente do STF, Dias Toffoli, tomou a preocupante iniciativa de buscar um general para assessorá-lo. E, também ontem, Luiz Fux proibiu que o presidente Lula seja entrevistado pela imprensa, impondo até censura prévia para que o veto seja obedecido.

Presos concedem entrevistas com frequência. Mas, como a decisão de Fux torna claro uma vez mais, Lula não é um preso comum. É um preso político. Está na cadeia não como punição por um crime que tivesse cometido, mas porque julgam que é necessário calá-lo.

Até onde Fux está disposto a ir contra a democracia? Todos os indícios mostram que ele vai longe, muito longe.

Em 1968, com o AI-5, cinco ministros deixaram o Supremo. Três foram cassados e outros dois renunciaram em protesto. Se ocorresse um novo golpe, quantos integrantes da nossa corte superior seriam atingidos? Seria que chegaria a dois?

A maioria deles estaria, é claro, muito ocupada encontrando meios de legitimar a nova ordem. Mas é pior do que em 1964, quando o judiciário se curvou ao golpe. Hoje, ele é co-autor. Do que ocorreu em 2016 e do que desponta como uma possibilidade para o futuro próximo.

A imprensa burguesa também cumpre, com brio, seu papel. O resultado "errado" na eleição é apresentado como o caos. Outro dia, um colunista qualquer da Folha quis mostrar como o PT era a ameaça e pegou um documento da direção nacional, lançado logo após a derrubada de Dilma, em que o partido fazia autocrítica por não ter enfrentado questões como a educação militar (um reconhecido calcanhar de Aquiles da redemocratização brasileira, segundo dez entre dez especialistas) ou a pluralização da mídia (idem, idem). Está aí, brada o colunista, é o aparelhamento!

É o que torna tão difícil desarmar a bomba-relógio que nos tem acompanhado por tanto tempo. Militares, judiciário e mídia são tabus; qualquer iniciativa no sentido de torná-los mais compatíveis com uma ordem política democrática e plural recebe uma resposta desproporcional.

E esses cães de guarda, assim protegidos, cumprem a contento seu papel que é proteger por sua vez as iniquidades e as violências estruturais da sociedade brasileira. O que os preocupa na eleição de 2018, mais do que a eventual volta do PT ao poder, é que, até por conta dos excessos do governo Temer, alguns assuntos têm entrado no debate público, em particular a a necessidade de dar um caráter progressivo à tributação e os riscos associados à perda da soberania nacional.

Nosso futuro, não tenho dúvidas, depende da nossa capacidade de resistir - e, a partir da resistência, avançar. Por isso, hoje vou atender à convocatória das mulheres e ir à rua gritar #EleNão.

Gritar "não" para o fascista que hoje trama um golpe de uma cama hospitalar.

Mas gritar "não" também para todos os que querem manter tutelada a soberania popular, que querem impedir a democracia e a justiça social.

"Não" para a violência contra as mulheres, para aqueles que tentam impedir que elas sejam donas de seus corpos e de suas vidas. "Não" para o racismo, que nega humanidade à maioria dos brasileiros. "Não" para a homofobia e toda a fieira de agressões que ela provoca todos os dias. "Não" para as intimidações a professores e estudantes interessados em construir o conhecimento crítico sobre a sociedade. "Não" para a destruição dos direitos.

Aproveito e acrescento "não" para a manipulação da mídia, "não" para a violência policial, "não" para a entrega das riquezas nacionais, "não" para insensibilidade ambiental e, claro, meu "não" muito especial para o capitalismo.

O movimento de hoje representa muito. Todos nós - as mulheres, a classe trabalhadora, a população negra, os povos indígenas, a comunidade LGBT, a juventude estudantil e trabalhadora, o professorado, a intelectualidade - vamos marcar o que nos une, que começa pela defesa de existirmos como sujeitos políticos, e mostrar que nossas diferenças não nos enfraquecem.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Estão tirando Haddad à força do campo democrático



Articulistas e formadores de opiniões estão desesperados com o resultado das recentes pesquisas de intenções de voto. Pra isso, afinal, servem os articulistas: pra se desesperar com o voto da população, essa classe de despreparados. O povo não chega a ficar chateado com eles, porque uma das coisas que une os formadores de opinião do país é que, por sorte, ninguém os lê. 

Ontem uma dúzia de articulistas lamentavam a mesma coisa: os dois primeiros colocados no Datafolha estão fora do campo democrático. 

Que Bolsonaro esteja fora, vá lá, é impossível discordar. O candidato do PSL já afirmou não acreditar em direitos humanos, direitos civis, na Constituição ou na urna eletrônica —basicamente, está pro jogo democrático assim como o rato do estádio de São Januário está pros jogos do Vasco ou como o padre irlandês está pras maratonas. Entrou em campo, mas não significa que entendeu as regras do jogo e menos ainda que vai respeitá-las. 

Mas e Haddad? O candidato do PT estaria fora do campo democrático por defender a inocência de um homem preso. E não pode? 

Pelo jeito, na democracia dos articulistas perde-se o direito de advogar pela inocência de um condenado. Esta parece ser a única transgressão praticada por aquele que é o membro mais moderado do partido que chegou ao poder mais vezes pela via democrática na história recente. 

Ao tentar expulsar à força um dos candidatos do campo democrático, nossos articulistas acabam por mostrar que eles mesmos não estão no campo democrático. 

