As possibilidades criativas oferecidas pelo teatro são múltiplas e o dramaturgo e diretor pernambucano João Falcão sabe bem disso. Em seu mais novo espetáculo, o musical “Gonzagão – A Lenda”, ele se apropria da liberdade poética para imaginar novas (e lúdicas) formas de contar a história de Luiz Gonzaga, um dos maiores mitos da música brasileira.
A peça marcou a abertura do 15º Festival Recife do Teatro Nacional, realizado em novembro.
No ano em que Gonzaga completaria 100 anos, não faltaram homenagens a ele. Livros, filmes, especiais de televisão, só para citar alguns exemplos. Todos eles, no entanto, se apegaram à trajetória biográfica literal do pernambucano. Quando recebeu o convite da produtora Andrea Alves, da Sarau Agência de Cultura Brasileira (RJ), há dois anos, para escrever e dirigir uma obra baseada no Rei do Baião, João Falcão sabia que queria se aproveitar dos recursos que a linguagem teatral oferecia para reverenciar Gonzagão, mas sem se prender a um modelo de contação tradicional.
Nascido no Interior de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, Falcão afirma que, para executar o espetáculo, ele revisitou suas próprias memórias. “O convite para o projeto me deu total liberdade para escrever a história. Na época eu estava cheio de compromissos, mas eu não poderia deixar de homenagear Gonzaga, que é uma figura muito presente na minha formação de base. Então, trabalhei com um material que me era muito familiar”, conta.
Assim como nos outros trabalhos de Falcão, a dramaturgia foi sendo construída durante o processo de ensaios, a partir de experimentações. “Sempre faço isso. Durante os ensaios, muita coisa vai surgindo. Em ‘A Dona da História’, que fiz com a Marieta Severo e a Andrea Beltrão, por exemplo, eu cheguei para o primeiro ensaio com dez páginas escritas. E, durante o processo, esse texto foi sendo reescrito várias vezes. É um processo trabalhoso, que exige muita entrega dos atores, mas é produtivo”, explica.
No caso de “Gonzagão – A Lenda”, a história do rapaz de Exu que conquistou o Brasil é contada por uma trupe teatral, que, em um espaço temporal não identificável, narra a “lenda do Rei Luiz”, que viveu “nos idos do século XX”. Falcão enfatiza que o fato de ser um espetáculo lúdico não significa que a história de Gonzaga não será contada. “É a história de Luiz, mas não é um trabalho para se conhecer minúcias da vida dele. Preferi uma abordagem lúdica; não queria que as músicas tivessem função simplesmente ilustrativa, e sim que contassem a história dele. Mas a abordagem é fabulosa, poética”, explica.
Como não poderia deixar de ser, a trilha sonora do espetáculo é um elemento de destaque. Ao todo, são interpretadas cerca de 50 músicas do Rei do Baião. Mas, além de reverenciar o ritmo criado por Gonzaga, as canções são repaginadas, com a adição de instrumentos como a bateria e o cello. “Procurava uma música que coubesse em determinada situação e, às vezes, eu ouvia uma canção e achava que ela sugeria uma cena, me inspirava. Foi um processo muito divertido”, afirma Falcão. No elenco estão os atores Marcelo Mimoso, Laila Garin, Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fabio Enriquez, Paulo de Melo, Renato Luciano e Ricca Barros, além dos músicos Beto Lemos, Daniel Silva, Rick De La Torre, Rafael Meninão e Marcelo Guerini.
Fonte: Folha-PE
Via: http://estreladecouro.wordpress.com
Deveria ser melhor explorado no Sudeste do Brasil, a grande M é descontruir o que a Mídia fez questão de preconceituar.
ResponderExcluirConcordo plenamente...
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