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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Avance Dilma… e leve o Brasil com você!




LIBERTAS QUÆ SERA TAMEN (“Liberdade ainda que tardia“), na bandeira do Estado de Minas Gerais





O Brasil progressista, ao reeleger a presidente Dilma Rousseff em 26 de outubro de 2014, avançou mais alguns passos na direção de um país em busca da sua nova identidade, embora alguns arroubos antidemocráticos dos últimos dias tenham sido insuflados aqui e ali para que não se reconheça o resultado das urnas e impeça tal caminhada.

No pódio das democracias emergentes, o Brasil levanta o caneco do tetra, isto é, em quatro eleições presidenciais consecutivas o país escolheu o caminho da sua reconstrução. Um passo de cada vez, como deve ser, mas com segurança, não importa o ódio da direita nem as queixas de alguns radicais de esquerda.

Assumo a ousadia de dizer que com uma direita dessas o Brasil não precisa de esquerda. O ditado, eivado de alguma irresponsabilidade retórica e aqui empregado com o viés ideológico normalmente invertido, nunca foi tão verdadeiro.

Com erros políticos primários, denunciadores de um conservadorismo e de uma viseira ideológica acachapantes, para dizer o menos, a oposição ao governo de Dilma Roussef acabou colhendo o resultado que fez por merecer.

E que só não foi pior porque a impunidade dos principais órgãos de comunicação brasileiros (a maioria deles desrespeitando a própria lei eleitoral, como a Rede Globo de Televisão e a revista Veja em particular), se lançaram como cães vorazes sobre a leniência do governo em não reagir à altura aos ataques que recebe há alguns anos.

Isso contribuiu para diminuir o voto de muitos indecisos em Dilma Rousseff. Indecisos, por definição, não têm opinião própria e são fáceis de manipular.

Contudo, na contramão da intolerância e do ódio espalhados pelo Brasil do atraso, com o Estado de São Paulo na vanguarda, quero aproveitar o momento e a oportunidade deste artigo para, além de felicitar os quase 54 milhões de eleitores que fizeram a opção por um Brasil que se quer mais democrático, desenvolvido e soberano, enviar meus agradecimentos aos oposicionistas.

Um sincero agradecimento a todos àqueles oposicionistas que, com seus atos, palavras e obras (já que citar o apóstolo Paulo entrou na roda) ajudaram – e de que maneira – a reeleger a presidente Dilma Roussef.

Nesse sentido, agradeço em primeiro lugar ao PSDB cuja perspicácia levou o partido à acertada escolha de Aécio Neves como o principal candidato da oposição, mesmo sabendo nós que o naipe de alternativas ao eterno neto de Tancredo Neves não fosse assim dos mais animadores.

Aécio, jogado na cova dos leões como paladino no combate à corrupção alheia, até então razoavelmente desconhecido para muitos brasileiros fora do triângulo Minas, Rio, São Paulo, teve a oportunidade de ser exposto, desculpem, de ser mostrado ao Brasil na sua integridade: quando muito um playboy a serviço de teses e fundamentos neoliberais.

Um fantoche nas mãos do “mercado”, disposto a tomar medidas impopulares, como declarou inúmeras vezes. Ele e seu hipotético ministro da Fazenda, o cidadão de dupla cidadania Armínio Fraga.

Um segundo agradecimento vai para a senhora Marina Silva, essa contradição viva de idéias e atitudes que, abençoada pela providencia divina, segundo suas próprias palavras, desempenhou muito bem o seu papel de falsa alternativa à direita, mas logo abatida por sua própria gente que não se sentiu lá muito segura com as inconstâncias da candidata.

Até mesmo para evitar desagradáveis lembranças históricas, como as de Jânio Quadros e Collor de Melo, seus “apoiadores” trataram logo de cortar o mal pela raiz. Em política, nem sempre é preciso o uso dos genéricos.

Atriz de perfil emotivo, Marina Silva chorou e reclamou. Vitimizou-se e desempenhou razoavelmente bem o seu papel shakespereano de traição numa rede de intrigas e lances de indisfarçável hipocrisia. Demonstrou em menos de quatro semanas sua incompetência para o cargo pretendido.

