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sexta-feira, 31 de maio de 2013

CONSPIRAÇÃO CONTRA A PÁTRIA

O Jornal do Brasil mantém a confiança na chefia do estado Democrático
 

O mundo inteiro passa por uma crise econômica e social, decorrente da ganância dos banqueiros, que controlam o valor das moedas, o fluxo de crédito, o preço internacional das commodities. Diante deles, os governos se sentem amedrontados, ou cúmplices, conforme o caso e poucos resistem.

A União Europeia desmantela-se: o fim do estado de bem-estar, o corte nos orçamentos sociais, a desconfiança entre os países associados, a indignação dos cidadãos e a incapacidade dos governantes em controlar politicamente a crise, que tem a sua expressão maior no desemprego e na pauperização de povos. Se não forem adotadas medidas corajosas contra os grandes bancos, podemos esperar o caos planetário, que a irresponsabilidade arquiteta.

A China, exposta como modelo de crescimento, é o caso mais desolador de crescente desigualdade social no mundo, com a ostentação de seus bilionários em uma região industrializada e centenas de milhões de pessoas na miséria no resto do país. Isso sem falar nas condições semiescravas de seus trabalhadores – já denunciadas como sendo inerentes ao “Sistema Asiático de Produção”. Os Estados Unidos, pátria do capitalismo liberal e neoliberal, foram obrigados a intervir pesadamente no mercado financeiro a fim de salvar e reestruturar bancos e agências de seguro, além de evitar a falência da General Motors.

Neste mundo sombrio, o Brasil se destaca com sua política social. Está eliminando, passo a passo , a pobreza absoluta, ampliando a formação universitária de jovens de origem modesta, abrindo novas fronteiras agrícolas e obtendo os menores níveis de desemprego de sua história.

Não obstante esses êxitos nacionais, o governo está sob ataque histérico dos grandes meios político-financeiros. Na falta de motivo, o pretexto agora é a inflação. Ora, todas as fontes demonstram que a inflação do governo anterior a Lula foi muito maior que nos últimos 10 anos.

O Jornal do Brasil, fiel a sua tradição secular, mantém a confiança na chefia do Estado Democrático e denúncia, como de lesa-pátria, porque sabota a economia, a campanha orquestrada contra o Governo – que lembra outros momentos de nossa história, alguns deles com desfecho trágico e o sofrimento de toda a nação.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Como usar o cordel em sala de aula?

Como o reacionarismo ululante de Villa deu a ele os holofotes da mídia.


 
por Paulo Nogueira*

7 de fevereiro de 2013

Não tenho grandes expectativas em relação à academia brasileira, mas mesmo assim me surpreendi ao ler um artigo sem nexo na Folha, nas eleições de 2010, e ver que o autor era professor da Universidade Federal de São Carlos.

Pobres alunos, na hora pensei.

Não conhecia o professor Marco Antonio Villa, historiador não sei de que obras. No artigo, depois de ter entrado na mente de Lula, ele contava aos brasileiros que a escolha de Dilma se dera apenas para que em 2014 Lula voltasse ao poder, nos braços da “oligarquia financeira”. Villa, com as asas de suas teorias conspiratórias, voara até 2014 para prestar um serviço à Folha e seus leitores.

Não sei se Villa conhece a história inglesa, mas deveria ler uma frase de Wellington, o general de Waterloo: “Quem acredita nisso, acredita em tudo”.

Minha surpresa não pararia ali. Saberia depois que, graças a seu direitismo estridente e embalado numa prosa com as vírgulas no lugar, Villa virou presença frequente em programas de televisão cujo objetivo era ajudar Serra, notadamente na Globonews sob William Waack.

Mais recentemente, ele tem participado de animadas mesas redondas no site da Veja sobre o Mensalão. Vá ao YouTube e veja quantas pessoas vêem as espetaculares discussões de que Villa participa ao lado de Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo. O recorde de Psy pode ser batido antes do que imaginamos.

Soube também que ele lançou um livro sobre o Mensalão. Abominei sem ler. Zero estrela de um a cinco.

Minha única surpresa em relação a Villa derivou de uma chancela importante de Elio Gaspari, um dos melhores jornalistas que vi em ação como diretor adjunto da Veja nos anos 1980. Ele fez parte da equipe de Elio na elaboração de seu livro “A Ditadura Derrotada”.

Villa, conta Elio, “conferiu cada citação de livro ou documento. Foi um leitor atento e pesquisador obsessivo. Villa tem uma prodigiosa capacidade de lembrar de um fato e de saber onde está o documento que comprova sua afirmação. Ajuda como a dele é motivo de tranqüilidade para quem tem o prazer de recebê-la. Além disso, dá a impressão de saber de memória todos os resultados de jogos de futebol”. Foi o que escreveu Elio.

Uau.

Villa trabalhou com Elio, portanto. Não aprendeu nada?

Não parece. Elio tem uma independência intelectual perante os partidos e os políticos que passa completamente ao largo de Villa e congêneres. Isso lhe dá autoridade para criticar e elogiar situação e oposição, e credibilidade para ser levado a sério.

Villa, em compensação, é fruto de uma circunstância em que se procura desesperadamente dar legimitidade acadêmica a um direitismo malufista. Em outros tempos, Villa – caso acredite mesmo nas coisas que escreve e fala — seria um extravagante, um bizarro, imerso num mundo que é só só seu. Você poderia imaginá-lo jogando dardos num pôster de Lula.

Nestes dias de confronto, é um símbolo de como alguém pode chegar aos holofotes e virar “referência” falando apenas o que interesses poderosos querem ouvir.


* Paulo Nogueira é é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
 

Contra Ana Carolina: Pelo direito de levantar bandeiras

Por Vitor Angelo - Blogay
 
Em entrevista para o Uol Música, nesta quarta-feira, 29, segundo o texto, a cantora Ana Carolina se posiciona da seguinte maneira sobre a questão homossexual: “À esteira do casamento gay de Daniela Mercury, ela elogia a colega, mas se mantém contrária ao mesmo pensamento que teve na época [de se declarar bissexual para uma revista]: levantar bandeira ‘é um preconceito ao contrário’. [...] ‘Não gosto disso. Fica essa coisa de nós gays contra os héteros. Isso é preconceito ao contrário. Acho legal a Daniela estar casada e a postura que ela teve, influencia aquela pessoa babaca, ignorante, que gosta da Daniela. Ele pensa: Talvez eu esteja errado. Fico um pouco assim com as pessoas que levantam bandeirinha, mas fica puta se o filho for gay. Não precisa levantar bandeira. É só agir de maneira honesta e respeitosa”, explica.
 
Ana Carolina: é isso aí, só que não (Divulgação)

Existe uma confusão tão gigante de pensamentos torpes que nem sei por onde começar. Ela diz que levantar bandeira é preconceito ao contrário, mas gostaria de saber se quando Chiquinha Gonzaga levantou a bandeira da mulher como compositora no começo do século 20, estava ocorrendo um preconceito dela contra os compositores e os homens? Aliás, se a grande compositora de marchinhas não levantasse esta bandeira talvez não tivéssemos o desprazer de ler esta entrevista de Ana Carolina, pois a cantora como mulher não teria nem status para estar nas páginas de jornais. Viva Chiquinha Gonzaga!

Gostaria de saber se Ana Carolina acredita que quando Elizabeth Eckford, a negra que desafiou o racismo norteamericano e, em 1957, foi a uma escola mista e os brancos a xingaram incessantemente, ela estaria cometendo algum tipo de preconceito com os brancos? Viva Elizabeth Eckford!

E os gays e lésbicas que tomaram as ruas do Village em Nova York, no final dos anos 1960, pedindo tratamento justo e que a polícia não mais os humilhassem por sua orientação sexual? Se eles não tivessem levantado a bandeira, Ana Carolina, a senhora nem poderia imaginar se declarar bissexual na revista “Veja” nos anos 90. Viva Stonewall!

E que pensamento pobre é este de: “Fica essa coisa de nós gays contra os héteros”? Nem precisa ir muito longe. Hoje mesmo, os Tribalistas – formados por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown -, que, até onde a gente sabe, são heterossexuais, fizeram um hino para o casamento igualitário e para a Parada Gay de São Paulo. Então onde existe esta guerra entre gays versus héteros quando se levanta uma bandeira? Só na cabeça dos mal intencionados, dos perversos e dos mal resolvidos, pois héteros muito bem resolvidos não tem problema nenhum com gays e, muito pelo contrário, levantam sim a bandeira para que os LGBTs tenham um vida mais igualitária a deles.

Levantar bandeira seja contra, seja a favor, é tomar posições e isto é coisa para os fortes, a covardia dos egodistônicos, aqueles que estão em desintonia com seus desejos e vivências sexuais públicas e privadas, é a maior tristeza vivencial de alguém que não é heterossexual, pois traça em vis desculpas a incapacidade de assumir para si e para o mundo o que realmente ama. E age de maneira desonesta e desrespeitosa com os outros e principalmente para si.