Pra combater as urnas, propõem, em uníssono, uma puta solução: todas as candidaturas do centro (sic) democrático deveriam abdicar da sua candidatura pra apoiar Geraldo Alckmin, o quarto colocado nas pesquisas.

Por que fariam isso? Fica a dúvida. Mas que conceito estranho de democracia.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Infecção golpista

Por Tereza Cruvinel, no Jornal Brasil:

As declarações feitas pelo candidato Jair Bolsonaro numa transmissão ao vivo em rede social são graves, são preocupantes e deviam ter sido rebatidas pelos demais candidatos. Resumidamente, ele prevê que vai perder no segundo turno por conta de uma fraude da urna eletrônica que o PT já teria armado. E com isso, revela sua disposição para contestar o resultado e a legitimidade do pleito, deixando no ar a possibilidade de um golpe contra a suposta fraude, que poderia ter a participação militar. 

No final do vídeo ele dirige um agradecimento aos que o apoiam na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, “como cidadãos e não como instituição”. A saudação veio depois das graves declarações, para deixar bem claro com quem ele conta para resistir. Quando Bolsonaro foi esfaqueado, no dia 6, o comandante do Exército, general Vilas Boas, declarou que o ataque poderia comprometer a legitimidade do pleito: se Bolsonaro ficasse impedido de participar da campanha, poderia atribuir a isso uma eventual derrota, assim como, se ganhasse, os outros poderiam dizer que ele foi favorecido pela vitimização. 

Ontem, o candidato a vice na chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, pediu que fossem relevadas as declarações de um homem fragilizado, que quase morreu. Externou confiança no sistema. “O jogo é este, vamos jogar e ganhar no primeiro turno. Quem vencer, venceu. Só tenho pena do Brasil se o PT vencer”

Só pode estar no jogo quem confia no sistema de votação e apuração. Por isso os demais candidatos deviam ter repelido as declarações de Bolsonaro, questionando por antecipação a lisura do pleito. Mas, entre eles, apenas Geraldo Alckmin contestou Bolsonaro. O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, também lembrou que o presidenciável do PSL nunca reclamou da urna eletrônica nas sete vezes em que se elegeu deputado.

Mais que sandices
Bolsonaro disse coisas muito graves, que não podem ser relevadas só porque sofreu um atentando e está visivelmente debilitado. O que ele disse expressa a percepção de segmentos militares e civis que gravitam em sua órbita. Não são de agora suas críticas a uma suposta vulnerabilidade da urna eletrônica. Disse ele que “a narrativa agora (a partir das últimas pesquisas) é a de que perderei no segundo turno para qualquer um. A grande preocupação não é perder no voto, é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno existe, talvez até no primeiro”. E ainda: “O PT descobriu o caminho para o poder: o voto eletrônico”. Para ele, o partido disporia de programas que poderiam inserir uma média de 40 votos em cada urna, em todo o país. Antes, afirmou que Lula, podendo fugir, e contando com proteção de ditaduras estrangeiras, só pode ter se entregado porque tinha um plano B. O plano da fraude, para eleger Haddad, que o indultará. Não apenas o PT mas todos os candidatos deveriam repelir tão graves afirmações sem a apresentação de indícios ou provas, que buscam desqualificar, por antecipação, a eleição de que o país precisa tanto para sair do beco em que se encontra. 

Na semana passada, em corajosa e honesta autocrítica, o senador Tasso Jereissati, ex-presidente do PSDB, reconheceu três erros cometidos por seu partido, que ajudaram a fomentar a crise política. Primeiro, a contestação do resultado da eleição de 2014, quando Aécio Neves, derrotado por Dilma, pediu recontagem dos votos e a impugnação da chapa Dilma-Temer, abrindo a porta para a instabilidade política. Depois, seguindo o comando de Eduardo Cunha, o partido participou da sabotagem ao governo Dilma, que tentava corrigir seus próprios erros econômicos. O terceiro teria sido participar do governo Temer.

O que Bolsonaro faz agora é mais grave, ao colocar sob dúvida uma eleição que ainda nem aconteceu, num ambiente em que, diferentemente de 2014, os militares voltaram a dar pitacos na política.

sábado, 15 de setembro de 2018

Instituto capta arrancada devido ao "efeito Lula"



Kennedy Alencar

O Datafolha mostrou uma arrancada do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad. Entre 21 de agosto e hoje, ele cresceu nove pontos percentuais, saindo de 4% para 13% no atual levantamento.

Se considerarmos que o petista subiu quatro pontos percentuais de segunda para cá, passando de 9% para 13%, dá para dizer que está em marcha um processo de transferência de votos de Lula para Haddad que tem potencial de levar o ex-prefeito para o segundo turno. Ou seja, há um efeito Lula em franco e ligeiro movimento.

A pesquisa Datafolha de hoje é boa para Jair Bolsonaro (PSL), que oscila positivamente dois pontos percentuais e chega aos 26% medidos pelo Ibope. Entre 22 de agosto e hoje, Bolsonaro subiu quatro pontos. O atentado teve efeito eleitoral positivo, mas insuficiente para uma vitória no primeiro turno, como familiares e aliados chegaram a sugerir.

Ciro Gomes (PDT) fica parado em 13%. Ficou mais difícil para o pedetista, mas ele ainda está no páreo.

