CAÇA AO LULA, GOLPE E CRIMINALIZAÇÃO DO PT
por DAVIS SENA FILHO
Somente acontece no Brasil. Pessoas sem um único voto, a exemplo de colunistas, comentaristas, articulistas e ilusionistas de uma imprensa reacionária e alienígena, a mando de seus patrões, pautarem o sistema político brasileiro e a ordem democrática estabelecida pela Constituição e pelos resultados das urnas. Apenas no Brasil, uma dezena de coronéis midiáticos tem tanta influência no que diz respeito a controlar e a coordenar o processo jurídico e partidário brasileiro, além de, inacreditavelmente, terem como aliados também pautados por essa imprensa corporativa e de negócios essencialmente privados a PGR e o STF.
Submetidos aos ditames da imprensa burguesa, como no caso do “mensalão”, que apesar do julgamento do STF ainda está por ser comprovado, essas corporações estatais corresponderam aos seus anseios e, por sua vez, edificaram uma frente política não oficializada; porém, poderosamente atuante nos bastidores do único poder da República — o Judiciário — cujas lideranças com cargos de mando e de chefia não são eleitas, e, portanto, divorciadas da vontade e dos interesses do povo brasileiro, que lhe impinge derrotas em sucessivas eleições, porque há 12 anos optou por votar em candidatos trabalhistas, a exemplo do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff, sendo que no passado os ancestrais desse mesmo povo votava em políticos trabalhistas como Getúlio Vargas e João Goulart — o Jango, que foram apeados do poder conquistado nas urnas por meio de golpes de estado de direita.
Eis que a Polícia Federal no período do mandato de Lula realizou, doesse a quem pudesse doer, 1.119 operações, praticamente sem ser questionada em sua autonomia para investigar, reprimir e prender aqueles que se envolveram com malfeitos. Além disso, até o início de 2003 quando Lula assumiu a Presidência, a Polícia Federal tinha em seus quadros cinco mil servidores. Em janeiro de 2011, fim de seu mandato, o presidente trabalhista aumentou os quadros da PF para 11 mil servidores públicos. No decorrer do Governo Lula, 3.200 pessoas foram presas ou afastadas a bem do serviço público.
Em contrapartida, durante o governo do neoliberal FHC, o número relativo ao pessoal da PF estava estagnado, porque o governante tucano “congelou” os concursos públicos em âmbito federal, bem como o Ministério da Justiça e a Polícia Federal efetuaram, em oito anos, apenas 28 operações, além de prenderem o número ínfimo de 54 pessoas. Resumo da ópera: o governo FHC administrou uma PF que não atuava de forma republicana, porque naquele período a corporação policial se transformou em uma polícia de governo quando, sem sombra de dúvida, deveria ser uma polícia de estado, independente e a serviço do cidadão e contribuinte brasileiro. Realmente, um grande erro. Esperar o quê de um governo tucano e de princípios e valores neoliberais. Realidade e conduta essas que não aconteceram com a PF do Governo Lula e nem com a de Dilma.
Como podem acontecer em um período de alienação do patrimônio público poucas prisões e quase nenhum afastamento de autoridades e servidores, afinal foram vendidas estatais de grande porte e estratégicas para o País? Respondo: pode. Porque, apesar de a imprensa de negócios privados ter publicado ou veiculado notícias sobre os escândalos das privatizações na época, essa mesma mídia conservadora e porta-voz da direita brasileira e estrangeira sempre apoiou o governo tucano e seu programa de governo, bem como apregoou, por meio de uma publicidade abrangente e sistemática, o que foi estabelecido pelos economistas de instituições financeiras, que se convencionou chamar, a partir de 1989, de Consenso de Washington.
A partir desse ano foi apresentada ao planeta a nova face do colonialismo e do imperialismo, na forma de globalização, por intermédio de diversas ferramentas tecnológicas e informatizadas. O “consenso” dos financistas e monetaristas resultou no pensamento único midiático e acadêmico, sem espaço para caber contestações. Quem não concordava com a pirataria, era logo chamado de dinossauro e sumariamente calado nos meios de comunicação corporativos e comercialmente hegemônicos, que efetivam e impõem até os dias de hoje a censura e o linchamento moral daqueles que porventura não se deixam ser pautados, não são cooptados pelo sistema de capitais ou que simplesmente querem, por exemplo, um Brasil autônomo, livre, soberano, democrático e que viabilize o que setores da classe média e as elites ricas herdeiras ideológicas da escravidão não querem e ferrenhamente combatem com o ardor do ódio: a emancipação social e econômica do povo brasileiro. Vide artigo da lady Danuza Leão ou vídeo dogentleman Boris Casoy, que, inquestionavelmente, agem como porta-vozes e colocam para fora o que as classes dominantes pensam, sentem, querem e como se comportam em relação ao Brasil, aos trabalhadores e aos pobres.
