Paulista fechada para veículos aos domingos:
ousadia que vai virar exemplo para outras cidades
(Foto: André Tambucci/Fotos Públicas)
O papel de São Paulo como centro difusor de cultura é inquestionável.
Se o Rio ainda é capaz de influenciar alguns padrões de comportamento, São Paulo vai além e exporta tanto seu conservadorismo político como seu vanguardismo artístico, numa aparente contradição de difícil entendimento.
Essa última medida do prefeito paulistano Fernando Haddad é exemplar.
Sua ousadia de querer fechar para a circulação de veículos a Avenida Paulista, transformando-a, nos domingos, num amplo parque para o lazer da população, certamente fez com que fosse ainda mais odiado por setores que rejeitam mudanças e que querem continuar a viver num Brasil acostumado a uma iníqua desigualdade social.
São os que gritam, histericamente, "fora PT", "fora Dilma", "fora Lula", pois, para eles, até a social-democracia é uma ameaça aos privilégios seculares a que se aferram.
Há, porém, como se viu na Paulista neste último domingo, ocupada por milhares de pessoas das mais variadas extrações sociais, uma imensa parcela da população que deseja muito mais que a metrópole lhe oferece hoje em termos de lazer, mobilidade, arte, serviços básicos...
Haddad, pode-se dizer, descobriu a roda.
O impacto dessas medidas que vem tomando - criação de uma malha cicloviária, ampliação das faixas de ônibus, redução da velocidade dos veículos nas vias públicas, instalação de equipamentos culturais na periferia, adoção de novo plano diretor etc -, algumas aparentemente simples, é extraordinário para a concepção de uma cidade que atenda minimamente as necessidades de seus moradores.
E mais: elas representam uma revolução urbanística que será notada brevemente, já que serão inevitavelmente replicadas em outras comunidades Brasil afora.
Como disse no início desta croniqueta, a influência de São Paulo no resto do país é enorme.
Daqui a pouco tempo haverá, nos fins de semana, um monte de Avenidas Paulistas, ou "ruas de lazer", por todo o país.
Assim como muitas cidades começarão a construir ciclovias, ampliarão os quilômetros de faixas de ônibus, reduzirão a velocidade máxima de suas ruas...
O processo evolutivo da civilização é assim mesmo, dialético, feito de embates, de brigas e discussões.
Nesse sentido, Haddad é uma benção para o Brasil, além de ser o mais que necessário contraponto para o conservadorismo radical do governador do Estado.
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