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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Relato indignado: Mesmo com os rapazes pagando a refeição do morador de rua, gerente do restaurante o agride

Parabéns, Thiago.

"Não frequentem o Pigalle Restaurante em Copacabana!




Vi uma covardia muito grande acontecer lá, e logo depois um dos maiores gestos de humildade que eu já vi na minha vida.

Esse lugar tem um rodízio de petiscos na avenida atlântica, em frente a praia de Copacabana.
Depois de sair ali de ipanema eu e um amigo resolvemos comer por lá. Ele já tinha ido e é um rodízio bom e barato.

Sentamos e começamos a comer. Comida pra caramba em cima da mesa.
De repente aparece uma pessoa em situação de rua e pede, com licença, se podíamos dar alguma comida pra ele.
Não pediu dinheiro, pediu "qualquer coisa daquela mesa, já que não iamos comer tudo"
Ok, resolvemos dar comida pra ele. Mas o gerente se meteu no meio e não deixou. Disse que se déssemos a comida teríamos que pagar outro rodízio, afinal é por pessoa o preço.
Ele viu, mas continuou pedindo, afinal estava com fome.
O gerente disse "vamos ali atrás que eu te dou um prato de comida"

Ele voltou assustado e dizendo que na verdade o gerente queria enfiar a porrada nele.
Não tinha mais o que fazer. Enchemos um guardanapo e iamos dar a carne pra ele.
Quando de repente o filho da puta do gerente pega o cara num mata leão e o derruba no chão, quase batendo com a cabeça num vaso de plantas.
Eu e meu amigos ficamos sem reação, só olhamos e começamos a gritar coisas do tipo "que isso cara, ta maluco?", "solta ele porra!!".

Ele soltou o esfomeado que ficou ali no chão, humilhado, olhando de lado pra gente com um olhar triste pra caramba, misturado de fome com humilhação.
Não tinha como ele não comer. Ele ia comer, agora era uma questão de honra.
Isso porque ele ficou com medo de irmos até a delegacia prender o gerente por agressão. Disse que tinha medo.
Resolvemos fazer o seguinte.
Chamamos ele pra sentar na nossa mesa e pagamos o rodízio e guaraná dele. Assim o gerente ia ter que respeitar, era um cliente como qualquer outro.

Mesmo assim ainda continuou sofrendo preconceito. Ele tentou ir ao banheiro e foi barrado. Estávamos sentados na "varanda" e o banheiro ficava na parte de dentro, com ar condicionado e pessoas "ricas" comendo. Acho que não queriam um negro, pobre e morador de rua ali dentro.

Ele voltou e dessa vez foi no banheiro comigo. Quando eu abri a porta ninguém tentou segurar. Ninguém tentou impedir. Só olhavam torto pra mim com aquela cara de burguês incomodado de ter que jantar no mesmo lugar que um pobre. Com aquela cara de nojo.
Fiz questão de ir bem devagarzinho.

Depois de usar o banheiro voltamos pra mesa. Ele ainda estava com muita raiva, levantou com uma faca na mão e chamou o gerente pra brigar com ele. Mas logo viu que tava fazendo besteira com raiva e largou a faca e sentou de novo.

Pedimos pra ele não fazer isso de novo, que mesmo estando com a razão isso poderia dar merda pra ele.
Não deu outra, chamaram a polícia.

O PM chegou no restaurante já indo em direção a nossa mesa, mas no meio do caminho um gringo já levantou e começou a defesa do Piauí (chamando assim pois é de onde ele disse que veio, mas seu nome é Clarindo). Disse num portunhol todo enrolado que o gerente tinha batido nele.

O policial veio perguntar se ele estava nos incomodando. Dissemos que se alguém estava incomodando ali era o gerente, e que se fosse pra levar alguém ele que teria que ser levado, por agressão.

O PM foi embora, continuamos comendo, e aí eu vi uma das coisas mais bonitas da minha vida.
O cara levantou e chamou o gerente de novo
"Aê irmão, vamos conversar..."
Foi na direção dele. Pensei "fudeu, ele não vai se controlar"

Eis que de repente ele estende a mão, aperta a mão do cara que agrediu ele, dá um abraço e diz "Eu te perdoo"
Depois dessa, o cara me quebrou. Quase chorei ali sentado na mesa perante tamanha humildade de uma pessoa.
Acho que agora entendo pq chamam pobre de humilde.

NÃO COMAM NESTE LUGAR!
NÃO SEI O NOME DO GERENTE. NÃO INTERESSA TAMBÉM."



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