Geraldo Alckmin (PSDB) está em situação pior do que Ciro. Com 9%, oscilação negativa de um ponto percentual em relação à última pesquisa, terá dificuldade para crescer na reta final e garantir vaga na segunda fase. Marina Silva, que caiu de 11% para 8%, vai saindo do jogo, indica a pesquisa Datafolha de hoje.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Ninguém pode prender ideias

Recebemos uma missão de Lula: olhar nos olhos do povo e construir juntos um país diferente.


Carta ao Povo Brasileiro


Curitiba, 11 de setembro de 2018


Meus amigos e minhas amigas,


Vocês já devem saber que os tribunais proibiram minha candidatura a presidente da República. Na verdade, proibiram o povo brasileiro de votar livremente para mudar a triste realidade do país.

Nunca aceitei a injustiça nem vou aceitar. Há mais de 40 anos ando junto com o povo, defendendo a igualdade e a transformação do Brasil num país melhor e mais justo. E foi andando pelo nosso país que vi de perto o sofrimento queimando na alma e a esperança brilhando de novo nos olhos da nossa gente. Vi a indignação com as coisas muito erradas que estão acontecendo e a vontade de melhorar de vida outra vez.

Foi para corrigir tantos erros e renovar a esperança no futuro que decidi ser candidato a presidente. E apesar das mentiras e da perseguição, o povo nos abraçou nas ruas e nos levou à liderança disparada em todas as pesquisas.

Há mais de cinco meses estou preso injustamente. Não cometi nenhum crime e fui condenado pela imprensa muito antes de ser julgado. Continuo desafiando os procuradores da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro e o TRF-4 a apresentarem uma única prova contra mim, pois não se pode condenar ninguém por crimes que não praticou, por dinheiro que não desviou, por atos indeterminados.

Minha condenação é uma farsa judicial, uma vingança política, sempre usando medidas de exceção contra mim. Eles não querem prender e interditar apenas o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. Querem prender e interditar o projeto de Brasil que a maioria aprovou em quatro eleições consecutivas, e que só foi interrompido por um golpe contra uma presidenta legitimamente eleita, que não cometeu crime de responsabilidade, jogando o país no caos.

Vocês me conhecem e sabem que eu jamais desistiria de lutar. Perdi minha companheira Marisa, amargurada com tudo o que aconteceu a nossa família, mas não desisti, até em homenagem a sua memória. Enfrentei as acusações com base na lei e no direito. Denunciei as mentiras e os abusos de autoridade em todos os tribunais, inclusive no Comitê de Direitos Humanos da ONU, que reconheceu meu direito de ser candidato.

A comunidade jurídica, dentro e fora do país, indignou-se com as aberrações cometidas por Sergio Moro e pelo Tribunal de Porto Alegre. Lideranças de todo o mundo denunciaram o atentado à democracia em que meu processo se transformou. A imprensa internacional mostrou ao mundo o que a Globo tentou esconder.

E mesmo assim os tribunais brasileiros me negaram o direito que é garantido pela Constituição a qualquer cidadão, desde que não se chame Luiz Inácio Lula da Silva. Negaram a decisão da ONU, desrespeitando o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos que o Brasil assinou soberanamente.

Por ação, omissão e protelação, o Judiciário brasileiro privou o país de um processo eleitoral com a presença de todas as forças políticas. Cassaram o direito do povo de votar livremente. Agora querem me proibir de falar ao povo e até de aparecer na televisão. Me censuram, como na época da ditadura.

Talvez nada disso tivesse acontecido se eu não liderasse todas as pesquisas de intenção de votos. Talvez eu não estivesse preso se aceitasse abrir mão da minha candidatura. Mas eu jamais trocaria a minha dignidade pela minha liberdade, pelo compromisso que tenho com o povo brasileiro.

Fui incluído artificialmente na Lei da Ficha Limpa para ser arbitrariamente arrancado da disputa eleitoral, mas não deixarei que façam disto pretexto para aprisionar o futuro do Brasil.

É diante dessas circunstâncias que tenho de tomar uma decisão, no prazo que foi imposto de forma arbitrária. Estou indicando ao PT e à Coligação “O Povo Feliz de Novo” a substituição da minha candidatura pela do companheiro Fernando Haddad, que até este momento desempenhou com extrema lealdade a posição de candidato a vice-presidente.

Fernando Haddad, ministro da Educação em meu governo, foi responsável por uma das mais importantes transformações em nosso país. Juntos, abrimos as portas da Universidade para quase 4 milhões de alunos de escolas públicas, negros, indígenas, filhos de trabalhadores que nunca tiveram antes esta oportunidade. Juntos criamos o Prouni, o novo Fies, as cotas, o Fundeb, o Enem, o Plano Nacional de Educação, o Pronatec e fizemos quatro vezes mais escolas técnicas do que fizeram antes em cem anos. Criamos o futuro.

Haddad é o coordenador do nosso Plano de Governo para tirar o país da crise, recebendo contribuições de milhares de pessoas e discutindo cada ponto comigo. Ele será meu representante nessa batalha para retomarmos o rumo do desenvolvimento e da justiça social.

Se querem calar nossa voz e derrotar nosso projeto para o País, estão muito enganados. Nós continuamos vivos, no coração e na memória do povo. E o nosso nome agora é Haddad.