E antes que os fã-náticos de todo o tipo venham aqui falar em liberdade de expressão, eu digo que ela é não é uma rua de mão única. Do mesmo jeito que Ana Carolina tem o direito de se expressar, eu também tenho o meu de questioná-la pela minha expressão. E é isso aí!

sábado, 25 de maio de 2013

O que a Veja, a Folha, o Estadão, a Globo e a âncora do "Jornal do SBT" não informam sobre o Bolsa Família


JOAQUIM CAI NO CALDEIRÃO

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Hoje, em Brasília, durante 15 minutos, o herói da direita brasileira, juiz Joaquim Barbosa, concedeu entrevista ao garoto-propaganda global e "bom moço" da burguesia e da classe média brasileira, o "saltimbanco" e empresário Luciano Huck.

Huck é o considerado pelos controladores do sistema de consumo e pelo cidadão mediano brasileiro um self made man. E o garoto da Globo sabe que se comunica com uma das classes médias mais complexada, pedante e preconceituosa do mundo, e que, por ignorância e arrogância, adere, sem raciocinar, aos valores e aos princípios de uma burguesia que sempre vai barrá-la em seus bailes.

Porém, esses pobres infelizes e vítimas de seus enganos jamais vão aprender que nunca vão ser ricos e muito menos serão convidados para frequentar os salões de nossa burguesia entreguista, subserviente, portadora de um gigantesco complexo de vira-lata, ao tempo que herdeira legítima da escravidão. Sei que algumas frases que eu emprego estão a virar um mantra, mas fazer o quê e dizer o quê quando precisamos comentar sobre tal grupo social.

Joaquim Barbosa também tem esses valores fúteis, frugais, sedimentados em uma vaidade vã e em uma prepotência e arrogância que não dignificam o exercício do Direito e de seu cargo nomeado, que requer sabedoria e humildade, realidades que tal cidadão não as possui e nunca as vai possuir.

O condestável juiz se considera também um self made man, ou seja, aquele que se fez por si só, o que não é verdade. Huck, antes da fama, já era rico, e Joaquim teve todos os meios para ascender socialmente, principalmente com a ajuda do estado brasileiro, onde ele fez sua carreira e conseguiu chegar onde chegou ao ser nomeado pelo ex-presidente Lula, que queria um negro no STF.

Joaquim Barbosa é o legítimo filho do estado nacional, com a verve da UDN e o palavreado agressivo de Carlos Lacerda. Picado pela mosca azul, trilha por caminhos até então repletos de obstáculos, no que tange ao juiz ter as portas abertas pelos figurões da iniciativa privada. Cientes da luta política que travam com os governos trabalhistas do PT, a imprensa privada e seus aliados do PSDB perceberam, rapidamente, que o juiz autoritário e sem educação no trato com as pessoas poderia se transformar em seu Batman midiático, um símbolo da luta contra a corrupção, e um instrumento de luta política contra aqueles que vencem, nas urnas, as eleições presidenciais há onze anos.

Tal juiz rasgou a Constituição, o Código penal e ignorou os autos dos processos relativos ao mentirão, mesmo com provas contundentes, a exemplo dos recibos apresentados pelos réus, que comprovaram que as transações eram regulares e legais. Um dia esse juiz vai ter de responder por seus atos e injustiças, constitucionalmente e na forma da lei.

Só que o juiz Joaquim Barbosa, criador contumaz de crises artificiais tal qual seu colega, juiz Gilmar Mendes, está resoluto em adiar propositalmente as questões sobre o mentirão para 2014, ano eleitoral, a fim de favorecer o campo da direita, como aconteceu com o julgamento do mentirão exatamente no decorrer das eleições de outubro do ano passado.

Foi uma estratégia açodada da direita para desgastar o PT e o Governo trabalhista, bem como uma "arma" para atingir o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma, e, consequentemente, quiçá, conquistar dividendo eleitoral, fato este que realmente não ocorreu, como comprova a eleição do petista, Fernando Haddad, para prefeito da cidade de São Paulo.

Eis que o Luciano Huck, o garoto-propaganda, o genro que os pais da classe média rancorosa, consumista e ignorante querem para casar com suas filhas, resolve fazer um "documentário" e um de seus personagens, ao que parece, é o global e midiático juiz picado pela mosca azul, o "senhor da razão", Joaquim Barbosa, o Batman encapuzado e o herói de uma classe média e de uma imprensa alienígena que há pouco tempo o odiava, pois ele teimava em discutir, e ferozmente, com até então ídolo dos reacionários brasileiros, o condestável juiz Gilmar Mendes.

Só que ninguém sabia ou imaginaria que as crises apopléticas, a falta de educação, a gritaria e a total ausência de compostura do juiz temperamental eram decorrentes, na verdade, de ciúmes, porque, ao que parece, Joaquim tinha inveja de Gilmar, pois queria também ser paparicado e "idolatrado" pelo sistema midiático de negócios privados pertencente à nossa burguesia herdeira e saudosa da escravidão e da ditadura militar.

Luciano Huck, um tucano alienado e que confunde seu programinha televisivo chamado de Caldeirão com a dura realidade dos brasileiros despossuídos pela sorte ou por décadas de abandono do estado burguês e patrimonialista, pensa, em sua “ingenuidade” e ignorância política que os governos trabalhistas estão a brincar com as realidades e as desigualdades brasileiras. Afinal, o dono do Caldeirão se informa nos jornais da TV Globo e nas publicações da Veja, da Folha e do Estadão.

Por seu turno, sem sombra de dúvida, não são órgãos adequados e confiáveis para informar sobre o Brasil, porque simplesmente esses meios de comunicação se recusam a mostrar o País, bem como não repercutem as conquistas sociais e econômicas do povo brasileiro, que os ajuda a enriquecer, pois compra seus produtos de péssima qualidade editorial.

Contudo, torna-se imperativo que essa direita com cara de Miami entenda, definitivamente, que o PT e seus governos trabalhistas fazem política de estado, a exemplo da recuperação do salário mínimo, das escolas técnicas, das universidades, do Enem, do Bolsa Família, do advento dos PAC 1 e 2 e da recuperação constante da infraestrutura do País, abandonada há décadas por políticas irresponsáveis efetivadas pelos militares e pelos tucanos, que venderam o Brasil e foram pedir esmolas três vezes ao FMI, de joelhos e com o pires nas mãos, porque quebraram o Brasil três vezes. Simples assim.

Luciano Huck, aquele "artista" que pensa, equivocadamente, que seu "caldeirão" de enganos e fantasias é exemplo de cooperação e solidariedade para com as pessoa necessitadas ou não, incorre em grave erro. Tal capitalista, porta-voz de banqueiros por meio de comerciais, não passa de um embuste, que tenta lograr simpatias às causas políticas e econômicas da nossa "elite" perversa, que confunde o assistencialismo típico dos conservadores com os programas sociais efetivados por políticos e técnicos vinculados ao PT ou não.

Políticas sociais e econômicas que mexeram, de fato, com as estruturas de nossa sociedade, pois retirou da pobreza cerca de 30 milhões de pessoas e levou às classe C e D mais de 40 milhões de pessoas, a fortalecer, a partir dessa realidade, o mercado interno brasileiro, responsável maior pelo o Brasil não sentir com tanta força e ênfase a crise internacional, que, desde 2008, abala os países mais poderosos do mundo, tão apreciados e admirados pelos nossos burgueses colonizados e subservientes aos ditames dos interesses estrangeiros.

O neoliberalismo fracassou. As economias dos países desenvolvidos foram "derretidas", os órgãos de espoliação internacional como o FMI, o Bird, a OMC e a ONU estão, aos poucos, a mudar suas estratégias globais no que concerne à economia, ao rígido controle do sistema bancário e às receitas neoliberais que levaram à falência países de grande expressão como a Argentina e que deixou o Brasil e seu povo em condições pré-falimentares.

E a nossa direita, violenta, insensata e cínica, insiste em defender o que não deu certo, o que não se justifica e o que não se aplica por razões tão óbvias que não é necessário ser um economista genial para perceber que o neoliberalismo era um sistema de pirataria e rapinagem, que desregulamentou a economia, bem como foi um fracasso retumbante no que diz respeito ao que é humano, justo e honrado.

Luciano Huck é um playboy que está a "brincar" de ganhar dinheiro com a miséria, a dor alheia ou simplesmente desejo e sonho de consumo de quem o assiste e vai ser "premiado", por intermédio de seu assistencialismo barato que não mexe nas estruturas, pois um paliativo.

Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes adoram esse mundo de fantasia, reprise dos parques de diversões de Orlando (EUA), pois valorizam o status quo e a vaidade de se considerarem acima dos mortais. O juiz Joaquim alcançou o Olimpo e entrou nas graças da burguesia global. Esses juízes se transformaram em estrelas midiáticas, sem quaisquer preocupações com a discrição, a reclusão e o silêncio, postura obrigatória que qualquer juiz deveria ter.

