Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
VILLA É UM HISTORIADOR QUE ESCREVE E REESCREVE A HISTÓRIA CONFORME OS INTERESSES DA CASA GRANDE.
Todo mundo sabe, até os desajuizados e os alienados, que o historiador Marco Antonio Villa tem uma visão da história bastante peculiar para não dizer excêntrica. Digamos que o moço tem propensão a observar a história pela ótica dos grupos sociais e acadêmicos aos quais ele pertence, que se resume no mundo das classes sociais e econômicas bem nutridas e ricas.
Por isto, tal historiador age como um dos historialistas (misto de historiador com editorialista) oficiais da direita brasileira. Realidade esta que lhe retira credibilidade junto à maioria dos acadêmicos das universidades brasileiras, porque, como todo mundo já percebeu, Villa tem lado, partido, cor ideológica e preconceitos de classe, que inviabilizam o trabalho de qualquer historiador, pois sua atividade requer equilíbrio, sensatez, pesquisa, estudos e, mais do que tudo, imparcialidade. Todos esses fatores são o que, definitivamente, Marco Antonio Villa não preza e nunca prezará.
Por seu turno, a história observada e escrita, tal qual Marco Antonio Villa faz, transforma-se em uma colcha de retalhos, pois história fragmentada e, consequentemente, desacreditada. Villa aparenta ter o dom da mágica, porque a história filmada pelo seu olhar sofre uma inacreditável metamorfose e se transforma em fofoca, a historia da carochinha, a verdadeira conversa para boi dormir, mas que atende plenamente aos interesses da Casa Grande, que Villa tão bem representa nos fóruns apropriados à burguesia.
E por quê? Porque as realidades e as verdades históricas são vilipendiadas por Villa, o mágico historialista da falácia, da fraude ou simplesmente da mentira. Inverdades em âmbitos históricos, que fique clara tal assertiva, pois o propósito de Villa é fazer política contra os governantes trabalhistas do PT, a fim de favorecer os setores acadêmicos, midiáticos e partidários conservadores — de direita, que lutam pela hegemonia, pois, para mantê-la, é necessário excluir, o que, seguramente, é o que não tem feito os governos do PT.
A oposição de uma “elite” desesperada, sumariamente feroz, porque não aceita a inclusão social de milhões de brasileiros. O sistema a utilizar gente igual a Marco Antonio Villa, o historialista que confunde propositadamente os fatos e os acontecimentos, com sua conversa dúbia sobre as realidades e, por conseguinte, atrair principalmente a classe média por meio de um verniz de intelectualidade, que tem a finalidade de dar uma conotação histórica aos “graves” erros do Lula, do PT, da Dilma e dos governos trabalhistas, que realizaram uma revolução social silenciosa neste País.
A direita colonizada e entreguista que se encontra histérica por estar somente há 12 anos sem controlar o Governo Federal, quando, no decorrer de séculos, esse segmento se locupletou nababescamente com as riquezas do País, explorou a mão de obra barata e aumentou suas fortunas mediante o poder do Estado, transformado pelas “elites” em patrimonialista e nepotista. E é exatamente essa nostalgia que mexe profundamente com o caráter hegemônico e de perfil excludente dos burgueses e dos pequenos burgueses.
Marco Antonio Villa está careca de saber disso. Porém, historialista vinculado ao golpista e direitista Instituto Millenium, torna-se necessário a ele distorcer os fatos ou os acontecimentos para dar veracidade às suas crenças ideológicas, e, por sua vez, agradar às classes dominantes que Villa representa, porque delas recebe benefícios, como, por exemplo, ter acesso à Globo News, no papel de “especialista” de prateleira, ou participar do “Programa do Jô” e aproveitar para fazer publicidade de seu livro, além de contar a história recente do Brasil através de sua ótica essencialmente conservadora.
