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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Marcas de um tempo

Ícones: Jair Rodrigues, Nara Leão e Chico Buarque no Festival de 1966. Foto:Folhapress
MPB, Bossa Nova e Jovem Guarda: como a música popular brasileira se manifestou nos tempos da ditadura no País
É comum confundir-se música popular brasileira com MPB. A primeira é muito mais ampla. Inclui tudo que é composto e cantado no País. Como sigla, trata-se de um movimento dentro da música popular brasileira. Dessa forma, nem toda música popular brasileira é MPB, mas o oposto é verdadeiro. Foi na década de 1960 que esta última surgiu. Do ponto de vista burguês, a década não começara bem, pois a Revolução Cubana abalara a hegemonia capitalista no continente, apontando alternativa à ordem burguesa e ao alinhamento mecânico com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, se em 1960 Brasília foi inaugurada, ainda que inacabada, no ano seguinte a crise provocada pela renúncia de Jânio Quadros e o impedimento da posse de João Goulart arrefeceram esse ânimo e fizeram lembrar a instabilidade política, característica de nossa democracia. Um golpe havia sido evitado em 1954, com o suicídio de Getúlio Vargas, mas a crise de 1961 fortaleceu essa ideia, acelerando a gestação da ruptura institucional de 1964. Foi nesse momento, no início dos anos que antecederam a ação golpista de militares e da burguesia brasileira, que começou também a se constituir outro movimento na música brasileira, caracterizado exatamente por essas marcas do início da década.
MPB, Bossa Nova e Jovem Guarda
A MPB, desde cedo, procurou acompanhar as mudanças pelas quais o Brasil passava e suas composições registravam o que outros ritmos não faziam. Para que esse tipo de música aparecesse, a televisão foi indispensável. A TV Excelsior iniciou a “era dos festivais”, em 1965, quando colocou no palco, pela primeira vez, jovens que estavam produzindo músicas destoantes dos outros dois movimentos que até então dominavam o meio musical– —brasileiro: a Bossa Nova e a Jovem Guarda. Enquanto a primeira trazia uma música quase falada, intimista, cujo cenário inspirador era a zona sul carioca, a segunda guardava características dos jovens em áreas urbanas, com temas como festas, namoros etc.
A MPB, nesse sentido, rompeu com esse ideário ao incorporar temas sociais, políticos e apontar a necessidade de outro mundo, a começar por outro Brasil. Enquanto a MPB preocupava-se em refletir sobre questões de ordem político-social, a Jovem Guarda, influenciada pelos The Beatles – daí outra denominação para esse movimento, o iê-iê-iê, em referência ao Yeah! Yeah! Yeah! do grupo inglês – guardava em suas letras referências do cotidiano de um jovem, vivendo no espaço urbano e alienado dos acontecimentos pelos quais passavam o país e o mundo. Daí a menção às festas, namoros, carros, pequenos dramas e picuinhas típicas de quem tinha num pequeno romance o maior problema a ser encarado em sua vida.
Em relação à Bossa Nova, a MPB avançou para temas em que as letras até então não tratavam. De 1964 a 1968, o meio musical foi vigiado, porém, pouco admoestado pela ditadura. Os olhares estavam voltados a políticos e órgãos de imprensa. A Bossa Nova, não obstante a qualidade de seus autores e composições, teve como “matéria-prima” a paisagem urbana e temas secundários em relação à efervescência política da época. Se ela “é sal, é sol, é sul”, o que apareceu em -suas letras foram: a praia, o mar, O Barquinho, a Garota de Ipanema e assim por diante.
Ditadura, música e resistência
