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domingo, 28 de setembro de 2014

O paulistano que sempre diz não

Por que os moradores de São Paulo protestam contra ciclovias, metrô e museus, elementos positivos em qualquer outra cidade?


Ciclistas se manifestam a favor de uma ciclovia em São Paulo. / FOLHAPRESS

Acontece em São Paulo um fenômeno intrigante. De tempos em tempos um abaixo-assinado acaba tendo tanta ou mais repercussão que uma iniciativa da Avaaz.org contra a mudança climática. Essas petições, geralmente assinadas por moradores endinheirados, viajados e com diplomas universitários, não pedem mais segurança nas ruas, nem salários dignos para seus empregados, nem a interrupção do trânsito nos fins de semana para poder passear, nem mesmo o fechamento de enormes shoppings que asfixiam a vida do bairro. O que querem é acabar com aquilo que moradores de qualquer cidade do mundo gostariam: estações de metrô, ciclovias, ônibus mais rápidos e, agora, um museu.

Dizem que essas coisas atraem gente não tão viajada e com menos dinheiro, gente diferente, vendedores ambulantes e ônibus com crianças. Ou quase pior: afastam de suas vias, restaurantes e butiques o cidadão exclusivo, como advertia anos atrás aquela cabeleireira de Moema angustiada ao ver sua rua pintada de vermelho: “Onde vou colocar a minhas clientes milionárias que vêm com seus carros importados?! Acha que vão vir de bicicleta?!”.

Os moradores dos bairros ricos sentem-se inconformados, desprotegidos e protestam estacionando seus carros no ‘tapete’ vermelho destinado às bicicletas, desabafam no facebook contra os farofeiros e mobilizam-se em busca de assinaturas. O que acontece com o paulistano?

“Esse é um sintoma da elite. Essas regiões – Moema, Higienópolis, Jardim Europa – sempre foram protegidas pela polícia. O fato de uma nova classe média, agora com algum dinheiro, tomar a cidade, para eles significa insegurança”, diz Altair Moreira, do Instituto Polis , uma ONG que defende cidades sustentáveis e mais democráticas. “É um fenômeno novo e importante no Brasil, a população da periferia e de outros bairros não tão privilegiados está assumindo a cidade como um todo, enquanto gera esse incômodo na elite, que não está acostumada a compartilhar seu espaço”.

Contra essa elite foi organizado no sábado um “churrasco de gente diferenciada”. Quase uma centena de pessoas plantou-se na rua da idosa que liderou a coleta de assinaturas contra o suposto caos que o Museu da Imagem e do Som (MIS) gera aos ilustres moradores do Jardim Europa, um bairro com casas que têm mais estrutura e funcionários que muitos condomínios. Os diferenciados comeram farofa, gritaram contra o preconceito e tocaram música. Mas os ricos promotores da iniciativa estavam passando o fim de semana fora, de modo que só ouviram a gritaria os agentes de segurança encarregados de cuidar do patrimônio na ausência dos patrões.

“O Brasil ainda não desenvolveu essa noção de espaço público. Perdura a característica de considerar que o espaço público é um espaço privado. As ciclovias, o MIS, o metrô em Higienópolis deixam claro que existe uma parte da elite da sociedade que não quer ver o espaço público se transformar em algo de todos, afirma Emerson Ricardo Girardi, professor de sociologia da FAAP.

Sirva de consolo que não se trata de algo exclusivo do Brasil, nem de São Paulo: moradores com raiva das ciclovias existem até em Nova York. É o que ficou demonstrado em 2011 quando os protestos de um grupo de moradores chegaram ao New York Times. A matéria foi intitulada:“ Desenvolvimento verde? Sim, mas não no meu quintal ”. Eram progressistas e ecologistas, mas queriam acabar com uma ciclovia, que continua lá.

"A cidade organizou-se de uma forma individualista e privatista, tendo em mente a predominância dada ao automóvel. Uma parte da sociedade acostumou-se durante muito tempo a privilégios que não lhe correspondiam. É um problema para eles porque os iguala socialmente. Nessa questão, acho que a ideia de distinção é central, até agora se distinguiam por viver em um espaço determinado, privilegiado, que começa a ser usado por todos. Essa elite que se queixa tem uma grande dificuldade em lidar com o diferente e o espaço público”, diz Alexandre Barbosa Pereira, antropólogo e professor da Unifesp.

Enquanto os ânimos do churrasco murchavam e algum morador atendia os jornalistas pelo interfone de sua mansão, o jornaleiro negro do bairro respondia espontâneo demais a uma pergunta impertinente: Os moradores daqui são legais?
- Não, claro que não. No máximo dizem "oi" e "tchau" ou mandam o motorista buscar o jornal.



terça-feira, 23 de setembro de 2014

A gestão antiperspirante: rumo à pobreza inodora, incolor e insípida

A morte de um ambulante faz parte da manutenção da ocultação da pobreza através da interface armada do Estado

por Luciana Itikawa

Ambulante Carlos Augusto Muniz foi atingido por disparo na cabeça


Em menos de uma semana, dois episódios sobre o comércio ambulante mostram a capacidade mágica de ocultação da pobreza, quando ela teima em aparecer, porém, de forma trágica, com a morte de três ambulantes: um em São Paulo e dois no Rio de Janeiro neste mês de Setembro de 2014.

A morte, com certeza, é o extremo da gestão militarizada de uma questão, entre outras, urbana. Apesar de todo o esforço dos governos em aumentar e complementar seu efetivo repressivo às várias manifestações da pobreza, esses trabalhadores continuarão a expor seus suores, enquanto esta não for um espectro que aparece apenas nas estatísticas.

O comércio ambulante está profundamente ligado à constituição do trabalho livre no Brasil e à permanência sistemática de trabalhadores à margem do mercado formal de trabalho, malgrado um dos maiores índices de formalização de carteiras profissionais da história recente.

Por que, então, os ambulantes “teimam” em aparecer e desafiar esses policiais armados nas grandes cidades? Por que, eles ainda estão trabalhando, apesar do Prefeito paulistano anterior ter proibido todas as licenças na cidade em 2012? Por que eles são permitidos em alguns locais e em outros não? Aqui vão algumas ponderações:

Em primeiro lugar, por que, então, eles insistem em desafiar o Estado trabalhando sem licença? Existem 138 mil ambulantes no município e 158 mil na região metropolitana de São Paulo segundo o DIEESE em 2010, apesar do atual número irrisório de licenças na cidade (1.940) representando apenas 1,4% do total de trabalhadores no município. Os outros cerca de 136.000 trabalhadores, portanto, são obrigados a correr diariamente para fugir da fiscalização.

O ambulante morto na Lapa, Carlos Augusto Muniz de Souza, de 30 anos, era um deles. Ele havia prometido à esposa na noite anterior: “Não vamos mais correr da polícia”. Não deu tempo, esta morte faz parte da manutenção da ocultação da pobreza através da interface armada do Estado. A Operação Delegada atua na superfície visível da ponta do iceberg daqueles que estão à margem simultaneamente do direito ao trabalho, direito à cidade, direito à proteção social, etc. Vide a violenta reintegração de posse de um imóvel realizada pela polícia militar ocorrida pouco dias antes no Centro de São Paulo.

