Expressão da elite paulista, os tucanos não querem perder seus currais eleitorais nos bairros nobres e endeusam os shoppings como templos sagrados do consumo e da segregação social. Isto explica o discurso conservador e intransigente de Geraldo Alckmin e de outras lideranças do PSDB.
Por Altamiro Borges
A repressão é uma marca dos governos tucanos. Logo no início do seu primeiro mandato, FHC acionou as tropas do exército para reprimir uma greve dos petroleiros e “quebrar a espinha dorsal” do sindicalismo. Já Geraldo Alckmin, com a sua formação no Opus Dei, não tolera mobilizações sociais. Que o digam os moradores do Pinheirinho, covardemente desalojados de suas casas em São José dos Campos. Neste sentido, não é de se estranhar a postura arrogante do PSDB diante do novo fenômeno social dos “rolezinhos”. Nesta quarta-feira (15), o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, mandou avisar que “se houver tumulto, a PM vai aplicar a força policial”.
Expressão da elite paulista, os tucanos não querem perder seus currais eleitorais nos bairros nobres e endeusam os shoppings como templos sagrados do consumo e da segregação social. Isto explica o discurso conservador e intransigente de Geraldo Alckmin e de outras lideranças do PSDB. A reação do senador Aloisio Nunes, conforme nota publicada no Painel da Folha desta quinta-feira, é bastante emblemática neste sentido:
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Abusados - O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), diz que shopping não é lugar de manifestação. “Esse negócio de rolezinho é um abuso. Precisamos ter civilidade nas relações, ou a vida fica insuportável”.
Cavalões - "Levei meus netos ao Morumbi Shopping domingo", conta o senador. "Imagine como eu e outros avós reagiríamos caso um bando de cavalões cismasse em dar um rolê' por lá”.
Bárbaros - O tucano se diz incomodado com o tom do debate sobre o fenômeno. "Ir ao shopping barbarizar não é um ato de esquerda. Tem gente saudosa de uma revolução que não fez e não fará”.
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A repressão tucana, porém, gera um efeito contrário. Quanto mais truculência, mais os “rolezinhos” crescem como forma irreverente de protesto dos jovens da periferia conectados à internet. Até agora havia registro de seis ações deste tipo em São Paulo. Com a violência da PM em dois shoppings – inclusive com o uso de balas de borracha e a detenção e humilhação de dezenas de jovens – e os discursos raivosos das “autoridades” tucanas, o movimento ganhou força. Outros dez “rolezinhos” já foram convocados pelas redes sociais para os próximos dias. Como forma de repúdio à violência do PSDB, protestos do gênero também foram marcados em Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Recife.
A multiplicação dos “rolezinhos” já incomoda muita gente. Nesta terça-feira, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), que representa 264 estabelecimentos do país, fez uma reunião de emergência para tratar do assunto. Já a presidenta Dilma Rousseff convocou alguns ministros para discutir o novo fenômeno. A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, uma das convocadas, teve a melhor postura. “As manifestações são pacíficas. Os problemas são derivados da reação de pessoas brancas que frequentam esses lugares e se assustam com a presença dos jovens”. Ele também criticou a liminar que autorizou os shoppings a barrar clientes por "consagrar a segregação racial" e dar respaldo à violência da PM.
Já o governador tucano de Geraldo Alckmin acionou o seu secretário de Segurança para esbravejar diante das câmeras de televisão: “A PM vai aplicar a força policial”!
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