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domingo, 30 de setembro de 2018

A maior manifestação popular desde as Diretas Já


Foi impressionante. Eu mal conseguia acreditar. Afinal, desde 1968 vou a manifestações na Cinelândia. A primeira foi a do estudante Edson Luís, morto no Calabouço. A última foi a de Marielle. Mas jamais vi nada parecido com a do #EleNão, acontecida ontem. Só comparável à das Diretas Já. Era literalmente uma massa humana comprimida, as pessoas sem espaço para mover, em toda a área da Cinelândia, ocupando a Rua Evaristo da Veiga e as outras transversais e descendo pela Avenida Rio Branco abaixo. Uma concentração alegre, festiva, entusiasmada, somando personalidades da política, de todos os partidos de esquerda e centro esquerda, professores, economistas, artistas (aqui representados pela combativa Lucélia Santos, na foto acima), jornalistas e militantes de todas as áreas. Ao som de blocos de carnaval de gente jovem e comprometida, trios elétricos, torcidas de times, movimentos vários com seus estandartes e as bandeiras, e gente de todas as idades. Senhoras idosas, cabecinhas brancas, ocupando as mesas da calçada do Amarelinho, como se estivessem assistindo de camarote, e todo mundo respeitava. Pais, mães e crianças, levadas nos ombros ou correndo entre as mesas dos bares repletos de gente. Os adesivos apareciam de repente e todos corriam para colá-los no peito. Os bordões se sucediam. Pequenas canções que as pessoas rapidamente aprendiam. E o grito de #LulaLivre de tempos em tempos. E os gritos de guerra “Fascistas, racistas, nazistas, não passarão!”. E dá-lhe #EleNão! Foi uma experiência importante e única, que ainda será muito lembrada.

E não se deu apenas na Cinelândia. Imagens chegavam da Washington Square, em Nova York, dos boulevards parisiense, de Dublin, de Berlim, de Estocolmo, de cidades norueguesas, dinamarquesas, da Itália, da Bélgica, do mundo inteiro. E as manifestações pelo Brasil. Se proibiram na capital, João Pessoa, o interior da Paraíba fez bonita. E esse passeio foi pelo Brasil inteiro. O interior de São Paulo impressionou com a quantidade de cidades que aderiu. No Rio de Janeiro a manifestação prosseguiu na Praça XV, com grande show. Quem comandou o palco foi Paula Lavigne, que levou até Gal Costa, numa programação maravilhosa. Corria o buxixo que Chico Buarque havia concordado em ir cantar para as mulheres. Eles iriam pirar! Mas a produção do palco alegou que eram só mulheres. Se eu fosse a produção lembraria que Chico Buarque foi o primeiro compositor que cantou a mulher do ponto de vista da mulher, falando das questões femininas, dando voz às cantoras brasileiras. Mas ninguém perguntou. Na próxima, tomara que o Chico de novo se anime.

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