Brasil de Fato
Bandeiras de partidos e de movimentos sociais foram queimadas (foto);ato era em comemoração à revogação do aumento das tarifas em São Paulo
José Francisco Neto
Fotos: Thiago Biá
O que era para ser um ato de comemoração pela revogação do aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, virou uma praça de guerra motivada, principalmente, por pessoas ligadas à direita radical. Nesta quinta-feira (20), movimentos sociais, sindicais e alguns partidos que participaram do ato do Movimento Passe Livre, foram duramente expulsos da avenida Paulista, com suas bandeiras queimadas e seus militantes agredidos. Era apenas estar vestido com algum artigo vermelho para ser linchado por quem “defendia a democracia”.
Acuados com gritos do tipo “sem partido” e “fora PT”, os mais radicais que incitaram a violência exigiram para que até os movimentos sociais baixassem suas bandeiras. Eles argumentavam que esses movimentos também eram partidários. Houve empurra-empurra, troca de insultos, agressões físicas e a tomada de bandeiras vermelhas, que eram em seguida queimadas. Isso aconteceu até mesmo com bandeiras do PSTU, cujos militantes gritavam palavras de ordem contra o governo Dilma durante a passeata.
Uma barreira humana foi feita para isolar os manifestantes que seguiam pacificamente pela avenida Paulista. Mas não durava muito. Logo, os mais exaltados, furavam o bloqueio e agrediam as pessoas.
Para Maurício Costa de Carvalho, militante do PSOL, é normal em momentos como esse ter a diversidade de partidos comemorando algo que envolve toda a luta social. “O que é anormal é o estímulo, a ruptura desse movimento em torno da questão partidária. Eu acho que isso foi uma política bem elaborada por setores conservadores que envolvem o PSDB, se amparando numa fragilidade que os partidos têm hoje em dia, que é a fragilidade da história do PT”, considera.
“Partidos não são somente para eleição, é o fato de se organizar enquanto movimento social, movimento estudantil e outros setores”, acrescenta Rafael Silva Duarte, militante do coletivo Juntos.
Outro rapaz, de aproximadamente 20 anos, que também acompanhava a manifestação, disse ao Brasil de Fato que estava lá somente porque foi dispensado mais cedo do serviço. Ele trabalha numa ONG do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (FHC). “Falaram que ele [FHC] tinha dispensado todo mundo mais cedo para participar do ato”, explica.
Aos poucos, as pessoas que foram para participar da manifestação pacífica, foram se dispersando e indo embora. O ato, que era para ser comemorativo, terminou com violência gerada por pessoas que queriam o fim da esquerda e dos movimentos sociais na rua.
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