Ao lado dele, como candidata a vice-presidente, teremos a companheira Manuela D’Ávila, confirmando nossa aliança histórica com o PCdoB, e que também conta com outras forças, como o PROS, setores do PSB, lideranças de outros partidos e, principalmente, com os movimentos sociais, trabalhadores da cidade e do campo, expoentes das forças democráticas e populares.

A nossa lealdade, minha, do Haddad e da Manuela, é com o povo em primeiro lugar. É com os sonhos de quem quer viver outra vez num país em que todos tenham comida na mesa, em que haja emprego, salário digno e proteção da lei para quem trabalha; em que as crianças tenham escola e os jovens tenham futuro; em que as famílias possam comprar o carro, a casa e continuar sonhando e realizando cada vez mais. Um país em que todos tenham oportunidades e ninguém tenha privilégios.

Eu sei que um dia a verdadeira Justiça será feita e será reconhecida minha inocência. E nesse dia eu estarei junto com o Haddad para fazer o governo do povo e da esperança. Nós todos estaremos lá, juntos, para fazer o Brasil feliz de novo.

Quero agradecer a solidariedade dos que me enviam mensagens e cartas, fazem orações e atos públicos pela minha liberdade, que protestam no mundo inteiro contra a perseguição e pela democracia, e especialmente aos que me acompanham diariamente na vigília em frente ao lugar onde estou.

Um homem pode ser injustamente preso, mas as suas ideias, não. Nenhum opressor pode ser maior que o povo. Por isso, nossas ideias vão chegar a todo mundo pela voz do povo, mais alta e mais forte que as mentiras da Globo.

Por isso, quero pedir, de coração, a todos que votariam em mim, que votem no companheiro Fernando Haddad para Presidente da República. E peço que votem nos nossos candidatos a governador, deputado e senador para construirmos um país mais democrático, com soberania, sem a privatização das empresas públicas, com mais justiça social, mais educação, cultura, ciência e tecnologia, com mais segurança, moradia e saúde, com mais emprego, salario digno e reforma agrária.

Nós já somos milhões de Lulas e, de hoje em diante, Fernando Haddad será Lula para milhões de brasileiros.

Até breve, meus amigos e minhas amigas. Até a vitória!

Um abraço do companheiro de sempre,

Luiz Inácio Lula da Silva

terça-feira, 11 de setembro de 2018

O Datafolha registrou o início da volta da democracia no Brasil





A pesquisa Datafolha divulgada na noite dessa segunda (10) registrou o início da volta da democracia no Brasil a reboque de sua expressão maior: a vontade popular.

É preciso um nível de desconhecimento político e eleitoral gritante para não reconhecer os números divulgados como o primeiro grande passo para que o projeto de governo usurpado naquele grande acordo nacional seja devolvido aos seus legítimos postulantes.

Para muito além do fracasso do “providencial” atentado sofrido por Jair Bolsonaro, foi a ascensão de Fernando Haddad o fato mais importante de todo o cenário retratado.

Que Haddad tenha alcançado a maior taxa de crescimento entre todos sem que sequer houvesse sido oficializado como o único e legítimo candidato a presidente apoiado por Lula, já é algo que realmente impressiona.

Se considerarmos além disso que os seus atuais 9% representam na verdade um aumento real de 125% nas suas intenções de votos registrada pelo mesmo instituto a apenas 19 dias antes, é definitivamente uma façanha digna para poucos.

Mas ainda mais importante do que os fatos já consumados, é a projeção do que ficou escancarado nos demais dados da pesquisa.

Segundo o Datafolha, nenhum outro candidato possui mais eleitores com a certeza de seu voto do que o candidato do PT. Nada menos do que 33% dos eleitores afirmam votarem “com certeza” no candidato apoiado pelo ex-presidente Lula. Outros 16% dizem que “poderiam votar”.

Somados, o potencial de votos em Haddad pode chegar a 49% do total de votos válidos. Trata-se de um capital político incomparável.

E aqui é preciso abrirmos um parêntese.

Como apontado pelo Datafolha, Lula, impedido ilegal e antidemocraticamente de participar das eleições, possui uma avalanche de votos à espera de um candidato.

O que a pesquisa revelou mostra apenas a ponta do iceberg. Tomando como base a pesquisa Datafolha realizada em 22 de agosto, nada menos do que 51% dos eleitores ainda não sabiam quem era o candidato apoiado por Lula.

Como se vê, a campanha para Haddad, que já figura empatado tecnicamente em segundo lugar com Ciro, Marina e Alckmin, só começou na verdade hoje (11) com a oficialização de sua chapa.

Alterada a candidatura da coligação para Haddad presidente, Manuela D’Ávila vice, junto ao TSE, o substituto legítimo de Lula poderá finalmente se declarar como tal e se apresentar à grande massa de brasileiros que ainda se informam basicamente pela TV.

Diga-se de passagem, ninguém menos do que os eleitores com menor renda salarial e justamente os que mais foram beneficiados pelas políticas de inclusão social da era Lula.

Por todo o exposto, a partir de hoje (11) Haddad se materializa não apenas como a única oportunidade real para a volta da democracia no Brasil a partir de eleições legítimas.

Para além disso, sua candidatura representa a única e verdadeira forma de reparação para a tragédia antidemocrática que se instalou no Brasil a partir do golpe de 2016.

Absolutamente nenhuma outra candidatura representa com mais fidelidade o projeto de governo aprovado nas urnas em 2014 do que Haddad e Manu.

