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segunda-feira, 23 de março de 2015

CABEÇAS DE BAGRE

(Inspirado na minha timeline e na de muitos amigos, como Vera Aldrighi)





O zagueiro de Facebook é um marcador implacável.

Marca por zona, percorrendo os perfis de gente que pensa diferente dele, e marca também homem-a-homem, escolhendo atacantes do time adversário e fungando no cangote deles.

O zagueiro de Facebook, como bom zagueiro, é especialista em destruição. Trabalha para cortar na raiz a jogada, quando algum post suscita polêmica. Debater é para os fracos, ele acredita. Para canelas de vidro.

Sua ideia é reafirmar o que pensa, marcar posição, jamais se colocar em dúvida. Ao mesmo tempo, negar legitimidade ao oponente. Negar ética, honestidade, inteligência, informação, negar tudo nele.

Por isso mesmo, o zagueiro de Facebook não tem o menor problema em baixar o cacete, sentar o pé, ofender, meter dedo no olho. Ele é ótimo nisso e acha que democracia se exerce assim, na catimba e na porrada.

O zagueiro de Facebook não sabe sair para o jogo. Em geral, é incapaz de um passe de qualidade ou de um lançamento em profundidade. Ignora o que seja uma colocação propositiva, uma contribuição ao debate.

Chega junto para ironizar, desqualificar, ofender, humilhar, destruir. A terra da promissão, para ele, é o deserto de ideias.

O zagueiro do Facebook às vezes sobe para o ataque, mas é pouco produtivo. É ruim de cabeça, finaliza muito mal. Raramente consegue cabecear no gol, até porque posta muito pouco, trolla mais o post alheio. Mas bola fora, ele dá o tempo todo. Nisso, é especialista.

O zagueiro de Facebook é um perna de pau grosseiro e pretensioso, que faz o jogo democrático mais violento, e muito mais feio de disputar e de assistir. Cartão vermelho para essa triste criatura.

Ah, você tem problemas com essa cor? Use então o cartão azul, ou verde-amarelo, como preferir. Mas vamos tirar esse estorvo de campo. A convivência dos atletas vai melhorar enormemente e o jogo vai fluir muito melhor.

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