Por seu turno, no decorrer de quase quinze anos, a economia mundial foi praticamente desregulamentada e aconteceu o que teria de acontecer: a crise imobiliária e financeira (bancos) de 2008, que derreteu o capitalismo de opulência e de consumo desenfreado dos europeus ocidentais, dos japoneses e dos EUA. Tal crise fez o mundo novamente reviver e experimentar — resguardadas as diferenças e a época na qual vivemos — o crash de 1929, sendo que a crise socioeconômica atual é mais grave do que a antiga, conforme consideram os economistas e os historiadores. Que o digam os povos de Espanha, Irlanda, Grécia, Portugal, Itália e até mesmo Inglaterra e França, que saíram às ruas, enfrentaram a polícia e contestaram seus governos e o empresariado banqueiro, que levaram a economia desses países à bancarrota.
E fazer o quê quando país da importância e da força econômica do Brasil salda suas dívidas com o FMI e o Clube de Paris. De onde amealhar ou sugar recursos para sustentar seus altos padrões de vida, orgulho dessas sociedades europeias e humilhação dos povos da América Latina, com a cumplicidade infame de suas “elites” e de outros continentes onde vivem na mesma situação outros povos oprimidos. É por isto e por causa disto que o rei Juan Carlos, de Espanha, reportou-se, de forma “humilde”, à presidenta trabalhista Dilma Rousseff e afirmou que a Espanha e outros países, como Portugal, precisam muito da ajuda do gigante sul-americano cuja economia é a sexta maior do mundo e que tem um mercado interno tão poderoso que permitiu que o Brasil não sentisse a crise internacional de maneira tão dura como ocorre, inclusive e até hoje, com os Estados Unidos, onde o índice de pobreza é o pior entre os países ricos, apesar de o país yankeeter uma das maiores rendas per capita do mundo.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Suécia, por exemplo, tem menos adultos analfabetos funcionais e menos pobres que os EUA. As estatísticas indicam que 7,5% da população sueca entre 16 e 65 anos é analfabeta funcional, enquanto nos Estados Unidos este número supera os 20%. Por sua vez, 6,3% do povo sueco vivem abaixo da linha de pobreza, enquanto o governo estadunidense tem de cuidar ou ajudar a resolver os problemas de 13,6% de seus cidadãos que tem muita dificuldade para sobreviver. Atualmente, a população dos EUA é de quase 309 milhões de pessoas. Então a conclusão é que 31 milhões de cidadãos norte-americanos são pobres ou se encontram abaixo da linha de pobreza, o que se torna uma realidade trágica para um país que consome 20% do petróleo que é produzido no mundo.
É visível a pobreza nos EUA. Todavia, tal realidade se torna invisível e inexistente para o baronato da mídia brasileira, que se recusa a mostrar de forma transparente a crise do poderoso país da América do Norte, bem como se recusa a repercutir os avanços e as conquistas sociais do povo brasileiro nos últimos dez anos de governos trabalhistas. A mídia privada esconde o Brasil e se dedica a dar golpes políticos com o apoio de uma Procuradoria Geral e de um Supremo extremamentes reacionários e conservadores. O momento é de judicialização da política, porque a direita brasileira sabe que quando esteve no poder não fez nada para melhorar a vida dos cidadãos e com isso proteger a cidadania. O PSDB e seus apoiadores apenas governaram para os ricos. Por causa disso, rapidamente perceberam que, por intermédio do voto, vai ser muito difícil vencer eleições contra candidatos trabalhistas. Não tem como fugir dessa realidade, a não ser enfrentá-la, mesmo se for por meio de expedientes desonestos, ilegais, manipulados e distorcidos.
Os índices de aprovação de Lula e de Dilma são altíssimos e por isso e por causa disso se tornou imperativo apelar para o golpe aos moldes de Honduras e Paraguai. É dessa forma cínica e desprezível que a banda toca por esses pagos. Os barões da imprensa, os representantes mais atrasados e reacionários da classe empresarial, não se conformam que os inquilinos da Casa Grande fiquem fora do poder central no âmbito do Executivo. Estão há dez anos sem sentar à mesa do gabinete da Presidência da República, o que lhes causa urticária e um rancor à base de adrenalina e do fel da bílis.