Se Joaquim Barbosa quer ser político, candidato ou ator, ou qualquer coisa que o valha, que ele peça o boné e vai lutar pelo o que quer e deseja. A sua atuação no mentirão foi lamentável, bem como as atividades "extracurriculares" do juiz Gilmar Mendes, que envergonham o Judiciário. Não deve também esquecer que o procurador-geral, Roberto Gurgel, "sentou" em processos que não interessavam ao campo da direita, pois deixariam muitos de seus membros em evidência, bem como, de forma antagônica, o PGR Gurgel fez questão de deixar público e notório os processos que envolviam os políticos do PT.

Para dar um único exemplo de tantos outros processos que povoam o imaginário da sociedade, os escaninhos do Judiciário e os noticiários a imprensa de mercado, até hoje o mensalão do PSDB não tem data para começar a ser julgado pelo STF. E tão cedo não vai ser lembrado pelas manchetes dos jornais dos barões da imprensa corporativa. Afinal, o Supremo é composto por muitos juízes conservadores e que adoram ser globais. Joaquim é o Batman; Huck é o Robin. A direita seria capaz de lançá-los a uma candidatura presidencial. O problema é o caldeirão, um dia, entornar. É isso aí.  

segunda-feira, 20 de maio de 2013

CANALHICES E TUCANAGENS


Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

  FHC "renova" o PSDB com Aécio, político conservador e alienado.

 
Todo mundo sabe, compreende e percebe que os tucanos foram derrotados eleitoralmente três vezes, bem como no poder governaram para os ricos, venderam, irresponsavelmente, o patrimônio público que eles não construíram, bem como foram ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque quebraram o Brasil três vezes, além de serem, pois colonizados que são, subservientes aos interesses dos Estados Unidos.

Todo mundo sabe disso, além de entender perfeitamente que a direita brasileira retratada no PSDB, no DEM (o pior partido do mundo), no PPS, com o apoio surreal do apêndice PSOL, nunca teve, em tempo algum, não tem e jamais terá programa de governo e muito menos projeto para desenvolver o País e melhorar as condições de vida do povo brasileiro.

E por quê? Porque a direita é sectária e somente pensa no capital privado, sendo que controlar o estado nacional se traduz em uma questão estratégica, pois sua riqueza, influência, violência e poder se constituíram por intermédio do patrimonialismo, que significa a ausência de limites entre o público e o privado. A direita partidária. A oligarquia derrotada, que jamais aceitará ficar sem o controle da Presidência da República, apesar de se autodenominar privatista e por isto defensora da iniciativa privada, em detrimento do que é do povo, para o povo e pelo povo, pois os oligarcas defendem o regime político e a forma de governo dos ricos, para os ricos e pelos ricos. Ponto.

Eis que os oligarcas, os burgueses emplumados e seus asseclas de lutas políticas elegeram, no sábado, em Brasília, a “nova” direção nacional do PSDB. Seus aliados, do DEM e do PPS, também estiveram presentes, nas pessoas dos senhores senador José Agripino Maia e deputado Roberto Freire, o primeiro é um aliado de primeira hora da ditadura militar, e este último se trata de um oportunista contumaz, pois estava a se mudar para o MD, da quinta coluna, Marina Silva. Porém, como jogador que é, percebeu a dificuldade de a Marina conseguir assinaturas para criar “seu” partido, e resolveu ficar de olho no gato, sem, entretanto, deixar de olhar o peixe. Esperto o ex-comunista, não?

Todavia, os episódios que mais me chamaram a atenção na convenção do PSDB foram a violência verbal das lideranças tucanas e a dita “renovação” dos quadros de tal partido de direita. Lá estavam as mesmíssimas pessoas que controlam o partido desde que a agremiação foi fundada em 1988. Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, que o PSDB, ao que parece, vai parar de escondê-lo; o ex-presidente da legenda conservadora, Sérgio Guerra; o candidato eterno a qualquer cargo, José Serra; o governador paulista da Opus Dei, Geraldo Alckmin; além de, evidentemente, o “presidenciável” tucano e senador Aécio Neves, conhecidíssimo playboy da noite carioca, desculpem-me, ratifico: night carioca, porque nossa “elite” detesta o português, porque adoradora do que é inglês, pois colonizada e portadora de um incomensurável e por isto inenarrável complexo de vira-lata.

Como se percebe, não existe renovação nas hostes do PSDB. Trata-se do clube do Bolinha, sendo que o “Bolinha” da hora é o Aécio Neves, porque os tucanos paulistas exauriram suas figuras “proeminentes”, que estão desgastadas, e muito, pelos 20 anos a controlar o Governo de São Paulo, e fazer do Palácio Bandeirantes um instrumento de privilégios da burguesia paulista e brasileira, sendo que é visível e, portanto, nítido, a queda do PIB paulista, a má qualidade de vida da população pobre e a violência, que se tornou uma pandemia, que causa medo e pavor aos cidadãos paulistas e paulistanos, que, se não fosse a TV Globo e seus congêneres a escamotear e amenizar tamanha violência, a maioria dos paulistas não votaria mais em tucanos.

O outro episódio chamativo do encontro dos conservadores em Brasília se dá no campo das agressões verbais. Marconi Perillo, um dos caciques do PSDB e governador de Goiás, mostrou — talvez para quem não o conhecesse — o coronel dos rincões goianos que ele realmente sempre foi. O político goiano é um homem virulento, de fala violenta e que foi acusado e denunciado recentemente de se envolver com a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Convocado para depor na CPMI do Cachoeira, falou sobre o caso para os deputados, senadores e a Nação de forma arrogante, altissonante e com uma arrogância e prepotência dignas de um ditador militar latino-americano da década de 1970.
 

Perillo: coronel de Goiás mostrou sua truculência ao ofender o Lula.
 
Este é e sempre será o tucano Marconi Perillo. Ele não se fez de rogado e agrediu, da forma mais pueril e baixa possível, o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. É como se o desrespeito dele fosse um troféu à vilania tão cara àqueles que tratam o ato e a ação de fazer política como um ringue para malfeitores se digladiarem, sem, contudo, perceber que a cidadania espera dos políticos propostas e soluções para suas necessidades e demandas. Propostas para o País — volto a afirmar — o PSDB do Aécio Neves não as tem. E por quê? Porque os tucanos e as nossas “elites” se recusam a pensar o Brasil desde 1500. Simples assim.

Acontece que o PSDB não se preocupa com propostas e em governar de forma democrática, em busca de uma isonomia entre as classes sociais, por intermédio do combate às desigualdades. O PSDB e seus asseclas venderam o Brasil, realidade esta que nunca deve ser esquecida, bem como nunca se importaram com as políticas públicas sociais; e, sim, somente com as políticas econômicas e financeiras, que proporcionassem lucros e dividendos aos jogadores do mercado e aos rentistas, público preferencial dos políticos do PSDB, pois são eles e seus aliados, a exemplo da imprensa de negócios privados, que representam os interesses do capital e sempre o farão.

A virulência de Marconi Perillo é a senha e o aviso de que os tucanos, a imprensa de mercado, que os apóia nitidamente e sistematicamente desde sempre, vão apelar para a violência e a baixaria nas eleições presidenciais de 2014. Essa gente vai propiciar e fomentar uma baixaria de tal magnitude que vai superar a política baixa que fizeram e realizaram em 2010, quando o tucano José Serra foi o candidato. Quando o “coronel” de Goiás, Marconi Perillo, chamou o ex-presidente trabalhista Lula de “canalha”, a trupe que estava a escutá-lo o aplaudiu, pois a violência é o DNA da direita no Brasil e em todos os cantos do planeta.

Perillo sabe jogar baixo, tanto quanto os tucanos de São Paulo, que provaram o que eu afirmo no decorrer das três eleições que eles perderam. O tucano goiano tem doutorado em baixaria, o que é comprovado pelo seu governo repleto de desgoverno e desmandos. Quem duvida, basta perguntar sobre baixarias ao seu parceiro, o senador cassado do DEM, Demóstenes Torres.

Marconi Perillo entende de baixaria e deu a senha ao desrespeitar violentamente o presidente Lula. O aviso e o grito de guerra foram enviados e repercutidos pela imprensa corporativa e alienígena. Os partidos do campo progressista vão ter de enfrentar mais uma vez tal baixaria no ano que vem. É assim que a banda toca no lado tucano. Baixaria e violência para os direitistas soam como música. Só que há onze anos o povo demonstra sua discordância nas urnas. É isso aí. 

sábado, 18 de maio de 2013

São Paulo: Virada Cultural 2013

Começa hoje às 18 horas e vai pela noite adentro e amanhã, domingo, o dia todo: Virada Cultural da cidade de São Paulo, muito melhor, com muito mais organização e atrações.
 
Clique aqui e veja a programação completa.


terça-feira, 14 de maio de 2013

Torturador é torturador e torturado é torturado. Ponto!

Castelo Branco, cercado por generais: golpe e ditadura.
 
 
Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

O jornalista Bob Fernandes coloca os pontos nos "is" e explicita, para quem ainda tem dúvida, o que é um estado terrorista, torturadores, torturados e aqueles que pegaram em armas em forma de resistência contra um ditadura que tomou o poder de forma ilegal e criminosa.

