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sábado, 28 de julho de 2012

A História do Brasil por Bóris Fausto


Série narrada pelo historiador Bóris Fausto e que, por meio de documentos e imagens de arquivo, traça um panorama político, social e econômico do País, desde os tempos coloniais até os dias atuais. A série é composta, ainda de entrevista com algumas personalidade que ajudaram a escrever essa história.




sábado, 21 de julho de 2012

Espiões da ditadura não acabaram


Um dos principais nomes da Igreja Católica na luta contra o regime militar e ex-assessor da Presidência diz que tem certeza que o MST está entre os alvos dos militares hoje

“É muita ingenuidade nossa pensar que tudo acabou”. A frase é do escritor Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, um dos principais nomes da Igreja Católica brasileira na resistência à ditadura militar (1964-1985). Preso entre 1969 e 1974, acusado de integrar a Ação Popular ao lado do guerrilheiro Carlos Marighella, Frei Betto está convencido de que os militares ainda agem nos bastidores do Planalto espionando as mais altas autoridades do país, inclusive a Presidência da República.
Em entrevista ao iG, Frei Betto, que foi assessor especial da Presidência no primeiro governo Lula, disse ter alertado o então chefe de gabinete Gilberto Carvalho sobre a possibilidade de escutas telefônicas no Palácio do Planalto. “Estou convencido de que isso existe até hoje. Não que eles (militares) estejam me seguindo ou espionando. Mas tenho certeza que o MST e até a Presidência da República, sim”, afirmou.


Frei Betto, que trabalhou na Presidência, está convencido de que os militares agem nos bastidores do Planalto


iG – Como era a atuação da Igreja na proteção dos perseguidos pela repressão? Registros mostram que até bispos de direita como d. Eugênio Sales ajudavam a esconder alvos da ditadura.
Frei Betto – A minha pergunta é por que o d. Eugênio (morto no último dia 9, aos 91 anos) fez isso para estrangeiros e não fez para brasileiros? Essa é a minha pergunta.
iG – Existia uma rede de solidariedade na Igreja, uma rota de fuga com conexões no exterior?
FB – Meu trabalho principal foi organizar essa rota de fuga. Mandei umas 10 pessoas. Em geral, sequestradores do embaixador americano (Charles Elbrick). Ninguém acredita, a repressão muito menos, mas a verdade é que eu nunca fui na fronteira. No entanto, eu dominava o esquema da fronteira porque o (Carlos) Marighella tinha me passado como funcionava. Só tinha que receber as pessoas em Porto Alegre e dar a dica. Tinha duas passagens. Uma em Santana do Livramento com Rivera, no Uruguai, e outra em Passo de Los Libres, na Argentina. Então eu tinha que dar as coordenadas e passar um telegrama em código para a pessoa que ia ficar lá esperando e já sabia que alguém ia chegar lá com uma revista na mão, aquelas coisas. E passava. Alguns voltaram. Outros foram presos no Uruguai, Mas havia muita solidariedade em igrejas, conventos etc.

iG – Protestantes e outros grupos religiosos participavam dessa rede de solidariedade?
FB – Muito. O pastor Jamie Wright, por exemplo. O irmão dele foi assassinado, Paulo Wright, líder da AP (Ação Popular). Geralmente em Igrejas históricas como a Batista, Luterana, Presbiteriana, Metodista, judeus. Naquela época quase não existiam as neopentecostais. E todos eles divididos a exemplo da Igreja Católica.

iG – Como era lidar com os infiltrados?
FB – Era muito difícil. Quando estávamos presos no Dops, em 1969, havia lá o delegado Alcides Cintra Bueno que era chamado “delegado do culto” por ser especializado em religiões. Era um homem de formação católica meio carola, mas torturador. Como ele conhecia muito a mecânica das Igrejas era o que mais interrogava religiosos. Nós vimos frades de hábito que eram agentes dele e iam lá dar informação sobre subversão na Igreja. Além do Lenildo Tabosa que era do Jornal da Tarde, assistiu ao interrogatório do Frei Fernando e a vida inteira carregou esta cruz fazendo de tudo para negar. Mas nunca conseguiu convencer, Fernando viu.

iG – Até descobrirem a existência de infiltrados muitas pessoas caíram?
FB – Sim. Era muito difícil descobrir infiltrados. Muitos a gente detectou, mas tem gente que colaborou com a ditadura e vai morrer incólume. A não ser que tenha dado uma mancada. Tem um seminarista dominicano que a gente não sabe se ele já era colaborador quando entrou. Depois, na USP, descobriram que ele era agente da repressão. Ele sumiu do mapa durante uns cinco anos e então recebemos informação de que ele tinha sido levado para um treinamento na escola da CIA no Panamá. Quando eu saí da prisão ele reapareceu todo amiguinho dizendo que estava com saudade e falei para ele, cara a cara, “não sei se você é ou não é, mas não tenho a menor confiança em você e por favor não me apareça mais”.

