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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

As urnas

A voz das urnas é para ser ouvida.

Mesmo quando não gostamos das palavras e do que elas significam.

A direita e extrema-direita cresceram no país? Sem dúvida.

Mas como cresceram e por que cresceram de forma tão contundente?

Cresceram no bojo dos movimentos de demonização da política promovidos por parte dos sistemas judiciário e de persecução penal (Ministério Público), comprados de forma acrítica pela mídia e incensados de forma oportunística por partidos políticos de direita e liberais.

Cresceram porque os partidos tradicionalmente poderosos no país não fizeram, todos, sem exceção, a devida "mea culpa" pela forma que buscaram financiar durante décadas suas campanhas eleitorais e, em muitos casos, mesmo à esquerda, enriquecer os que foram designados para arrecadar as contribuições generosas e milionárias de empreiteiros e fornecedores do estado.

Mas como cresceram? E aí, uma surpresa notável, que as urnas acabam por revelar. A direita e a extrema direita cresceram apenas em pequena parte em cima das esquerdas petistas e tradicional. Apesar das baterias linchadoras estarem dirigidas quase que exclusivamente contra petistas.

O PT, malgrado derrotas importantes nas majoritárias para o Senado no sul e sudeste, saiu com a maior bancada na Câmara dos Deputados. Com vitórias impressionantes no Nordeste. Mas, mesmo nos estados do sul e sudeste, conquistou bancadas expressivas nas Assembleias Legislativas. Em SP, centro da pancadaria antipetista, terá a segunda maior bancada.

Por quê? Porque o crescimento da direita se deu em cima dos partidos de centro-direita e liberal. Estes foram fragorosamente derrotados. Ou seja, o deslocamento mais visível foi da centro-direita à direita e à extrema-direita.

E, no Nordeste, diferentemente do que vociferam os jornalistas "fofos", puxa-sacos da elite liberal e de direita, não foi o fenômeno Lula o maior responsável pelas largas vitórias da centro-esquerda. Lula lá é um líder reconhecido e amado, é verdade. Mas as vitórias na Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Piauí, foram de governos comprometidos com propostas desenvolvimentistas claras e com formas de administração pública eficientes, que conquistaram as sociedades locais.

Tornando isso absolutamente mais claro vejamos os resultados finais da eleição presidencial. JB, um candidato de extrema-direita com 46% dos votos válidos, numa legenda de aluguel, e PSDB+MDB+Partido Novo, partidos de centro-direita e liberal, juntos não fizeram nem 10%. Do outro lado, Haddad+Ciro, com definição clara de uma proposta programática de centro-esquerda, fizeram 42%.

Qual a chance da extrema-direita ser derrotada no 2° turno?

Muito difícil, é claro.

Mas não é impossível.

JB precisa de mais 4% e Haddad+Ciro precisam de 8%. Só que num processo de um contra um, quase tudo que um perde o outro ganha. Esse é o dado mais importante.

JB foi blindado no 1° turno, por dois fatores: o pouco tempo de TV & rádio que tinha (o que impediu que suas idéias bizarras sobre a sociedade fossem confrontadas) e pelo atentado que sofreu. Este, por um lado, aumentou sua exposição pública na figura de vítima da violência e, por outro, mitigou o fato de que ele próprio é um arauto da violência.

A conquista do 2° turno já foi um grande passo, ao deter a onda avassaladora da antipolítica.

Já significou uma expressiva vitória para as forças de centro-esquerda no país, pois teremos três semanas de intenso debate, reflexão e confronto de propostas na sociedade que era desejo do candidato truculento evitar a qualquer custo.

Ontem JB era a imagem da derrota, no patético pronunciamento sem imprensa e apoiadores que levou às redes sociais.

O jogo será jogado.

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