No mesmo diapasão, agradecimentos também ao Partido Socialista (sic) Brasileiro, cuja ilusória perspectiva de fazer um “gato” e ligar-se ao poder político pegando carona com a direita, transformou-se em barriga de aluguel de uma candidatura sustentada pela inveja, pelo ódio e pela falta de programa de governo, ou melhor, optando por um programa “colcha de retalhos” de última hora, costurado com linhas dos mais variados interesses e sob o inacreditável e cínico slogan de “nova política”. Oportunismo, traição, sede de poder, enfim, absorvendo o partido esses “ingredientes tão reveladores” dos ideais socialistas. Eu é que não os havia entendido até agora.

Seguindo o rol de agradecimentos, não poderiam ficar sem destaque: a desfaçatez de uma imprensa cada vez mais parcial e partidarizada que esconde as informações aos leitores, isso quando não mente e as manipula; a justiça que condena sem provas, engaveta partes de processos e seleciona as ações a julgar como se ainda vivêssemos sob inquisição medieval; o imortal que entrou para a Academia Brasileira de Letras, mesmo tendo pedido para que esquecessem as letras que escreveu (contradição de doer), e que do alto da sua sociologia acusou antidemocraticamente aos que não votaram no seu partido de serem pessoas desinformadas e ignorantes.

Sim, agradecimentos encomiásticos e especiais, pois, a Fernando Henrique Cardoso pela sua preconceituosa sinceridade contra os nordestinos e cuja clareza de raciocínio, no caso, não é nada encontrável em seus escritos; ao ex-juiz do STF, doutor Joaquim Barbosa, ativo batalhador pela democracia em causa própria, por investigar, relatar, julgar e condenar à fogueira, acesa pelos “homens de bem desse país”, os réus que não puderam se defender, escancarando para o Brasil e para o mundo um julgamento forjado, escamoteado, de exceção; ao cineasta Fernando Meireles, convém aqui lembrar de passagem, que filmou Saramago e não entendeu nada; ao vituperioso Arnaldo Jabor, esse Machado de Assis às avessas, cujo ressentimento contra esquerdistas, exalado de seus textos, o aproxima de um bom psicanalista. Ou psiquiatra?

Agradecimentos especiais ainda ao camarote VIP do Itaú, que na abertura da Copa do Mundo em São Paulo, demonstrou a toda gente sua cultura cívica e sua delicada intolerância, porventura conquistada em ambientes refinados de salões parisienses, universidades alemãs e inglesas ou mesmo em resorts de Miami.

Em sua contradição cultural os VIPs comportaram-se como a ralé, que tanto gostam de condenar e lançaram a palavra de ordem contra a presidente Dilma expressando aos gritos e com galhardia suas próprias fantasias sexuais…

Agradecimentos também aos comunistas arrependidos e convertidos ao mais indisfarçável oportunismo político como as patéticas figuras de Roberto Freire, Alberto Goldman, Aloysio Nunes Ferreira, José Aníbal que muito provavelmente no passado abraçaram o comunismo como quem abraça a um dogma religioso e acreditaram que operários só chegam ao poder através da “revolução do proletariado”. Marx, em seu túmulo londrino, deve ter rolado de rir pela leitura mecanicista que fizeram e continuam a fazer da História.

Aos atores, atrizes, cantores e cantoras que no início de seu ostracismo profissional pegaram uma carona no antipetismo para ver se ainda conseguem aparecer na mídia e, quem sabe, emplacar uma novelinha ou um cedezinho qualquer.

Quem tem medo do Lobão mau? Heim? Terá ele confundido a Chapeuzinho Vermelho como uma terrível comuno-petista?

Por último, mesmo não sendo o mais importante, um carinhoso agradecimento a Diogo Mainardi que, vivendo no país de Dante e Michelangelo, estranhamente aprofundou seus conhecimentos em antas e bovinos, estendendo a outros seres vivos, como ele, o tão caro direito à liberdade de expressão e de opinião, pois ao ofender o nordeste brasileiro chamando seus habitantes de bovinos, Mainardi inaugurou e ampliou o alcance dessa liberdade aos asininos.

Contudo, apesar desses sinceros agradecimentos e até por causa deles, toda atenção é pouca. Diante de tantas ações de inegável estultícia política e desconhecimento do país real, esse que a mídia insiste em esconder ou denegrir, o que sobra para a direita mais exaltada e seus ideólogos e militantes de Twitter e Facebook, diante de mais uma derrota eleitoral, é o caminho da irresponsabilidade. Ou o respeito à democracia.

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