iG – Essa paranoia durou até depois do fim da ditadura, não?
FB – Quando saí da prisão fui morar numa favela em Vitória e fiquei lá de 1974 a 1979. Já em 1977 comecei a voltar a São Paulo para trabalhar com educação popular. Quando Fernando Henrique, Almino Afonso e Plínio de Arruda Sampaio voltaram para o Brasil eles vieram com a ideia de fundar um partido socialista. Eu, naquele momento, estava no auge da mobilização pelas CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e eles me convocaram para uma reunião na casa de um jornalista, cujo nome não vou citar pois estou subjetivamente convencido que esta pessoa era da repressão mas não tenho prova. Sei que me estranhou o fato de ele ser um repórter e ter um padrão de vida tão alto. E tome vinho, tome vinho, conversamos, eles tentavam me convencer que tinham a forma, um partido socialista, e eu entrava com a massa, as CEBs. Eu respondi que ia surgir um partido de baixo para cima, isso em 1978, por intuição, e depois surgiu o PT em 1980. Marcamos outra conversa, o jornalista insistiu para que fosse novamente na casa dele e isso acabou num impasse. Até que um frade daqui, depois de muitos anos, me perguntou se eu havia participado de uma reunião na casa de fulano, com Fernando Henrique (Cardoso, ex-presidente) e Plínio (de Arruda Sampaio) etc. Perguntei como ele sabia daquilo e o frade respondeu que um general amigo dele ligado ao SNI foi quem contou. Aí caiu a ficha. Tinha muito esse tipo de coisa. Recentemente peguei no arquivo público nacional todo meu dossiê. Ele vai até 1992. E tem coisas absolutamente inverossímeis.

iG – O senhor ainda toma algum cuidado especial?
FB - Estou convencido de que isso existe até hoje. Não que eles (militares) estejam me seguindo ou espionando. Mas tenho certeza que o MST e até a Presidência da República, sim. Seria muita ingenuidade nossa achar que o Planalto não é espionado. É o centro, o coração do poder. Quando trabalhei no Planalto (no primeiro governo Lula) duas coisas me chamaram atenção. Primeiro que todos os garçons eram das Forças Armadas. E o garçom é a pessoa que entra no meio da reunião, que enquanto está servindo o cafezinho fica escutando tudo, fica amigo das secretárias, tem trânsito livre até na sala do presidente. Não entra o ministro, mas entra o garçom. E outra coisa foi num dia em que o Lula estava viajando, subi na sala do Gilberto Carvalho (então chefe de gabinete da Presidência) e vi um pessoal na sala do Lula cheio de equipamentos. Perguntei o que era aquilo e o Gilberto disse que era o pessoal da varredura do Exército. Eu perguntei para o Gilberto qual a garantia de que eles não tiram um equipamento de gravação e colocam outro. Gilberto disse que nunca tinha pensado nisso.

iG – Mas seriam os militares?
FB – Sim. Os militares.
iG – Com qual objetivo?
FB – O objetivo é simples. Informação é poder.
iG – O que se sabe é que existe uma grande rede de espionagem em Brasília mas por razões econômicas, chantagem etc.
FB – Os militares neste ponto são mais... é como nos EUA. A CIA não prende ninguém. Ela só trabalha com informação. Quem prende é o FBI. É muita ingenuidade nossa pensar que tudo acabou.
iG – Os militares teriam um projeto de retomar o poder?
FB – Não. Eles têm o projeto de não serem surpreendidos e eventualmente até de manipular.
iG – Eles são movidos pelo medo?
FB – Não. É uma questão de inteligência militar mesmo.
Gisele Silva
Via IG

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Feliz Dia do Amigo


Amigo, como escreveu Vinicius de Moraes, ´"um ser que a vida não explica". E hoje como dia especial, daquelas pessoas que fazem parte da nossa vida, compartilho essa música.
Parabéns, amigos(a)



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Eu sei, mas não devia - Marina Colassanti



Ah, o comodismo... Tão arraigado em nossas veias, tão necessário pra manutenção da sociedade moderna, tão prejudicial aos nossos sonhos..

Esse texto de Marina Colassanti é aquele pra gente colocar num quadrinho e ler todos os dias, como se fosse uma oração, pra modo de não esquecermos que sempre podemos ser e fazer mais...

Eu sei, mas não devia - Marina Colassanti (1972)


A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)

Marina Colasanti
 nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.


Vi no http://patriciapirota.blogspot.com.br
Fonte: releitura.com

sábado, 14 de julho de 2012

"Despejo na Favela"

Adoniran Barbosa retrata um tema bastante atual, que vem acontecendo pelo país, em especial nos grandes centros urbanos. A expulsão da população pobre para as periferias visando projetos urbanísticos de "embelezamento" das cidades.  






sexta-feira, 13 de julho de 2012

Dia do Rock


O blog está de aniversário! Parabéns para nós!



Meus queridos!!! Puxe uma cadeira, sente-se à mesa e vamos comemorar 1 ano de vida do blog (bebida por conta da casa rs). Feliz com as visitas e com as participações dos amigos-leitores. Enfim, ao amigos que conheço, aos amigos que não conheço, mas sei que passam por aqui, muito obrigado. Parabéns para o nosso lugar de encontro. 



quinta-feira, 12 de julho de 2012

Documentário sobre Paulo Freire

A história da escola de formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)

Dentro dos princípios filosóficos do MST a educação - chamada de Educação de Classe - é um dos itens principais (junto com transformação social, cooperação, valorização e formação do individuo e formação da sociedade por meio de valores humanista e socialista). 




quarta-feira, 11 de julho de 2012

O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes

Queda do muro de Berlim, Revolução industrial, Fundação do partido Comunista, Crise de 29, Os levantes militares, Revolução de 30, ANL, DIP, AI-5, dentre outro fatos históricos que influenciaram a trajetória de vida de Luiz Carlos Prestes e suas contribuições para a formação da política nacional. São questões abordadas no documentário . Enfim, quem quiser dar uma "clareada"  uma aula de História do Brasil.


