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terça-feira, 30 de outubro de 2012

A fome: desafio ético e político



Por Leonardo Boff

Por causa da retração econômica provocada pela atual crise financeira, o número de famintos, segundo a FAO, saltou de 860 milhões para um bilhão e duzentos milhões. Tal fato perverso impõe um desafio ético e político. Como atender as necessidades vitais destes milhões e milhões?

Historicamente este desafio sempre foi grande, pois a necessidade de satisfazer demandas por alimento nunca pôde ser plenamente atendida, seja por razões de clima, de fertilidade dos solos ou de desorganização social. À exceção da primeira fase do paleolítico quando havia pouca população e superabundância de meios de vida, sempre houve fome na história. A distribuição dos alimentos foi quase sempre desigual.

O flagelo da fome não constitui, propriamente, um problema técnico. Existem técnicas de produção de extraordinária eficácia. A produção de alimentos é superior ao crescimento da população mundial. Mas eles estão pessimamente distribuídos. 20% da humanidade dispõe para seu desfrute 80% dos meios de vida. 80% da humanidade deve se contentar com apenas 20% deles. Aqui reside a injustiça.

O que ocasiona esta situação perversa é a falta de sensibilidade ética dos seres humanos para com seus coiguais. É como se tivéssemos esquecido totalmente nossas origens ancestrais, aquela da cooperação originária que nos permitiu sermos humanos.

Esse déficit em humanidade resulta de um tipo de sociedade que privilegia o indivíduo sobre a sociedade, valoriza mais a apropriação privada do que a coparticipação solidária, mais a competição do que a cooperação, dá mais centralidade aos valores ligados ao masculino (no homem e na mulher) como a racionalidade, o poder, o uso da força do que os valores ligados ao feminino (também no homem e na mulher) como a sensibilidade aos processos da vida, o cuidado e a disposição à cooperação.

Como se depreende, a ética vigente é egoísta e excludente. Não se coloca a serviço da vida de todos e de seu necessário cuidado. Mas está a serviço dos interesses de indivíduos ou de grupos com exclusão de outros.

Uma desumanidade básica se encontra na raiz do flagelo da fome. Se não vigorar uma ética da solidariedade, do cuidado de uns para com os outros não haverá superação nenhuma.

Importa considerar que o desastre humano da fome é também de ordem política. A política tem a ver com a organização da sociedade, com o exercício do poder e com o bem comum. Já há séculos, no Ocidente, e hoje de forma globalizada, o poder político é refém do poder econômico, articulado na forma capitalista de produção. O ganho não é democratizado em benefício de todos, mas privatizado por aqueles que detém o ter, o poder e o saber; só secundariamente beneficia os demais. Portanto, o poder político não serve ao bem comum. Cria desigualdades que representam real injustiça social e hoje mundial. Em consequência disso, para milhões e milhões de pessoas, sobram apenas migalhas sem poder atender suas necessidades vitais. Ou simplesmente morrem em consequência das doenças da fome, em maior número, inocentes crianças.

Se não houver uma inversão de valores, se não se instaurar uma economia submetida à política e uma política orientada pela ética e uma ética inspirada numa solidariedade básica não haverá possibilidade de solução para a fome e subnutrição mundial. Gritos caninos de milhões de famintos sobem continuamente aos céus sem que respostas eficazes lhes venham de algum lugar e façam calar este clamor.

Por fim, cabe reconhecer que a fome resulta também do desconhecimento da função das mulheres na agricultura. Segundo a avaliação da FAO são elas que produzem grande parte do que é consumido no mundo: de 80% - 98% na África subsaariana, de 50%-80% na Ásia e 30% na Europa central e do leste. Não haverá seguridade alimentar sem as mulheres agricultoras, caso não lhes for conferido mais poder de decisão sobre os destinos da vida na Terra. Elas representam 60% da humanidade. 

Por sua natureza de mulheres são as mais ligadas à vida e à sua reprodução. É absolutamente inaceitável que, a pretexto de serem mulheres, se lhes neguem os títulos de propriedade de terras e o acesso aos créditos e a outros bens culturais. Seus direitos reprodutivos não são reconhecidos e se lhes impede o acesso aos conhecimentos técnicos concernentes à melhoria da produção alimentar.

Sem estas medidas continua válida a crítica de Gandhi: ”a fome é um insulto; ela avilta, desumaniza e destrói o corpo e o espírito… senão a própria alma; é a forma de violência mais assassina que existe”.

A Sabedoria das Massas

Por Helena Novais.

No sábado, voltei para casa ao entardecer. Devido à votação do domingo, os companheiros, educadores populares que moram em cidade do interior do Estado, preferiram organizar os trabalhos de forma a não correr o risco de chegar em casa quando a votação já estivesse encerrada. Meu trajeto de retorno ao lar foi diferente do que fiz nas outras vezes em que estive no extremo sul de São Paulo. Desta vez, passei pelas Nações Unidas e por algum motivo atolei no trânsito lento da Berrini. 

Trânsito em pleno sábado à noite! E em meio ao luxo e ao poder concentrados na avenida Luiz Carlos Berrini... Na zona sul vi a indignação e as lágrimas de mulheres que temem pela vida de seus filhos... Ouvi delas que as armas recolhidas nas campanhas de desarmamento, das quais elas mesmas participaram, estariam retornando à zona sul e mantando seus filhos indiscriminadamente... Há denúncias de ações intencionais da polícia pelo extermínio da juventude negra. Há denúncias de ações intencionais da mídia para a criminalização da pobreza. Há exigência moral de que os educadores populares se posicionem a respeito. Há uma guerra civil implícita na cidade de São Paulo. 

Novamente o "luxo" e o "lixo" se confrontam abertamente... Não sou tão orgulhosa das minha convicções quanto pode parecer. Ou melhor, minhas convicções não são exatamente as que podem parecer. Acredito que em meio a sistemas antagônicos, lutas de classe, lutas por poder, há algo subjacente. Há o humano, demasiado humano. Há os micropoderes que permeiam todas as relações. Me é estranho, no entanto, a dinâmica, o "sedimento", que une espontaneamente as partes das estruturas que essas relações formam. 