Não há como tergiversar, amenizar ou distorcer os fatos e as realidades se elas se apresentam aos nossos olhos de forma clara e tão concreta, que é como levar um soco no estômago e não sentir a dor. A ditadura civil-militar de 1964 se apoderou do poder explicitamente para favorecer os interesses de nossa burguesia herdeira da escravidão e dos EUA envolvidos que estavam com a Guerra Fria.

Os marechais e generais que derrubaram o presidente trabalhista João Goulart (Jango), juntamente com homens poderosos da classe empresarial brasileira, são os principais responsáveis pelo estado brasileiro se tornar um estado terrorista, e, consequentemente, torturador e assassino.

Esses militares e empresários são os maiores traidores da história do Brasil, porque combinaram e aceitaram, inclusive, que tropas militares dos EUA — a Operação Brother Sam — invadissem as terras brasileiras, se fosse necessário garantir a "vitória" dos golpistas, que há anos conspiravam contra o presidente Jango na Embaixada dos Estados Unidos.

Quem se insurge ou não aceita uma ditadura militar, como no caso do Brasil e em qualquer País do mundo, não é terrorista. Somente a imprensa venal e alienígena e seus "especialistas" borra-botas ainda têm a insensatez de defender o indefensável e justificar o injustificável, sem, entretanto, saberem, de fato, o significado da palavra expiação. Não sei se por má-fé ou por ingenuidade. Escolho a primeira impressão.

Considero inacreditável saber que muitas pessoas não conseguem compreender que o estado ditatorial torturou e matou deliberadamente, porque sua conduta se alicerçou em estratégias e planos elaborados previamente, e, posteriormente, efetivados, a partir dos gabinetes da Presidência da República e dos comandos das Forças Armadas e de seus órgãos de inteligência e repressão, a exemplo do DOI-Codi, SNI, CIEX, SISA, CENIMAR, além dos comandos e diretorias das polícias militares e civis de todo o País.

A ditadura é digna dos bárbaros, pois foi demoníaca, pérfida e infame. O coronel Brilhante Ustra em seu depoimento na Comissão da Verdade mostra a verdadeira face da covardia, com toda transparência. Sua arrogância e prepotência são "azeitadas" por ardis e mentiras, porque, em sua covardia, o agente da repressão se esconde atrás da Lei da Anistia, que deveria ser constitucionalmente revogada, para que os parentes e os amigos daqueles que se foram sem poder se defender encontrem, enfim, a justiça, porque sem justiça não há paz.

Os dois marechais, Castelo Branco e Costa Silva; e os três generais de Exército, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista de Figueiredo, são os principais condutores do regime de exceção, que, por intermédio de Atos Institucionais, perseguiram, demitiram, cassaram mandatos, fecharam o Congresso, prenderam sem acusação formal, exilaram, torturam, mataram e "criaram" uma nova categoria de seres humanos — os desaparecidos. 
 
Médici e Geisel e o quadro do terror da ditadura.
 
Seus cúmplices e parceiros, os empresários de variados ramos da economia, inclusive os barões da imprensa comercial e privada, também são, efetivamente responsáveis pela a ascensão de ditadores fardados, que tentaram, em vão, dar uma conotação "democrática" ao regime de força com a troca dos generais ditadores, no decorrer de 21 anos. A ditadura não foi branda, como apregoou, cinicamente, a Folha de S. Paulo, propriedade do "seu" Frias e atualmente dirigida pelo seu filho Octávio Frias Filho.

A ditadura militar, que teve o apoio sistemático do mundo empresarial, foi o pior e mais violento regime político da história da República brasileira. A maioria dos conspiradores que se transformaram em golpistas, diziam questionar e combater a ditadura de Getúlio, só que o estadista morreu em 1954 em pleno regime democrático. A verdade é que os golpistas de 1964 combatiam os projetos e programas trabalhistas de Getúlio Vargas,e, por meio de campanhas insidiosas na imprensa, confundiam a Nação com seus propósitos "democráticos", mas de fundo golpistas.

Getúlio chegou ao poder pela Revolução de 1930, o que é muito diferente de um golpe militar apoiado diretamente pelos EUA, como ocorreu no fatídico e sombrio ano de 1964. O golpe de estado bloqueou o projeto desenvolvimentista e nacionalista dos trabalhistas em andamento desde 1930, e retomado por João Goulart. Em seu lugar, os direitistas apresentaram aos brasileiros a violência de nossas provincianas, escravocratas e ferozes "elites", que amarraram o estado nacional como se faz com as patas traseiras de uma vaca, para que eles pudessem se locupletar e, por conseguinte, enriquecer — o que é a mesma coisa que mamar nas "tetas" do Erário Público.

Sem sombra de dúvida, os militares insurretos fizeram um grande mal à Nação. Atrasaram o nosso desenvolvimento social e econômico no mínimo em 30 anos e não distribuíram riqueza e renda. Governaram para os ricos, tal qual ao ex-presidente FHC — o Neoliberal I —, o governante mais subserviente de todos, e que vendeu o patrimônio público brasileiro que ele e sua trupe não construíram. O catedrático em nada, e que foi ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque, incompetente, quebrou o Brasil três vezes.

O coronel Brilhante Ustra e outros atores da repressão deveriam estar presos, como aconteceu com os militares do Uruguai e da Argentina. Acuado passou para o ataque e evidenciou toda sua pequena condição humana. Ustra não é nada mais e nada menos que um brucutu selvagem, um oficial da reserva, que no passado se dedicou, caninamente, como um cão de guarda do regime e dos que verdadeiramente mandavam no sistema de terror, acobertado pela imprensa de negócios privados e por setores civis que financiavam os torturadores e assassinos.

Ustra, Sebastião Curió, bicheiro Capitão Guimarães e o delegado Claúdio Guerra, dentre muitos outros, que vivem até hoje à sombra de seus passados são figuras de segundo escalão, que devem pagar por seus crimes, porque representam o terrorismo de estado, bem como aqueles que, verdadeiramente, controlaram o processo ditatorial, além de ordenarem o acionamento da máquina de torturas e assassinatos contra aqueles que resolveram combater o nefasto regime.

Brilhante Ustra é o abutre de si mesmo. Os generais presidentes foram e ainda o são os gerentes do inferno. Nunca se deve esquecer, confundir ou ter dúvida de que torturador é torturador e torturado é torturado. Ponto. Os mortos e torturados têm de ser redimidos historicamente e livrados, definitivamente, dos porões da ditadura militar. Para o bem do Brasil e de todos nós. É isso aí.
 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fé e política, uma relação conturbada





Nos últimos meses o debate sobre a participação de instituições religiosas no debate público ganhou força e voltou a levantar a questão da separação entre Estado e Igreja


O Brasil é um Estado laico. Assim como a maioria dos países do mundo, não tem uma religião oficial e garante constitucionalmente a liberdade de credo para todos os seus cidadãos. Entretanto, desde 1891 – quando o catolicismo deixou de ser a religião oficial do país –, as instituições religiosas participam do debate público, em certos casos fundamentando inúmeras posições com base na fé e na doutrina. Com a bancada evangélica nos holofotes, o tema voltou a ganhar relevância no espaço público.

Na opinião da professora de Direito Constitucional da UFPR Vera Karam de Chueiri, o debate público não comporta o pensamento religioso, pois questões de convicção pessoal não podem servir como baliza para decisões que envolvem toda uma sociedade – que inclui também ateus, agnósticos e pessoas das mais diversas religiões. “O argumento religioso não pode entrar no debate público. As razões sempre devem ser de ordem pública, e não individual”, resume.

Já para o doutor em Direito pela Universidade Mackenzie Ives Gandra Martins, a laicidade do Estado não significa a ausência da religião no espaço público. “O Estado laico não é um estado ateu. O Estado laico é apenas um Estado em que as decisões políticas não dependem de qualquer igreja, mas onde quem tem religião tem todo o direito de exercer sua cidadania”, afirma.

Gandra defende que, para quem tem uma religião, é impossível dissociar convicções religiosas de convicções não religiosas.

Portanto, o argumento calcado na fé teria tanta legitimidade quanto um argumento baseado em uma ideologia ou visão de mundo leiga. “Os que acreditam em Deus defendem seus pontos de vista, certamente influenciados por seus valores, e os que não acreditam são influenciados por suas convicções pessoais. O debate não pode impedir que aqueles que tenham religião opinem sobre os interesses da cidadania”, afirma.

Nos holofotes
A discussão sobre o Estado laico ganhou força nos últimos anos, uma vez que diversos temas na agenda pública brasileira têm colocado em lados opostos igrejas – especialmente as evangélicas – e segmentos sociais leigos. Um exemplo recente é a PEC que torna instituições religiosas aptas para contestar a constitucionalidade de leis no Supremo Tribunal Federal. A eleição do deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de ireitos Humanos da Câmara é outro fato que levantou a questão. A legislação referente à homossexualidade e ao aborto também são pontos de crise entre os segmentos.