Parlamento cassa Demóstenes Cachoeira

Pela segunda vez na historia do Brasil, o parlamento cassa mais um senador. Veja o placar da cassação do ex-lider do DEM Demóstenes Torres Cachoeiras e seus agregados.



terça-feira, 10 de julho de 2012

Nostalgia


Em alguns momentos, nada melhor que ouvir algumas músicas que nos trazem boas lembranças (:





segunda-feira, 9 de julho de 2012

Religião goela abaixo: da arbitrariedade da formação das crianças





Além de serem postas no mundo sem serem consultadas, ou seja, de nascerem não por vontade própria, mas pelo capricho ou pelo deslize dos seus pais, as crianças ainda são obrigadas a aceitarem, goela abaixo, sem chance de reação, as crendices, as convicções, as idiossincrasias, os preconceitos, os delírios e as neuroses daqueles que arbitrariamente lhes deram a existência. Por meio da educação familiar as inocentes e indefesas crianças são obrigadas a se tornarem aquilo que os seus pais são e acreditarem no que estes acreditam, a serem imagem e semelhança dos seus genitores. Filhos de pais religiosos são condicionados a também serem religiosos como os seus pais, caso contrário terão sua puberdade e adolescência estragadas por conflitos absurdos e estúpidos. No Afeganistão as crianças são obrigadas a serem muçulmanas, no Brasil, cristãs, com todas as implicações morais e psicológicas dessas denominações.




A imagem abaixo reproduz com muito bom humor a arbitrariedade à qual as crianças são submetidas durante o seu processo de adestramento educacional numa sociedade que ainda crê em divindade, livros sagrados e messias:

1932: a revanche oligárquica

Por Augusto C. Buonicore
Artigo publicado no Portal Vermelho em 20 de dezembro de 2003


"O nosso movimento é do Brasil. Católico, disciplinado e forte, contra a anarquia em que queriam que vivêssemos. Uma luta de Jesus contra Lenine". (Ibrahim Nobre. "Tribuno do Movimento Constitucionalista", em 12 de julho de 1932)


Os antecedentes da revolta

A revolução de 1930 foi um dos acontecimentos mais importantes da nossa história recente. A derrubada das velhas oligarquias, ligadas ao financiamento, produção e exportação do café, e do regime que lhes dava sustentação, criou melhores condições para o desenvolvimento do capitalismo brasileiro. Abriu caminho para a diversificação da economia e o impulsionamento da indústria moderna. Embora esse desenvolvimento mantivesse intacta e estrutura fundiária baseada no latifúndio e não rompesse substancialmente com a dependência externa, apenas recolocando-a sob novos termos.

O novo governo revolucionário, dirigido por Vargas, procurou, desde o início, construir uma base social que lhe permitisse resistir aos setores das oligarquias desalojadas do poder. Implantou-se assim uma política bifronte assentada, de um lado, na concessão de direitos sociais e, de outro, na repressão às organizações operárias autônomas. A política de concessões receberia duras críticas do conjunto das classes proprietárias brasileiras.

O movimento armado de 1930 foi recebido com euforia pelo povo paulista, especialmente pelas classes médias e o proletariado. Uma multidão eufórica depredou as redações dos jornais governistas, como o São Paulo Jornal e o Correio Paulistano. Existia uma forte oposição ao Partido Republicano Paulista no Estado. Esta oposição era encabeçada pelo Partido Democrático (PD), uma dissidência oligárquica, que tinha influência sobre as classes médias e que até então tinha tido seu acesso ao poder interditado pelas fraudes eleitorais típicas da República Velha. O PD apoiou a revolução e chegou a tomar o poder na capital paulista, permanecendo ali por 40 dias.

Mas Vargas e os tenentes revolucionários desconfiavam das elites políticas paulistas, inclusive do PD. Por isso, para a interventoria foi indicado o tenente João Alberto, que não era paulista. O novo interventor, sob forte oposição dos grupos oligárquicos, buscou apoio junto ao proletariado paulista, agravando a desconfiança dos setores conservadores. Num ato inusitado, chegou a autorizar o funcionamento do Partido Comunista do Brasil. Embora as três pessoas autorizadas não fossem mais militantes do referido partido por haverem composto uma dissidência de caráter trotskista. O objetivo dos tenentes não era, como acusavam seus críticos conservadores, incentivar a luta de classes. Pelo contrário, eles pretendiam, sim, através de medidas sociais e de melhorias salariais, "conciliar patrões e operários, harmonizando-os para uma obra de paz e prosperidade nacional".

Excluído do poder, em abril de 1931, o Partido Democrático (PD) rompeu com o governo e lançou a denúncia de que São Paulo era um território militarmente ocupado e exigiu a indicação de interventor civil e paulista (e preferencialmente do PD). A resposta governista foi o fechamento da sede do Partido, do Diário Nacional e a prisão do chefe da polícia ligado ao PD, Vicente Rao. No final do mês, os "democráticos" tentaram organizar um levante armado que foi desmantelado. Mais de 200 revoltosos foram presos. A situação se agravou. A chefia da Força Pública foi assumida pelo tenente Miguel Costa - ex-comandante da Coluna e chefe da Legião Revolucionária de São Paulo - e a da II Região Militar, pelo General Góes Monteiro.

Tentando evitar novos confrontos, Vargas cedeu à pressão e substituiu Miguel Costa por Plínio Barreto, com aval dos "democráticos". Os tenentes se agitaram, pois o indicado havia caluniado a revolta de 1922, acusando os revoltosos de "bandidos". O tenente Miguel Costa organizou então um levante na Força Pública que impediu a posse do novo interventor. Vargas indicou um outro interventor paulista e civil, Lauro Camargo. Este, como os anteriores, ficou pouco tempo no cargo. Renunciou em poucos meses devido a desavenças com os tenentes. Em seu lugar assumiu um aliado dos tenentes, o comandante da II Região Militar, general Manuel Rabelo.

