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sábado, 10 de agosto de 2013

Produtividade para quê?

“O conceito de progresso, pretensamente livre de valores, cada 
vez mais característico do desenvolvimento da civilização e da 
cultura ocidentais desde o século
XIX, contém um valor bem 
determinado, que indica o princípio imanente do progresso sob o qual 
a sociedade industrial moderna se desenvolveu 
empiricamente. Seus elementos essenciais poderiam ser assim 
caracterizados: o mais alto valor consiste na produtividade, 
não somente no sentido de aumentar a produção de bens materiais, 
mas também no sentido de uma dominação universal da 
natureza. Surge a pergunta: produtividade para quê? 
A produtividade serve para satisfazer necessidades... Mas 
quando o conceito de necessidade engloba tanto a alimentação, 
roupa, moradia, quanto bombas, máquinas caça-níqueis e a 
destruição de produtos invendáveis, então podemos afirmar 
como certo que o conceito é tão desonesto quanto inútil para 
determinar o que seria uma produtividade legítima, e temos o 
direito de deixar em aberto a pergunta: produtividade para quê? 
Parece que a produtividade é cada vez mais um fim em si 
mesma, e a pergunta sobre sua utilização não só permanece em 
aberto, como é cada vez mais recalcada.” 

(Herbert Marcuse, “A Noção de Progresso à Luz da Psicanálise”)

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