Os festivais de música nos anos 1960 trouxeram essa característica: juntar jovens compositores e cantores que tinham na música uma tomada de posição política. Na plateia, outros jovens, universitários e de classe média se posicionavam criticamente diante do júri, que fazia a classificação dos finalistas. É nesse sentido que em 1967, por exemplo, Roberto Carlos participa do III Festival da Record e não canta música da Jovem Guarda, mas de MPB. A música Maria, Carnaval e Cinzas, de Luiz Carlos Paraná, fala da mortalidade infantil e a desigualdade social.
A TV Excelsior, por causa do posicionamento político de seu proprietário, foi perseguida, e começou a definhar a partir do golpe de 1964, sendo definitivamente cassada no governo Médici. Enquanto isso, assistiu a suas concorrentes, a Record e a Globo, açambarcarem tudo que tinha feito até então. É por conta dessa perseguição, inclusive, que nos referimos aos “festivais da Record”, esquecendo o pioneirismo do canal 9 de São Paulo. A Globo, que iniciou suas atividades em abril de 1965, foi ocupando o espaço antes da Excelsior, inclusive com a contratação de artistas oriundos da antecessora.
Em novembro de 1968, foi criado o Conselho Superior de Censura, e, logo depois, com o Ato Institucional nº 5 (AI 5) do presidente Costa e Silva, foi instituída a censura prévia à música. Digladiando com o aparato repressor, enquanto esse último insistia no esquecimento de temas perturbadores da ordem, a música tratava de lembrá-los.
O campo da memória foi palco de disputas, e os palcos onde os músicos se apresentavam constituíram-se em campos de luta.
Lembrando o verso de Taiguara na epígrafe, e fazendo uma apropriação, a MPB traz em seu corpo as marcas do seu tempo. Tempo esse que a influenciaria para além de versos rebeldes, pois a música, num período de exceção, pode tornar-se uma tomada de posição, daí a censura, e as prisões de cantores e compositores.
Assim como a história, a memória histórica é construída socialmente, e, naquele momento, tentava-se constituir uma memória segundo os interesses das frações de classe, senão de toda classe burguesa, representadas num Estado autoritário e repressor. Manipulada a memória, a dominação de classes ficaria facilitada.
O que sobrevive, em termos de vestígios históricos, ou fontes, não é absolutamente tudo aquilo que existiu ou foi produzido no passado, mas o resultado de escolhas operadas pelas forças em conflito. Ainda que os historiadores efetuem suas escolhas, é necessário que nesse campo dos registros, onde as lutas de classes também ocorrem, os oprimidos deixem suas marcas, daí a importância das músicas e de seus autores, que expuseram de que lado estavam nessa arena.
Ainda que pareça uma batalha perdida, a guerra continuava para além dos festivais. Consolidados na música popular brasileira com uma obra que refletia as marcas de sua época, os cantores/compositores ganharam vida própria, aproveitaram a “estadia” no exterior para lançar internacionalmente suas músicas e carreiras, e, quando voltaram, continuaram a difícil tarefa de gravar suas impressões acerca daquele mundo e dos seus valores.
Talvez toda música devesse embutir essa missão, mas o fato é que, naqueles anos, no Brasil, a MPB se encarregou disso, e, após o golpe militar, as referências à ditadura, à desigualdade social e a temas de apelo popular, como reforma agrária, mortalidade infantil entre outros, apareceram em suas- letras e mesmo nos seus arranjos, ora de forma explícita, ora de maneira velada, por meio de metáforas que foram tão bem trabalhadas pelos compositores.
Com o AI 5, no entanto, os festivais de música definharam. Após a sexta-feira 13 de dezembro de 1968, censura, proibições e exílio tiraram desses palcos todos os que faziam da música um ato político, uma tomada de partido, restando aqueles que, se não defendiam explicitamente o regime, pelo menos não se comprometiam com uma mudança por meio de sua arte.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Para pensar