Dia 25 de janeiro de 1932 realizou-se um grande comício na Praça de Sé no qual foi lançada a palavra de ordem "Luta pela Constituinte". Um novo comício monstro realizou-se em 24 de fevereiro. As oligarquias iniciaram um processo de unificação em nível nacional. Em São Paulo o Partido Republicano e o Democrático, inimigos históricos, se unificaram na "Frente Única Paulista". Em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul formaram-se frentes únicas contra o governo federal. As bandeiras que os unificavam foram a volta do federalismo e a necessidade de se convocar uma Assembléia Nacional Constituinte.

No dia 23 de fevereiro de 1932, visando tirar a bandeira de "constitucionalização" das mãos das oposições oligárquicas, Vargas promulgou o novo código eleitoral, estabelecendo o voto feminino e secreto, e anunciou a convocação de uma Assembléia Constituinte. Em 13 de maio nomeou uma comissão de "notáveis" para elaborar um anteprojeto de Constituição e marcou a eleição para 3 de maio de 1933. Foi decretado também o fim da censura à imprensa.

Em 2 de março o presidente já havia feito uma outra concessão importante e nomeado um interventor civil, paulista e ligado aos grupos políticos regionais, Pedro de Toledo. Pensou, assim, deter a maré contra-revolucionária, mas cada concessão presidencial aumentava ainda mais a ousadia de seus adversários. A Frente Única exigia agora a renúncia do governo Vargas e a volta do antigo regime.

O movimento operário e o levante constitucionalista

Apesar da sua ausência na história oficial o movimento operário teve um importante papel na configuração do conflito que opôs as elites de São Paulo e o governo central. Entre janeiro e maio de 1932 a cidade de São Paulo foi atingida por uma onda grevista não vista desde 1917. O movimento de contestação operária atingiu seu clímax em maio. No dia 2 paralisaram os ferroviários, seguiu-se a greve dos sapateiros, vidreiros. No dia 11, a greve atingiu as indústrias têxteis, e depois se estendeu para os padeiros, empregados de hotéis e da indústria de fumo, além de inúmeras outras fábricas isoladas.

Mais de 100 mil operários paralisaram suas atividades naqueles dias. O conflito durou mais de um mês. Visando neutralizar esse movimento, e a crescente influência anarquista e comunista, o governo federal sancionou várias leis trabalhistas. Em 4 de maio instituiu a lei das oito horas para a indústria; no dia 12, criou as Comissões Mistas de Conciliação; no dia 17, regulamentou o trabalho de mulheres na indústria e no comércio. Os empresários de São Paulo consideraram estas medidas como concessões inaceitáveis aos grevistas e exigiram a sua revogação.

A Fiesp solicitou que se "sustasse provisoriamente em São Paulo a execução das leis sociais desse Ministério [do Trabalho] (...). Modificações dessa ordem podem ser feitas com sucesso em quadras normais, mas apresentam perigos cuja extensão V. Exa. poderá imaginar em quadras como a atual, de inquietações e desconfianças. Acedendo ao nosso pedido, haverá V. Exa. contribuído fortemente para a debelação da crise política e social". Em resposta afirmou o ministro: "Assegurando-se esses direitos desaparecerá o mal-estar reinante". Não conseguindo os seus objetivos os industriais paulistas passaram a reforçar a frente oposicionista oligárquica.

O discurso anticomunista foi marca da oposição liberal paulista. Ela procurou sempre vincular o novo regime, instaurado no pós-30, com o crescimento do movimento operário e comunista. No inicio do conflito armado, o presidente do Instituto do Café afirmou: "Lavradores! Os desmandos da ditadura (...) são as melhores armas de que se servem os aventureiros internacionais, desejosos de implantar na terra acolhedora de Santa Cruz os horrores do comunismo". (Diário Nacional, 12/7/1932) O arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva, não ficou atrás, afirmando: "A erva daninha do comunismo, trouxe-a para São Paulo a mochila de certos próceres de 1930".

A própria greve se de um lado aguçou o espírito oposicionista das oligarquias, por outro, retardou os preparativos bélicos, como podemos notar nesta carta do líder democrático paulista, J. A Marrey, a Francisco Morato: "Devemos evitar a luta armada por todos os meios, sobretudo agora que se encontram em greve dezenas de milhares de operários. Pressinto a queda de nosso Partido. (...) ele deverá saber mover-se habilmente dentro da situação".

No auge da greve, em 14 de maio de 1932, o jornal O Estado de S. Paulo, que havia sido oposição ao Partido Republicano Paulista, estampou em suas páginas: "O Brasil só se salvará se houver união entre seus filhos, entre os vencedores e vencidos da Revolução que ainda não se transviaram para a loucura bolchevique. Pouco importa, ao menos para nós, que, passada a tormenta e salvo o Brasil, o poder vá para as mãos dos políticos de antanho. O que cumpre, do mais humilde cidadão ao chefe do Governo, é salvar o Brasil da anarquia". A volta ao passado era melhor do que a insegurança criada pelo avanço da luta social.

A revolução constitucionalista

Nos dias 22 e 23 de maio uma multidão, insuflada pela imprensa e por políticos paulistas, depredou a sede do Partido Popular Progressista e o jornal A Razão, ligados aos tenentes. Em seguida um grupo de estudantes tentou depredar a sede da Legião Revolucionária de Miguel Costa. No conflito morreram quatro manifestantes: Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo. Com as iniciais dos quatro nomes (MMDC) formou-se um movimento radical anti-Vargas, defensor da luta armada contra o novo regime.