Mas há micropoderes nas relações políticas de esquerda, como há micropoderes no capistalismo... E são eles, manifestações da tendência humana para o conflito e o desacordo, que tornam trágicos os dias da civilização. Se no capitalismo a luta pelo poder é aberta, no socialismo ela é oculta, camuflada por ideologias apenas superficialmente vividas. Poucos, raros, transcendem rumo ao "ser mais", a elevação moral e ética que Paulo Freire tão bem indicou. O comum é a adesão ao autoengano, é o mentir para si mesmo antes de mentir para outros, justificando a luta por poder exercida por si com discursos vazios que caem em permanente contradição diante dos próprios atos e escolhas. 

Na luta de vida e morte contemporânea, a máxima de Platão ainda é a máxima de todos os tempos: "conhece a ti mesmo"... Sem isso o que temos e teremos são cegos guiando cegos à beira de precipícios. Violência multiplicada por violência nas suas várias formas. 

De qualquer maneira, como é frágil a placidez do luxo e da ostentação da Berrini diante da revolta das periferias! Tão frágil como a vida dos pobres e negros dessas periferias... A conquista da Prefeitura pelo Partido dos trabalhadores, apesar do Mensalão, não é nada mais, nada menos, do que o povo dizendo para a grande mídia: "nós não acreditamos mais em vocês; nós vamos resolver os nossos problemas com os nossos; nós vamos fazer as nossas leis". 

Há uma guerra civil implícita na cidade de São Paulo... Na convulsão se percebe que a sabedoria está nas massas, não nas elites nem nas vanguardas... Engana-se quem pensa que a massa é alienação inerte... Que observem a força de resistência do amor de uma mãe... É nas massas que está em potência a sabedoria que homens e mulheres de todos os tempos almejam alcançar. Em potência!

Fonte:http://claro-escuro.blogspot.com.br

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

Por um mundo plural

A face humana é igual à daqueles deuses orientais: várias faces sobrepostas em diferentes planos, e é impossível ver todas elas de uma só vez. (Marcel Proust)

Título da autora:
Deus ama os gays, mas isso não é o bastante



por Aline Menezes

A minha fé (ou as minhas crenças) jamais deverá servir de desculpa para incitar a violência contra quaisquer pessoas que assumam práticas sexuais diferentes das minhas. Pela visão de mundo que sempre busco ter, acompanho com frequência o noticiário e o debate sobre os crimes executados contra os homossexuais, consequentemente, sobre os direitos deles. O que vejo: tolos e fariseus discutindo de maneira leviana questões fundamentais para qualquer país que queira ser democraticamente livre.

No ano passado, o jornalista e deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) escreveu uma carta para o Jornal do Brasil em resposta a um colunista que o acusara de "censurar cristãos". Nas palavras de Leandro Fortes, repórter da revista CartaCapital, o texto do parlamentar era "uma pequena aula de civilidade e história". Reproduzo aqui apenas um trecho, mas ressalvo que o documento completo merece ser lido:

[...] Sendo a defesa da Dignidade Humana um princípio soberano da Constituição Federal e norte de todo ordenamento jurídico brasileiro, ela deve ser tutelada pelo Estado e servir de limite à liberdade de expressão. Ou seja, o limite da liberdade de expressão de quem quer que seja é a dignidade da pessoa humana do outro. O que fanáticos e fundamentalistas religiosos mais têm feito nos últimos anos é violar a dignidade humana de homossexuais.

Quando li a carta, quis abraçar Jean Wyllys e pedir desculpas a ele pelos imbecis que dizem compartilhar da mesma fé que eu; queria ter pedido desculpas a Jean Wyllys e a todos aqueles que diariamente sofrem ou já foram vítimas de seres homofóbicos, muitos dos quais são agressores que se vestem de terno e gravata e demonstram ares de virilidade, típicos dos machos mais selvagens que a natureza ainda não conseguiu banir da Terra; queria ter pedido desculpas a todos os gays, lésbicas, travestis e tantas outras pessoas identificadas por nomes estigmatizados, utilizados para oprimi-los, violentá-los e tirar deles o direito à vida.

O deputado tem razão: fanáticos e fundamentalistas religiosos têm provocado a disseminação do ódio contra os homossexuais. Além disso, Jean Wyllys comentou que, no Brasil, 200 homossexuais são brutalmente assassinados por ano, segundo estatísticas divulgadas pelo Grupo Gay da Bahia e da Anistia Internacional. (Não apurei dados recentes). De tão comuns, esses crimes nem sempre estampam as capas dos jornais ou das agências de notícias, pois já integram a seção de "cotidiano". A motivação da brutalidade contra eles: a identidade de gênero.

Numa lúcida entrevista à CartaCapital, também de 2011, o pastor Ricardo Gondim afirmou que é a favor da união civil entre os homossexuais. E mais: "Temos de respeitar as necessidades e aspirações que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossexuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade".

Essa entrevista rendeu a Ricardo Gondim sua "demissão" como colunista de uma das revistas mais importantes do meio evangélico no Brasil, a Ultimato (nome sugestivo). E rendeu também uma série de acusações e violências verbais contra o téologo e escritor brasileiro. Porém, Gondim afirmou no site dele:

[...] Eu podia ser outra pessoa. Estou consciente de meus dons e talentos. Sei que poderia tornar-me famoso e disputado entre os maiorais do movimento evangélico. Mas, não sei explicar, preferi o caminho dos proscritos. E a minha história virou piada; fui arrastado ao charco. Dei uma entrevista à revista Carta Capital (eu daria novamente, sem tirar uma vírgula) e os eventos desandaram. Antigos companheiros passaram a me evitar como um leproso. Reconhecer que homossexuais têm direito era um pecado incontornável. Contudo, prefiro o ódio de fundamentalistas e homofóbicos à falta de paz; quero poder deitar a cabeça no travesseiro com a consciência de que defendi o que é justo.

Sempre que releio essa parte, eu me emociono. Porque sinto que é uma declaração honesta e sincera de alguém que reconhece a essência da expressão "fé cristã" e não se rende à estupidez religiosa, nem muito menos à hipocrisia de semideuses, encastelados em seus púlpitos ou gabinetes fedidos e sujos de excrescências diabólicas. Graças a Deus, e somente a Ele, existem cristãos que pensam diferentemente das declarações equivocadas de Silas Malafaia, por exemplo, e de todos os seus seguidores inocentes ou perversos; mal-informados ou estúpidos.

Aqueles que são incapazes de reconhecer as diferenças, os direitos, as dores e as angústias alheias jamais deveriam ser chamados de cristãos. Primeiramente, porque não o são; em segundo lugar, porque nunca o foram.