Florestan Fernandes acreditava que a educação deveria ser, para os alunos, uma experiência transformadora que desenvolvesse a criatividade, dando condições de se libertar da opressão social.
Mas, para isso, a escola deveria deixar de reproduzir os mecanismos de dominação de classe da sociedade. Você já se analisou sob esse ângulo? Será também que, vez ou outra, já não confundiu a legítima autoridade do professor com autoritarismo?

Marxismo

Doutrina filosófica, econômica, política e social formulada pelos filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels (1820-1895) entre 1848 e 1867.
Tem como fontes principais o idealismo de Friedrich Hegel (1770-1831), o materialismo filosófico francês do século XVIII e a economia política inglesa do começo do século XIX. Segundo o marxismo, a característica central de qualquer sociedade está no modo de produção (escravista, feudal ou capitalista), que varia com a história e determina as relações sociais. Com o processo produtivo, os homens criam as próprias condições de sua existência. A história seria, então, o resultado das lutas entre os interesses das diferentes classes sociais. Esse conflito só desapareceria com a instalação da sociedade comunista, concebida como igualitária e justa. Nela, o Estado é abolido, não há divisão social nem exploração do trabalho humano, e cada indivíduo contribui de acordo com sua capacidade e recebe segundo sua necessidade.
Para o marxismo, o capitalismo é um sistema no qual a burguesia concentra o capital e os meios de produção (instalação, máquina e matéria-prima) e explora o trabalho do proletariado, mantendo-o numa situação de pobreza e alienação. Por estar baseado nessa característica contraditória, a de explorar seu próprio alicerce - a classe trabalhadora -, o sistema prepara o caminho para sua própria destruição. O capitalismo levaria a luta de classes a um ponto crítico, em que o proletariado, privado de sua liberdade por meio da contínua exploração, acabaria por se unir. A derrota da burguesia coincidiria com a instalação do comunismo.

O Tempo Não Pára

(Cazuza/Arnaldo Brandão)


Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou o cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha no palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

terça-feira, 12 de julho de 2011

Simulação do real.

Reflexão...
O mundo contemporâneo, apresenta um cenário conflitante em se tratando das representações sociais. Nos últimos tempos, temos vistos um distanciamento nas relações pessoais. Sabemos que existe vários fatores, mas vejo a violência como um dos principais.
É notório que a tecnologia vem moldando a forma de relacionar das pessoas. Essas ferramentas facilitadoras, muitas vezes nos tiram a emoção da ação, nos tira a oportunidade do toque, do olhar. Percebo que vivemos a era do descartável. Se descarta tudo.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Liberdade

Transitando na net, achei o texto abaixo em um outro blog e adorei. Muito apropriado!
Não estou em fase de calar as mágoas. Quero mais é gritá-las para o mundo.

"Um dia você aprende que chorar não resolve, mas ajuda.
E aprende também que quem te merece, não te faz chorar.
Pode demorar, mas você aprende.
Aprende a se colocar em primeiro lugar, e que isso não é egoismo nenhum.
Aliás, o que não mata, com certeza, fortalece.
E essa história de que é melhor acordar arrependido do que dormir com vontade é mentira!
Vontades efêmeras não valem a pena. Vontade passa, arrependimento fica. Perdoar é nobre, esquecer nem sempre é possível.
Nem todo mundo é tão legal assim, e de perto ninguém é normal.
Quem te considera, não apronta com você, quem gosta, cuida, e o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente.
Não é preciso perder para aprender a dar valor, não precisa ser assim.
Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida e o que nunca deveria ter entrado nela.
Amigos se contam nos dedos.
Gente de verdade tá em extinção.
Você está em extinção.
Só existe um de você no mundo, preserve-se.
Você é automaticamente raro.
Não se desperdice por pouca coisa.
Saiba que, pra qualquer escolha, segue uma consequência.
Assuma os riscos, aceite isso.
Às vezes mudar é preciso e nem tudo é do jeito que você quer.
Falar pouco é uma virtude.
Pouco, não precisa ser um túmulo. Não precisa falar tudo também, mas, em tudo, nunca esqueça de ser sincero, principalmente com você mesmo.
Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar o passado, nem precisa.
O tempo sempre foi e vai ser o melhor remédio.
Acho bem que a vida são momentos e as lembranças que eles deixam.
Às vezes, e isso é bastante raro de acontecer, certas pessoas aparecem e parecem mudar tudo de lugar. Segure firme, e pode voar, mas mantenha os pés no chão, por segurança.
Por fim, acredite, só assim o que é impossível se torna possível."