Em 23 de maio, aproveitando-se da comoção popular a Frente Única Paulista deu um golpe e assumiu o poder no Estado, mantendo Pedro de Toledo no governo. Todo secretariado passou a ser composto pelos grupos oposicionistas. As oligarquias haviam retomado o poder em São Paulo. Vargas novamente recuou e não tomou nenhuma providência pensando assim reduzir a crise e evitar o conflito armado. De nada adiantou.

Após a tomada do poder pela Frente Única paulista, aumentou a repressão ao movimento grevista em curso. No mesmo dia a polícia invadiu o Sindicato dos padeiros e prendeu duzentos grevistas. A assembléia do Comitê de Greve foi invadida e a maioria dos seus dirigentes presa. Entre eles estavam Leôncio Basbaum, Roberto Morena, Grazini e Caetano Machado, todos dirigentes do PCB; e Righetti, líder dos trabalhadores gráficos ligado aos tenentes. A greve de maio seria esmagada pela repressão. A repressão que se seguiria enfraqueceu bastante o PCB no Estado.

O Diário Nacional, ligado aos "democráticos" regozijou-se do papel repressivo do novo governo paulista. Afirmou o jornal: "São Paulo inteiro não ignora que foi à sombra da Ditadura que as doutrinas extremistas encontraram campo de expansão (...). Em 23 de maio, depois que o povo paulista conquistou na praça pública (...) o seu próprio governo, essa situação modificou-se. Uma das principais providências tomadas (...) foi a organização de turma especializada para a repressão ao bolchevismo (...). Iniciou-se dali a campanha contra os estipendiados de Moscou. Que a colheita foi boa, prova-o a relação que abaixo publicamos, das prisões desde os últimos dias de maio" (em 14/9/1932).

As elites paulistas buscaram então forjar uma aliança político-militar com os dirigentes de Minas e Rio Grande do Sul com o objetivo de derrubar o governo. Formou-se um comando militar paulista da revolta tendo à frente os generais Isidoro Dias Lopes, Bertoldo Klinger e Euclides de Figueiredo.

No dia 9 de julho, confiantes na vitória, os generais paulistas iniciaram o movimento armado. No entanto, o interventor gaúcho recuou de sua posição e deu o seu apoio ao governo. Diante de um convite dos revoltosos os comandantes da Força Pública mineira afirmaram: "A vossa palavra tocou-nos profundamente o coração", mas "o que nós queremos acima de tudo é a ordem". Minas escolheu o caminho da negociação e abandonou seus aliados paulistas. As oligarquias de São Paulo ficaram isoladas num combate contra o poder central.

No início os paulistas acreditavam que o movimento seria "uma simples parada militar, mera marcha triunfal até o Rio de Janeiro". Miguel Costa e seus aliados foram presos e iniciou-se uma dura repressão contra todos os grupos partidários de Vargas e de esquerda, como comunistas e anarquistas. Mais de 1400 pessoas são presas durante o movimento.

O afastamento das classes populares, especialmente da classe operária, foi visível. No manifesto de apoio, lançado no dia seguinte do levante, das 28 entidades que assinaram apenas 4 eram de trabalhadores. Os grandes sindicatos operários não foram solidários com o levante de 1932, o instinto de classe lhes dizia que aquele movimento era contra os seus interesses. O esmagamento da greve geral de maio havia sido um bom exemplo disso.

A derrota militar das oligarquias

A luta durou três meses e foi bastante desfavorável aos paulistas, inferiorizados em armamento e em efetivos militares. As sucessivas derrotas e frustrações levaram a que ocorressem deserções nas tropas paulistas. Na retaguarda cresceu o descontentamento das classes populares submetidas a todo tipo de privações e bombardeios governistas, ocorrendo casos de saques. Em 2 de outubro o comandante da Força Pública de São Paulo, sem autorização dos demais comandantes, assinou o armistício e destituiu Pedro de Toledo. Justificando a rendição o seu comandante, Coronel Herculano de Carvalho, afirmou: "Aquilo já não era humano, já não era desprendimento; raiava à loucura. Um crime continuar a luta daquele modo". Fracassava assim a tentativa das oligarquias paulistas de reconquistar o poder político no Estado nacional brasileiro.

Vários combatentes de 1932 deram-se conta de que haviam sido utilizados pelas oligarquias. Um ano após o fim do conflito um Manifesto de ex-combatentes denunciava "os privilégios e regalias que galardoavam desigualmente os filhos da fortuna, guerreiros brancos da retaguarda, vistosos e luzidios, ostentando galões e proclamando bravuras imaginárias" e, concluía: "Nós somos aqueles que hoje estão convictos do embuste e da mistificação a que foram atirados pelo manobradores da política profissional, promotores de revoluções com o intuito de reconquista do poder perdido".

Apesar da desorganização do Partido Comunista e das entidades sindicais, existia ainda um medo insano da insurreição comunista em São Paulo. Uma das justificativas da rendição foi a de que "a ordem pública em São Paulo estava seriamente ameaçada por um grande surto comunista". Por sua vez, o general vitorioso, Góis Monteiro, afirmou: "Ordenei ao General Daltro Filho entrar, à frente de suas forças, na capital paulista, a fim de garantir a ordem pois havia ali muita confusão e grande desapontamento, além de levantes de caráter comunista". Naqueles dias tumultuados, o fantasma do comunismo parece que atormentava vencidos e vencedores e contra ele não tardaram a se unificar em 1935 e em 1937.