Em segundo, por que ainda permanece o limbo jurídico sobre a regulamentação das licenças deles? O prefeito anterior proibiu todas as licenças e mesmo aqueles 1.940 que ainda as teriam, enfrentam o constrangimento de trabalhar há 2 anos por força de uma liminar da Justiça cuja fundamentação foi calcada no direito à cidade. A Ação Civil Pública movida pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo e pelo Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos ainda precisa ser julgada para que o impasse institucional entre Prefeitura e Justiça se resolva. 

Apesar da tentativa dos trabalhadores e da sociedade civil terem instituído no ano passado um canal de diálogo quinzenal com a Prefeitura por 6 meses para resolver politicamente, nada avançou para a resolução do problema.
Em terceiro, por que o abismo entre o número de licenças e o número total de ambulantes que trabalham por toda a cidade? Para quem frequenta todo dia os terminais intermodais espalhados nas periferias para embarcar ou fazer a baldeação às 5-6hs ou 21-22hs já deve ter visto algumas dezenas de ambulantes servindo a imensa população que se desloca entre casa- trabalho.

Isso não seria novidade para ninguém se não tivéssemos a dimensão de que quase um estado de Sergipe inteiro (1,9 milhão) se movimenta todos os dias de um lado pro outro na região metropolitana, segundo o estudo A Mobilidade pendular na Macrometrópole paulista.

Este estudo mostra que apesar do crescimento da população da região metropolitana ter estacionado, seus movimentos pendulares quase duplicaram (de 1,1 milhão em 2000 para 1,9 milhões em 2010). Esses espaços de conexões de transporte passaram a ser territórios de comércio e serviços a essa imensa população itinerante, apesar das leis e secretarias de transporte subestimarem este fato.

Por este motivo, os trabalhadores ambulantes em 2013 se organizaram e conseguiram incluir pela primeira vez em um Plano Diretor do município de São Paulo, a necessidade desse comércio atender esse imenso fluxo de pessoas pelo território. Este coletivo de trabalhadores, chamado de Fórum dos Ambulantes, se organizou em 2012 para participar das audiências públicas do Plano Diretor e encaminhou três propostas, apesar de apenas uma ter sido incorporada: “criação de centros comerciais populares em áreas de grande circulação, como terminais de transporte coletivo e estações de metrô e trem” (pag. 10 DOM – Centralidades Polares e Lineares).

Em quarto, por que eles são permitidos em alguns locais e em outros não? Existe apenas um tipo de licença no espaço público, a “permissão de uso”, que é dirigida aos artesãos, jornaleiros, ambulantes, food trucks e até parklets. Por se tratar de ocupação em logradouros públicos, a permissão tem que ser precária e sem segurança na posse, ou seja, pode ser retirada unilateralmente pelo Poder Público. Entretanto, por que a vista grossa em alguns locais e a intolerância em outros? O comércio ambulante faz parte das inúmeras manifestações de pobreza que têm sido exterminadas dos espaços públicos e privados das áreas em valorização quando estes ameaçam os interesses imobiliários ou políticos.

A desculpa é quase sempre a execução de obras de infraestrutura, transporte, etc., mesmo quando aquilo que ocupar o lugar seja o mesmo tipo de atividade, porém, mais elitizado. Esse é, por exemplo, o caso dos food trucks, que conseguiram 900 licenças no município; ou das empresas de bebidas durante a Copa, que conseguiram o direito de ocupar todo o Vale do Anhangabaú para comercializar com exclusividade seus produtos.

Os trabalhadores ambulantes da cidade real não são um fato isolado a ser vencido por força da cidade legal. As manifestações de pobreza irão sempre desafiar as gestões que ainda creem governar pela pobreza, contanto que elas não tenham cheiro, nem cor e nem gosto.

* Luciana Itikawa, arquiteta e urbanista, doutora e pesquisadora pela Universidade de São Paulo.

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O ódio ao PT beira a idiotia


Pergunte para qualquer dessas pessoas que querem acabar com a raça do PT o motivo de tanto ódio.
Em 101% dos casos, a resposta será do tipo "o PT só rouba" ou "o governo é corrupto".
Nenhum dado econômico ou social sobre o Brasil será apresentado.
Porque não há como contestar os avanços que o país experimentou, em todas as áreas, nessa década de governo trabalhista.
O ódio ao PT parte, essencialmente, das camadas mais ricas da população, de porção da classe média e, em menor escala, dos mais pobres, sugestionados pela guerra de desinformação montada pela oligarquia, que inclui praticamente todos os meios de comunicação e seitas religiosas que se confundem com organizações criminosas.

O PT é atacado não pelo seu fracasso, mas pelo seu sucesso.
Seus inimigos são aqueles que não suportam ver o filho da faxineira cursar uma faculdade e a própria faxineira viajar de avião - e reivindicar direitos trabalhistas.
A mentalidade escravagista perdura em boa parte desse pessoal.
A generalização falsamente moralista dos ataques ao PT se dá, portanto, num nível puramente emocional.
O partido e seus integrantes são tachados de ladrões sem que nenhuma prova concreta seja apresentada - a exceção é o julgamento do tal "mensalão", que a cada dia suscita mais dúvidas sobre os reais motivos de sua realização.
Quanto à corrupção... 
Bem, se houve algum governo que mais a combateu neste país foi o trabalhista, que deixou a Polícia Federal agir livremente e criou um órgão que tem tido trabalho exemplar no combate a esse câncer social, a Controladoria-Geral da União.
Fora essas alegações vazias, resta aos inimigos do PT praticamente nada.
Ah, há sim outra coisa: a infâmia da disseminação de boatos completamente estapafúrdios, como esses recorrentes sobre um dos filhos de Lula, ou sobre o próprio Lula ou a presidenta Dilma.
Na própria campanha eleitoral essa falta de argumentos parece inundar a campanha de Aécio Neves e Marina Silva, os opositores reais de Dilma Rousseff.
Como não conseguem contrariar os números que mostram a evolução do Brasil nos campos social e econômico, se apegam a bobagens sem sentido como a desqualificação da Petrobras, ou a simples mentiras, como a do perigo da volta da inflação alta.
O debate político deveria ser feito de outra forma para a democracia avançar. 
A maneira como ele se realiza mostra que o Brasil ainda tem carências profundas, principalmente de educação.
Há, infelizmente, muitos brasileiros que cultivam e propagam o preconceito contra os diferentes, as minorias, os imigrantes, os negros, os nordestinos, os pobres, os homossexuais - e os petistas.
Sofrem de uma doença séria, que beira a idiotia.

domingo, 21 de setembro de 2014

Haddad à vontade e incisivo em entrevista com universitários de Direito da USP

Avançar Sempre, Retroceder Jamais!!
A entrevista tem como temas norteadores: Moradia, Transporte, Saúde, Educação, Movimentos Sociais, MPL(Movimento Passe Livre) e Manifestações de junho de 2013.   

sábado, 20 de setembro de 2014

As muitas razões para votar em Dilma



Reconhecendo os percalços e erros que houve nos últimos 12 anos do governo de Lula-Dilma e vendo os esboços de projetos políticos apresentados pelos partidos de oposição, estou convencido de que o projeto liderado pelo PT com Dilma é ainda o mais adequado para o Brasil. Só por isso já meu voto vai para Dilma Rousseff.