Portanto, é dever moral de todos aqueles que tiveram seus votos rasgados em praça pública, reestabelecer a justiça, a ordem e o progresso num país devastado pelo abuso, pela arbitrariedade e pela intolerância.

Comprovado que Jair Bolsonaro não ganha de absolutamente ninguém no segundo turno, cabe tão somente a nós, progressistas e de esquerda, devolver o poder a quem foi tão violentamente atacado e injustiçado.

Fernando Haddad e Manuela D’Ávila se apresentam como a única forma de mostrarmos ao mundo que não importa o quanto fomos humilhados e ofendidos pela elite nacional.

Apesar de tudo o que fizeram, o Brasil se mostra capaz de provar mais uma vez que não se pode aprisionar a ideia de um país mais justo e digno para todos.

A Carta de Lula


Lula: “Meu coração bate dentro do peito de vocês”


Na noite desta segunda-feira (10), ocorreu o ato “Arrancada da Vitória” no Teatro Universidade Católica da PUC (Tuca) em São Paulo, parte do evento “Universidades, Ciência e Tecnologia com estudantes e intelectuais”.

Durante o evento, o ator Sérgio Mamberti leu carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva direcionada aos participantes. Confira a íntegra do documento:

“Aqui de longe consigo sentir a energia que irradia de mais uma noite histórica no Tuca.

Nem a distância, nem as paredes podem barrar.

São Paulo se organiza para dar um basta no governo das elites, que sempre deu as costas para os mais pobres e para as demais regiões de nosso Brasil gigante.

Nosso rico potencial nas áreas da Educação, da Ciência, da Tecnologia e de todos os segmentos da Cultura volta a ser dizimado por um governo federal ilegítimo e por seus apoiadores estaduais.

Disse em minha despedida – naquele 7 de abril gravado como Dia da Vergonha – que a luta seguiria mais forte através de vocês. Minha alegria é saber que meu coração está presente esta noite no Tuca, batendo dentro do peito de vocês.

Minha voz é a voz de Luiz Marinho, de Ana Bock, de Suplicy e de Jilmar. De todos os que falarem ou cantarem os hinos da liberdade, da democracia, da justiça e da vitória.

Minha voz é a voz de Fernando Haddad e de todos os companheiros, em nossa jornada destemida para resgatar a dignidade nacional em todos os rincões do país.

Que este dia marque a arrancada para eleger Luiz Marinho governador de São Paulo, permitindo a nosso estado caminhar de mãos dadas com todo o povo brasileiro. Um povo que já deixou claro como vai votar nas eleições de outubro.

Vamos arrancar para a vitória nessas quatro semanas. Vamos firmar nesta noite esse compromisso de luta. Compromisso em nome da esperança que renasce. Em nome do Brasil que vai ser feliz de novo. Com a juventude seguindo na frente, as mulheres, a população negra, a classe trabalhadora, a Universidade, a Educação, a Ciência e a Cultura.

A verdade vencerá.”

Lula

sábado, 8 de setembro de 2018

O holocausto cobrado pelo neoliberalismo

Por Roberto Amaral, em seu blog:


A destruição do Museu Nacional não foi um acidente, mas um crime doloso: pensado, calculado, planejado, executado com precisão. É o holocausto cobrado pelo neoliberalismo.

Tragédia anunciada como outras que estão a caminho (e a próxima vítima pode ser o Arquivo Nacional), resultou, fundamentalmente, da política conservadora, regressiva, dita de austeridade, que, sem apoio na soberania popular, impôs ao País o corte dos gastos públicos, medida estúpida que impôs à Universidade brasileira, ao ensino e à pesquisa, à tecnologia e à inovação, à cultura e à educação de um modo geral, a mais cruel das dietas orçamentárias de que se tem notícia, determinando a suspensão de projetos de ensino e pesquisa, o cancelamento arbitrário de investimentos em instalações e equipamentos desprovidos de manutenção e condenados à obsolescência.

Esse incêndio é a materialização da Emenda Constitucional 95, uma negociação entre um presidente ilegítimo e um Congresso carente de legitimidade que, não obstante, determina o congelamento das despesas públicas por 20 anos.

Essa política, em nome de ‘ajustes fiscais’, corta projetos de pesquisa em áreas críticas para a vida nacional como saúde e biotecnologia, e bolsas de estudo, no Brasil e no exterior, ameaçando de colapso os programas de formação de nossos cientistas, professores e pesquisadores.

Em nome e a serviço dessa emenda, a súcia que nos governa trava o desenvolvimento nacional. Enquanto em todo o mundo a ciência e a aplicação tecnológica avançam dominando a produção e estabelecendo novos padrões de vida social, o Brasil, por força dessa política, opta pelo atraso.

Amanhã não haverá mais como compensar o tempo perdido.

Nem o ainda presidente, nem o ex-ministro Meireles (representante da banca internacional no governo e idealizador da emenda), nem ninguém, ignora as consequências dessa política. Ao contrário, prelibaram seus efeitos, e podem comemorar a marcha a ré que estamos dando, trocando progresso por atraso, avanço por recuo, riqueza por pobreza.

Este é, aliás, o ponto comum das políticas dependentistas das direitas antinacionais, primas do fascismo que, com sua ajuda, nos bate à porta. O discurso protofascista de ódio à cidadania, à cultura e à inteligência é bastante claro e, se assusta o brasileiro médio, faz o encanto da grande burguesia e do mercado.