Augusto C. Buonicore é Historiador, membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, Secretário Geral da Fundação Maurício Grabois e responsável pelo Centro de Documentação e Memória (CDM)

1932: a guerra de 80 anos que ainda não acabou




NO 9 DE JULHO, SÃO PAULO COMEMORA OITO DÉCADAS DE SUA “REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA” CONTRA GETÚLIO VARGAS. UM MOVIMENTO QUE LULA DEFINIU COMO “GOLPE” E QUE JOSÉ SERRA, COMO GOVERNADOR, TENTOU RESGATAR. AFINAL, QUEM TEM RAZÃO?



Leonardo Attuch _247 – Eis algumas perguntas intrigantes para um forasteiro, como eu e milhões de brasileiros, que constrói sua vida em São Paulo:

1) Por que não há, na capital paulista, ao contrário das outras capitais metrópoles, uma única rua ou avenida que homenageie Getúlio Vargas?

2) Por que depois de Júlio Prestes, eleito presidente em 1930, mas não empossado, nenhum outro paulista conseguiu tal feito? (Jânio Quadros nasceu no Mato Grosso e Fernando Henrique Cardoso no Rio de Janeiro)

3) Por que na bandeira paulista há a inscrição “Non Ducor, Duco” (Não sou conduzido, conduzo)?

4) Por que a data mais importante de São Paulo, o Nove de Julho, celebra um movimento que poderia ter separado o estado do restante do País?

5) Afinal, a revolução constitucionalista de 1932 foi um movimento em defesa da democracia ou uma tentativa frustrada de golpe, arquitetada pelas oligarquias cafeeiras de São Paulo, que se sentiam ameaçadas pela Revolução de 1930?

Essas perguntas podem parecer distantes, mas, até hoje, ecoam na política brasileira.

Sim, estão mais presentes do que se imagina. Dias atrás, ao iniciar sua corrida pela prefeitura de São Paulo, José Serra não falou absolutamente nada sobre a cidade que pretende comandar. Tratou sua eventual vitória como uma batalha democrática a ser vencida. “O que acontecer em São Paulo é fundamental para o que vai acontecer no Brasil”, disse Serra. “O que está em jogo aqui é o futuro de um sistema democrático, republicano, que respeita as oposições, que respeita a democracia, que respeita a liberdade de imprensa. A nossa vitória aqui significa afirmar a luta democrática do povo brasileiro”.

O Brasil vive hoje sua plenitude democrática, nunca tantos se expressaram como agora, mas o discurso das oposições, frequentemente, trafega pela defesa de uma liberdade, que não está ameaçada. De todo modo, Serra se coloca como um dos heróis de 1932, que estão homenageados no Obelisco do Ibirapuera, porque se levantaram e pegaram em armas para enfrentar Getúlio Vargas.

São Paulo não gosta de Getúlio. E, de certa forma, também rejeita o chamado “lulismo”. Por quê? Certa vez, fiz essa pergunta ao economista Delfim Netto. E ele, com a fina ironia de sempre, respondeu: “Os paulistas nunca perdoaram o bem que Getúlio fez por São Paulo”.

Em 1959, Delfim Netto publicou um trabalho chamado “O problema do café no Brasil”, considerado um clássico da historiografia econômica. Delfim demonstrou que a economia cafeeira era intrinsicamente geradora de instabilidades cambiais. E quem começou a libertar o Brasil desses ciclos foi justamente Getúlio Vargas, ao impulsionar o processo de industrialização do País.

Se os paulistas rejeitam Getúlio e o “lulismo”, o ex-presidente também tem um caso mal resolvido com São Paulo. Depois de cumprir seus dois mandatos na presidência da República, Lula quer porque quer tomar a principal cidadela tucana no País. E sempre fez de Getúlio seu principal referencial – mesmo em imagens oficiais, como aquela em que sujou as mãos de petróleo. Se Fernando Henrique tomou posse prometendo enterrar a era Vargas, Lula tratou de resgatá-la.




Ao abordar o Nove de Julho de 1932, Lula tratou a data que os paulistas chamam de revolução como golpe. “Lamentavelmente, uma parte da elite brasileira, inclusive uma parte da elite intelectual, inconformada porque não conseguiu ganhar o golpe de 32... que chama de revolução, mas aquilo foi uma tentativa de golpe [...] não se conforma... [então] é muito triste, aqui em São Paulo a gente não encontra uma rua com o nome de Getúlio Vargas", disse o ex-presidente, em 2010, ao inaugurar um auditório do Sindicato dos Metalúrgicos em homenagem a Getúlio.




José Serra, naturalmente, pensa de forma oposta. Como governador de São Paulo, publicou, pela Imprensa Oficial, um livro do historiador Marco Antônio Villa – um dos maiores críticos do ex-presidente Lula – que resgata o movimento de 1932 e até mesmo um livreto em quadrinhos para distribuição nas escolas. Anos atrás, também publicou um artigo na Folha de S. Paulo sobre o Nove de Julho, onde se lê:

“A participação da juventude dava ao movimento um ar de esperança na construção de um país democrático. Mais uma vez, estava sendo jogada a sorte do Brasil. Após a independência e a República, o desafio era o compromisso intransigente e inegociável com a democracia.

Enganam-se os que imaginam que recordar 1932 é simplesmente remexer no velho baú da história. É muito mais que isso: é uma bela data da história do Brasil e de São Paulo. Seus sinônimos são a liberdade, o voto secreto, a eleição livre, a independência dos três Poderes, a Constituição.”

José Serra talvez não sonhe mais com a presidência. Talvez seja um Júlio Prestes redivivo, que não chegou lá por ter sido traído pelos mineiros (leia-se Aécio Neves). Afinal, muitos historiadores avaliam que a política do café com leite foi rompida porque os mineiros se aliaram aos gaúchos na Revolução de 1930. E, dois anos depois, teriam deixado os paulistas sozinhos no combate contra as forças getulistas.