Mas tenho outras razões a serem ponderadas.

A primeira delas se trata de algo de magnitude histórica inegável. A partir de 2002 com Lula e seus aliados ligados às bases da sociedade, fez-se, pela primeira vez, uma revolução democrática e pacífica no Brasil. Importa dizer claramente: o que ocorreu não foi apenas uma alternância de poder, mas a alternância de classe social. As classes dominantes que ao longo de toda a história ocuparam o Estado, garantindo mais seus privilégios do que os direitos de todos, foram apeadas do Estado e de seus aparelhos. Um representante das classes subalternas, Lula, chegou a ser Presidente. E realizou uma verdadeira revolução no sentido que Caio Prado Jr. deu em seu clássico A Revolução Brasileira (1996): revolução significa “transformações capazes de atender as aspirações das grandes maiorias que nunca foram atendidas devidamente; revolução que leva a vida do país por um novo rumo”.

Não podemos negar que milhões viram suas aspirações atendidas e que hoje o rumo do Brasil é outro. Pode não ser do agrado das classes dominantes que foram derrotadas pelo voto. De um Estado neoliberal e privatista que se alinhava ao neoliberalismo dominante, passamos a um Estado republicano, Estado que coloca a res publica, a coisa pública, o social no foco de sua ação, Daí a centralidade que o governo Lula-Dilma deu aos milhões que estavam secularmente à margem e que foram – são 36 milhões – inseridos na sociedade organizada.

Esta conquista histórica não podemos perdê-la. Há que consolidá-la e aprofundá-la. Os que antes comiam caviar tem que se acostumar a comer carne de sol ou baião de dois.

Para consolidar esta revolução é que voto em Dilma.

A segunda razão consiste em garantir as duas revoluções que ocorreram: uma rumorosa e outra silenciosa. A rumorosa foram as muitas políticas sociais que são do conhecimento geral. Estas ficaram visíveis nas multidões que começaram a usufruir daqueles benefícios mínimos de uma sociedade moderna. Tal fato correu mundo e serviu de ponto de referência para outros paises. Quantas vezes, andando nos meios populares, ouvi a frase: “O PT pensa nos pobres” Não só pensa nos pobres mas faz para os pobres e mais ainda, na linha de Paulo Freire, faz com os pobres. Mas houve tambem uma revolução silenciosa: as várias universidades federais criadas em todo o pais e as dezenas de escolas técnicas e cursos professionalizantes que habilitaram mihões de pessoas. Essa política de educação deve ainda ser estendida, multiplicada e ganhar qualidade. Por esta razão meu voto vai para Dilma.

Uma terceira razão é o crescimento com a multiplicação de empregos. É verdade que o nosso crescimento é pequeno mas nunca se manteve o desemprego a níveis tão baixos, 5,5% dos trabalhadores. No mundo, dada a crise neoliberal, existem cerca de 400 milhões de dezempregados; só na zona do euro são 102 milhões em países com nenhum ou com irisório crescimento.

De forma vergonhosa, a Inglaterra para aumentar seu PIB incluíu nele o tráfico de drogas e a prostituição, ganhando assim 37 bilhões de dólares a mais (veja o The Guardian de 29 de maio de 2014).

Nossa geração viu cair dois muros, o de Berlim em 1989 e o de Wall Street em 2008. Resistimos às duas quedas: não perdemos os ideais do socialismo democrático nem tivemos que desempregar e renunciar às políticas públicas. Os salários nesses 12 anos subiram 70% acima da inflação. Por isso minha preferência é por Dilma.

Um quarta razão: em algns estratos do PT houve corrupção. Esta não vem de agora mas de muito antes. Há que reconhecê-la rejeitá-la e condená-la Mas jamais, em nenhum momento se acusou a Presidenta Dilma de corrupta. Nem nunca ela aceitou aprovar projetos que fossem danosos ao povo brasileiro. Sempre foi fiel ao povo, point d’honneur de sua gestão.

Lutaremos para vencer. Não para vencer simplesmente. Mas para consolidar o que já se ganhou, avançar e aprofundar em muitos pontos, especilamente, naqueles que foram gritados nas ruas em junho de 2013. Resumindo ai se pedia: queremos uma democracia participativa, na qual os movimentos sociais possam ajudar a discutir, pensar e decidir os melhores caminhos especialmente para os mais vulneráveis. Isso implica melhor educação, mais saúde, transporte decente, saneamento, cultura onde o povo possa mostrar o que sabe e participar do que se faz nas várias regiões do Brasil.

Temos que avançar na redução da desigualdade, na sustentabilidade ambiental, na reforma agrária, no proteção das terras indígenas e na cultura em todas as suas expressões. Pela cultura se supera a mentalidade meramente consumista e materialista e se cria o espaço para aquilo que só o ser humano pode realizar: criatividade nas artes, na música, no teatro, no cinema, nas letras e em outros campos em que a cultura se expressa. Na cultura se revela mais claramente a alma de um povo. Estou segiuro que Dilma acatará esses pontos. Para que isso aconteça com mais segurança voto em Dilma.

Por fim, estamos assistindo ao alvorecer de uma nova civilização biocentrada, quer dizer, que coloca a vida no centro, a vida humana, a vida da natureza e a vida da Mãe Terra, à qual devem servir a economia, a política e a cutura. O Brasil tem todas as condições de ser um dos primeiros a inaugurar esta nova fase da história. Com Dilma será mais fácil percorrer esse caminho. Por isso voto em Dilma na esperança de que seja o mais certo e seguro para o futuro do povo brasileiro.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O esporte para todos


As práticas esportivas seguem sendo um divisor de classe. Os que têm dinheiro podem aceder às academias, professores, técnicas, ginásios, complexos esportivos. Os que não têm brincam na rua até que são pegos pela roda de moer que é o trabalho e tudo o que conhecem de esporte é um joguinho de futebol no final de semana para os homens e as estranhas “academias populares” que provocam torções e dores, para as mulheres, quando muito.

Elaine Tavares

Quando alguém fala a palavra esporte, a primeira ideia que vem à mente é alguém num pódio, recebendo uma medalha. Atletas que dedicam suas vidas ao treinamento exaustivo e que, num determinado campeonato, certame ou olimpíada garantem seu momento de glória. Mas, se a pessoa resolver caminhar pelas ruas da sua cidade, vai perceber que o esporte tem outra dimensão, que é a do movimento do corpo, em brincadeiras e folguedos, por pura diversão. Um campinho com meninos correndo atrás de uma bola, sem delimitações de campo, sem gol. Só a gritaria e o drible, entre risadas. Ou meninas pulando corda, garotos dando cambalhotas, fazendo manobras radicais com suas bicicletas velhas, voando nos skates. Um vôlei na praia, o dependurar-se nas árvores, a correria do pega-pega. Tudo isso é movimento, é esporte.