Deu no que deu.

Quando assumi o comando do Ministério da Ciência e Tecnologia, em 2003, no primeiro governo Lula, encontramos na mais critica das situações o acervo científico, de particular o patrimônio documental, e nessa contingência o CNPq, dirigido por Erney Camargo, emérito pesquisado, organizou uma comissão, presidida pelo seu vice-presidente, professor Manuel Domingos Neto que, além de levantar o quadro crítico da preservação do patrimônio científico, conseguiu salvar as Bibliotecas do Instituto Artur Ramos e da Faculdade de Medicina da Bahia, a mais antiga do país, e o precioso acervo do DNOCS, em Fortaleza.

Dessa experiência resultou o primeiro Edital do CNPq voltado para custear a preservação de acervos, que, do contrário, teriam o mesmo destino do acervo do Museu Nacional. Enfrentávamos então a ressaca do governo FHC, que esvaziara a Universidade brasileira e, insaciável, reduzira sensivelmente as verbas do programa espacial, exatamente às vésperas do seu terceiro ensaio de lançamento (frustrado) do VLS, sigla de Veículo (foguete) Lançador de Satélites (um projeto de muitos nos da Aeronáutica), hoje abandonado.

A dieta de recursos deu no que deu, a saber, no desastre que destruiu foguete e plataforma de lançamento e ceifou a vida de 21 cientistas brasileiros. Presentemente, o governo que ainda ai está, negocia a cessão de nossa base de lançamentos de Alcântara (CLA) com os EUA, que dela não precisam, mas, tendo-a, nos impedem de tê-la.

Na contramão de seu antecessor, entendendo essa área como um dos motores insubstituíveis do crescimento nacional, Lula impediu o contingenciamento dos recursos destinados à Ciência e Tecnologia.

O desapreço de nossa classe dominante pelas coisas da cultura, o tratamento conferido à educação, à memória nacional, vêm de longe, e são responsáveis pelo quadro de hoje, caracterizado pelo descaso com as políticas de preservação do patrimônio histórico e científico.

Esse desapreço (que a política de austeridade neoliberal leva ao paroxismo) se reflete na política orçamentária da União. Nos últimos anos verifica-se a drástica redução dos recursos destinados à Ciência e à Tecnologia.

Sirva a consumação da tragédia como um grito de advertência, dizendo à sociedade brasileira que, se não mudarmos essa política, se não proclamarmos um não bem forte ao desmonte do Estado brasileiro, muitas outras tragédias ocorrerão e mais profundo será o gap tecnológico nos separando das sociedades industrializadas.

Segundo a Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, os valores recebidos pelo Museu Nacional caíram de 979 milhões de reais em 2013 para 98 milhões de reais em 2018. A mesma dieta foi imposta à Universidade Federal do Rio de Janeiro, à qual o Museu está/estava ligado. Seu orçamento caiu de 500 milhões de reais em 2013 para menos de 100 milhões em 2018.

Consequência dos cortes geométricos, burros e cegos, que não consideram prioridades (como explicar que um museu instalado em um prédio de 200 anos não tivesse estrutura antifogo?), não há, na Universidade e no Museu, reposição de funcionários que se aposentam, mas há a permanente ameaça de corte dos serviços de energia e água, e mesmo os serviços de limpeza são suspensos, por inexistência de recursos.

Quem atiçou a chama que em poucas horas consumiu o maior acervo de história natural, antropologia, etnografia e paleontologia da América Latina? Quem transformou em cinzas parte da memória nacional?

Esse projeto diabólico foi sempre o grande sonho acalentado da direita brasileira, que jamais se conciliou com as tentativas de fazer desta terra um país soberano, desenvolvido, rico. Nos anos 40 investiu contra o projeto de industrialização defendido por Roberto Simonsen.

O Brasil tinha de cumprir com sua ‘vocação agrária’, exportar alimentos para o mundo e importar produtos manufaturados dos EUA e da Europa, proclamava Eugênio Gudin, falando em nome da classe dominante. Nos anos 50 a mesma elite garantia que o Brasil não tinha petróleo e, portanto, não devíamos gastar dinheiro com pesquisa, tecnóloga e prospecção.

Essa classe dominante mesquinha procura agora destruir com toda e qualquer possibilidade de desenvolvimento e soberania, destruindo com nossos programas estratégicos – espacial, nuclear e cibernético (Estratégia Nacional de Defesa, Decreto nº 6.703 de 18/12/2008), porque, sabe ela, a base de qualquer projeto de soberania deita raízes num processo de industrialização, absolutamente condicionado ao saber científico. A destruição das bases de desenvolvimento científico e tecnológico de nosso país é sua condenação, desta feita definitiva, ao atraso e à pobreza.

O governo que corta os recursos da Universidade brasileira é o mesmo que aliena a Embraer, compromete a fabricação de nossos caças e põe em banho-maria o projeto de construção de nossos submarinos.

Quem não desenvolve sua própria ciência, renuncia à industrialização, e sem tecnologia e indústria não há soberania, porque não haverá, sequer, forças armadas dignas desse nome.

Cumpre, contra a crise e a perspectiva de seu aprofundamento, a história cobra a reação da sociedade científica e das forças políticas, da intelectualidade e dos agentes da cultura. Silenciar, cruzar os braços, evitar o confronto ideológico, é ceder espaço ao desmonte, acomodar-se com o presente e renunciar ao futuro.

