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segunda-feira, 17 de julho de 2017

Coluna do Torcedor: “Flamengo, meu amor!”




Tenho aversão a fanatismos de qualquer espécie, “prefiro ser essa metamorfose ambulante” em quase tudo. Flamengo é o nome do fanatismo que eu me autorizo. Flamenguista é, talvez, a única coisa que eu estou certa de ser até morrer, sobre todo o resto estou em aberto. A identidade de ter um time de futebol é algo tão fundamental pra mim que acho estranho quem diz que não torce pra time nenhum. Imagino que deva ser um vazio imenso. Como assim, nenhum time de futebol pra chamar de seu? E no meu vocabulário não tem essa de trocar de time. Aliás, existem dois tipos de pessoa que eu olho com desconfiança: as que não gostam de gatos e as que são capazes de trocar de time. Pode até ser preconceito de minha parte, mas acho que quem é capaz de mudar de time é capaz de qualquer coisa.

Eu sou flamenguista de berço – herança paterna que eu não reneguei – mas aprendi a amar o Flamengo, de fato, em 1981, aos 12 anos de idade, numa época em que era extremamente fácil se apaixonar pelo time rubro-negro. A geração de 1980 a 1983 foi a mais vitoriosa do clube e das coisas mais sensacionais que o futebol brasileiro já viu. Assim, tive o privilégio de me apaixonar por futebol ao mesmo tempo em que me apaixonei por aquele Flamengo, tão belo quanto vitorioso.

A fim de reverenciar aquele elenco dos sonhos, eu poderia falar de Zico – sem duvida o maior craque rubro-negro de todos os tempos – eu poderia falar de Adílio, de Tita, de Júnior, mas vou falar daquele que plantou definitivamente meu coração no Flamengo. Vou falar de João Batista Nunes de Oliveira – o Nunes. Nunes foi o segundo homem que fez meu coração bater mais forte nessa vida. O primeiro foi Herivelton, que não era exatamente um homem, mas um garoto da escola, por quem fui apaixonada. Ele nunca soube disso, eu acho. Bastava Herivelton me pedir a borracha emprestada para eu quase botar o coração pela boca. Nessa época, sem Facebook ou WhatsApp, a gente mandava indiretas amorosas emprestando ou pedindo a borracha emprestada.

Mas voltando a falar de Nunes, foi ele quem me ensinou a amar futebol e o Flamengo. Aqueles cabelos encaracolados e balançantes, a precisão oportunista na hora de fazer o gol e aquele shortinho curto para homens que só os anos 80 conheceram, foi o que de mais sexy minha mente de garota de 12 anos pôde alcançar. Nunes era para mim o homem mais lindo do mundo, depois de Herivelton, é claro! E eu guardei na memória o lance em que o jogador me arrebatou e entregou meu coração de vez ao Flamengo e ao futebol.

Lógico que eu já estava enamorada pelo time assistindo com meu pai a campanha do Flamengo naqueles anos de 1980 e 81, mas teve o momento exato onde o arrebatamento aconteceu, e eu me lembro como se fosse hoje: Era a final do Campeonato Mundial Interclubes contra o Liverpool, Nunes recebe um lançamento preciso de Zico pela meia direita (daqueles que Zico sabia fazer como ninguém) e sai em velocidade com a bola, acertando o canto esquerdo do gol adversário. Eu nunca mais esqueci aquele gol. Não sei se gritei, se comemorei, só me lembro de estar na sala da nossa casa na época, e de um arrepio que invadiu todo o meu corpo. Naquele momento, entendi a mágica do futebol e o tipo de emoção que ele poderia me dar. Naquela fração de segundos eu entendi a beleza que era torcer pelo Flamengo.

Só digo que o que eu senti foi amor sim! Amor de puro encantamento. Amor para a eternidade. Amor fanático e cego pelo manto rubro-negro. Amor pela emoção de celebrar o gol do time que faz meu coração bater mais (des)compassado que o normal. E, sobretudo, amor pelo futebol; esse esporte lindo, mágico e encantador. Amor devotado pelos que sabem dominar a bola com os pés, mas que apenas os melhores sabem como fazer isso usando a cabeça. Ah, os inteligentes com a bola nos pés! Esses eu reverencio com minha alma.

Pra finalizar deixo aqui toda minha gratidão e uma declaração apaixonada a Nunes, meu primeiro e inesquecível amor em campo.

Vida longa ao futebol!

Flamengo, meu amor!

Rita Almeida

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