Nas grandes cidades esses folguedos estão cada dia mais raros. A vida nos apartamentos, a maneira como o espaço urbano se organiza, tiram das crianças as possibilidades do movimento prazeroso. E é por conta disso que existe a luta cotidiana por parques, jardins e espaços de lazer. Porque é da natureza do humano esse movimentar-se, por puro gosto. Ainda assim, para as administrações públicas, o esporte está sempre ligado ao processo de treinamento e competição. Não é sem razão que as políticas públicas aplicadas ao esporte preocupam-se mais com as construções de ginásios e com a preparação e atletas de rendimento. Raros são os administradores que conseguem ligar o esporte com o lazer e a saúde. Poucos compreendem que um espaço vazio no meio da cidade pode ser um lugar de encontro da molecada para diversos folguedos.

Muitas vezes, contratar um profissional de educação física para coordenar atividades físicas de lazer e brincadeira pode ser muito mais benéfico e eficaz do que a construção de uma arena multiuso. Não que não precisem existir espaços para treino e competição, mas isso não pode ser a única política. A rua é espaço de movimento e nela estão centenas de milhares de crianças esperando por um incentivo. A maioria não está pensando em ser um grande atleta, apenas quer brincar. É fato que para as administrações é muito mais vantajoso qualificar um ou outro campeão, para que quando ele vença as disputas, carregue o nome da cidade ou do estado. Mas, enquanto um se destaca, ficam pelos caminhos milhares de outros, sem qualquer chance de viver sua criancice.

Nesse mês vivemos a iminência de uma eleição presidencial e uma boa olhada nos programas de governo dos candidatos já nos dão alguma ideia de como o esporte é tratado. No geral, as propostas ficam no campo do já existente. Melhorias dos equipamentos públicos, mais incentivo para os atletas, propostas um tanto vagas de incentivo ao esporte e lazer, sem dizer como esse incentivo seria dado. Nenhum deles apresenta uma proposta realmente nova, como a que os profissionais de educação física vêm construindo desde há anos, de valorização das práticas multiculturais, com adoção de políticas claras para atividades de esporte comunitário, que garante participação e diversão para pessoas que não estão interessadas na lógica mercantil que o esporte hoje vivencia.

Talvez a construção de espaços públicos onde pessoas de outras idades – não apenas crianças – também possam aprender um jogo, praticar um esporte, com o necessário acompanhamento de um profissional. Escolas públicas de esporte, por exemplo, específicas, com qualidade e gratuitas, capazes de acolher as pessoas com suas habilidades e limitações, dando-lhes a chance de realizar práticas esportivas sem o apelo do evento, da indústria ou da competição. Lugares onde podem sim nascer campeões, mas que também sejam sensíveis aos que simplesmente querem “balançar o esqueleto”, garantindo assim saúde e vida plena.

O centro de referência de Rio Grande

Hoje, na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, cidade que viu nascer o primeiro clube de futebol brasileiro em 1900, existe um projeto que busca essa ideia de esporte como espaço do lúdico, da saúde e da participação política. É o Centro de Referência Esportiva, que, por enquanto, trabalha apenas com crianças e adolescentes, utilizando a metodologia do esporte educacional. O trabalho é realizado em parceria com a Petrobras, e atua em seis frentes esportivas: futebol, basquete, vôlei, natação, taekwondo e box. Todos esses esportes são ensinados gratuitamente a mais de 600 crianças e adolescentes. A proposta básica é: ensinar as bases técnicas dos esportes, mas sem perder o vínculo com a alegria e a democratização dos jogos populares. Não é por acaso que a atividade mais esperada é o Festival, que acontece todos os meses. Nele, as crianças e os adolescentes mostram o que aprenderam, trocam experiências e realizam brincadeiras junto com os pais, parentes e amigos. O esporte vira prática comunitária. Não é um evento feito para vender comida, camisas ou gente. É só a explosão da alegria.

Nesse processo, o compromisso é justamente discutir e praticar novas propostas teóricas, novas metodologias, balizando o trato da educação esportiva de jovens - crianças e adolescentes - moradores de comunidades em situação de empobrecimento econômico e risco social, incorporando práticas esportivas de cunho educacional, solidário e cooperativo, o que permite um olhar alternativo sobre o esporte que, acredita-se, possa se refletir também em todo o processo educacional, seja formal ou não. Juntar esportes clássicos com práticas populares leva o jovem a compreender que aquilo que ele traz como cultura e vivência da rua tem valor. Assim, a cultura popular também aporta significados ao trabalho sistemático, típico da ciência. É outra maneira de olhar.

O projeto é, em si, um grande desafio, mas todos os educadores envolvidos estão seguros de que trabalhada de forma respeitosa, essa parceria entre a técnica e a alegria das ruas, só pode render resultados positivos. O esporte não é apenas uma forma de manter o físico ou disputar competições. Pode ser também espaço de construção de novas práticas que, saídas do movimento corporal, possam se incorporar na vida mesma, na política, na economia, no modo de organizar a existência. Quando abstrações como solidariedade, equidade e cooperação começam a ser vividas na prática, a tendência é uma mudança radical no cotidiano.

E é por isso que o Centro de Referência Esportiva da cidade de Rio Grande aposta também na formação de professores, atuando em parceria com educadores da rede pública de mais nove cidades do estado. A proposta é tornar a prática da educação física nas escolas um espaço real de inclusão das crianças, para que cada uma possa vivenciar a prática esportiva dentro das suas limitações e no seu ritmo.

Escolas de esporte

Mas, essas são propostas pontuais, em lugares pontuais, que precisariam se expandir para todo o país, sem que fosse necessário viver o estresse de buscar recursos, realizar parcerias privadas, participar de editais e coisas assim. Isso deveria ser política pública, compromisso governamental para constituir uma geração de gente saudável, capaz de viver o esporte como prazer e não como um momento de tortura no colégio.

E tudo isso também precisaria ser acompanhado de perto por profissionais capacitados, para que as pessoas pudessem praticar os esportes ou as atividades sem risco. Um exemplo de ação ineficaz é o das “academias” populares que muitos administradores resolveram colocar pelas cidades. É um conjunto de equipamentos para a realização de exercícios físicos que se plantam nos bairros ou nos espaços mais frequentados como parques e jardins. Ali, as pessoas que não têm condições de pagar uma academia de ginástica, supostamente podem se exercitar e ficar em forma, como qualquer cidadão de posses. Digo supostamente porque é uma enganação. Os equipamentos vêm com algumas dicas de como usá-los, mas cada pessoa é uma pessoa. Precisaria de um acompanhamento para ver se está fazendo o movimento correto, usando o peso acertado para sua conformação corporal. E aí, um profissional de educação física é fundamental. Nesse caso, a prefeitura deveria também contratar o educador para acompanhar as práticas comunitárias. Isso sim seria uma bela política pública de atendimento à população, afinal, o que se exercita – com alegria e nos seus limites - frequenta menos o posto de saúde. Mas, do jeito como é feito, o uso inadequado dos equipamentos causa mais problema que vantagem.

Na verdade, essas são medidas cosméticas, que não estão comprometidas com as necessidades da população. As práticas esportivas seguem sendo um divisor de classe. Os que têm dinheiro podem aceder às academias, professores, técnicas, ginásios, complexos esportivos. Os que não têm brincam na rua até que são pegos pela roda de moer que é o trabalho e tudo o que conhecem de esporte é um joguinho de futebol no final de semana para os homens e as estranhas “academias populares” que provocam torções e dores, para as mulheres, quando muito.

