Com o avanço da idade, ter ilusões torna-se pecado imperdoável, pois não há mais o atenuante da juventude. Fica no terreno da insanidade, portanto, imaginar que a última sexta-feira, 27 de março, possa representar um dia da virada para o país.
A escolha de Renato Janine Ribeiro como ministro da Educação nos projeta na fantasia de que, enfim, o sal de frutas fez efeito e Dilma Rousseff se curou da ressaca pós-reeleição. Só entorpecida para escolher o ministério que escolheu, e ainda achando que daria um olé nos profissionais do PMDB. Janine significa o gol do Oscar após os sete dos alemães. Será que tem terceiro tempo?
Não que um professor de filosofia, por si só, tenha o poder de tirar o governo da apatia generalizada ou jogar duro com os parlamentares chantagistas. Mas é um bálsamo ter um ministro que entende do assunto de sua pasta, não serve a nenhum escambo malcheiroso e, surpresa maior, pensa. Temos, aleluia!, um ministro que possui ideias para o país, não apenas para o seu partido ou para a sua família.
Também na sexta, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, foi alvo de um protesto na Assembleia Legislativa paulista. Não dos deputados, é claro, porque quase todos estavam ali para bajular o capo. Mas de cidadãos que foram gritar o óbvio ululante: Cunha é a encarnação maior do atraso brasileiro, com transações políticas obscuras se somando ao obscurantismo no campo dos direitos civis.
Eram só 20 manifestantes, mas pode ser o início de algo. No Rio, a situação está pior. Na quarta-feira passada, na Assembleia Legislativa, apenas 5 dos 70 deputados votaram contra a entrega a Cunha da mais alta comenda do Estado, a Medalha Tiradentes. E não havia ninguém nas galerias protestando.
Outras sextas-feiras como a última se fazem necessárias.
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