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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Um tempo novo para São Paulo



"TEREMOS DE LUTAR TODOS OS DIAS CONTRA A MISÉRIA"


Bem humorado e solto, novo prefeito de São Paulo destaca esposa Ana Estela, a vice Nádia Campeão e o fato de ter cinco secretárias municipais mulheres, além das funcionárias públicas. Logo na abertura do discurso, ele lembrou que houve um manifestação na Praça Roosevelt três dias antes do segundo turno no qual "o tema me tocou bastante: existe amor em São Paulo". Haddad lembrou que aquele ato não foi partidário, nem queria angariar votos, mas disse muito "sobre o que a cidade espera de nós"; Lula, aguardado, não apareceu.



SP247 – Fernando Haddad (PT) é o novo prefeito de São Paulo. O petista foi empossado pouco antes das 16h na Câmara Municipal e seguiu para a Prefeitura, onde assinou o livro como prefeito às 16h37. Antes de Haddad, foram empossados os 55 vereadores eleitos em outubro. Logo na chegada à Prefeitura, o petista deve ter percebido a responsabildiade de administrar a maior capital do País. "Haddad, por que você veio de carro?", gritavam cicloativistas, provavelmente inspirados pelo novo prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), que prometeu assumir de bicicleta.

Estavam presente à cerimônia o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o cardeal Dom Odilo Scherer e os presidentes do PT, Rui Falcão, e do PC do B, Renato Rabelo, mas o primeiro a discursar foi Geraldo Alckmin. "Governar São Paulo é um grande desafio, e muito extenuante", disse o governador de São Paulo. "Os interesses de São Paulo não conhecem interesses partidários", completou.

Em seu discurso, o agora ex-prefeito Gilberto Kassab se emocinou ao fazer um balanço de sua gestão. "Eles passarão, eu passarinho, e vou cantar em outra freguesia", disse o presidente nacional do PSD. Não haverá monotonia. O trabalho é muito estimulante", acrescentou, destacando que deixou um programa de moradia que beneficiou meio milhão de pessoas.

"Estaremos próximos, trabalhando pelo Brasil, no governo ou fora dele", disse que assim demonstrou não ter definido a posição de seu PSD em relação ao governo Dilma Rousseff. "Avançamos com Fernando Henrique, avançamos decididamente com Lula e Dilma", comparou, em seguida, Kassab.

Desafios

O Fernando Haddad que assume nesta terça-feira 1 a Prefeitura de São Paulo terá pela frente problemas proporcionais ao tamanho da maior cidade da América Latina para resolver. E um dos primeiros que já bate à sua porta é político. Na ponta contrária do Viaduto do Chá, onde fica o gabinete do prefeito, cerca de 500 integrantes de dois movimentos por moradia – um ligado ao MST e outro à igreja católica – ocuparam nos últimos dias, desde o Natal, pelo menos cinco edifícios vazios, cujos processos de desapropriação ainda não se concluíram. Localizados na ruas Marconi, Xavier de Toledo e imediações, os prédios são reivindicados há anos pelos militantes sem teto.

Com o objetivo de fazer pressão sobre Haddad, para que dê prioridade a uma de suas bandeiras de campanha e promova a ocupação organizada de edifícios centrais praticamente abandonados, os sem teto não demonstraram ter a menor paciência para esperar a posse do novo prefeito – e o fato consumado das primeiras invasões deverá suscitar uma primeira grande tomada de decisão do novo prefeito. Proprietários antigos de imóveis em prédios invadidos no centro de São Paulo se acostumaram a ganhar ações de reintegração de posse, cumpridas pela Justiça sempre com o apoio da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar. O que os sem teto querem saber é se esses procedimentos irão prosseguir na gestão Haddad ou se haverá abertura de negociações, diálogo e, finalmente, um processo organizado de ocupação.

A relação do novo prefeito com seu partido também já é delicada. Dirigentes e militantes dos diretórios de bairros não se viram contemplados nas nomeações para os comandos das subprefeituras. Anunciados por último, depois da nomeação de todo o secretariado, os subprefeitos escolhidos são essencialmente técnicos, com formação em engenharia. Em reuniões partidárias, o recado da administração, dado por integrantes do primeiro time de Haddad como o presidente municipal do PT Antonio Donato, é o de que o partido poderá, a tempo certo, indicar quadros para ocuparem os terceiros e quartos escalões das subprefeituras. Essa promessa, é claro, não agradou as bases do partido. À medida em que houver mais dificuldades para nomeações, novas pressões em encontros partidários irão ser feitas na direção do prefeito.

As chuvas que costumam afundar boa parte de São Paulo nesta época do ano, especialmente, já são vistas como o maior adversário natural do início da gestão. Sem condições de realizar nada de estrutural imediatamente, o novo prefeito se reuniu com os subprefeitos para fazer soar um alerta máximo a favor de ações emergenciais.

Uma radical transformação no sistema de inspeção veicular, que irá terminar com a obrigatoriedade de vistoria para veículos com até cinco anos de fabricação, além da extinção da taxa de R$ 44, é a maior bondade que o prefeito fará, de imediato, para a classe média.

Cerca de 1,5 mil convidados são esperados para a cerimônia de transmissão de cargo na sede da Prefeitura, marcada para 15h30 desta terça 1. A grande incógnita é a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Haddad conta com ele para aplacar suas primeiras dificuldades com o PT, mostrando-se um cabo eleitoral de primeira hora. Ele afirmou que Lula tem todo o direito de ser novamente candidato a presidente da República. Entre o ex e a atual Dilma Rousseff, o novo prefeito já mostrou em que campo está.

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