Por isso insistimos nas escolas públicas de esporte, espaços públicos onde as pessoas possam vivenciar práticas esportivas de toda ordem, do basquete à peteca, e que possam abrigar crianças, jovens e velhos na alegre e divertida prática de jogos e brincadeiras. Assim sendo, podemos viver num mundo mais sadio. O esporte deve ser uma prática de todos.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Maiores Penalidades sobre Menores já penalizados



Então você é a favor da redução da maioridade penal. Certo.
Jovens dormindo aglutinados em cima de bueiros de onde sai ar quente, para se manterem aquecidos na noite fria de São Paulo. Jovens que vivem essa existência extremamente precária. Como é que você espera que esse jovem siga a lei que não o contempla? Como é que você espera que esse jovem se preocupe com o teu bem-estar? Aliás, qual é a cor desses jovens?

“Tá com pena? Leva pra casa!”

Claro. Não há opinião mais clara do que essa. O que importa é que você esteja seguro. O resto que se foda. Pra você, consertar a raiz do problema não é a solução; tem que exterminar é o problema. Certo. Mesmo sabendo que apenas 1,7% dos homicídios são cometidos por esses jovens. Apenas 1,7%. Não é você que gosta de dados? Os mesmos dados que comprovam aumentar punição não diminui as infrações. Não diminui. Mas não, você quer “justiça”. Não. O que você quer é vingança. Exterminar esses jovens não é justiça. É genocídio. Você diz que não faz diferenciação entre “bandido”, seja preto ou branco. Mas jornalista branco que matou ex-namorada pelas costas continua solto. Filho branco de ricaço atropela e mata e continua solto. E você quer que o moleque preto seja morto.

“Ah é? Quero ver então quando um desses meter um cano na sua boca!”

Então. Se você quer que todos esses jovens sejam mortos depois de ser agredido por eles, você quer vingança. E não justiça. Porque punir como você quer punir não vai resolver o problema. Reduzir a maioridade penal só vai gerar mais ódio e mais violência. E vai saciar a sua sede de sangue. E não vai. Resolver. O maldito. Problema.

E não adianta colocar um cara preto pra defender a redução da maioridade penal em horário político, Tucanafro Brasil, pois a lavagem cerebral não atinge a todos.
“Beleza. Então o que resolve?”

O jovem branco, classe média, que você conhece, que é seu amigo, seu irmão, seu sobrinho, seu filho, quando se afunda em drogas, o que você faz? Você manda pra clínica de reabilitação. Você desintoxica. Você dá uma segunda chance. Terceira chance. Várias.

Por que o jovem preto você quer matar? Por que o menino branco é “jovem” e o garoto preto é “moleque”, é “bandido”? Por que você quer nos matar? Por quê?

Fonte: https://medium.com/@ka_bral/maiores-penalidades-sobre-menores-ja-penalizados-ec85a738139b

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Existe fascismo em São Paulo

Guilherme Boulos


Se existe amor em São Paulo eu não sei. Mas fascismo, esse existe. E a elite paulistana não faz nenhuma questão de escondê-lo.


Sabemos que não é de hoje. A história da segregação territorial em São Paulo vem dos anos 1940, quando se inicia de forma mais sistemática a demolição dos cortiços e das residências operárias nas regiões centrais. Pobre tem que vir ao centro para trabalhar e servir, mas morar ali? Não, aí já é vandalismo!

Foi assim que surgiram e se expandiram as periferias da cidade. Numa jogada de mestre e sempre com o apoio do Estado, os agentes imobiliários conseguiram, ao mesmo tempo, tirar os pobres do convívio nos bairros centrais, ganhar um bom dinheiro com loteamentos clandestinos na periferia e reservar áreas intermediárias para a especulação. Nessas áreas estabeleceram-se depois os verdadeiros nichos da elite paulistana.

O que estava em jogo era materializar no território a segregação social entre ricos e pobres.

Até hoje a dinâmica do mercado imobiliário reproduz esse fenômeno. Quando um bairro recebe investimentos ou passa a hospedar grandes empreendimentos privados –condomínios de alto padrão, shoppings, etc– sofre um processo intenso de valorização. Expulsa assim os moradores mais pobres, por vezes através de despejos coletivos e mais frequentemente pela hipervalorização dos aluguéis.

Esta dinâmica econômica sedimentou uma mentalidade higienista na elite e nas camadas médias. Veio junto com uma fobia, um nojo, uma recusa da convivência. Seu ideal seria que os pobres trabalhassem para servi-los, mas ao fim do expediente evaporassem, para retornar apenas no dia seguinte. Pobres podem até existir, desde que longe de seus olhos.

Há casos emblemáticos e recentes. Em 2010, os seletos moradores de Higienópolis iniciaram um movimento contra uma estação de metrô nas redondezas. Motivo: traria ao bairro "gente diferenciada". Em 2011 foi a vez de uma turma de comerciantes e moradores de Pinheiros, que se organizaram contra um albergue para moradores de rua no bairro. "Ficaremos acuados em casa", alegaram na ocasião.

As rampas antimendigo, iniciadas na gestão de José Serra para impedir moradores de rua em certas partes da cidade, deram a chancela do poder público.

Mais o pior ainda estava por vir. A face mais perversa deste fenômeno foram os incêndios em favelas. O mercado imobiliário é mesmo muito criativo. Quando, por alguma eventualidade, o judiciário barra o despejo de uma favela localizada em zona de expansão imobiliária eles fazem a seu modo. Incendiar favelas tornou-se um recurso habitual para afastar pobres dos condomínios de alto padrão.

Em muitos casos é difícil provar, o que permitiu aos interessados atribuir os incêndios à baixa umidade do ar. Mas os indícios são avassaladores. O sitehttp://fogonobarraco.laboratorio.us/ reuniu o mapa de todos os incêndios em favelas paulistanas de 2005 a 2014 e comparou as regiões incendiadas com o índice de valorização imobiliária. O mapa mostra como a enorme maioria dos incêndios ocorreu nas zonas de valorização. Mais inflamável que o clima seco é a especulação.

Os dados dizem ainda que metade dos incêndios dos últimos 20 anos ocorreram entre 2008 e 2012, isto é, durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD) como prefeito, que foi marcada pela promiscuidade com o mercado imobiliário. A conivência do poder público também é inflamável.

No último domingo (7), o tema voltou com o incêndio em uma favela na região do Campo Belo. O bairro valorizou-se 130% nos últimos 5 anos, de acordo com o Índice Fipe/Zap. Tinha uma pedra no sapato do mercado imobiliário e da mentalidade fascista que foi novamente varrida com fogo. Os bombeiros que foram até o local afirmaram em reportagem que o incêndio foi mais uma vez criminoso.

Também nos últimos dias, a Folha noticiou que condomínios do Morumbi estão se mobilizando contra a ocupação Chico Mendes, organizada pelo MTST num terreno municipal com destinação prevista para habitação popular. Uma das ilustres moradoras disse tudo: "Atrapalhando eles estão, é desconfortável". Atrapalhando a vista de sua sacada, pobres, ali, ao lado.

