Atenção: Este texto é puramente fictício e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Desde já admito que não tenho conhecimento algum de ciência jurídica e não sei como funciona um real julgamento.
Leitura da sentença: São acusados os alunos das instituições de ensino da rede privada de roubar as vagas dos estudantes das instituições públicas nas universidades federais e estaduais.
Os réus não estão presentes, pois não caberiam no tribunal, então foram convocados alguns acusados para falar por todos. Entra a primeira acusada.
Promotor: A senhorita passou para o curso de Medicina da Universidade Federal de Confim da Terra pelo concurso vestibular do ano passado?
Acusada: Sim, senhor.
P: Sua escola era particular ou pública?
A: Particular.
P: A senhorita estudava em qual turno?
A: Manhã e tarde.
P: Fez cursinho preparatório?
A: Sim, aos sábados de manhã e às segundas, quartas e quintas feiras à noite.
P: Quantas horas de estudo diárias costumava ter?
A: Oito horas no colégio, e mais quatro horas de estudo em casa.
P: Já trabalhou alguma vez na vida?
A: Nunca.
P: Seus pais têm condições financeiras de pagar uma faculdade particular?
A: Sim.
P: Por que, então, a senhorita optou por cursar uma universidade pública?
A: Porque as faculdades públicas têm conceito muito maior no mercado de trabalho.
P: Então a senhorita confessa ter passado doze horas diárias estudando para obter uma vaga que era por direito de alguém que não tinha condições de pagar uma faculdade particular? Admite então que roubou a vaga de um estudante de escola pública que ficou sem professor de várias matérias e que tinha de trabalhar para ajudar no sustento da família?
A: Não estudei para roubar a vaga de ninguém, estudei porque queria muito passar no vestibular para garantir meu futuro profissional.
P: E quem é que vai garantir o futuro profissional do grande contingente de estudantes que não têm as suas condições?
A: Mas a falta de condições dos colégios públicos é problema do Estado!
P: Protesto! A ré está ofendendo o Estado.
Juíz: Protesto aceito.
Promotor: Sem mais perguntas.
A assistência fica agitada e alguém grita:
_Por acaso os alunos das escolas particulares têm culpa do descaso das autoridades para com a educação pública?...
Juíz: Silêncio!
_Não são eles tão cidadãos quanto qualquer estudante da rede pública?
Juíz: Ordem no tribunal!
_A Constituição não diz que todos são iguais perante a Lei?
Juíz: Tirem este homem daqui.
O homem é tirado do tribunal pelos seguranças.
Promotor: Os alunos das escolas particulares têm roubado as vagas dos estudantes das escolas públicas há anos. Eles estudam como loucos com o intuito mesquinho de furtar a vaga alheia, para que os mais pobres não tenham condições de competir com eles no mercado de trabalho. Eles são egoístas e só pensam em seu próprio futuro.
Advogado: A precariedade do ensino nas escolas públicas não é culpa destes alunos que ainda nem trabalham! Ora, se os pais deles pagam os impostos e votam como quaisquer outros cidadãos, as universidades públicas são também direito deles.
Promotor: Pode até ser que sejam, mas eles não podem ficar com todas as vagas.
Advogado: Todos são iguais perante a Lei e devem concorrer às vagas igualmente, e deve passar quem obtiver a maior nota.
Promotor: Mas então os estudantes das escolas públicas continuarão sendo minoria nas universidades, e nós precisamos defendê-los, já que são o maior número. Este bem que fazemos hoje com certeza terá reflexos a curto e médio prazo, e creio que ano que vem já começaremos a senti-los.
Advogado: É verdade.
Juíz: Eu declaro os estudantes das escolas particulares culpados por roubarem as vagas dos estudantes das escolas públicas nas faculdades, e eles cumprirão pena de concorrer a somente metade das vagas em toda e qualquer instituição pública de ensino superior no país.
Sessão encerrada
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