*****

Degradação – O ministro Evandro Lins e Silva, jurista, um dos maiores criminalistas brasileiros, foi um dos refundadores do PSB em 1985. No episódio do julgamento de Fernando Collor de Melo, exerceu, em nome da sociedade, o papel de advogado de acusação, auxiliado por Sérgio Sérvulo da Cunha, então também filiado ao PSB. Hoje, nessas eleições, o que ainda se chama de PSB está apoiando a candidatura de Collor ao governo do Estado de Alagoas.

Marielle, sempre – Quando a polícia fluminense e a força militar interventora anunciarão os nomes dos mandantes e dos executores do assassinato da vereadora Marielle Franco? Ficaremos esperando, assim de braços cruzados, até que chacina caia no esquecimento?

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

A destruição, além do físico

O incêndio que destruiu o Museu Nacional/UFRJ na noite de domingo, dia 2, levou consigo muito mais do que um prédio histórico que abrigou a família real.

Aliás, desde quando se transformou em Museu Nacional, a instituição fazia questão de se apresentar como um espaço de produção e exposição de ciência.

Quem visitasse esperando um trono real de D. João VI sairia desolado. Poucas referências à presença dos imperiais apareciam em seus corredores. Ainda assim, indiretamente os antigos moradores estavam presentes na exposição.

A cadeira real do antigo imperador do Brasil não estava ali, mas outro trono tinha destaque no acervo. Era do rei Adandozan, do reino de Daomé (atual Benin), na África, e que foi dado em 1811 para Dom João VI como uma prova da boa relação que o reino português – recém-fugido para o Brasil – queria manter com este povo.

Uma peça que contribuiu nas relações diplomáticas que consolidaram na trágica história escravista do país.

Muito perto deste trono também havia um manto real. Novamente, não era da família portuguesa. Era um presente, cheio de plumas, do rei Tamehameha II, das ilhas Sandwich (atual Havaí) ao imperador D. Pedro I.

A possível perda destes itens configura um vazio no entendimento de uma relação entre o Brasil e povos estrangeiros que até hoje não é tão exposta ao grande público. Em um museu com uma entrada de R$ 3, ela se tornava mais difundida.

As tão comentadas exposições de Grécia, Roma e Egito também tiveram seu surgimento atrelado às aquisições da família real. D. Pedro, por exemplo, comprava múmias de mercadores para sua coleção particular.

Seu filho, D. Pedro II, chegou a fazer expedições ao Egito para comprar mais. Dentre as adquiridas, existe uma cujo processo de mumificação é bastante raro: cada parte do corpo é enrolada de forma que se possa identificar dedos, braços e pernas.

Somente outras seis no mundo obedecem a essa lógica. Uma peça cuja preservação é de interesse mundial e que atravessou milhares de anos.

Já a imperatriz Teresa Cristina contribuiu com a exposição de Grécia e Roma ao ter expostos os vasos etruscos que tinha comprado. São peças que detalhavam hábitos cotidianos de povos da península de Itálica de uma época anterior ao nascimento de Jesus Cristo. Ao contrário do que muito foi escutado na cobertura do incêndio, o acervo do Museu Nacional transcende os seus 200 anos.

A exposição era muito mais do que as peças adquiridas pela família real. Aquele prédio também era uma instituição de produção de conhecimento. Estavam ali os fósseis de Luzia, a mais antiga moradora de nossas terras e que mudou a percepção sobre o deslocamento da humanidade da África até a América.

É também o museu que fez importantes descobertas paleontológicas e se transformou em um dos principais centros de estudo na América Latina. São dezenas de pesquisadores que perdem completamente suas pesquisas. O prédio, tombado como patrimônio público, poderá ser reerguido. Não será como antes, infelizmente.

Ainda assim, irrecuperáveis serão as peças e pesquisas que, porventura, forem destruídas. Surgirão lacunas na já tão complicada forma como narramos e lidamos com o nosso passado e um atraso cientifico que impedirá a produção de conhecimentos futuros. (Agência Brasil, foto de Tânia Rego/ABr)


Raphael Kapa é jornalista, historiador, doutorando em história pela UFF e trabalhou como instrutor na exposição do Museu Nacional por seis anos

domingo, 2 de setembro de 2018

Primeiro programa eleitoral do PT

Assista ao primeiro programa do PT que acaba de ir ao ar. Vamos trazer o Brasil de Lula de volta.



13 provas de que a direita errou feio





Então a direita resolveu dar outro golpe e impugnou a candidatura de Lula... Caiu como um patinho da FIESP em seu maior erro histórico.

Haddad pode não ter a popularidade e a história de vida de Lula. É até óbvio que não tenha. É mais jovem e tem muito pela frente.

Mas aqui vão 13 provas de que a direita errou feio ao tirar Lula e colocar Haddad no fronte.

1- Haddad herdará todos os votos de Lula.

2 - Haddad tem um conhecimento sobre o Brasil que poucos intelectuais possuem.

3 - Não é um político chicaneiro que fica esmolando apoio da direita.

4 - Tem ideias progressistas sólidas e conhece bem o que está em jogo no Brasil, no Mundo e no jogo político brasileiro.

5 - Tem muito mais eloquência e conhecimento teórico que Ciro em qualquer área do saber. E de “bônus” tem uma postura de um verdadeiro estadista. Não é um destemperado que morre pela boca.