A realidade é mesmo desconfortável. A mentalidade fascista atua para negar, queimar, expulsar este desconforto para bem longe. Que os pobres existam, mas em algum lugar de Ferraz de Vasconcelos, bem longe da minha sacada.

São Paulo é uma das cidades mais desiguais do mundo. A cidade dos muros. Dos muros, incêndios criminosos, despejos, rampas antimendigo e dos condomínios exclusivos. O fascismo da elite só coloca mais combustível neste barril de pólvora.

Marco Antonio Villa é historiador sectário a serviço da Casa Grande

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

VILLA É UM HISTORIADOR QUE ESCREVE E REESCREVE A HISTÓRIA CONFORME OS INTERESSES DA CASA GRANDE.


Todo mundo sabe, até os desajuizados e os alienados, que o historiador Marco Antonio Villa tem uma visão da história bastante peculiar para não dizer excêntrica. Digamos que o moço tem propensão a observar a história pela ótica dos grupos sociais e acadêmicos aos quais ele pertence, que se resume no mundo das classes sociais e econômicas bem nutridas e ricas.

Por isto, tal historiador age como um dos historialistas (misto de historiador com editorialista) oficiais da direita brasileira. Realidade esta que lhe retira credibilidade junto à maioria dos acadêmicos das universidades brasileiras, porque, como todo mundo já percebeu, Villa tem lado, partido, cor ideológica e preconceitos de classe, que inviabilizam o trabalho de qualquer historiador, pois sua atividade requer equilíbrio, sensatez, pesquisa, estudos e, mais do que tudo, imparcialidade. Todos esses fatores são o que, definitivamente, Marco Antonio Villa não preza e nunca prezará.

Por seu turno, a história observada e escrita, tal qual Marco Antonio Villa faz, transforma-se em uma colcha de retalhos, pois história fragmentada e, consequentemente, desacreditada. Villa aparenta ter o dom da mágica, porque a história filmada pelo seu olhar sofre uma inacreditável metamorfose e se transforma em fofoca, a historia da carochinha, a verdadeira conversa para boi dormir, mas que atende plenamente aos interesses da Casa Grande, que Villa tão bem representa nos fóruns apropriados à burguesia.

E por quê? Porque as realidades e as verdades históricas são vilipendiadas por Villa, o mágico historialista da falácia, da fraude ou simplesmente da mentira. Inverdades em âmbitos históricos, que fique clara tal assertiva, pois o propósito de Villa é fazer política contra os governantes trabalhistas do PT, a fim de favorecer os setores acadêmicos, midiáticos e partidários conservadores — de direita, que lutam pela hegemonia, pois, para mantê-la, é necessário excluir, o que, seguramente, é o que não tem feito os governos do PT.

A oposição de uma “elite” desesperada, sumariamente feroz, porque não aceita a inclusão social de milhões de brasileiros. O sistema a utilizar gente igual a Marco Antonio Villa, o historialista que confunde propositadamente os fatos e os acontecimentos, com sua conversa dúbia sobre as realidades e, por conseguinte, atrair principalmente a classe média por meio de um verniz de intelectualidade, que tem a finalidade de dar uma conotação histórica aos “graves” erros do Lula, do PT, da Dilma e dos governos trabalhistas, que realizaram uma revolução social silenciosa neste País.

A direita colonizada e entreguista que se encontra histérica por estar somente há 12 anos sem controlar o Governo Federal, quando, no decorrer de séculos, esse segmento se locupletou nababescamente com as riquezas do País, explorou a mão de obra barata e aumentou suas fortunas mediante o poder do Estado, transformado pelas “elites” em patrimonialista e nepotista. E é exatamente essa nostalgia que mexe profundamente com o caráter hegemônico e de perfil excludente dos burgueses e dos pequenos burgueses.

Marco Antonio Villa está careca de saber disso. Porém, historialista vinculado ao golpista e direitista Instituto Millenium, torna-se necessário a ele distorcer os fatos ou os acontecimentos para dar veracidade às suas crenças ideológicas, e, por sua vez, agradar às classes dominantes que Villa representa, porque delas recebe benefícios, como, por exemplo, ter acesso à Globo News, no papel de “especialista” de prateleira, ou participar do “Programa do Jô” e aproveitar para fazer publicidade de seu livro, além de contar a história recente do Brasil através de sua ótica essencialmente conservadora.

Aliás, um aviso aos coxinhas desavisados ou ingênuos de plantão: as “entrevistas” do Jô não são consideradas entrevistas pela Globo, mas, sim, merchandising. Explico melhor: propaganda dentro do programa e não nos intervalos. Essas propagandas podem ter um formato jornalístico, de programa de auditório ou serem veiculadas em novelas. Ou seja, quem vai ao Jô Soares e a outros programas “globais” está a vender algum produto, mesmo se a pessoa não tiver conhecimento dessa engrenagem, o que muitas vezes acontece, porque já ouvi declarações de autores, atores e cantores reclamando desse processo mercantil das Organizações(?) Globo. Ponto!

Recorrentemente, o negócio de venda de produtos, uma peça de teatro, por exemplo, ou um livro, poderá ser realizado entre empresas pertencentes às Organizações(?) Globo. De qualquer forma, o monopólio global não dá abertura ou qualquer opção para que os profissionais de diferentes segmentos ganhem dinheiro sem deixar a parte do leão para o oligopólio de todas as mídias cruzadas, que se chama Globo.

Os Marinho monopolizaram o setor midiático, e estão em todos os negócios, inclusive naqueles em que não gastaram um tostão, a ter como exemplo chamar um diretor de teatro para falar de seu trabalho, sendo que a “entrevista” é considerada merchandising, independente ou não da vontade do “entrevistado”. Todavia, alguém poderia exclamar: “A pessoa vai se quiser!” Eu retruco com uma indagação: “E tem jeito?” Como sobreviver e deixar de ser refém dos tentáculos de tal polvo midiático, que pauta até a agenda política brasileira?

Então, até aqui está tudo bem, mas voltemos ao Marco Antonio Villa. Não é que o historialista dos ricos não cansa de deitar falação sobre o ex-presidente trabalhista Lula, pois, acredito, que se ele falasse de FHC — o Neoliberal I — não conseguiria ser ouvido e muito menos vender seus livros comprados por uma classe média reacionária, cujo maior sonho é ir para a Disneylândia abraçar o Mickey para dar uma de Pateta.

A classe média intolerante, aquela que não agüenta mais “tudo o que está aí”, ou seja, o Governo do PT e sua mania de distribuir renda e riqueza, bem como empregar os trabalhadores brasileiros, que passaram a freqüentar aeroportos, universidades, restaurantes, shoppings e a comprar carros, eletroeletrônicos e passagens aéreas, o que acarretou aos coxinhas um enorme desprazer de viver no Brasil.

Realidades que geraram um inconformismo e rancores de conotações preconceituosas incontroláveis, que levaram a classe média, de forma ridícula, a participar das primeiras manifestações, até porque, quando o caldo engrossou, os coxinhas se recolheram à segurança e ao conforto de suas casas e voltaram a criticar com cólera e xingar, geralmente de forma anônima, por intermédio das redes sociais.