Contudo, tal grupo empresarial é requisitado e bajulado por alguns seres mortais que usam capas de Batman e realizam seus julgamentos como se fossem as novelas da TV Globo, onde a falta de senso crítico mancomunada com a vaidade e o orgulho levaram homens a serem condenados sem provas de terem cometido malfeitos, o que não importa, porque é necessário para a direita brasileira criminalizar o PT, derrubar, se conseguir, o governo trabalhista de Dilma Rousseff, mas, sobretudo, calar o presidente mais popular da história do Brasil, se possível algemá-lo, porque o que importa é que ele fique impedido de falar, de fazer política e principalmente parar de eleger verdadeiros “postes”, a exemplo de Dilma e Haddad. É a direita do fracasso eleitoral retumbante, que, sem voto, aposta no golpe e com a cooperação de certos batmans da PGR e do STF.
Enquanto Lula tem seu nome mais uma vez ligado a um novo escândalo midiático cujos personagens são os irmãos Vieira, além de uma funcionária de terceiro escalão, lotada na Presidência da República em São Paulo, o fundador do PT e da CUT vai à Índia e é comparado a Mahatima Gandhi. Entretanto, a oligarquia midiática monopolista censura a consagração do ex-presidente no exterior e, por conseguinte, não dá destaque à homenagem tão importante e emblemática recebida por um político brasileiro, que, tal qual ao trabalhista Getúlio Vargas, mudou o Brasil para melhor.
Mesquinha e provinciana; colonizada e perversa; ordinária e dona de um incomensurável complexo de vira-lata, a mídia corporativa tupiniquim de ideologia francamente fascista não reconhece o Prêmio Indira Gandhi, o mais importante daquele histórico país, oferecido ao presidente operário por ele ter sido considerado uma pessoa que “contribuiu à paz, ao desarmamento e ao desenvolvimento”. Para o presidente indiano, Pranab Mukherjee, Lula merece a homenagem por “defender os mesmo princípios de Indira e de Gandhi, o que representa associá-lo à mais ilustre companhia possível”.
Lula é admirado no Brasil e no exterior. E muito. Porém, se algum desavisado ler as publicações brasileiras ou assistir à televisão vai pensar, sem quaisquer dúvidas, que Lula é irremediavelmente odiado. Contudo, parte da classe média — aquela mesma que até hoje deita e rola com o “Bolsa Empréstimo Consignado ou Facilitado”, bem como com o “Bolsa Casa Própria, Isenção do IPI e Estudo no Exterior” — e o conjunto da imprensa burguesa, além de muitos integrantes da classe economicamente dominante, o tratam de forma desrespeitosa, preconceituosa e não reconhecem o desenvolvimento social e econômico que aconteceu no Brasil e que impressionou os mandatários dos países desenvolvidos, do Brics, do G-20 e do G-8. Isto é fato. Ponto. Se recusam a reconhecer as conquistas de toda população deste País, porque são pessoas incondicionalmente presunçosas, que se acham especiais e diferentes e por isso consideram que precisam viver em um mundo VIP, para poucos beneficiados e privilegiados e que, indelevelmente, pensam que foram escolhidos a dedo, nada mais e nada menos, por Deus.
São autoritários e arrogantes; perversos e egoístas; e por isso não conseguem digerir a ascensão social de 40 milhões de brasileiros que hoje dividem os aeroportos, os cinemas, os shoppings e talvez até alguns restaurantes com esses provincianos de pensamento humanitário curto e maldade vasta. São os que se acham apadrinhados pela pele branca e, obviamente, pela reserva de mercado em que foram transformados o emprego público e as universidades federais e estaduais para os filhos das classes média e rica, lacerdistas, ressentidas, bem como contaminadas por valores venais, fúteis, levianos e de “grandeza” sem razão e despida do que é humano e civilizado, solidário e social.
STF: judicialização da politica, arrogância e tentiva de intervir no Legislativo.
