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sexta-feira, 21 de junho de 2019

Para quem Bolsonaro está apontando essa arma?




Esse é o encontro da fé com o fascismo: uma arma na mão, um corpo – preto, LGBT, feminino, diferente – no chão e homens rindo e celebrando sua vitória. Todos uniformizados, levando o nome de Jesus no peito. É justamente para isso que o cristianismo fundamentalista interessa ao desgoverno bolsonarista: eliminar a possibilidade da existência da multiplicidade, do coletivo, da misericórdia, do amor, da justiça e da liberdade. É a aliança que faltava para a consolidação do projeto hegemônico/único/indivisível de sociedade.

Nós que crescemos no ambiente religioso sabemos que o que o fundamentalismo mais teme é a subversão do que eles definiram como “boa, perfeita e agradável vontade de Deus”. Fora de sua moral e seus costumes, tudo é passível de morte – simbólica e física. Excluem, demonizam, gritam “Comunista”, “gayzista”, “abortista”, “anticristo”.

Dizem que não há de se levantar outra bandeira, se não a de Jesus, a bandeira única que elimina e assassina outras vozes, outros contextos, outras histórias, mesmo sendo o próprio Jesus, na tradição bíblica, que trouxe a luz outras possiblidades de ver e viver a fé.


Se essa fosse uma marcha com Jesus, a quem ele iria de encontro?

A aliança cristofascista não é capaz de se conectar com a premissa do evangelho, mas é capaz de violentar em nome do evangelho. Jesus não os serve para a mutualidade, para a divisão e desapego material, para a misericórdia e para o encontro com o diferente. Jesus só os serve para um projeto de poder, opressão e morte. Não se deixem enganar. O cristofascismo veio para matar, roubar e destruir. A marcha para Jesus nada serve a Cristo, mas a tudo serve para Hernandes, Malafaias, Macedos, Bolsonaros…

Deixo com vocês as palavras do profeta Isaias:

“Grite alto, não se contenha! Levante a voz como trombeta. Anuncie ao meu povo a rebelião dele, e à comunidade de Jacó, os seus pecados. Pois dia a dia me procuram; parecem desejosos de conhecer os meus caminhos, como se fossem uma nação que faz o que é direito e que não abandonou os mandamentos do seu Deus. Pedem-me decisões justas e parecem desejosos de que Deus se aproxime deles. ‘Por que jejuamos’, dizem, ‘e não o viste? Por que nos humilhamos, e não reparaste? ’ Contudo, no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados.


Seu jejum termina em discussão e rixa, e em brigas de socos brutais. Vocês não podem jejuar como fazem hoje e esperar que a sua voz seja ouvida no alto.

Será esse o jejum que escolhi, que apenas um dia o homem se humilhe, incline a cabeça como o junco e se deite sobre pano de saco e cinzas? É isso que vocês chamam jejum, um dia aceitável ao Senhor? O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo? Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda. Aí sim, você clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou. “Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar; se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz despontará nas trevas, e a sua noite será como o meio-dia.
Isaías 58:1-10

Que Ruah tenha misericórdia de nós e nos use para pregar a liberdade e a pluralidade do amor de Deus para os que ainda estão presos nas garras do fundamentalismo.

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