Aliás, um aviso aos coxinhas desavisados ou ingênuos de plantão: as “entrevistas” do Jô não são consideradas entrevistas pela Globo, mas, sim, merchandising. Explico melhor: propaganda dentro do programa e não nos intervalos. Essas propagandas podem ter um formato jornalístico, de programa de auditório ou serem veiculadas em novelas. Ou seja, quem vai ao Jô Soares e a outros programas “globais” está a vender algum produto, mesmo se a pessoa não tiver conhecimento dessa engrenagem, o que muitas vezes acontece, porque já ouvi declarações de autores, atores e cantores reclamando desse processo mercantil das Organizações(?) Globo. Ponto!
Recorrentemente, o negócio de venda de produtos, uma peça de teatro, por exemplo, ou um livro, poderá ser realizado entre empresas pertencentes às Organizações(?) Globo. De qualquer forma, o monopólio global não dá abertura ou qualquer opção para que os profissionais de diferentes segmentos ganhem dinheiro sem deixar a parte do leão para o oligopólio de todas as mídias cruzadas, que se chama Globo.
Os Marinho monopolizaram o setor midiático, e estão em todos os negócios, inclusive naqueles em que não gastaram um tostão, a ter como exemplo chamar um diretor de teatro para falar de seu trabalho, sendo que a “entrevista” é considerada merchandising, independente ou não da vontade do “entrevistado”. Todavia, alguém poderia exclamar: “A pessoa vai se quiser!” Eu retruco com uma indagação: “E tem jeito?” Como sobreviver e deixar de ser refém dos tentáculos de tal polvo midiático, que pauta até a agenda política brasileira?
Então, até aqui está tudo bem, mas voltemos ao Marco Antonio Villa. Não é que o historialista dos ricos não cansa de deitar falação sobre o ex-presidente trabalhista Lula, pois, acredito, que se ele falasse de FHC — o Neoliberal I — não conseguiria ser ouvido e muito menos vender seus livros comprados por uma classe média reacionária, cujo maior sonho é ir para a Disneylândia abraçar o Mickey para dar uma de Pateta.
A classe média intolerante, aquela que não agüenta mais “tudo o que está aí”, ou seja, o Governo do PT e sua mania de distribuir renda e riqueza, bem como empregar os trabalhadores brasileiros, que passaram a freqüentar aeroportos, universidades, restaurantes, shoppings e a comprar carros, eletroeletrônicos e passagens aéreas, o que acarretou aos coxinhas um enorme desprazer de viver no Brasil.
Realidades que geraram um inconformismo e rancores de conotações preconceituosas incontroláveis, que levaram a classe média, de forma ridícula, a participar das primeiras manifestações, até porque, quando o caldo engrossou, os coxinhas se recolheram à segurança e ao conforto de suas casas e voltaram a criticar com cólera e xingar, geralmente de forma anônima, por intermédio das redes sociais.
A resumir: Voltaram a fazer o que sempre fizeram, pois ficou comprovado que os protestos nas ruas foram levados a cabo por grupos sociais organizados (sindicatos, partidos político e entidades variadas) e não por uma classe média devoradora de novelas, de programas de auditório, de revistas conservadoras, como a Época e a Veja e de jornais televisivos, que fazem a cabeça dessa gente de origem universitária, mas politicamente alienada e que se sente prejudicada e traída pelo Governo Trabalhista.
Traída, sobretudo, por ela ter que conviver ou simplesmente esbarrar com os pobres, em lugares que tal classe reacionária sempre considerou, equivocadamente, como seus, o que lhe causou revolta e ódio ao PT, aos seus eleitores, à esquerda e ao Lula e à Dilma.
A classe média quer ser VIP, mas não controla os meios de produção. A verdade é que nem classe organizada ela o é. Coitada, sonha em ser um dia convidada para os regabofes, as comezainas dos ricos e depois se refestelar. Todavia, a realidade é dura, e a classe média apenas serve à burguesia, que nunca abre as portas da Casa Grande para aqueles que ela trata apenas como consumidora de seus produtos e empregada de suas empresas. Ponto!
A “elite” sabedora desse complexo processo, serve-se de seus meios de comunicação, inclusive os de concessão pública, a fim de trazer para seu lado a pequena burguesia desejosa de ascender socialmente. É a partir desse ponto que gente, a exemplo do historialista Marco Antonio Villa, deita e rola, sem, contudo, ter alguém para fazer contraponto às suas opiniões, geralmente contrárias à esquerda, aos trabalhistas e, sobretudo, favorável ao establishment controlado por aqueles que eternizam o status quo, ou seja, a plutocracia nacional e internacional.
