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domingo, 25 de agosto de 2013

PARA ELIANE, CUBANOS VÊM AO PAÍS EM AVIÃO NEGREIRO


Colunista da Folha reforça, de modo nada sutil, que os médicos cubanos que estão chegando para atuar em regiões remotas são escravos. "Tente você contratar alguém em troca de moradia, alimentação e, em alguns casos, transporte, mas sem pagar salário direto e nem ao menos saber quanto a pessoa vai receber no fim do mês. No mínimo, desabaria uma denúncia de trabalho escravo nas suas costas", diz a jornalista


247 - A jornalista Eliane Cantanhêde, da Folha, aderiu à tese de que o governo brasileiro está contratando escravos cubanos para atuarem como médicos em regiões remotas do País. O título da sua coluna deste domingo, "Avião negreiro", já diz tudo. Pela sua lógica, o governo brasileiro estaria agindo como um senhor de engenho e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, seria uma espécie de traficante de escravos. 

No entanto, os primeiros cubanos que chegaram ao Brasil na noite de ontem pareciam felizes e dispostos a colaborar. Pediam apenas respeito e diziam que dinheiro não é o ponto central de sua atuação (leia mais aqui). Membro do Núcleo de Estudos Cubanos da Universidade de Brasília, o jornalista Hélio Doyle explica que, por ser um país socialista, Cuba funciona de modo diferente e há uma preocupação com a manutenção de baixos níveis de desigualdade – o que explica o pagamento dos salários, nos convênios já realizados com dezenas de países, ao governo cubano (leia mais aqui).

Eliane Cantanhêde pensa de modo distinto. Para ela, é escravidão – e ponto final. "Tente você contratar alguém em troca de moradia, alimentação e, em alguns casos, transporte, mas sem pagar salário direto e nem ao menos saber quanto a pessoa vai receber no fim do mês. No mínimo, desabaria uma denúncia de trabalho escravo nas suas costas", diz ela.

Abaixo, sua coluna:


BRASÍLIA - Ninguém pode ser contra um programa que leva médicos, mesmo estrangeiros, até populações que não têm médicos. Mas o meio jurídico está em polvorosa com a vinda de 4.000 cubanos em condições esquisitas e sujeitas a uma enxurrada de processos na Justiça.

A terceirização no serviço público está na berlinda, e a vinda dos médicos cubanos é vista como terceirização estatal --e com triangulação. O governo brasileiro paga à Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), que repassa o dinheiro ao governo de Cuba, que distribui entre os médicos como bem lhe dá na veneta.

Os R$ 10 mil de brasileiros, portugueses e argentinos não valem para os que vierem da ilha de Fidel e Raúl Castro. Seguida a média dos médicos cubanos em outros países, eles só embolsarão de 25% a 40% a que teriam direito, ou de R$ 2.500 a R$ 4.000. O resto vai para os cofres de Havana.

Pode um médico ganhar R$ 10 mil, e um outro, só R$ 2.500, pelo mesmo trabalho, as mesmas horas e o mesmo contratante? Há controvérsias legais. E há gritante injustiça moral, com o agravante de que os demais podem trazer as famílias, mas os cubanos, não. Para mantê-los sob as rédeas do regime?

E se dez, cem ou mil médicos cubanos pedirem asilo? O Brasil vai devolvê-los rapidinho para Havana num avião venezuelano, como fez com os dois boxeadores? Olha o escândalo!

O Planalto e o Ministério da Saúde alegam que os cubanos só vão prestar serviço e que Cuba mantém esse programa com dezenas de países, mas e daí? É na base de "todo mundo faz"? Trocar gente por petróleo combina com a Venezuela, não com o Brasil. Seria classificado como exploração de mão de obra.

Tente você contratar alguém em troca de moradia, alimentação e, em alguns casos, transporte, mas sem pagar salário direto e nem ao menos saber quanto a pessoa vai receber no fim do mês. No mínimo, desabaria uma denúncia de trabalho escravo nas suas costas.

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