Veja nesta página alguns exemplos, atuais e antigos, dessa relação, às vezes conturbada, entre igrejas e o Estado laico:

Direitos LGBT

A questão LGBT é, atualmente, um dos principais pontos de atrito entre os que defendem a laicidade do Estado e a religião – as polêmicas envolvendo o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) são apenas a ponta do iceberg. A união entre pessoas do mesmo sexo, em âmbito civil, e a possibilidade de esses casais adotarem crianças, são criticadas de forma veemente por instituições religiosas, com o argumento de que esse seria um risco para a instituição familiar – esse debate ocorre também em democracias mais antigas e tradicionais, como a França. O Projeto de Lei 122, que torna a homofobia um crime de ódio (assim como já é para o racismo e a xenofobia), também recebe a oposição de parlamentares evangélicos. Para eles, nesse caso, o Estado passa a interferir na liberdade de culto. Na última semana, um projeto que permite a “cura” de homossexuais, apresentado por um deputado evangélico, foi colocado na pauta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. A Organização Mundial da Saúde (OMS) não considera a homossexualidade uma doença desde 1993. É um outro exemplo da moral religiosa interferindo em uma questão pública.

Símbolos religiosos

Apesar de o Estado ser laico, é comum ver crucifixos e outros símbolos religiosos em vários órgãos públicos – e, apesar de muitas vezes esses símbolos passarem despercebidos, eles não deixam de causar polêmica. No ano passado, o Ministério Público Federal pediu a retirada da frase “Deus seja louvado” de novas cédulas de real, alegando que ela feria a separação entre igreja e Estado. O pedido gerou reações exaltadas de ambos os lados. A ironia é que a própria Constituição brasileira evoca a proteção de Deus, em seu preâmbulo. Na França, a polêmica foi ainda maior – especialmente com os muçulmanos. Em 2004, uma lei proibiu o uso de símbolos religiosos em escolas, mesmo quando usados pelos próprios alunos.

Divórcio

Essa é uma polêmica já superada, mas que, por décadas, acirrou os ânimos dos brasileiros. Pela ótica laica, a institucionalização do divórcio era apenas a confirmação legal de algo que já existia na sociedade civil – casais já se separavam e encontravam novos parceiros, independentemente da lei, assim como há muito tempo casais gays vivem juntos. Entretanto, esse ato contrariava – e até hoje contraria – a doutrina da Igreja Católica, que se opôs radicalmente ao projeto. As tentativas de se legalizar o divórcio vêm do século 19, mas apenas em 1977 o divórcio foi instituído, por uma margem estreita de votos. Hoje, é visto com naturalidade pela maioria da população brasileira.

PEC das Igrejas

A PEC 99/10, de autoria do deputado evangélico João Campos (PSDB-GO), inclui entidades religiosas de âmbito nacional entre os entes aptos a contestar a constitucionalidade de leis no STF. Hoje, as organizações de classes e federações sindicais já podem fazer isso – assim como representantes dos três poderes, em nível estadual e federal. Para muitos, isso significa uma interferência direta da religião na vida pública, incompatível com a existência do Estado laico. Já outros veem a PEC com uma ampliação da cidadania, permitindo mais entidades representativas na sociedade de participar da democracia. De qualquer forma, essa interferência já ocorria de forma indireta. Por exemplo: quando era procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, católico, questionou a constitucionalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias após pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Aborto

O debate sobre a descriminalização do aborto é encarado com lógicas diferentes entre seus defensores e críticos. Pela lógica da maioria das igrejas, trata-se de uma questão metafísica: a partir de qual momento começa a vida? Pela doutrina cristã, a vida começa a partir da fecundação – logo, o aborto pode ser considerado o equivalente a um assassinato. A ciência não estabelece um ponto exato, mas é comum considerar a formação do tecido nervoso como um ponto inicial. Independentemente disso, quem defende a descriminalização argumenta que a proibição não resulta em uma redução do caso de abortos e causa a morte de milhares de mulheres em todo o país.

Fonte:http://www.gazetadopovo.com.br

Direita e esquerda: eis a questão


Volto ao assunto da coluna anterior, porque ele é mesmo instigante. É interessante verificar como incomoda a alguns a simples menção às categorias “esquerda” e “direita” no campo da política. Mais interessante ainda é perceber que a reação quase sempre parte daqueles que, pelo que pensam e praticam, seriam de direita...

É uma discussão estéril, concordo, mas por motivos diferentes dos normalmente levantados. Em países considerados modelares por esses mesmos críticos , a terminologia esquerda x direita, com suas variações, é empregada sem os traumas que provoca aqui. Então, é mesmo uma discussão estéril, porque não há como negar o óbvio. Há – e desde sempre – no Brasil e no mundo, pensamentos e atitudes de esquerda e de direita, em maior ou menor profundidade, gerando maiores ou menores consequências. Os termos remontam à Revolução Francesa: os Girondinos, à direita no plenário da Assembleia nacional, representavam os nobres e os burgueses ricos; os Jacobinos, sentados à esquerda, eram representantes da pequena burguesia e do povo. Mas as duas posturas ideológicas vêm de muito antes.

Não sei se ajuda como argumento mencionar as recentes declarações do ministro Joaquim Barbosa, o herói da vez na mídia, afirmando, na Costa Rica, que, em nosso país, os três maiores jornais impressos são , todos eles, “mais ou menos inclinados para a direita no campo das ideias”. De onde será que ele tirou essa palavra? E como chegou a essa conclusão?

Mencionei o adjetivo “ideológicas”, porque é mesmo disso que se trata: ideologia, ou seja, um conjunto de ideias (ou ideais?) que as pessoas acabam assumindo em função da visão do mundo que absorveram, dos valores que aprenderam, das vivências que experimentaram. Todos precisam de uma ideologia pra viver (e não apenas o Cazuza), e mesmo os que a recusam já assumem uma, no ato mesmo de recusá-la...

Em cada momento, em cada lugar, as posições de esquerda e de direita podem até apresentar variações, nuances, matizes. Mas há sempre como enxergar os dois campos. E não é, seguramente, desqualificando um dos dois com a análise de processos de corrupção (um certo “corruptômetro” que anda por aí), que iremos separar os dois lados. Se esse ou aquele político de esquerda é corrompido, esse ou aquele político de direita também o é. Se funcionários de órgãos públicos cedem às propinas, empresários da iniciativa particular é que os compram...

O destaque que se dá a um ou outro desses lados corre por conta dos interesses de quem destaca. No Brasil, por exemplo, a tal mídia de direita apontada pelo Presidente do STF destaca os erros da esquerda e omite os da direita a que pertence. Por esse caminho, então, não chegamos a lugar algum, a não ser à convicção de que a corrupção é nefasta, onde existir, e deve ser combatida. E que valeria a pena discutir que tipo de sociedade é essa que, calcada no lucro e nos valores materiais, gera, a todo momento, fraudes, negociatas e corrupção...

Se quisermos realmente qualificar posturas de direita e de esquerda, temos que verificar como as pessoas se posicionam, por exemplo, frente ao capital e ao trabalho. Não é interessante verificar que ruralistas e latifundiários se autointitulam e são rotulados pela mídia como membros das “classes produtoras”? Onde ficam os que realmente produzem, os trabalhadores do campo, explorados e às vezes escravizados? Dependendo de para onde façamos pender a nossa “balança ideológica”, seremos, sim, de direita ou de esquerda.

Quem aceita, por exemplo, passivamente, o rótulo de “consumidor” e não percebe a gradativa ascendência dessa palavra sobre o nome “cidadão”, seguramente está absorvendo valores da direita, do mercado, do consumo individualista a qualquer preço, em detrimento de valores sociais que se perdem a cada dia... Um problema de esquerda ou direita, podem crer...

As cotas , e o posicionamento que se assume sobre elas, são um outro tema que permite a identificação ideológica. Elas colocam de um lado os que as rejeitam como algo contrário à “meritocracia”, que não premiaria os “melhores”. Uma espécie de “seleção natural” que de natural não tem nada, porque esquece, convenientemente, que o “mérito” , em um país perversamente desigual como o nosso, já começa no berço, e acaba sendo, com exceções que confirmam a regra, um mecanismo de perpetuação de elites. Do outro lado, há os que lutam pelas cotas como instrumento de correção social, um pagamento de dívidas históricas contraídas pelos poderosos. Direita x esquerda, sem dúvida...

Nessa esteira haveria muitos outros exemplos. Um, bem emblemático: a bolsa-família. A posição de direita considera que a bolsa estimula a inércia, uma espécie de “dolce far niente” dos premiados com as “polpudas” importâncias, um bando de desocupados que o Governo subsidia... Nada mais perverso do que os bem alimentados ousando discorrer sobre o problema dos que têm fome, aquela mesma fome que o saudoso Betinho dizia que “não podia esperar”. O que interessa, para a esquerda, é que dezenas de milhões de brasileiros saíram da miséria e vão mais longe do que isso, muito mais, a julgar pelas recentes notícias que dão conta que 1,3 milhão de “bolsistas” devolveram a sua bolsa ao Governo porque já conseguem caminhar com os próprios pés...

