Por Gilberto Maringoni
São preocupantes as informações de que um suposto grupo terrorista teria anunciado um atentado durante a posse de Jair Bolsonaro, em 1o. de janeiro, em Brasília. As informações se originariam dos próprios responsáveis. É algo somente plausível em seriados da RKO dos anos 1940: uma gang alardeia aos quatro ventos que fará uma ação surpresa em local e data determinadas.
A isso se soma notícia, divulgada na noite de sábado, de que a futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (titular da pasta da Goiabeira), estaria "sofrendo ameaças nas redes sociais há uma semana e que está conversando com a Polícia Federal", conforme informa o UOL.
O portal ainda relata - sem maiores detalhes - que "no último dia 27, a PF abriu um inquérito para investigar uma suposta ameaça ao presidente eleito na posse, marcada para a próxima terça-feira. A autoria é do mesmo grupo que agora ameaça Damares, que se define como terrorista e reivindicou ter colocado uma bomba em uma igreja em Brazlândia, região administrativa do Distrito Federal, na madrugada de Natal, sem sucesso".
Sabe-se que as forças de segurança estão montando verdadeira operação de guerra para a cerimônia desta terça, incluindo-se aí a permissão para abater "aeronaves suspeitas".
Jair Bolsonaro vem criando, desde sua eleição, um clima de tensão crescente na conjuntura. Ora isso se dá através de ameaças escancaradas aos "vermelhos", "petralhas" e "esquerdistas" em geral, ora tudo vem embalado em mensagens aparentemente casuais (como a utilizada na camiseta de sua esposa, dias atrás) ou em tentativas de chantagem aberta (a exemplo do que o siderado futuro chanceler fez a Celso Amorim).
As supostas ameaças ao presidente e à Ministra da Goiabeira são vagas e imprecisas. Têm todo o cheiro de provocação de grupos de direita, com o objetivo de acirrar ânimos de forma artificial e justificar algum tipo de repressão. Até aqui não se sabe se os tais grupos teriam alguma proximidade com setores da nova gestão.
É preciso ficar alerta. Os porões da ditadura e celerados de extrema-direita têm tradição de montar ataques violentos na tentativa de acusar a esquerda e setores progressistas. Vale sempre lembrar dos atentados no Riocentro (1981), ao jornal O Estado de S. paulo (1968) e à tentativa de explosão do Gasômetro, no Rio (1968). Inicialmente atribuídos à esquerda, comprovou-se depois terem sido planejados e executados por gente das Forças Armadas.
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