Lula, que se vê como herdeiro de Getúlio, talvez volte em 2018, ou mesmo em 2014, caso Dilma decida não concorrer à reeleição. Se isso ocorrer, mesmo que em eleições livres, podem escrever: as forças de São Paulo, lideradas por nomes como Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, pegarão em armas para defender a ordem constitucional. Golpe ou revolução?

sábado, 7 de julho de 2012

A atual campanha de Fernando Haddad, à Prefeitura de São Paulo, tem tudo para ser a melhor campanha política do PT de todos os tempo

O Centenário do clássico mais famoso do Brasil - FLA X FLU

“Até hoje em todo o mundo não há um jogo que chegue aos pés do Fla-Flu. Que é cada vez mais empolgante. E cada jogo entre o Fluminense e o Flamengo parece ser o maior do século e será assim eternamente”. (Nelson Rodrigues)





Hoje o clássico mais charmoso do país, está completando 100 anos de espetáculo. Flamengo vai entrar em campo no clássico histórico de domingo contra o Fluminense prestando uma homenagem aos seus jogadores de 1912. Na partida que marca os 100 anos do Fla X Flu, serão estampados nas camisas de Vagner Love, Ibson e companhia os nomes dos atletas da época, como o goleiro Baena, o zagueiro Pindaro, o atacante Borgeth, entre outros.








sexta-feira, 6 de julho de 2012

Haddad lança campanha e alfineta Serra: "não temos medo do povo"




RENAN TRUFFI
Portal Terra 

O candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, cutucou nesta sexta-feira seu adversário José Serra (PSDB) no lançamento de sua campanha para as eleições municipais. Após caminhar da Praça do Patriarca até a Praça da Sé, no Centro de São Paulo, ele subiu em um caminhão de som, posicionado em frente à catedral, e criticou o fato do tucano ter optado por começar a campanha eleitoral dele no diretório municipal do partido.

"Não vamos deixar a rua até a vitória. Não vamos sair da praça até a vitória. Nosso principal adversário lançou sua campanha num recinto fechado. Nós não vamos para recinto fechado. Nós vamos para a rua falar com o povo para ganhar essa eleição. Nós não temos medo do povo. Nós queremos o povo conosco", afirmou.

Depois de falar com a militância, Haddad desceu do caminhão e conversou com os jornalistas. O candidato comentou o balanço de metas da prefeitura de São Paulo, que divulgou a quantidade de promessas cumpridas pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD-SP). De acordo com ele, Kassab merece nota 3,6.

"Na minha opinião, ele já se atribui nota 3,6 porque, no balanço de cumprimento de metas, ele disse que cumpriu 36% das promessas que fez. A cidade já fez um balanço dessa administração agora é olhar pra frente. Penso que quatro em cinco paulistanos querem uma mudança de rumo", disse




Vi no:O esquerdopata

O estilo mau-caráter de Serra de fazer política



Afirmou José Serra durante primeira caminhada: "Temos que entender que o que está em jogo aqui é o futuro de uma administração (municipal), mas também o futuro de um sistema democrático, republicano, que não malverse dinheiro público, que respeite as oposições, que respeite a liberdade de imprensa"

Pois é, Serra, assim como os demais tucanos corruptos, diz que respeita o sistema democrático, mas apoia o golpe no Paraguai. Serra fala em malversação de recursos públicos, mas se esquece que está envolvido juntamente com seus familiares- até o talo com a Privataria Tucana. Serra fala em respeitar as oposições mas não deixou a oposição na Câmara de São Paulo bem como o Estado de São Paulo instalar CPI contra seu governo corrupto. Serra fala em liberdade de imprensa, mas compra todos os meios de comunicação para falar bem de sua administração (veja, TV Globo, Folha, Estadão, Época foram todas compradas por Zé bolinha). Ah! Será que Serra prometeu ao povo que não vai mais renunciar?






O Cangaço - Grande Debate


O debate teve como ponto principal o livro Iconografia do Cangaço, organizado por Ricardo Albuquerque e que traz um conjunto de imagens da época em que o fenômeno do cangaço imperava pelos sertões nordestinos.








quinta-feira, 5 de julho de 2012

Vamos de Música!!



Carlos Drummond de Andrade é o homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty



O cenário é histórico e o evento já virou tradição: a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começa nesta quarta-feira (4) reunindo na cidade estrategicamente posicionada entre duas das principais capitais do país – Rio de Janeiro e São Paulo – escritores renomados nacionais e de vários países.

Uma sessão dupla na noite desta quarta-feira marca o início da extensa programação que vai até domingo (8). Em comemoração aos dez anos do evento, o escritor Luis Fernando Veríssimo falará sobre o valor da literatura, razão de ser da festa. Em seguida, o escritor e crítico Silviano Santiago e o poeta e filósofo Antonio Cícero fazem uma conferência sobre o autor homenageado da Flip 2012, Carlos Drummond de Andrade, que completaria 110 anos em outubro.

De acordo com o diretor-geral da Flip, Mauro Munhoz, a escolha do poeta brasileiro foi baseada em sua importância para a literatura nacional e sua contribuição para o tombamento da cidade do litoral sul fluminense como Patrimônio Histórico Nacional.

“A gente tomou a decisão de homenageá-lo por sua dimensão, por ter sido um escritor que atravessava fronteiras, podendo falar para o público especializado sem perder a conexão com o público em geral. Além disso, ele foi funcionário do Ministério da Cultura e trabalhou no órgão que antecedeu o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e o contato que estabeleceu com intelectuais nascidos em Paraty foi extremamente importante para que a cidade fosse tombada”, explicou.