6 - Haddad dá um olé em todos os jornalistas da direita. Tem clareza nas ideias e não cai em armadilhas.

7 - É um candidato moderno que sabe dialogar com todos os setores da sociedade civil de forma franca, sincera e soberana.

8 - É uma pessoa com firmeza de convicções e que sabe com quem deve e com quem quem não deve sentar, quando tiver que conversar com o grande capital.

9 - Representa o novo, com Manuela D’Ávila como sua sucessora natural. Não tem medo de assumir que a saída do país e do mundo é pela esquerda.

10 - É um homem que sabe se valer das novas linguagens para se comunicar com a juventude, sem abandonar a esquerda tradicional que - corretamente - aponta as contradições de classe como nosso maior desafio civilizacional.

11 - Haddad é o novo em sua forma de síntese superadora. Um político com a cara e com a essência de um século XXI alternativo. Um líder que poderá colocar o Brasil no seu devido lugar no mundo, ou seja, como um país soberano e uma potência econômica.

12 - É um político que sabe conversar de forma serena e com profundidade sobre a nossa complexa realidade, mas que também sabe ir para as ruas levantar as massas para as lutas que estão por vir.

13 - Haddad aprendeu bem que a elite brasileira não possui um projeto de desenvolvimento para o Brasil, mas um projeto de entrega de nossa nação. Não será um conciliador. Será aquele que dará início a uma nova era para a América Latina. Não há nesse hemisfério um líder tão espetacular como Haddad.

Por isso, deixemos os mortos enterrarem os seus mortos. É um privilégio termos Haddad como candidato. Haddad é o presidente que o Brasil precisa. E o resto é de 13 a 13.

sábado, 1 de setembro de 2018

Nota do PT: Contra a cassação política, com Lula até o fim

Diante da violência cometida hoje (31) pelo Tribunal Superior Eleitoral contra os direitos de Lula e do povo que quer elegê-lo presidente da República, o Partido dos Trabalhadores afirma que continuará lutando por todos os meios para garantir sua candidatura nas eleições de 7 de outubro.

Vamos apresentar todos os recursos aos tribunais para que sejam reconhecidos os direitos políticos de Lula, previstos na lei e nos tratados internacionais ratificados pelo Brasil. Vamos defender Lula nas ruas, junto com o povo, porque ele é o candidato da esperança.

É mentira que a Lei da Ficha Limpa impediria a candidatura de quem foi condenado em segunda instância, como é a situação injusta de Lula. O artigo 26-C desta Lei diz que a inelegibilidade pode ser suspensa quando houver recurso plausível a ser julgado. E Lula tem recursos tramitando no STJ e no STF contra a sentença arbitrária.

É mentira que Lula não poderia participar da eleição porque está preso. O artigo 16-A da Lei Eleitoral prevê que um candidato sub judice (em fase de julgamento) pode “efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica”.

A Justiça Eleitoral reconheceu os direitos previstos nestas duas leis a dezenas de candidatos em eleições recentes. Em 2016, 145 candidatos a prefeito disputaram a eleição sub judice, com registro indeferido, e 98 foram eleitos e governam suas cidades. É só para Lula que a lei não vale?

O Comitê de Direitos Humanos da ONU determinou ao Brasil garantir os direitos políticos de Lula, inclusive o de ser candidato. E o Brasil tem obrigação de cumprir, porque assinou o Protocolo Facultativo do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. E o Congresso Nacional aprovou o Decreto Legislativo 311 que reconhece a autoridade do Comitê. O TSE não tem autoridade para negar o que diz um tratado internacional que o Brasil assinou soberanamente.

É falso o argumento de que o TSE teria de decidir sobre o registro de Lula antes do horário eleitoral, como alegou o ministro Barroso. Os prazos foram atropelados com o objetivo de excluir Lula. São arbitrariedades assim que geram insegurança jurídica. Há um sistema legal para os poderosos e um sistema de exceção para o cidadão Lula.

Em uma semana que envergonhará o Judiciário para sempre, a cúpula desse Poder negociou aumento de 16,4% nos salários já indecentes de ministros e juízes, sancionou a criminosa terceirização dos contratos de trabalho e, agora, atacou frontalmente a democracia, os direitos dos eleitores e os direitos do maior líder político do país. É uma cassação política, baseada na mentira e no arbítrio, como se fazia no tempo da ditadura.

A violência praticada hoje expõe o Brasil diante do mundo como um país que não respeita suas próprias leis, que não cumpre seus compromissos internacionais, que manipula o sistema judicial, em cumplicidade com a mídia, para fazer perseguição política. Este sistema de poder, fortemente sustentado pela Rede Globo, levou o país ao atraso e o povo ao sofrimento e trouxe a fome de volta.

A candidatura do companheiro Lula é a resposta do povo brasileiro aos poderosos que usurparam o poder. Lula, e tudo o que ele representa, está acima dos casuísmos, das manobras judiciais, da perseguição dos poderosos.

É com o povo e com Lula que vamos lutar até o fim.

Lula Livre!

Lula Candidato!

Lula Presidente!

Eleição sem Lula é fraude

O resultado do TSE de rejeitar candidatura do Lula faz parte do golpe. Portanto não vamos deixar de lutar. O povo não pode permitir que o retrocesso avance na destruição do Brasil. Agora, é Haddad e Manuela

Programa eleitoral de Lula que o fascista Barroso quer censurar