No:http://www.blogdodanieldantas.com.br

Desculpa Serra, fizemos de tudo para ajuda-lo


Esse bando tentou de todas as formas impedir a vitória da justiça social.   



VAMOS DE MÚSICA!!!



Quem mandou você me olhar desse jeito? 
Agora vai ter que cuidar desse amor 
Não tem mais jeito, isso é perfeito 
Isso é perfeito

sábado, 27 de outubro de 2012

Olívio Dutra: “PT está virando partido de barganha como os outros”

Interessante diagnóstico do companheiro Olívio Dutra, sobre o distanciamento dos ideias petistas que constituíram o partido.


Se a direção nacional e gaúcha do PT tem uma avaliação de que as eleições municipais de 2012 foram apenas positivas pelo aumento do número de prefeituras em relação ao último pleito, um quadro de força política relevante do partido discorda. O ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra disse que o processo eleitoral deve servir como lição sobre os rumos da identidade do PT.

“O PT tem mais se modificado do que modificado a sociedade. Este é um grande problema nosso. Estamos ficando iguais aos partidos tradicionais. Nós não nascemos para nos confirmarmos na institucionalidade e viver da barganha política”, critica. Para Olívio, a sigla que nasceu da luta dos trabalhadores e acumula tradição em formação política e diálogo com os movimentos sociais está se afastando de sua origem. “Não podemos ser o partido da conciliação de interesses. Temos que ser o partido da transformação social. Evidente que não sozinho, mas com alguns em que possamos apresentar projetos de campos populares democráticos”, diz.

A política de colaboração de classes adotada pela direção do Partido dos Trabalhadores a partir da eleição do Lula, em 2002, conduz o PT, na visão de Olívio Dutra ao distanciamento dos ideias petistas que constituíram o partido. “A esquerda do PT, PSTU e PCO devem ao país. Temos que nos unir e não ficar disputando dentro do próprio PT. As correntes internas que antes discutiam ideias agora discutem como se fortalecer e buscar cargos e eleições de seus quadros. Isso é preocupante”, afirma.

Ainda que as considerações do ex-ministro de Lula apontem para um cenário crítico internamente, ele acredita que o PT ainda tem raízes de sustentação que o permitem fazer uma boa reflexão sobre esta transformação política. “Aprendemos mais com as vitórias do que as derrotas. Representamos uma enorme transformação para o povo brasileiro, mas há que se perguntar se conseguimos mudar substancialmente as estruturas do estado que promovem as desigualdades e injustiças no nosso país. Elas estão intactas, apesar de termos tido a oportunidade de estar no governo. O PT tem que ser parte de uma luta social e cultural agora, e não se dispor a ficar na luta por espaços e no afastamento dos movimentos sociais”, salienta

Rachel Duarte
No Sul21

Feliz aniversário querido Presidente Lula!

1945

1945

Nasce em 27 de outubro Luiz Inácio da Silva, em Vargem Comprida, localidade de Caetés, no interior de Pernambuco – na época um distrito do município de Garanhuns. O bebê é o sétimo filho de Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo, a “dona Lindu”. É registrado, porém, sete anos mais tarde e com data de nascimento diferente: 6 de outubro. Apesar da certidão, Lula comemorava o seu aniversário no dia 27……..Continue lendo


1952

A mãe de Lula e os filhos se mudam para o litoral de São Paulo, para onde o marido já havia se transferido a fim de tentar a vida como estivador no porto de Santos. Aos 7 anos, Lula se alfabetiza no Grupo Escolar Marcílio Dias e vende laranjas no cais.


1956

Se muda para a capital paulista, com a mãe e os irmãos. O pai fica no litoral, após formar uma segunda família com uma prima de dona Lindu.


1957

Começa a trabalhar em uma tinturaria de São Paulo, aos 12 anos. Atua também como engraxate e auxiliar de escritório.


1959

Tem a carteira assinada pela primeira vez, aos 14 anos. É transferido para a Fábrica de Parafusos Marte e começa o curso técnico de torneiro-mecânico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

1963

Forma-se no Senai e é admitido em uma metalúrgica, onde tem o dedo mínimo da mão esquerda esmagado por uma prensa hidráulica. Recebe uma indenização e compra um terreno para a mãe. Troca de emprego, mas é demitido por se negar a trabalhar aos sábados.


1968

Filia-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, por influência do irmão José Ferreira de Melo, o Frei Chico.

1969

Casa-se com a operária mineira Maria de Lourdes da Silva. Dois anos depois, ela engravida, mas contrai hepatite no oitavo mês de gestação. Mãe e bebê morrem durante uma cesariana.

1974

Nasce Lurian, sua primeira filha. A mãe é a enfermeira Miriam Cordeiro, namorada de Lula na época. No mesmo ano, casa-se com a então viúva Marisa Letícia da Silva e adota Marcos Cláudio, fruto do casamento anterior da mulher. O novo casal teria três filhos: Fábio Luís, Sandro Luís e Luís Cláudio.


1975

É eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, com 92% dos votos.


1978

É reeleito para a presidência do sindicato, desta vez com 98% dos votos, após liderar um movimento de reivindicação salarial que se transformou em greve.


1980

Junta-se a sindicalistas, intelectuais, católicos militantes da Teologia da Libertação e artistas para fundar, em 10 de fevereiro, o Partido dos Trabalhadores (PT). Mais tarde, o sindicato sofre intervenção devido a uma greve, e Lula fica detido nas instalações do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) paulista por 31 dias. No mesmo ano, inclui Lula em seu nome, uma vez que a legislação da época não permitia o uso de apelidos em campanhas.


1981

É condenado pela Justiça Militar a três anos e meio de prisão por incitação à desordem coletiva. Recorre e é absolvido no ano seguinte.


1982

Tenta pela primeira vez, sem sucesso, um cargo eletivo: governador de São Paulo. A eleição é vencida por Franco Montoro, do PMDB.


1984

Ao lado Ulysses Guimarães, reforça a campanha das Diretas Já.


1986 

É eleito deputado federal com a maior votação do País para a Assembleia Nacional Constituinte.


1989 

Candidata-se na primeira eleição direta para presidente depois do golpe militar de 1964. Perde no segundo turno para Fernando Collor de Melo, do PRN.


1994

Tenta pela segunda vez a Presidência da República, mas perde ainda no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.