Afinal, a moderada ascensão social dos pobres no Brasil resultou em um indomável sentimento de ódio e desprezo saído do coração da classe média, que se sentiu preterida e por isso abomina o PT e todas suas políticas públicas, que visam dar um equilíbrio econômico e social à Nação brasileira. O PT não é um partido revolucionário, mas, sim, reformista e legalista, condição que faz a imprensa de mercado apelar para a fofoca, a maledicência e a manipulação — a arquitetura do jornalismo de esgoto.
Os petistas no poder da República são sociais democratas, realidade esta que os tucanos nunca abraçaram. Afinal, convenhamos, o nome do PSDB significa Partido da Social Democracia Brasileira, mas seu espaço foi ocupado pelo PT, que se dedicou às questões sociais e investiu pesadamente em programas de combate à pobreza, bem como em infraestrutura, o que permitiu, sem sombra de dúvida, que o Brasil crescesse tanto ao ponto de ser a sétima maior economia do mundo.
Como o PSDB se tornou um partido conservador e que, indubitavelmente, representa os interesses do empresariado, dos banqueiros e dos governos de países considerados desenvolvidos, mas de passado colonialista, evidentemente que o espaço popular já ocupado há décadas pelo PT permaneceu com o partido estrelado e de cor vermelha.
O PT e o Governo Trabalhista efetivam políticas públicas de caráter social, reconhecidas no exterior e pelo povo brasileiro. Não resta dúvida. Por isso venceu três eleições seguidas, além de não ter vendido as estatais. Ao contrário, criaram outras e fortaleceram as já existentes. Villa, o historialista da high society sabe disso ou finge não saber. Porque não é possível que um cara que se diz historiador não enxergue a história a um palmo de seu nariz. Inacreditável sua desfaçatez e cegueira ideológica.
Villa chama Lula de ditador, quando a verdade é que o político trabalhista ampliou as ferramentas e os instrumentos democráticos ao abrir as portas do Palácio do Planalto a segmentos sociais fragilizados e sem visibilidade social, organizou centenas de conferências e chamou a sociedade para participar, nunca reprimiu movimentos sociais e reivindicatórios, implementou o Portal da Transparência, aceitou as listas tríplices para escolhas de ministros do STF e procurador-geral da PGR, além de governar de forma republicana, porque até os governadores adversários receberam recursos para exercerem seus mandatos com dignidade.
Além disso, o PT tem tradição de organizar reuniões políticas, partidárias, laborais e é uma agremiação política democrática, porque talvez o PT seja o único partido brasileiro que seus militantes têm direito a voto. Lula é um político paciente, pois foi forjado pelas negociações sindicais com o patronato, além de estar aberto a discussões partidárias. Sempre ouviu mais do que falou, para ter ciência do que seu interlocutor quer e deseja.
Todo mundo sabe disso, menos o Marco Antonio Villa, que, como historiador, é o fim da picada. A verdade é que sua intenção é desconstruir o PT e seus líderes simbolizados em Lula e Dilma. Villa apenas repete o mantra antigo e cheio de poeira que historialistas e jornalistas antigos repercutiam no passado, a ter como alvo o PTB do estadista Getúlio. Villa é desprovido de criatividade e por causa disso tenta repetir a história. Só que a história retrata a vida humana e não se repete, pois, quando há esta intenção forjada pelo homem, a história se torna uma fraude, a farsa em toda sua essência e plenitude. Ponto!
Os propósitos dessa gente são tão inacreditáveis que chego a pensar que esse pessoal passou por um processo de lobotomia. Acredito que não é necessário mentir para distorcer a história, como o historialista da Casa Grande faz e está cansado de fazê-lo. Marco Antonio Villa aparenta ser tão imprudente como historiador, que me leva a concluir que no futuro ele vai ser relegado ao plano de “especialista” de prateleira da Globo News. Só isso e nada mais. É isso aí.