A resumir: Voltaram a fazer o que sempre fizeram, pois ficou comprovado que os protestos nas ruas foram levados a cabo por grupos sociais organizados (sindicatos, partidos político e entidades variadas) e não por uma classe média devoradora de novelas, de programas de auditório, de revistas conservadoras, como a Época e a Veja e de jornais televisivos, que fazem a cabeça dessa gente de origem universitária, mas politicamente alienada e que se sente prejudicada e traída pelo Governo Trabalhista.

Traída, sobretudo, por ela ter que conviver ou simplesmente esbarrar com os pobres, em lugares que tal classe reacionária sempre considerou, equivocadamente, como seus, o que lhe causou revolta e ódio ao PT, aos seus eleitores, à esquerda e ao Lula e à Dilma.

A classe média quer ser VIP, mas não controla os meios de produção. A verdade é que nem classe organizada ela o é. Coitada, sonha em ser um dia convidada para os regabofes, as comezainas dos ricos e depois se refestelar. Todavia, a realidade é dura, e a classe média apenas serve à burguesia, que nunca abre as portas da Casa Grande para aqueles que ela trata apenas como consumidora de seus produtos e empregada de suas empresas. Ponto!

A “elite” sabedora desse complexo processo, serve-se de seus meios de comunicação, inclusive os de concessão pública, a fim de trazer para seu lado a pequena burguesia desejosa de ascender socialmente. É a partir desse ponto que gente, a exemplo do historialista Marco Antonio Villa, deita e rola, sem, contudo, ter alguém para fazer contraponto às suas opiniões, geralmente contrárias à esquerda, aos trabalhistas e, sobretudo, favorável ao establishment controlado por aqueles que eternizam o status quo, ou seja, a plutocracia nacional e internacional.

Afinal, a moderada ascensão social dos pobres no Brasil resultou em um indomável sentimento de ódio e desprezo saído do coração da classe média, que se sentiu preterida e por isso abomina o PT e todas suas políticas públicas, que visam dar um equilíbrio econômico e social à Nação brasileira. O PT não é um partido revolucionário, mas, sim, reformista e legalista, condição que faz a imprensa de mercado apelar para a fofoca, a maledicência e a manipulação — a arquitetura do jornalismo de esgoto.

Os petistas no poder da República são sociais democratas, realidade esta que os tucanos nunca abraçaram. Afinal, convenhamos, o nome do PSDB significa Partido da Social Democracia Brasileira, mas seu espaço foi ocupado pelo PT, que se dedicou às questões sociais e investiu pesadamente em programas de combate à pobreza, bem como em infraestrutura, o que permitiu, sem sombra de dúvida, que o Brasil crescesse tanto ao ponto de ser a sétima maior economia do mundo.

Como o PSDB se tornou um partido conservador e que, indubitavelmente, representa os interesses do empresariado, dos banqueiros e dos governos de países considerados desenvolvidos, mas de passado colonialista, evidentemente que o espaço popular já ocupado há décadas pelo PT permaneceu com o partido estrelado e de cor vermelha.

O PT e o Governo Trabalhista efetivam políticas públicas de caráter social, reconhecidas no exterior e pelo povo brasileiro. Não resta dúvida. Por isso venceu três eleições seguidas, além de não ter vendido as estatais. Ao contrário, criaram outras e fortaleceram as já existentes. Villa, o historialista da high society sabe disso ou finge não saber. Porque não é possível que um cara que se diz historiador não enxergue a história a um palmo de seu nariz. Inacreditável sua desfaçatez e cegueira ideológica.

Villa chama Lula de ditador, quando a verdade é que o político trabalhista ampliou as ferramentas e os instrumentos democráticos ao abrir as portas do Palácio do Planalto a segmentos sociais fragilizados e sem visibilidade social, organizou centenas de conferências e chamou a sociedade para participar, nunca reprimiu movimentos sociais e reivindicatórios, implementou o Portal da Transparência, aceitou as listas tríplices para escolhas de ministros do STF e procurador-geral da PGR, além de governar de forma republicana, porque até os governadores adversários receberam recursos para exercerem seus mandatos com dignidade.

Além disso, o PT tem tradição de organizar reuniões políticas, partidárias, laborais e é uma agremiação política democrática, porque talvez o PT seja o único partido brasileiro que seus militantes têm direito a voto. Lula é um político paciente, pois foi forjado pelas negociações sindicais com o patronato, além de estar aberto a discussões partidárias. Sempre ouviu mais do que falou, para ter ciência do que seu interlocutor quer e deseja.

Todo mundo sabe disso, menos o Marco Antonio Villa, que, como historiador, é o fim da picada. A verdade é que sua intenção é desconstruir o PT e seus líderes simbolizados em Lula e Dilma. Villa apenas repete o mantra antigo e cheio de poeira que historialistas e jornalistas antigos repercutiam no passado, a ter como alvo o PTB do estadista Getúlio. Villa é desprovido de criatividade e por causa disso tenta repetir a história. Só que a história retrata a vida humana e não se repete, pois, quando há esta intenção forjada pelo homem, a história se torna uma fraude, a farsa em toda sua essência e plenitude. Ponto!

Os propósitos dessa gente são tão inacreditáveis que chego a pensar que esse pessoal passou por um processo de lobotomia. Acredito que não é necessário mentir para distorcer a história, como o historialista da Casa Grande faz e está cansado de fazê-lo. Marco Antonio Villa aparenta ser tão imprudente como historiador, que me leva a concluir que no futuro ele vai ser relegado ao plano de “especialista” de prateleira da Globo News. Só isso e nada mais. É isso aí.

domingo, 7 de setembro de 2014

Rodrigo Vianna: Aécio comemora o novo escândalo da “Veja”




Aécio comemora escândalo da “Veja”: segundo avião a cair sobre a campanha?

“O escândalo da Petrobras – que nesse momento serve aos interesses de Aécio Neves – mostra a necessidade de uma Reforma Política urgente. PSDB, PT, PSB, PP, PMDB: todos parecem usar meios ilegítimos de financiar suas campanhas. Constituinte Já!

por Rodrigo Vianna, no Escrevinhador

Primeiras impressões sobre o escândalo da Petrobrás: é ruim para a base aliada de Dilma (não necessariamente para a presidenta), mas é também desastroso para a imagem de Marina Silva. A ”nova” política é jogada na lama, ao lado de petistas, peemedebistas (e de tucanos e demos; mas estes serão poupados nas manchetes de Veja, Globo etc).

Eduardo Campos – ex-candidato do PSB, apontado como um “santo” da “nova” política – estaria na lista (aliás, que lista? Não apareceu um documento até agora). Fica claro que se trata de uma operação para trazer Aécio Neves de volta ao jogo da eleição.

Não se conhecem muitos detalhes da denúncia. O que se sabe: Paulo Roberto da Costa (ex-diretor da Petrobras nas gestões Lula e Dilma) teria fornecido - em depoimento “secreto”, que vazou de forma seletiva, e até agora sem provas - detalhes de um esquema criminoso de financiamento político. Delação premiada, arrancada a fórceps. Mais um escândalo de boca de urna.

Atenção: apure os ouvidos e abra bem os olhos, porque nos próximos dias “Veja” e “Globo” tentarão transformar um caso (que se for comprovado é grave, mas que estranhamente “vaza” a 30 dias da eleição) em ferramenta política a favor do PSDB.