1998

Perde a terceira eleição para presidente. No pleito, FHC foi reeleito no primeiro turno.


2002

Vence a eleição presidencial ao derrotar o tucano José Serra, candidato da situação. O segundo turno coincidiu com o aniversário de Lula: 27 de outubro. Ao ser diplomado, em dezembro, disse: “E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de presidente da República do meu país.”


2003

No dia 1º de janeiro, toma posse o primeiro operário a alcançar a presidência da República.


2006

É reeleito no segundo turno, ao derrotar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB.


2010

Elege sua sucessora e primeira mulher presidente do Brasil: a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que tentava pela primeira vez um cargo eletivo. Chamado de “o cara” pelo presidente americano Barack Obama, encerra o segundo mandato com aprovação pessoal recorde de 87%.


A Globo testemunhou o eclipse da “elite da elite” dos tucanos. E a ascensão de um novo líder petista

PHA: HADDAD TRUCIDA CERRA NA GLOBO - DO CONVERSA AFIADA



É um absurdo que o debate final da campanha de prefeito de São Paulo tenha que se submeter à programação da Globo e comece às 23h03, quando o espectador dorme ou está na pizzaria.

Mas, se o Supremo Tribunal de Salém segue a programação da Globo e a FIFA também, o que dizer ?

Haddad trucidou Cerra.

Trucidou no capítulo Kassab, herdeiro de Cerra, que não fez os 150 corredores de ônibus que prometeu, não construiu os três hospitais que prometeu.

Haddad imprensou Cerra na questão da segurança, que, no coronelato tucano levou a uma epidemia de homicídios: 20 mortes em 24 horas.

Cerra começou a engolir saliva e a tremer a mão direita quando Haddad pressionou sobre a lastimável incompetência tucana na construção do metrô.

Haddad lembrou que a cada eleição os tucanos prometem obras do metrô que, depois da eleição, adiam.

É o caso da Linha 6, que foi prometida, não está licitada e passou a ser prometida para 2019.

E não adianta enrolar, porque o pessoal da Brasilândia sabe, disse Haddad.

Aí, Cerra usou o que poderia ser a bala de prata.

Pediu a Haddad para explicar por que os petistas foram condenados pelo mensalão no Supremo.

Haddad respondeu: talvez você saiba explicar melhor, porque o mensalão começou com os tucanos de Minas e será julgado.

No capítulo Educação, Haddad se permitiu dizer que Educação não é a raia do Cerra e deu uma breve aula.

Depois, quando Cerra disse que Haddad estava nervoso, Haddad explicou que estava, na verdade, indignado.

Porque Cerra diz na campanha o que a cidade não vive na vida real: “tua propaganda não reflete a vida da cidade”.

Cerra recuou.

Salivou.

Beijou a lona.

E quem disse que o Cerra é mais preparado ?

Haddad está indignado.

E Cerra não tem o que dizer.

A Globo testemunhou o eclipse da “elite da elite” dos tucanos.

E a ascensão de um novo líder petista.

O perigo agora é a edição que o jornal nacional fará no sábado desse debate em que Cerra acabou de perder a eleição.

Paulo Henrique Amorim

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

100 INTELECTUAIS E ARTISTAS DIVULGAM VOTO PRÓ-HADDAD



Lista inclui escritor Fernando Morais (à dir.), crítico Antonio Cândido e até ex-tucano Luís Carlos Bresser Pereira; declaração de voto objetiva formar opinião de admiradores; confira todos os nomes.



247 – Uma lista com nomes de cem artistas e intelectuais está circulando pela internet. De A a Z, a partir do crítico Antônio Cândido chegando ao ator Zé de Abreu, todos eles têm em comum o fato de que irão votar no candidato a prefeito Fernando Haddad, do PT, no domingo 28. O jornalista e escritor Fernando Morais foi um dos aglutinadores da lista. A intenção é levar admiradores desses formadores de opinião a acompanharem seus votos.

Abaixo, a lista:

1. Antonio Candido, crítico literário 2. Alceu Valença, músico 3. Alfredo Bosi, crítico literário 4. Amélia Cohn, socióloga 5. Ana Bock, psicanalista 6. Ana Maria Nita Freire, educadora 7. Ana Petta, atriz 8. André Klotzel, cineasta 9. André Singer, cientista político 10. Benjamin Abdalla Jr., crítico literário 11. Celso Antonio Bandeira de Mello, jurista 12. Celso Frederico, professor de comunicação 13. Chico César, músico 14. Christian Dunker, psicólogo 15. Cibele Forjaz, diretora de teatro 16. Cilaine Alves Cunha, crítica literária 17. Claudio Gonçalves Couto, cientista político 18. Débora Duboc, atriz 19. Dermeval Saviani, educador 20. Ecléia Bosi, psicóloga 21. Eliane Caffé, cineasta 22. Emília Viotti da Costa, historiadora 23. Emir Sader, sociólogo 24. Enid Frederico, crítica literária 25. Ermínia Maricato, arquiteta 26. Fernando Morais, jornalista e escritor 27. Gabriel Cohn, sociólogo 28. Gilberto Bercovici, jurista 29. Gilberto Gil, músico 30. Heloisa Fernandes, socióloga 31. Isa Grinspun, cineasta 32. Isaura Botelho, produtora cultural 33. Ismail Xavier, crítico de cinema 34. Jean-Claude Bernardet, crítico de cinema 35. João Adolfo Hansen, crítico literário 36. João Quartim de Moraes, professor de filosofia 37. João Sette Whitaker Ferreira, arquiteto 38. Jorge Wilhelm, arquiteto 39. José Castilho, professor de filosofia 40. José Celso Martinez Corrêa, diretor de teatro 41. José Miguel Wisnick, músico 42. José Sérgio F. de Carvalho, educador 43. Lais Bodansky, cineasta 44. Laura de Mello e Souza, historiadora 45. Laurindo Lalo Leal Filho, jornalista 46. Laymert Garcia dos Santos, sociólogo 47. Leda Paulani, economista 48. Lígia Cortez, atriz 49. Luiz Bagolin, crítico de arte 50. Luiz Carlos Bresser Pereira, economista 51. Luiz Felipe de Alencastro, historiador 52. Luiz Recáman, arquiteto 53. Mamede Mustafa Jarouche, tradutor 54. Marcelo Ferraz, arquiteto55. Márcia Denser, escritora 56. Márcio Thomas Bastos, advogado 57. Marco Antonio Marques da Silva, jurista 58. Marcus Orione, jurista 59. Margarida Genevois, ativista dos direitos humanos 60. Maria Alice Setúbal, educadora 61. Maria Auxiliadora Dodora Arantes, psicanalista 62. Maria da Conceição Tavares, economista 63. Maria Hermínia Tavares de Almeida, cientista política 64. Maria Isabel Noronha, professora65. Maria Rita Kehl, psicanalista 66. Maria Victoria Benevides, cientista política 67. Marilena Chaui, filósofa68. Mario Salerno, engenheiro69. Mario Sergio Cortella, educador70. Mauro Zilbovicius, engenheiro71. Miguel Nicolelis, neurocientista72. Milton Hatoum, escritor 73. Moacir Gadotti, educador 74. Nabil Bonduki, arquiteto 75. Olgaria Matos, professora de filosofia 76. Otaviano Helene, físico 77. Pablo Capilé, ativista cultural 78. Paulo Silveira, psicanalista 79. Pedro Paulo Martoni Branco, sociólogo 80. Renato Ortiz, sociólogo 81. Renato Rovai, jornalista 82. Ricardo Abramovay, economista 83. Ricardo Carneiro, economista 84. Roberto Gervitz, cineasta 85. Ronaldo Bressane, escritor 86. Rubens Rewald, cineasta 87. Sergio Amadeu, ativista cultural 88. Sergio de Carvalho, diretor de teatro 89. Sergio Miceli, sociólogo 90. Sergio Muniz, cineasta 91. Stella Senra, professora de comunicação 92. Suely Rolnik, crítica cultural 93. Suzana Amaral, cineasta 94. Tata Amaral, cineasta 95. Toni Venturi, cineasta 96. Tullo Vigevani, cientista político 97. Vladimir Safatle, professor de filosofia 98. Walnice Nogueira Galvão, crítica literária 99. Wolfgang Leo Maar, professor de filosofia 100. Zé de Abreu, ator.