Segmentos de direita podem, aqui e ali, ter posicionamentos mais à esquerda, até por demagogia. Da mesma forma, por fraqueza ideológica, a esquerda pode ter momentos de direita. Não devia ser assim, mas acontece. Mais cedo ou mais tarde , essa confusão de quem entra em contradição com a própria visão do mundo pode provocar irreversíveis problemas de consciência. Nesse quesito, felizmente, e desde garoto, a minha consciência vai seguindo em paz...

Rodolpho Motta Lima 
Advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasi.Direto da Redação

Via:http://wwwterrordonordeste.blogspot.com.br/

domingo, 12 de maio de 2013

Espaço - Gal Costa

Clássico de amor! 


Afinal, quem tem medo da democracia no Brasil?

EMIR SADER

A democracia é a maior ameaça ao poder das oligarquias tradicionais. Por isso reagem de maneira tão irada aos processos de democratização em curso na sociedade brasileira

Publicado na Carta Maior

Uma imensa disputa ideológica e politica se dá em torno da democracia? Quem é democrático e quem não é? Uma disputa para se apropriar do termo, com a pretensão de que quem apareça como democrático, será automaticamente hegemônico.

Ocorre que tudo depende do conceito predominante de democracia. Quem poderia dizer que as oligarquias familiares, proprietárias monopolistas dos meios de comunicação tradicionais no Brasil, apareçam como as mais defensoras da democracia, supostamente ameaçada pelo Estado que promove o maior processo de democratização na sociedade brasileira, com o apoio maçico da grande maioria da população, em consultas eleitorais amplas e abertas, com a participação majoritária da população?

Isso ocorre porque falamos de coisas distintas quando falamos de democracia. A concepção dominante, de que se valem aqueles órgãos e os partidos da oposição, remete à concepção liberal de democracia. Esta nasceu fundada nos direitos dos indivíduos, contra o Estado, considerado a maior ameaça à liberdade e à democracia.

É uma concepção fundada nos indivíduos, considerados a única realidade efetiva nas sociedades. Margareth Thatcher chegou a afirmar que: “Não há mais sociedade, só indivíduos”- utopia maior do liberalismo. É em torno dos direitos individuais que se estruturaria a sociedade.

Numa sociedade como a norteamericana, entre os direitos inalienáveis expressos na Constituição, está o direito do porte de armas, para que os indivíduos se defendam do Estado. (Não importa se as armas terminam nas mãos de crianças, que matam os colegas na escola ou o seu irmãozinho.) De tal forma os direitos individuais se sobrepõem aos direitos coletivos, que Obama não conseguiu, mesmo esgrimindo o massacre de crianças naquela escola dos EUA, limitar esse direito inalienável que os norteamericanos se reservam.

Segundo os preceitos liberais, se há separação de poderes, se há eleições periódicas, se há pluralidade de partidos, se há imprensa livre (atenção: para eles imprensa livre quer dizer imprensa privada), então haveria democracia. O liberalismo utiliza critérios institucionais, políticos, formais, para definir democracia. O próprio Brasil foi, durante muito tempo, o país mais desigual do mundo, porém passou a ser considerado democrático, quando passou a respeitar aqueles cânones, não importando que fosse uma ditadura econômica, social e cultural.

Hoje, quando o Brasil passa por um processo inédito de democratização social, as oligarquias se sentem ameaçadas. Já não controlam o governo nacional, perdem sistematicamente as eleições em nível nacional, sentem que camadas sociais que eram sempre postergadas por eles veem reconhecidos seus direitos e reagem de forma violenta.

Para que se torne efetivamente uma democracia, o Brasil precisa passar por um processo de democratização econômica, política e cultural. Precisa democratizar a economia, quebrando a hegemonia do capital especulativo, promovendo o predomínio dos investimentos produtivos, que gerem bens e empregos. Precisa promover amplamente a pequena e a média produção no campo, aquela que gera empregos e produz alimentos para o mercado interno.

Precisa democratizar as estruturas de representação política, promovendo o financiamento público das campanhas eleitorais, para que os parlamentos representam efetivamente a população, sem a intermediação falseadora do dinheiro.

Precisa democratizar o Judiciário, para que seja um órgão eleito e controlado pela cidadania e não pelas oligarquias do poder e da riqueza.

Precisa democratizar os processo de formação da opinião pública, quebrando o monopólio privado das poucas famílias que dominam de forma monopolista os meios de comunicação. Não se trata de que se impeça alguém de falar mas, ao contrário, que se permita que todos falem, pela multiplicação e diversificação dos distintos meios de comunicação.

A democracia é a maior ameaça ao poder das oligarquias tradicionais. Por isso reagem de maneira tão irada aos processos de democratização em curso na sociedade brasileira.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Espaço - Marisa Monte: ela abusa do direito de cantar.

A música faz um paralelo o Mandacaru (planta) e as meninas. Assim como a planta, as meninas têm um ciclo, onde elas amadurecem, ou seja, as meninas viram moças. As mudanças desse amadurecimento são totalmente notáveis, o corpo muda e elas ficam mais vaidosas e começam a se apaixonar. O pai, acostumado com aquela menina simples e ingênua, estranha a mudança da sua filha e a leva para um médico. O médico já sabendo do que se tratava, explica ao pai que aquele comportamento era normal, que era coisas da idade, pois ela já tinha menstruado.


Os avanços sociais dos governos Lula e Dilma


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Sexo em nome da fé


Por Luciano Martins Costa - Observatório da Imprensa



O deputado e pastor Marco Feliciano, que se tornou uma celebridade ao levar para o Conselho de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados suas ideias arcaicas sobre direitos de minorias, volta ao noticiário por conta de suas relações com outro religioso, Marcos Pereira da Silva, que acaba de ir para a cadeia.

O pastor Marcos Pereira da Silva é presidente da igreja denominada Assembleia de Deus dos Últimos Dias, com sede no Rio de Janeiro. Pesam contra ele denúncias de associação com traficantes de drogas, homicídios e violência sexual contra seguidoras de sua organização. Os jornais divergem quanto ao número de mulheres que teriam sido estupradas pelo sacerdote. Segundo o Estado de S.Paulo, ele teria abusado de seis fiéis, usando a alegação de que elas estariam possuídas pelo diabo e que o ato sexual as libertaria. Na versão da Folha de S. Paulo, foram quatro as vítimas e, segundo o Globo, os depoimentos colhidos em um ano de investigações identificam pelo menos 26 casos.

O acusado se tornou conhecido por negociar o fim de rebeliões em presídios e libertar reféns de traficantes, impedindo suas execuções, mas, segundo a polícia, ele na verdade era uma espécie de líder espiritual de traficantes e outros bandidos, aos quais era associado, e esses episódios eram simulações combinadas com os criminosos.

O conjunto das reportagens compõe um roteiro escabroso de exploração da fé, abusos, manipulação de consciências, homicídios, lavagem de dinheiro e roubo puro e simples. Embora seja um caso extremo de delinquência associada à religiosidade, a carreira do pastor Marcos Pereira da Silva deveria inspirar um esforço de investigação jornalística em torno do fenômeno das seitas que proliferam por todo o país e avançam sobre o campo político.

As relações entre Pereira da Silva e o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados merecem uma atenção maior do que a mera reprodução de declarações que tem marcado a ação da imprensa. Uma das pistas a serem seguidas é a da lavagem de dinheiro: o pastor é acusado de receber comissão de traficantes para dissimular a receita do crime por meio da venda de CDs e DVDs de evangelização. Além disso, sua ascendência sobre chefes do crime organizado o coloca como um dos líderes da onda de ataques que aterrorizaram o Rio em 2006 e 2010, como reação contra o programa de ocupação de favelas pela chamadas unidades de polícia pacificadora.

Considerar que o deputado Feliciano ignorava tal folha corrida seria chamá-lo de alienado – coisa que ele, definitivamente, não é.

O estelionato da fé

O inquérito contém preciosidades, como a descrição de orgias que teriam sido promovidas pelo dublê de líder religioso e chefe de quadrilha em um apartamento na Avenida Atlântica, registrado em nome da igreja e avaliado em R$ 8 milhões: segundo testemunhas, o pastor teria o hábito de realizar encontros que incluíam relações homossexuais de homens e mulheres. Também há referências a troca de favores com políticos e autoridades policiais, o que indica a extensão da influência do personagem, e que pode ser medida pelo empenho do deputado Feliciano em defender o acusado.

A imprensa precisa esclarecer essa relação suspeita.

Preso, o pastor Marcos Pereira da Silva tem sua vida vasculhada pelos jornais, que fazem descrições espantosas sobre sua longa carreira de abusos. No entanto, o noticiário ainda se limita ao relato puro e simples dos crimes de que ele é acusado, quando o episódio deveria levar a imprensa a analisar com mais profundidade o fenômeno de entidades supostamente religiosas que são, na verdade, organizações criminosas.

Não importa se a delinquência se limita ao estelionato mais primário em nome de angústias espirituais ou se chega ao estágio sofisticado de criminalidade que é atribuído ao líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias. No livro intitulado Mídia e poder simbólico, o jornalista e cientista social Luís Mauro Sá Martino já tratou com detalhes a questão do mercantilismo no campo religioso.