Munhoz classificou a homenagem a Drummond como um “encontro feliz” entre cultura, literatura e questões do território.

Ao fazer um balanço de uma década desde a criação do festival, que cresce sem perder seu charme, o diretor-geral credita o sucesso ao equilíbrio entre tradição e inovação.

“A Flip se renova a cada ano, mas o formato mantém uma identidade muito forte. É como as casas do centro histórico de Paraty: não há duas iguais, mas o que fica é a sensação de conjunto e coerência entre todas elas”, enfatizou.

Entre os destaques internacionais desta edição estão Jennifer Egan, ganhadora do Prêmio Pulitzer de 2011 por A Visita Cruel do Tempo; Jonathan Franzen, vencedor do National Book Award por As Correções; Ian McEwan, que teve o livro Reparação transformado no filme Desejo e Reparação e o dramaturgo, contista e roteirista Hanif Kureishi, que tem alguns títulos publicados no Brasil, entre eles Intimidade.

Durante a edição comemorativa dos dez anos do festival, também serão lançados dois livros, editados pela inglesa Liz Calder, criadora da Flip, e um DVD. Os títulos literários são o Dez/Ten, composto por contos e ensaios de cinco escritores brasileiros, e o Paraty É uma Festa: 10 Anos de Flip, escrito por jornalistas associados à história do evento, como Zuenir Ventura e Humberto Werneck. Já o filme trará trechos de mesas-redondas ocorridas desde a edição de 2003.


Fonte: Agência Brasil

Corinthians - Conquista a América






Enfim, após 102 anos de espera, o bando de loucos comemora o inédito título da libertadores de 2012

Parabéns bando de loucos...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Hoje é meu Aniversário!!!

Olá, meus queridos leitores!! Hoje estou completando mais um ano de vida, e quero compartilhar essa felicidade com vocês. 



segunda-feira, 2 de julho de 2012

domingo, 1 de julho de 2012

Baile Perfumado



RESUMO

Homem de confiança de Padre Cícero, o fotógrafo árabe Benjamin Abrahão, parte de Juazeiro, no Ceará, nos anos 30, para levantar recursos e filmar Lampião e seu bando. Graças à sua habilidade para estabelecer contatos, Benjamim localiza o cangaceiro e registra o cotidiano do grupo.
O filme, no entanto, é proibido pela ditadura do governo de Getúlio Vargas, durante o Estado Novo.

CONTEXTO HISTÓRICO

A passagem para o século XX no Brasil é marcada pela abolição da escravatura e pela proclamação da República. Apenas um aparente avanço, já que a República foi proclamada por um golpe de Estado articulado pela aristocracia rural com apoio do exército. O negro, apesar de não ser mais escravo, permanece excluído na sociedade. Soma-se a esta estagnação, a manutenção do latifúndio monocultor como base econômica da República Velha.
Mudava apenas a forma. A República não era pública, e sim oligárquica.
A monarquia caiu porque se tornou obsoleta frente a algumas mudanças sócio-econômicas representadas pela vida urbana no Sudeste. Enquanto isso, no campo, o povo continuou vivendo em condições sub-humanas e excluído do processo político. O trabalhador rural permaneceu pobre e explorado e com as dificuldades econômicas da República Velha, a situação da população rural se agravou ainda mais produzindo uma série de movimentos populares.
Foi nesse contexto que no início do século XX, grupos armados chamados de cangaceiros começaram a atuar no sertão nordestino, constituindo o que o historiador Eric Hobsbawm chamou de banditismo social. Eram homens pobres e destemidos que atacavam armazéns e fazendas, distribuindo comida para o povo, sendo por um outro lado, extremamente cruéis com seus inimigos, não hesitando em torturar, estuprar e executar. A população pobre que colaborava com os cangaceiros era protegida e tratada com generosidade.
A violência do cangaço é produzida pela condição de miséria e fome a que se encontrava submetida à população rural e pela própria violência que caracterizava as relações sociais, que estruturadas através do coronelismo e do latifúndio, marginalizavam o sertanejo, excluindo-o dos direitos mais elementares, inclusive do direito à vida.
É natural que um movimento social sem definição ideológica, desorganizado e irracional, seja facilmente manipulado, sendo comum presenciarmos bandos de cangaceiros prestando serviços para coronéis rivais, sem contar que o próprio Lampião, convidado pelo padre Cícero, recebeu armas para inutilmente atacar Luiz Carlos Prestes e sua famosa "coluna". A repressão do governo acabou com o cangaço entre 1930 --40.
Nessa mesma realidade histórica, destaca-se uma atuação diferenciada. Trata-se do padre Cícero Romão Batista, em Juazeiro, que até hoje, muito depois de sua morte (1934), é venerado como um santo.
Sua atuação ambígua foi marcada com ações de caridade para população pobre (organizou verdadeiros mutirões para montar pequenos postos de saúde, escolas e orfanatos) ao mesmo tempo em que favorecia latifundiários, (destacando-se a família Acioly, a mais poderosa do Ceará) explorando seus discípulos como mão-de-obra para construção de açudes e para colheita de algodão.
Durante o governo de Hermes da Fonseca (1910-1914) inicia-se a Política das Salvações, onde interventores federais substituíram as velhas oligarquias estaduais, sob comando do gaúcho Pinheiro Machado. Esta nova política presidencial enfrentou uma série de movimentos de rebeldia, destacando-se a Revolta do Juazeiro, liderada pelo padre Cícero, que restabeleceu a velha oligarquia dos Acioly ao poder, depondo os grupos hermistas que estavam controlando o Ceará.

Fonte: http://www.historianet.com.br