O pilantra e sabujo do PIG Reinaldo Azevedo, insinua que o próprio PT pode ter plantado o boato de cancelamento do Enem

Esse vagabundo esqueceu que o Fernando Haddad, tem 20 pontos de vantagem do Zé meleca.


247 – Reinaldo Azevedo perdeu de vez as estribeiras. Num post publicado nesta manhã, ele chama o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, de “moleque”. Literalmente. Tudo porque Mercadante pediu apoio da Polícia Federal para investigar a origem da mentira que se viralizou na internet sobre o cancelamento do Enem – uma informação falsa, que prejudicaria milhões de estudantes. Reinaldo insinua ainda que a mentira pode ter sido plantada pelo PT, para depois se beneficiar eleitoralmente. Quem tem vinte pontos de vantagem (60% a 40% no Datafolha) precisa disso?

Abaixo o post de Reinaldo:

Que tal este título: “Campanha de Haddad espalha o boato de que Enem vai ser adiado só para gerar tumulto e poder acusar a campanha de Serra”?

Isso que vai no título aconteceu, leitor? Vamos ver.

Quando a própria presidente da República sobe num palanque, como fez em Salvador, e, na prática, ameaça os eleitores, acaba dando sinal verde para que seus ministros se comportem como chicaneiros. É o que fez hoje, e não estou surpreso, o titular da Educação, Aloizio Mercadante. Por quê?

Ontem, circulou um boato na rede segundo o qual o Enem, que acontece nos dias 3 e 4 de novembro, seria adiado. Era tudo conversa mole, típica dessas coisas que circulam nas redes sociais, sempre abertas a molecagens. Quem não pode se comportar como moleque é ministro de estado.

E Mercadante, infelizmente, é um deles. Lula nunca teve esta irresponsabilidade ao menos: jamais levou o rapaz para o primeiro escalão. Dada a boataria, o que fez Mercadante? Acusou a campanha do candidato do PSDB à Prefeitura, José Serra, de ser a fonte: “O que resta a eles hoje é a sabotagem”. Que evidência ele tem? Nenhuma! Que apuração ele fez? Nenhuma! O título deste post, pois, é um exercício de texto que simula o método Mercadante de apuração: eu apenas mudei o agente — e tenho tantas provas quantas ele tem.

Ora, se existe alguém querendo lucrar com o saldo do boato, por que o larápio seria Serra e não Haddad? Vamos pensar? Digamos que isso pudesse passar pela cabeça de um tucano… O dia ideal para lançar o ruído seria o próprio domingo, certo? Por que um troço como esse na quinta, havendo ainda sexta, sábado e o próprio domingo para desfazer a mentira?

É questão de lógica elementar. Se o boato teve origem política (notem bem: SE…), isso só interessa a quem lucra com o desmentido. E quem está tentando lucrar com o desmentido? A frase de Mercadante fala por si: é o PT! Estou sustentando que foram os petistas? Estou sustentando que o episódio interessa mais a Haddad do que a Serra. A estratégia não seria estranha ao PT: vivem acusando os adversários de jogo sujo para justificar o seu… jogo sujo!

Quanto a Mercadante, dizer o quê? Ele ao menos conhece de perto a sabotagem. Em 2006, disputou o governo de São Paulo com Serra, que o venceu no primeiro turno. Um assessor do agora ministro transportou uma mala com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo — petistas, como sabem os mensaleiros, gostam de notas — para pagar o dossiê dos aloprados.

Vejam que coisa curiosa! Também naquele caso, o que se queria era incriminar Serra. E o braço direito de Mercadante atuava nada menos com caixa da operação criminosa.

Vejam lá a imagem. Tudo parece não ter passado mesmo de uma dessas correntes meio bobocadas próprias das redes sociais. Está lá no alto uma espécie de confissão. Isso só evidencia o tamanho da irresponsabilidade de Aloizio Mercadante, um ministro de estado!!!