O caso do pastor Pereira da Silva abre uma oportunidade para a imprensa investigar a verdadeira natureza de organizações que colocam no poder político figuras como o deputado Marco Feliciano, capaz de transformar um órgão do porte da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em um circo místico de crendices e preconceitos. Pode-se ir um pouco além, analisando-se, por exemplo, como a sociedade contemporânea ainda se mantém vulnerável à penetração de arcaísmos e mistificações, que contaminam as instituições da República, e de que modo tais manifestações de irracionalidade atrapalham o desenvolvimento do país.

Mas isso seria esperar demais. Desmascarar outros falsos religiosos associados ao crime já seria um bom começo.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Jango, as reformas de base e o golpe

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre


No Comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 13 de março de1964, o presidente trabalhista, João Goulart, ao lado de sua esposa, Dona Maria Tereza, anuncia as reformas de base, e fala literalmente da reforma agrária, do controle das remessas de lucros ao exterior em 10%,bem como das reformas educacional, administrativa, tributária e urbana.

O elenco composto pelas reformas recebeu o nome de Bandeira Unificadora. Os setores progressistas da sociedade brasileira aspiravam por essas mudanças, como forma de darem continuidade ao progressista governo do estadista Getúlio Dornelles Vargas. Eram os ideias de 1930, que esperavam ser concretizados, e, consequentemente, propiciarem a efetivação do estado de bem-estar social e a total emancipação do povo brasileiro.

O golpe civil-militar de 1964 teve por finalidade estancar o desenvolvimento do País, principalmente no que tange às questões sociais e à paralisão imediata das reformas de base que, entre outras coisas, mexia moderamente com os latifúndios rurais e urbanos, além de prever o controle da sonegação praticada pelas grandes empresas, bem como do dinheiro enviado ilegalmente às terras estrangeiras, cujos os lucros, "maquiados", atingiam incríveis patamares de 5.000% sobre o capital investido.

O grande político trabalhista e homem corajoso, João Goulart, sabia o que iria enfrentar, mas mesmo assim foi à Central do Brasil, edifício simbólico do Rio de Janeiro e do País, vizinho ao Ministério da Guerra, hoje denominado Palácio Duque de Caxias, e de onde muitos dos generais golpistas assistiram ao histórico comício através das janelas do palácio. Jango abriu a boca e prometeu para cerca de 200 mil pessoas que iria tirar do papel as reformas de base tão necessárias para a melhoria das condições de vida do povo brasileiro.

O discurso de Jango, herdeiro de Getúlio, foi a senha para que a direita brasileira daquela geração e época, a mais traidora da história do Brasil, por ter se aliado a estrangeiros (EUA) para derrubar um presidente eleito constitucionalmente pelo povo. A direita que não se fez de rogada e muito menos vacilou para golpear a democracia brasileira em defesa, cinicamente, da "democracia" e com a aquiescência e o apoio logístico e militar proporcionado pela Operação Brother Sam.

Com sua sede na Embaixada dos Estados Unidos, os golpistas brasileiros conspiraram contra um governo popular legítimo, ao ponto de tal operação deslocar do Caribe uma força militar alienígena, que contava com dois porta-aviões, de grande e médio portes, além de inúmeras naves de apoio, que propiciariam a invasão do Brasil por tropas estadunidenses, o que, sobremaneira, seria uma afronta de incalculáveis proporções, porque os militares golpista, que se transformaram em meros centuriões "romanos", com a finalidade de garantir o status quo da oligarquia escravocrata brasileira e os interesses econômicos dos norte-americanos.

Os generais e muitos de seus comandados ficariam, sem sombra de dúvida, como os maiores vilões da história desta Nação, até porque já são assim considerados pelo motivo de transformarem o estado em estado terrorista, patrocinador e promotor de perseguições, cassações, prisões, exílios, torturas e mortes. O estado policial do DOI-Codi, do Ciex, do Cenimar, do Sisa e do SNI, com a cobertura dos comandos daspolícias militares e das diretorias das polícias civis de todo o País. 

A corrente trabalhista, desde 1930, revolucionou o Brasil, pois modernizou o estado, industrializou o País, solidificou as garantias constitucionais em 1946, além de ter efetivado a sua grande obra: a Leis Trabalhistas — a CLT —, que livrou o trabalhador brasileiro da semi-escravidão. O trabalhismo de Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola, Alberto Pasqualini, Sereno Chaise e Ernesto Dorneles, dentre outros.

O segmento político que construiu as bases de nossa civilização, em termos contemporâneos, sempre foi boicotado e derrubado por intermédio de golpes, verdadeiras sublevações ou rebeliões alicerçadas e quarteladas, que, por um momento, transformou um gigante como Brasil em uma república de bananas, porque temos como inquilinos uma"elite" econômica e acadêmica provinciana, subalterna, entreguista, colonizada, com enorme baixa estima e, como não poderia deixar de afirmar, portadora de um incomensurável e por isto inenarrável complexo de vira-lata.

O golpe militar de 1964 foi um movimento de lesa-pátria, apátrida e vergonhosamente com o apoio de estrangeiros, cujos golpistas tomaram o poder criminosamente durante longos 21 anos. O golpe não foi uma revolução, como muitos pregam, com a maior desfaçatez e tergiversação possíveis. Outro fato que deve também ficar claro é que os golpistas usurparam o poder sem a aquiescência da maioria do povo brasileiro, que em 1984 demonstrou seu descontentamento por meio das Diretas Já!.

A verdade é que o comício da Central do Brasil é histórico, porque o presidente trabalhista João Goulart apresentou à Nação brasileira um projeto de País generoso e que, certamente, retomaria o desenvolvimentismo de Getúlio Vargas. Se o Brasil desse seqüência ao projeto trabalhista, por intermédio das Reformas de Base, estaríamos, obviamente, em patamar de desenvolvimento social muito mais avançado. 

A direita brasileira nunca concedeu e muito menos deu nada para o povo, além de não ter criado coisa nenhuma, a não ser dar golpes violentos e vender o patrimônio público e depois usufruir do que se apropriou, a fim de atender os interesses das classes abastadas e de governos, a exemplo dos EUA. 

João Goulart — o Jango — é muito maior do que se possa imaginar a academia conservadora e a imprensa de negócios privados e parte do empresariado colonizado e subserviente aos ditames dos mercados internacionais. João Goulart está, devidamente, a ser estudado, bem como seu nome está a ser resgatado para o bem do Brasil. É isso aí.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Simultaneidade




"Nunca deixei de estar submetido
à pressão simultânea
de duas idéias contrárias
e que me parecem ambas verdadeiras,
o que me leva ora a ir de uma a outra,
segundo as condições que acentuam
ou diminuem a força de atração de cada uma,
ora a aceitar como complementares
essas duas verdades
que, no entanto,
deveriam logicamente se excluir uma à outra.

Tenho ao mesmo tempo,
o sentimento
da irredutibilidade da contradição
e o sentimento
da complementaridade dos contrários.

É uma singularidade que vivi,
primeiramente admitida,
depois assumida,
enfim integrada

[...]

Assim, mais do que nunca e plenamente,
vivo, submeto-me e alimento-me,
dialógica permanente,
entre fé e ceticismo,
misticismo e racionalidade.

O trabalho das contradições contínua.
Eis sua consequência existencial:
Viver no duelo dos contrários,
isto é, nem na duplicidade sem consciência
nem no justo–meio,
mas na medida e na desmedida;
não numa resignação morna,
mas na esperança e no desespero,
não num vago tédio
ou num vago interesse da vida,
mas no horror e no maravilhamento."

Edgar Morin
 

domingo, 5 de maio de 2013

Espaço - Caetano Veloso

 
Queixa (Caetano Veloso)

Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza

Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água

Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria

Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Amiga, me diga...

O lugar da maioria

Depois que até o ministro Joaquim Barbosa denunciou a falta de pluralismo da imprensa brasileira e admitiu sua tendência "à direita," os cidadãos detêm mais um argumento para repensar o que se passa no país.

Paulo Nogueira
 
É preciso ter a coragem de entender que o Brasil ingressou numa fase mais aguda de conflito político, real e duradouro, que irá se prolongar até o final de 2014 e a sucessão presidencial.

E atenção. Caso as urnas confirmem aquilo que dizem as pesquisas de opinião, hoje, nem mesmo a vontade soberana do eleitorado pode ser suficiente para resolver esse conflito e garantir o retorno a um ambiente de paz política e respeito constitucional.

Isso porque assistimos a uma luta que, com o passar dos anos, e sucessivas derrotas da oposição, transformou-se, mais uma vez, numa luta contra a democracia. Não vamos nos iludir. As filigranas jurídicas não estão em debate.

O que se questiona hoje é o lugar da maioria, o direito da grande massa de brasileiros ter a ultima palavra sobre os destinos do país.

A questão é o Poder de Estado, a possibilidade de retrocesso ou de novos avanços no lento, modesto mas real processo de mudanças iniciado a partir de 2003, que envolveu a sexta maior econômica do planeta e o destino de uma região cada vez mais relevante no planeta, a América do Sul.