Os financistas alienígenas, no que diz respeito à preservação e proteção dos mercados internos nacionais, e os governantes traidores de seus povos e adeptos do neoliberalismo implantaram um modelo econômico draconiano de exploração e pirataria, pois estúpido e baseado nesses pontos: abertura comercial (isenção ou diminuição de taxas e tarifas para os produtos estrangeiros); desregulamentação (afrouxamento do rigor das leis trabalhistas e econômicas); investimento estrangeiro direto (eliminação de restrições); privatizações de estatais, além da diminuição dos investimentos públicos, o que, sobremaneira, é uma lástima para a população carente, a exemplo da brasileira, que necessita da presença do estado nacional, com o propósito de essa camada desprotegida da sociedade ter acesso aos programas de inclusão social, aos projetos que efetivam a busca pela igualdade regional e, consequentemente, através de um tempo programado, tornar-se independente e apta a competir no mercado de trabalho. Dessa forma, efetivamente, as pessoas beneficiadas passam a ter maior facilidade para conquistar o emprego, além de ter acesso à saúde, à educação e à segurança alimentar. Cidadania. Ponto.
Todo esse processo de independência do povo é combatido pelo sistema midiático de caráter mercantilista. E é por isso que as conquistas sociais dos brasileiros não são mostradas por uma dezena de famílias que receberam licença do governo e, portanto, do povo brasileiro para, por exemplo, ganharem bilhões com suas transmissões televisivas. Agora a pergunta que não quer calar: o que essas questões tem a ver com o assunto sobre mais uma operação da PF ocorrida em São Paulo. É que por trás desses casos — muitos inverídicos e manipulados e outros verdadeiros e reais — está a luta pelo poder político que é renovado de quatro em quatro anos, por intermédio das eleições.
A direita derrotada três vezes quer a volta do modelo neoliberal para a economia, além de ficar imensamente inconformada com as políticas sociais efetivadas pelos governos trabalhistas, Além disso, a direita midiática e partidária e também a judiciária quer impor seus valores e seus princípios no que concerne às políticas públicas de relações exteriores, que fez do Brasil um País que se relaciona diplomaticamente e comercialmente com vários blocos econômicos e políticos, eliminando dessa forma a subserviência aos países que tradicionalmente foram sempre os principais parceiros e credores do Brasil e que hoje enfrentam uma crise tão grave e profunda, que enfraquecidos ou menos poderosos, foram tratar de seus interesses internos e da insatisfação, muitas vezes violenta, de seus povos.
Incomoda demais as perversas, preconceituosas e violentas elites brasileiras herdeiras da escravidão ter de ver um operário metalúrgico se transformar em um pop starde grandeza internacional, como bem demonstram as dezenas e dezenas de homenagens recebidas por Lula no Brasil e no exterior e que são devidamente boicotadas e escondidas pela imprensa burguesa de caráter bárbaro. Dói na alma dos elitistas provincianos e de pensamentos colonizados ver o estadista Lula ser protagonista da criação do Brics, do G-20, da Unasul, do fortalecimento do Mercosul e do aterramento da Alca, que somente tinha o propósito de fazer com que os produtos dos EUA entrassem nos países da América do Sul livre de barreiras alfandegárias. São esses fatos que incomodam os barões da imprensa, os seus sabujos “especialistas” em coisa nenhuma, a não ser em distorcer e manipular as realidades e até mentir se for preciso.
A imprensa não é séria e muito menos se preocupa com escândalos, roubalheiras ou qualquer coisa que aconteça. O sistema midiático que luta somente pela liberdade de empresa e não de imprensa quer apenas apagar o fogo com gasolina. Se a mídia que está aí se preocupasse com escândalos e com os interesses do Brasil, certamente que o livro “A Privataria Tucana”, a compra dos votos da reeleição do presidente tucano FHC — o Neoliberal —, o caso Banestado, o maior escândalo do Brasil, e o Mensalão do PSDB estariam nas manchetes sendo cobrados pelos colunistas ou comentaristas ou “especialistas” de prateleira da Globo News.
A luta pelo poder se dá no campo do sistema midiático privado, que pauta a vida política brasileira. A direita não vence pelo voto. Vence por meio do golpe. Historicamente é assim. O caminho que esses caras de direita encontraram é o da judicialização e da criminalização da política e do partido que está no poder — o Partido dos Trabalhadores. O resto é conversa para boi dormir. Urge calar o operário. Se possível desmoralizá-lo, sangrá-lo e prendê-lo. A direita matou Getúlio e Jango. Os trogloditas humilharam vergonhosamente o presidente Juscelino Kubitschek. Ponto. O que interessa na verdade aos reacionários é a caça ao Lula. Ele tem voto. É isso aí.
Fonte:http://www.brasil247.com/+3zsbk
Via:http://opensadordaaldeia.blogspot.com.br
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