Brasil 247

STF busca pretexto para o golpe

Nunca fui de ir atrás das chamadas teorias conspiratórias. Mas muitas coisas que acontecem vão além do que sugere a sua aparência inocente. Por trás delas existem, muitas vezes, intrincadas redes de intenções que não podem ser reveladas aos mortais comuns.
O caso do julgamento desse tal mensalão é um exemplo desse jogo de sombras chinesas. Se os juízes estivessem lá apenas fazendo o seu trabalho, lendo o processo, analisando as provas e julgando os réus à luz das leis, não teria por que desconfiar de nada.
Ocorre, porém, que desde o início esse processo dá margem para que a gente desconfie de que, por trás dele, se esconde um mundo inteiro de aberrações, a começar pela estranha e suspeita coincidência de datas entre o desenrolar do julgamento e a campanha eleitoral.
Nem vou falar das acrobacias dos ministros para justificar seus votos condenatórios: pessoas muito mais qualificadas já mostraram o absurdo e o risco para o país inteiro dessas decisões.
O que me chamou a atenção sobre as segundas intenções desse julgamento foram as manifestações de alguns juízes, simples e desnecessárias provocações ao PT, à atividade política em geral, e aos poderes executivo e legislativo em particular.
Tudo isso, somado a uma cobertura "jornalística" sem paralelo na história do país, nos leva a concluir que há algo a mais no ar do que os habituais aviões de carreira.
Juntando os fatos, cada um pode chegar à conclusão que quiser.
Eu, por mim, acho que ninguém em perfeito uso de suas faculdades mentais faz provocações sem esperar que o ofendido não reaja a elas.
Portanto, uma dedução lógica é que os ministros supremos, ao montarem esse circo de horrores que foi o julgamento do tal mensalão, simplesmente pretendiam fazer com que o legislativo e o executivo, vilipendiados, criminalizados, tratados como a escória das instituições, reagissem às ofensas.
Para, na sequência, receberem a devida punição de um judiciário impoluto, o único dos poderes que restou para salvar o país do mar de corrupção no qual afunda, por obra e graça de políticos que agem como "quadrilheiros", mafiosos, bandidos cujo único propósito é assaltar os cofres públicos.
Em outras palavras, e para concluir esse tétrico exercício de hipóteses, o Supremo Tribunal Federal espera apenas uma palavra qualquer mais dura, mais enfática, sobre o absurdo de todo o processo, da presidente da República, de algum de seus ministros, ou dos presidentes da Câmara dos Deputados ou do Senado, para dar a senha para o golpe.
O motivo?
Simples, pode ser algo como "eles estão pregando a ruptura institucional, não respeitam a independência dos poderes."
Ou uma frase similar, escrita no roteiro de um filme velho, que muita gente já viu.


http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Boa Noite - Vamos de Música!!!




A última eleição sob a tutela da Globo

A sólida dianteira de Haddad em SP, reafirmada pelo Ibope e o Datafolha desta 5ª feira, deixa ao conservadorismo pouca margem para reverter uma vitória histórica do PT; talvez a derradeira derrota política do seu eterno delfim, José Serra. Ainda assim há riscos. Não são pequenos. Eles advém menos da vontade aparentemente definida do eleitor, do que da disposição midiática para manipulá-la, nas poucas horas que antecedem o pleito de domingo.

Há alguma coisa de profundamente errado com a liberdade de expressão num país quando, a cada escrutínio eleitoral, a maior preocupação de uma parte da opinião pública e dos partidos, nos estertores de uma campanha como agora, desloca-se propriamente do embate final de idéias, para prevenir-se contra a 'emboscada da véspera''. 

Não se argui se ela virá; apenas como e quando a maior emissora de televisão agirá na tentativa de raptar o discernimento soberano da população, sobrepondo-lhe seus critérios, preferências e interditos.

Tornou-se uma aflita tradição nacional acompanhar a contagem regressiva dessa fatalidade. 

A colisão entre a festa democrática e a usurpação da vontade das urnas por um interdito que se pronuncia de véspera, desgraçadamente instalou-se no calendário eleitoral. E o corrói por dentro, como uma doença maligna que pode invalidar a democracia e desfibrar a sociedade.

A evidencia mais grave dessa anomalia infecciosa é que todos sabem de que país se fala; qual o nome do poder midiádico retratado e que interesses ele dissemina.

Nem é preciso nominá-los. E isso é pouco menos que a tragédia na vida de uma Nação.

De novo, a maleita de pontualidade afiada rodeia o ambiente eleitoral no estreito espaço que nos separa das urnas deste 28 de outubro.

Em qualquer sociedade democrática uma vantagem de 15 pontos como a de Haddad seria suficiente para configurar um pleito sereno e definido.

Mas não quando uma única empresa possui 26 canais de televisão, dezenas de rádios, jornal impresso, editora, produção de cinema, vídeo, internet e distribuição de sinal e dados. 

Tudo isso regado por uma hegemônica participação no mercado publicitário, inclusive de verbas públicas: a TV Globo, sozinha, receberá este ano mais de 50% da verba publicitária de televisão do governo Dilma.

Essa concentração anômala de munição midiática desenha um cerco de incerteza e apreensão em torno da democracia brasileira. Distorce a vida política; influencia o Judiciário; corrompe a vaidade de seus membros; adestra-os, como agora, com a cenoura dos holofotes a se oferecerem vulgarmente, como calouros de programas de auditório, ao desfrute de causas e interesses que tem um lado na história. E não é o do aperfeiçoamento das instituições nem da Democracia.

O conjunto explica porque, a três dias das eleições municipais de 2012, pairam dúvidas sobre o que ainda pode acontecer em São Paulo, capaz de fraudar a eletrizante vitória petista contra o adversário que tem a preferência do conservadorismo, a cumplicidade dos colunistas 'isentos',a 'independência' do Judiciário e a torcida, em espécie, da plutocracia.

Não há nessa apreensão qualquer traço de fobia persecutória.

Há antecedentes. São abundantes a ponto de justificar o temor que se repitam.

Multiplas referenciais históricas estão documentadas. Há recorrência na intervenção indevida que mancha, enfraquece e humilha a democracia,como um torniquete que comprime a liberdade das urnas.

Mencione-se apenas a título ilustrativo três exemplos de assalto ao território que deveria ser inviolável, pelo menos muitos lutaram para que fosse assim; e não poucos morreram por isso. 

Em 1982, a Rede Globo e o jornal O Globo arquitetaram um sistema paralelo de apuração de votos nas eleições estaduais do Rio de Janeiro.

Leonel Brizola era favorito, mas o candidato das Organizações Globo, Moreira Franco, recebera privilégios de cobertura e genuflexão conhecidos. Os sinais antecipavam o estupro em marcha das urnas. 

Ele veio na forma de um contagem paralela - contratada pela Globo - que privilegiaria colégios do interior onde seu candidato liderava, a ponto de se criar um 'consenso' de vitória em torno do seu nome. 