A fraqueza até agora insolúvel da oposição, sua dificuldade em convencer a maioria da população a lhe dar seu voto explica os movimentos cada vez mais ousados, as denúncias, os ataques sem fim.

Não é de estranhar uma nova radicalização conservadora nas últimas semanas, capaz de envolver personalidades com passado democrático, como Pedro Simon, e mesmo personalidades com um passado digno de um presente melhor, como Marina Silva, capaz de ir à TV dizer obrigado a Gilmar Mendes, tornando-se a primeira candidata presidencial a agradecer a um ministro do STF como se tivesse recebido um favor. (Os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)

Apesar da agitação em torno de eventuais presidenciáveis, novos, antigos e velhíssimos, a situação não mudou, pelo menos até agora.

A grande maioria do eleitorado continua dizendo monotonamente que está satisfeita com o que vê em sua casa e em seu destino. Pode ser tudo ilusão de ótica. Quem sabe seja puro marketing. Pode ser que tudo fique diferente até 2014.

Agora, isso não importa.

Os números estão ali, seja nas pesquisas encomendadas pelo governo, seja naqueles a que tem acesso a oposição. E este é o dado real, que alimenta cálculos e projetos.

Como uma porta-voz da própria imprensa com tendência “de direita”, nas palavras de Joaquim Barbosa, já admitiu, em 2010, o que se quer é dar oxigênio a políticos e concorrentes que não conseguem andar pelas próprias pernas.

É assim que os lobos vestem elegantes ternos de cordeiro sem que ninguém se pergunte pelo trabalho dos alfaiates. Mentiras nem precisam ser repetidas mil vezes para se transformar em verdades. Basta que sejam embelezadas de modo falacioso e permanente. Basta que o veículo X repercuta o que disse o Y e que nem A, nem B nem C tenham disposição para conferir aquilo que disse Z – como é, aliás, tradição da imprensa brasileira com tendência “à direita” desde 1964, quando jornais e revistas se irmanaram para denunciar a subversão e a corrupção do governo Goulart.

E aí chegamos ao calendário atual da crise, ao batimento cardíaco de maio de 2013.

Ameaçada, pela quarta vez consecutiva, de se mostrar incapaz de chegar ao governo pelo voto, o que se pretende é uma mudança pelo alto, sem o povo como protagonista – mas como espectador e sujeito passivo.

Faz-se isso como opção estratégica, definida, concebida de modo científico e encaminhada com método e disciplina.

Num país onde o artigo 1 da Constituição diz que todo poder emana do povo, que o exerce através de representantes eleitos ou diretamente, procura-se colocar o STF em posição de supremacia em relação aos demais poderes.

Como se sua tarefa não fosse julgar a aplicação das leis, mas contribuir para sua confecção ou até mesmo para bloquear leis existentes, votadas e aprovadas de acordo com os trâmites legais.

O STF vem sendo estimulado a tornar-se guardião da agenda conservadora do país, construindo-se como fonte de poder político, acima dos demais.

Assume um ponto de vista liberal quando debate assuntos de natureza comportamental, como aborto e células tronco. Mantém-se conservador quanto aos grandes interesses econômicos e políticos.

Sua agenda dos próximos meses envolve muitas matérias de natureza econômica e o papel do Estado na economia. Até uma emenda constitucional que cria subsídios ao ensino privado já chegou ao tribunal. A técnica sem-voto é assim. Já que não se tem força para chegar ao Planalto nem para fazer maioria no Congresso, tenta-se o STF – e azar de quem tem voto popular. A finalidade é paralisar quem fala pela maioria.

No debate sobre royalties do petróleo, que, mesmo de forma enviesada, traduzia uma forma de conflito entre estados ricos e estados pobres, impediu-se o Congresso de exercer suas funções constitucionais. No debate sobre fundo partidário e tempo na TV, o risco de deixar a oposição sem um terceiro nome para tentar garantir o segundo turno inspirou o PSB, oposicionista, a pedir uma liminar que impede a votação de uma lei que cumpria absolutamente todas as exigências legais para ser debatida e votada. Concordo que a lei em questão pode ser chamada de casuística. Sou contra restrições à liberdade de organização de partidos políticos, ainda que possa lembrar que o debate, no caso, não envolve risco de prisão para militantes de partidos não autorizados, como no passado, mas TV e $$ público, mercadorias que não caem do céu.

Sem ser ingênuo lembro que nessa matéria o ponto de vista contrário também está impregnado do mesmo defeito.

A liminar beneficia a oposição em geral e uma presidenciável em particular, que tenta encontrar-se num terceiro partido político em menos de uma década. Até agora nem conseguiu o numero de mínimo de filiados para montar a nova legenda. Jornais informam que está recorrendo a políticos de outros partidos que, aliados no vale-tudo para o segundo turno, tentam dar uma mãozinha emprestando eleitores de seu próprio curral. Não é curioso?

O que se quer é atribuir ao Supremo funções que estão muito além de sua competência nos termos definidos pela legislação brasileira. Não adianta lembrar de países desenvolvidos como se eles fossem a solução para todos os males.

Até porque isso não é verdade. Para ficar num exemplo recente e decisivo. Ao se intrometer nas eleições de 2000 nos EUA, impedindo que os votos no Estado da Florida fossem recontados e conferidos pelos organismos competentes, a Suprema Corte republicana deu vitória a George W. Bush – empossando, com sua atitude, o pior governo norte-americano desde a independência, em 1776.

Inconformado com a decisão da Suprema Corte, o democrata Al Gore chegou a resistir por vários dias, recusando-se a reconhecer um resultado que não refletia a vontade popular. Acabou pressionado a renunciar e retirou-se da cena política. Alguém pode chamar isso de vitória da democracia? Exemplo a ser seguido?

Em situações como a do Brasil de hoje, a atuação dos meios comunicação ajuda a criar mocinhos e bandidos, permite desqualificar o adversário e impedir que todas as cartas sejam colocadas à mesa.

O vilão da vez, como se sabe, é o deputado Nazareno Fontelles, do PT do Piauí, autor da PEC 33, que, com base na soberania popular, garante ao Congresso a ultima palavra sobre as leis que vigoram no país.

Fonteles já foi chamado de “aloprado” e até de ser um tipo que faz “trabalho sujo”, além de outras barbaridades feias e vergonhosas, que servem apenas para abafar o debate político e esconder pontos importantes – a começar pelo fato de que o relator da PEC 33 foi um deputado tucano. (Este seria o que?)

Desmentindo outra mitologia sobre o tema, de que Fonteles produziu uma resposta ao mensalão, evita-se lembrar que o texto é de 2011, quando o julgamento sequer havia começado.

Conheço juristas de peso que têm críticas a PEC 33. Outros lhe dão sustentação integral.

O debate real é a soberania popular. E é desse ponto de vista que a discussão sobre a PEC 33 deve ser feita.

A pergunta, meus amigos, é simples. Consiste em saber quem deve ter a palavra final sobre os destinos do país. Vamos repetir: a Constituição diz, em seu artigo 1, que todo poder emana do povo, que exerce através de seus representantes eleitos ou mesmo diretamente.

Até os ministros do Supremo são escolhidos por quem tem voto. O presidente da República, que indica os nomes. O Senado, que os aprova.

Quem não gosta deste método de decisão deveria comprar o debate e convencer a maioria, concorda?



Paulo Moreira Leite. Desde janeiro de 2013, é diretor da ISTOÉ em Brasília. Dirigiu a Época e foi redator chefe da VEJA, correspondente em Paris e em Washington. É autor dos livros A Mulher que era o General da Casa e O Outro Lado do Mensalão. 

Da Isto É Independente - 4/5/2013 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Mano Brown resume bem o músico Lobão: “Age como uma puta para vender livro”

Lançando o livro Manifesto do Nada na Terra do Nunca,o músico Lobão atacou diversas personalidades brasileiras. Em trechos da publicação, o cantor chama Dilma Rousseff de “torturadora” em capítulo cujo título é “Vamos Assassinar a Presidenta da República?” (escreve isso sobre Obama pra ver o que vai dar) e o cantor Roberto Carlos é referido como “múmia deprimida”. Os ataques respingaram também nos rappers do Racionais MCs, descritos como “braço armado do PT”.
Mano Brown, líder do grupo paulistano de rap, foi ao Twitter responder alguns fãs que questionaram qual seria sua postura após o ataque de Lobão.
Veja a resposta de Mano Brown:
“Conheci o Lobão em 1996. Cumprimentei e depois disso nunca mais o vi. Sinceramente não tenho o que falar da pessoa dele. Estranho o Lobão falar de mim sem nunca ter me conhecido. Não entendo a postura dele agora. Ele pregava a ética e a rebeldia. Age como uma puta para vender livro. Nos anos 80 as ideias dele não fizeram a diferença para a gente aqui da favela. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém, nem ele comigo. O Lobão está sendo leviano e desinformado. Tô sempre no Rio de Janeiro, se ele quiser resolver como homem, demorô! Do jeito que aprendi aqui“.