Claro que não vou defender aqui ninguém, de partido nenhum, que tenha recebido propina. Nem quem se alie a doleiro e a esquemas criminosos – ainda que o faça em nome da “luta política”. Nada disso. Mas tenho o dever de lembrar: a “Veja” nunca fez (e jamais fará) capa a mostrar os esquemas de financiamento de campanha do PSDB (ainda mais a 30 dias da eleição): a Alstom, os trens em São Paulo, o Robson Marinho, os tucanos de Aécio (parceiros antigos do Mensalão do PSDB – que segue impune em Minas). Nada disso surge nas capas de revista ou nas manchetes do JN da Globo.

As listas da “Veja” (se é que são verdadeiras) indicam um (entre dezenas) de esquemas privados de financiamento de campanha. Por “coincidência”, a maior parte dos parlamentares e governadores citados agora pertence à base aliada do governo. Mas se recorremos à própria Veja, descobrimos que “Fornecedores da Petrobras sob suspeita financiaram campanha de 121 parlamentares em atividade”: nessa lista aqui há também tucanos, demos, gente do PPS e até o vice de Marina, Beto Albuquerque.

Na prática, o escândalo de boca de urna da “Veja” pode ser um segundo avião a desabar sobre a campanha presidencial.

Agora se entende porque Aécio vinha chamando Marina de “PT2″ nos últimos dias. E porque mervais e outros quetais pediam que “ainda” não se abandonasse Aécio (afinal, Marina “poderia ter problemas logo adiante”). Sabiam que a cavalaria Abril/Globo viria para salvar o exército tucano em frangalhos.

Aécio estava emparedado pela polarização Dilma/Marina, desde a queda do avião de Eduardo Campos. Começava a se consolidar um debate sobre dois projetos para o Brasil: PT/Lula/Dilma x Marina/PSB/Rede (com nacos do tucanato migrando para essa segunda turma). Nesse momento, a heróica e destemida “Veja” aparece para colocar Aécio de novo no páreo. E tenta trazer de volta a pauta da escandalização (sem provas, por enquanto).

De novo, repito: isso não quer dizer que as gravíssimas denúncias não devam ser investigadas. Mas é evidente que, como acontece desde 2006, a “Veja” vai jogar em tabelinha com a “Globo”. Aguardem 10 minutos diários de “repercussão” do caso no JN: hoje, segunda, terça… e até o dia 5.

A Dilma agora vai-se arrepender de ter ido preparar omeletes com Ana Maria Braga. Ah, a falta de apetite petista para o confronto. Ah, que saudades de Brizola…

Em 2006, eu trabalhava na Globo (era repórter especial), e vi de perto o moralismo seletivo praticado pela emissora. Ao lado de outros colegas jornalistas, me insurgi internamente quando a Globo (a duas semanas do primeiro turno) botou todo seu peso na investigação dos “aloprados petistas” (claro, deviam ser investigados), mas recusou-se a investigar as denúncias contra Serra contidas no dossiê de um lobista chamado Vedoim.

Quando saí da emissora, poucos meses depois, publiquei uma carta em que contava detalhes do episódio. E questionava a direção de Jornalismo, sob comando de Ali Kamel.

A CartaCapital também publicou uma capa mostrando como a Globo manipulou o noticiário às vésperas do primeiro turno em 2006… Vale a pena ler – aqui.

Em 2014, mais uma vez, a turma do moralismo seletivo não está preocupada com o Brasil. O moralismo de ocasião é só uma ferramenta daqueles setores desesperados com uma eleição que transformava PSDB/Globo/Veja em coadjuvantes absolutos.

Mas o escândalo mostra também a necessidade de uma Reforma Política urgente. PSDB, PT, PSB, PMDB: todos (ou pelo menos partes importantes dos principais partidos) parecem usar meios ilegítimos de financiar suas candidaturas. Muitas vezes, o poder econômico banca as campanhas e se transforma em dono dos mandatos.

Mais um argumento para se defender a necessidade de uma Reforma Politica para proibir doações privadas em campanhas.

Constituinte já!

É preciso proibir as doações de empresas a campanhas (como pede a OAB, em ação bloqueada no STF, por um pedido de vistas de Gilmar Mendes - sempre ele).

Abaixo o moralismo seletivo de Veja/Globo e dos tucanos!

Investiguemos todos os escândalos, inclusive os que atingem amigos da velha mídia: Serra/PSDB de São Paulo, Aécio/PSDB de Minas (o aeroporto de Cláudio é fichinha perto do que há por lá), Marina/PSB/Rede.

E que o PT explique como quer “reformar” o Brasil pedindo dinheiro (legal ou ilegalmente) de gente que quer qualquer coisa, menos reformas no Brasil…

No Programa da Independência, Dilma diz que Marina ameaça desmontar o Brasil

sábado, 6 de setembro de 2014

“Milicos de pijama” marcham com Marina



O Clube Militar, que reúne os oficiais aposentados que apoiaram o golpe de 1964, divulgou nesta sexta-feira (5) um texto em apoio à presidenciável Marina Silva. Intitulado “Um fio de esperança”, ele afirma que a ex-senadora “incorporou o desejo vago de mudanças que levou o povo às ruas em junho do ano passado”. Para os “milicos de pijama”, como são chamados os oficiais saudosos da ditadura, Marina Silva é a única capaz de derrotar o “lulopetismo” — termo bastante usado pelos “calunistas” da mídia oposicionista. O objetivo maior do apoio explícito é o de que a presidenciável-carona do PSB “interrompa a malfadada corruptocracia instalada no poder pelo lulopetismo”.

Golpista e aventureiro, o Clube Militar nem se importa com o futuro do Brasil num almejado governo Marina Silva. O texto afirma: “Que tipo de mudança, isso já é outro problema... Uma excelente candidata não será, necessariamente, uma excelente presidente”. Ele também qualifica a candidata como uma “figura messiânica”, que prega uma “nova política misteriosa”. Assinado pelo general Clovis Bandeira, editor de opinião da entidade fascistóide, o artigo insiste que o objetivo é derrotar “a corruptocracia instalada no poder pelo lulopetismo... Como está não pode continuar. Há expectativa de que novos rumos e novos governantes tragam melhores dias e maior esperança para os eleitores desiludidos”.

Marina Silva ainda não se pronunciou sobre o empolgado apoio. Curiosamente, porém, ela já havia dado uma sinalização positiva aos saudosos da ditadura. Segundo uma notinha publicada na Folha, a presidenciável promoveu um novo recuo nas suas posições. “Mais uma para a lista dos vaivéns de Marina. A candidata, que agora se diz contra a revisão da Lei da Anistia, pensava o contrário antes de disputar a Presidência. Ela defendia a punição de militares acusados de torturar na ditadura... Em 2008, Marina escreveu em artigo na Folha: ‘A tortura é crime hediondo, não é ato político nem contingência histórica. Não lhe cabe o manto da Lei da Anistia’. Ontem, em sabatina no portal G1, declarou que é contra rever a lei”. 

Os golpistas do Clube Militar devem ter adorado o novo recuo — que já esta virando rotina! Marina Silva realmente é “um fio de esperança” para os “milicos de pijama”!