O assédio só não se consumou porque Brizola recusou o papel de hímen complancente à fraude.

O gaúcho recém chegado do exílio saiu a campo, convocou a imprensa internacional, denunciou o golpe em marcha e brigou pelo seu mandato. Em entrevista histórica --ao vivo, por sua arguta exigencia, Brizola denunciou a manobra da Globo falando à população através das câmeras da própria emissora. 

Venceu por uma margem de 4 pontos. Não fosse a resistência desassombrada, a margem pequena seria dissolvida no contubérnio entre apurações oficiais e paralelas.

Em 1983 os comícios contra a ditadura e por eleições diretas arrastavam multidões às ruas e grandes praças do país. 

A Rede Globo boicotou as manifestações enquanto pode, mantendo esférico silêncio sobre o assunto. O Brasil retratado em seu noticioso era um lago suíço de resignação.

No dia 25 de janeiro de 1984, aniversário da cidade, São Paulo assistiu a um comício monstro na praça da Sé. Mais de 300 mil vozes exigiam democracia, pediam igualdade, cobravam eleições.

O lago tornara-se um maremoto incontrolável. A direção editorial do grupo que hoje é um dos mais aguerridos vigilantes contra a 'censura' na Argentina, Venezuela e outros pagos populistas, abriu espaço então no JN para uma reportagem sobre a manifestação. Destinou-lhe dois minutos e 17 segundos.

Compare-se: na cobertura do julgamento em curso da Ação penal 470, no STF, o mesmo telejornal dispensou mais de 18 minutos nesta terça-feira a despejar ataques e exibicionismos togados contra o PT, suas lideranças e o governo Lula. 

Naquele 25 de janeiro estava em causa, de um lado, a democracia; de outro, a continuidade da ditadura. 

Esse confronto mereceu menos de 1/6 do tempo dedicado agora ao julgamento em curso no STF. Com um agravante fraudulento: na escalada do JN, a multidão na praça da Sé foi associada, "por engano", explicou depois a emissora, 'a um show em comemoração aos 430 anos da cidade'. Passemos...

Em 1989, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello realizariam o debate final de uma disputa acirrada e histórica: era o primeiro pleito presidencial a consoliar o fim da ditadura militar. 

No confronto do dia 14 de dezembro Collor teve desempenho pouco superior ao de Lula. Mas não a ponto de reverter uma tendência de crescimento do ex-líder metalúrgico; tampouco suficiente para collorir os indecisivos ainda em número significativo. 

A Globo editou o debate duas vezes. Até deixá-lo 'ao dente', para ser exibido no Jornal Nacional.

Collor teve um minuto e oito segundos a mais que Lula; as falas do petista foram escolhidas entre as suas intervenções mais fracas; as do oponente, entre as suas melhores. 

Antes do debate a diferença de votos entre os dois era da ordem de 1%, a favor de Collor; mas Lula crescia. Depois do cinzel da Globo, Collor ampliou essa margem para 4 pontos e venceu com quase 50% dos votos;Lula teve 44%. As consequências históricas dessa maquinação são sabidas. 

São amplamente conhecidas também as reiterações desse tipo de interferência nos passos posteriores que marcaram a trajetória da democracia brasileira. 

Ela se fez presente como obstaculo à vitória de Lula em 2002; catalisou a crise de seu governo em 2005 --quando se ensaiou um movimento de impeachment generosamente ecoado e co-liderado pelo dispositivo midiático conservador; atuou no levante contra a reeleição de Lula em 2006 e agiu na campanha ostensiva contra Dilma, em 2010.

A indevida interferência avulta mais ainda agora. Há sofreguidão de revide e um clima de 'agora ou nunca' no quase linchamento midiático promovido contra o PT, em sintonia com o calendário e o enrêdo desfrutáveis, protagonizados por togas engajadas no julgamento em curso do chamado mensalão'. 
Pouca dúvida pode haver quanto aos objetivos e a determinação férrea que vertem desse repertório de maquinações, sabotagens e calúnias disseminadas. 

Sua ação corrosiva arremete contra tudo e todos cuja agenda e biografia se associem à defesa do interesse público, do bem comum e da democracia social.Ou, dito de outro modo, visa enfraquecer o Estado soberano, desqualificar valores e princípios solidários que sustentam a convivência compartilhada.

Os governantes e as forças progressistas brasileiras não tem mais o direito --depois de 11 anos no comando do Estado- de ignorar esse cerco que mantem a democracia refém de um poder que só a respeita enquanto servir como lacre de chumbo de seus interesses e privilégios.

Os requintes de linchamento que arrematam o espetáculo eleitoral em que se transformou a ação Penal 470, ademais da apreensão com a 'bala de prata midiática' que possa abalar a vitória progressista em SP, não são fenômenos da exclusiva cepa conservadora. 

A conivência federal com o obsoleto aparato regulador do sistema de comunicações explica um pedaço desse enredo. Ele esgotou a cota de tolerância das forças que elegeram Lula e sustentam Dilma no poder. 

O país não avançará nas trasformações econômicas e sociais requeridas pela desordem neoliberal se não capacitar o discernimento político de mais de 40 milhões de homens e mulheres que sairam da pobreza, ascenderam na pirâmidade de renda e agora aspiram à plena cidadania.

A histórica obra de emancipação social iniciada por Lula não se completará com a preservação do atual poder de veto que o dispositivo midiático conservador detém no Brasil.

Persistir na chave da cumplicidade, acomodação e medo diante desse aparato tangencia a irresponsabilidade política. 

Mais que isso: é uma assinatura de contrato com a regressão histórica que o governo Dilma e as forças que o sustentam não tem o direito de empenhar em nome do povo brasileiro.

Que a votação deste domingo seja a última tendo as urnas como refém da rede Globo, dos seus anexos, ventrílocos e assemelhados. Diretas, já! Esse é um desejo histórico da luta democrática brasileira. Carta Maior tem a certeza de compartilhá-lo com seus leitores e com a imensa maioria dos homens e mulheres que caminharão para a urna neste domigo dispostos a impulsionar com o seu voto esse novo e inadiável divisor da nossa história. 

Bom voto.



por Saul Leblon

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Para quem não viu a petição pública



Amigos(as), 

Acabei de ler e assinar este abaixo-assinado online: «Contra o despejo dos parentes Guaranis Kaiowa !»

