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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Luisa Mell responde ao rola-bosta da veja Reinaldo Azevedo

Caro Reinaldo Azevedo (?), colunista da Veja.


Em primeiro lugar, obrigada por seus textos. Apesar de ataques diretos a mim, aos ativistas, e a todos os que lutam pelo o que acreditam, apesar dos adjetivos como “idiotas” e “trogloditas” e “bandidos”, ouvir opiniões contrárias, mesmo que sustentadas por agressões gratuitas, é sempre um exercício construtivo, mesmo acreditando que pessoas inteligentes não precisam atacar pessoas para defenderem pontos de vista, mas ideias.

Devo começar dizendo que, lendo seus textos, lembrei muito daquele deputado pastor. As semelhanças na maneira como vocês emitem opiniões são notórias para mim e creio ser o Sr. um grande fã da oratória dele, afinal, ambos não economizam agressões e preconceitos para impor seus pontos de vista. Outra semelhança notória entre vocês é a pronta eliminação de qualquer crítica. Ele, expulsa de seus eventos quem se manifesta contrariamente as suas “crenças”, o Sr. censura todos os comentários em seu blog, marcando-os com “XXXX”. Talvez, pela incapacidade comum de ouvir opiniões contrárias e discuti-las construtivamente. Talvez, apenas porque buscam audiência panfletária (é o único jeito que algumas pessoas encontram para aparecer) ou talvez, por simples vaidade.

Sobre seus textos, sinto lhe informar que já conversei com centenas de pessoas que pensam como você. Na verdade, mais inteligentes e nada do que escreveu em sua coluna foi original. É a mesma mesmice, o mesmo “mim ser a espécie dominante e por isso mim subjugar todas as outras de acordo com meus interesses” e por isso, deixo-lhe o mesmo conselho que nos deu: vá estudar. Dentre os inúmeros erros de seu texto, está o de dizer que não há um só país no mundo que não recorra a este expediente. Uma simples pesquisa no Google (essas ferramentas não servem só para rá rá rá, kkkkk e glossolalias, lembra?), teria lhe ensinado que na Europa, testes em animais foram banidos para fins cosméticos e que há muita discussão séria (ao contrária da sua) sobre seu uso em medicamentos. Pesquise por Peter Singer, um respeitado cientista e professor que dedicou sua vida a pesquisa e a provar a sensciência dos animais. Pesquise por "desobediência civil" nas lutas contra o racismo e o sexismo. Sem ela (desobediência), mulheres não votariam ou estariam no mercado de trabalho e negros ou seriam escravos, ou não seriam tolerados nos mesmos ambientes que brancos até hoje. É só uma questão de especismo a diferença. Por último, ainda lendo seus textos, o Sr. me pareceu um grande "especialista" em tudo: política, economia, bioquímica, Caetano Veloso, minha vida e até bactérias. Não pude aqui, deixar de lembrar do pato, uma ave que faz tudo: corre, nada e voa. Corre mal, nada mal e voa pior ainda. Uma analogia muito usada por administradores de empresas para funcionários “faz tudo” e jornalistas inteligentes para colunistas que “escrevem sobre tudo”.

Novamente, obrigada por me dar mais forças e por mostrar que estamos no caminho certo, irritando conservadores e pessoas que não entendem o novo mundo e por isso, o temem.

Termino citando uma frase que gosto muito: “as revoluções, como os vulcões, tem seus dias de chamas e seus anos de fumaça”. Tivemos dias de chamas e espero que seja o começo de anos de fumaça a favor dos animais.

Cordialmente,

Luisa Mell

PS: você realmente acredita que anos de pesquisa foram perdidos? Conheço crianças de 8 anos que sabem fazer backup dos seus arquivos. Será que o pessoal do laboratório, com mestrados, pós-graduações e doutorados, não sabiam? Fica a dúvida.


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