Pessoalmente, concordo com este abaixo-assinado e acho que você também pode concordar. 

Assine o abaixo-assinado e divulgue para seus contatos.
http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=Guarani

Obrigado, 
José Luiz Costa de Carvalho

Conselho indigenista esclarece "suicídio coletivo" de índios

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) emitiu nota para esclarecer o que está sendo disseminado nas redes sociais como "suicídio coletivo" dos índios Kaiowá e Guarani. Na verdade, a carta divulgada por eles fala em morte coletiva, já que decidiram ficar na terra e resistir à desapropriação autorizada pela Justiça Federal de Navirai, no Matro Grosso do Sul. Leia a íntegra da nota abaixo.

Nota sobre o suposto suicídio coletivo dos Kaiowá de Pyelito Kue

O Cimi entende que na carta dos indígenas Kaiowá e Guarani de Pyelito Kue, MS, não há menção alguma sobre suposto suicídio coletivo, tão difundido e comentado pela imprensa e nas redes sociais. Leiam com atenção o documento: os Kaiowá e Guarani falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nela, sem jamais abandoná-las. Vivos não sairão do chão dos antepassados. Não se trata de suicídio coletivo! Leiam a carta, está tudo lá. É preciso desencorajar a reprodução de tais mentiras, como o que já se espalha por aí com fotos de índios enforcados e etc. Não precisamos expor de forma irresponsável um tema que muito impacta a vida dos Guarani Kaiowá.

O suicídio entre os Kaiowá e Guarani já ocorre há tempos e acomete sobretudo os jovens. Entre 2003 e 2010 foram 555 suicídios entre os Kaiowá e Guarani motivados por situações de confinamento, falta de perspectiva, violência aguda e variada, afastamento das terras tradicionais e vida em acampamentos às margens de estradas. Nenhum dos referidos suicídios ocorreu em massa, de maneira coletiva, organizada e anunciada.

Desde 1991, apenas oito terras indígenas foram homologadas para esses indígenas que compõem o segundo maior povo do país, com 43 mil indivíduos que vivem em terras diminutas. O Cimi acredita que tais números é que precisam de tamanha repercussão, não informações inverídicas que nada contribuem com a árdua e dolorosa luta desse povo resistente e abnegado pela Terra Sem Males.

Conselho Indigenista Missionário, 23 de outubro de 2012

Histórico

Os índios Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul (MS), Centro-Oeste brasileiro, cansados da morosidade da justiça, decidiram retomar parte do tekoha (território sagrado) Arroio Koral, localizado no município de Paranhos, em 10 de agosto deste ano. Poucas horas depois, nem bem os cerca de 400 indígenas haviam montado acampamento, pistoleiros invadiram o local levando medo e terror para homens, mulheres e crianças.

No momento do ataque, os/as indígenas correram e se espalharam pela mata, no entanto, passados os momentos de pânico, aos poucos os Guarani Kaiowá foram retornando para o acampamento e mesmo se sentindo inseguros e amedrontados pretendem não sair mais de lá.

O Guarani Kaiowá Dionísio Gonçalves assegura que os indígenas estão firmes na decisão de permanecer no tekoha Arroio Koral, mesmo cientes das adversidades que terão que enfrentar, já que o território sagrado reivindicado por eles fica no meio de uma fazenda.

“Nós estamos decididos a não sair mais, nós resolvemos permanecer e vamos permanecer. Podem vir com tratores, nós não vamos sair. A terra é nossa, até o Supremo Tribunal Federal já reconheceu. Se não permitirem que a gente fique é melhor mandarem caixão e cruz, pois nós vamos ficar aqui”, assegurou.

A batalha pela retomada de terras indígenas não é de hoje no Mato Grosso do Sul. Neste estado, onde se localizam os mais altos índices de assassinatos de indígenas, esta população luta há vários anos pela devolução de terras tradicionais e sagradas. Dentro deste contexto de luta já aconteceram diversos ataques como os de sexta-feira, muitos ordenados por fazendeiros insatisfeitos com a devolução das terras aos seus verdadeiros donos.

O conflito fundiário e judicial que envolve o território sagrado Arroio Koral parecia estar resolvido quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, em dezembro de 2009, um decreto homologando a demarcação da terra.

No entanto, em janeiro de 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF), do qual está à frente o ministro Gilmar Mendes, suspendeu a eficácia do decreto presidencial em relação às fazendas Polegar, São Judas Tadeu, Porto Domingos e Potreiro-Corá.

O processo continua em andamento, mas tem caminhado a passos muito lentos, já que ainda não foi votado por todos os ministros. Assim, fartos da morosidade da justiça brasileira, os Guarani Kaiowá decidiram fazer a retomada da terra.

Os indígenas escreveram uma carta para os ministros do Supremo Tribunal Federal e para o Governo Federal em que reivindicam o despejo dos fazendeiros que ainda estão ocupando e destruindo territórios tradicionais já demarcados e reconhecidos pelo Estado brasileiro e pela Justiça Federal e exigem a devolução imediata de todos os antigos territórios indígenas.

“Sabemos que os pistoleiros das fazendas vão matar-nos, mas mesmo assim, a nossa manifestação pacífica começa hoje 10 de agosto de 2012. Por fim, solicitamos, com urgência, a presenças de todas as autoridades federais para registrar as nossas manifestações pacíficas, étnicas e públicas pela devolução total de nossos territórios antigos”, anuncia o último trecho da carta assinada por lideranças, rezadores, mulheres pertencentes ao Povo Kaiowá e Guarani dos acampamentos e das margens de rodovias, ameaçados pelos pistoleiros das fazendas, dos territórios reocupados e das Reservas/Aldeias Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul.

Leia a carta dos indígenas na íntegra:

Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil

Nós (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, viemos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de da ordem de despacho expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, do dia 29 de setembro de 2012. Recebemos a informação de que nossa comunidade logo será atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal, de Navirai-MS.

Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver à margem do rio Hovy e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay. Entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena, nativo e autóctone do Mato Grosso do Sul, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas.

Moramos na margem do rio Hovy há mais de um ano e estamos sem nenhuma assistência, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Passamos tudo isso para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs, avós, bisavôs e bisavós, ali estão os cemitérios de todos nossos antepassados.

Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.

Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal. Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos.

Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.

Atenciosamente, Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay

Com Adital e Cimi