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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Rio de Janeiro é a incubadora e o laboratório do Fascismo



O Rio de Janeiro como a incubadora do fascismo e o laboratório do nepotismo do bolsonarismo. O Rio de Janeiro foi o único estado a garantir 100% dos municípios para Bolsonaro. Elegeu senadores, deputados federais e estaduais associados ao pior tipo social de políticos do bolsonarismo.

1 – Cidade historicamente dividida e profundamente partida. O maior porto escravista da história. A cidade Imperial. A cidade da desigualdade social mais explícita, favelas e milionários convivendo lado a lado. A cidade da informalidade, violência e da criminalidade em todos os níveis. Rap das armas. Fortes divisões étnicas, religiosas, ideológicas e de classes sociais. Purgatório da beleza e do caos.

2 – A crise da transferência da capital para Brasília. O Rio de Janeiro como uma ex-cidade-capital e suas perdas burocráticas, decadência e crise prolongada. Cidade capital e sua imensa burocracia parasitária – Max Weber. Magneto para atrair oportunistas nascidos em outras cidades para aventuras políticas locais. Espertos com senso de oportunidade. O Juiz do tipo do Witzel, com vídeos ensinando os juízes a acumularem mais gratificações, o militar ambicioso, indisciplinado e politiqueiro como Bolsonaro, os espertos da burocracia.

3 – A concentração de militares, eleitores de direita e de extrema direita. A Vila Militar, Marechal Hermes, Realengo, grande presença de militares na ativa, aposentados, famílias e pensionistas bilionárias distribuídas por todos lugares da Zona Sul. Base social de direita nas elites estatais, na magistratura, alto funcionalismo público de direita hereditário. Contexto social do filme Tropa de Elite. 

4 – Transferência direta da tradição de direita local lacerdista, golpista e anti-institucional da UDN, da ARENA, PDS, PP para Bolso e o PSL.

5 – Chaguismo do MDB. O PMDB como força partidária dominante antes da redemocratização e da abertura. O Chaguismo como produto do final da ditadura e suas marcas clientelistas no PMDB dos últimos 30 anos. O desmonte do governo de Cabral e sua prisão como fenômeno regional. Outros governadores ainda mais corruptos foram protegidos e poucos foram fiscalizados pela justiça e somente na reta final da campanha, tipo Beto Richa (PSDB) no Paraná. 

6 – Origem da igreja universal (IURD). Neopentecostalismo e crise do catolicismo popular. O Rio de Janeiro e a criação de novas experiências religiosas neopentecostais, como a igreja universal, Edir Macedo e sua família, a vitória de Crivella na prefeitura, profusão desse tipo de protestantismo neopentecostal em várias outras igrejas, seitas, níveis e camadas.

7 – Sede da Globo. Manipulação e lavagem cerebral de direita durante décadas. 

8 – Crescimento do PSOL reforçando o antipetismo. O antipetismo nada mais é que o ódio à inclusão dos mais pobres, o ódio às políticas sociais e de redistribuição de renda. O PSOL como partido de classe média, com poucos trabalhadores e de jovens que não viveram o final da ditadura militar, de muitos renegados do PT e que sempre demonstraram seus abertos ressentimentos e ódios contra o PT e se somaram aos anos de perseguições, ódios e antipetismo, anti-esquerdismo da direita, da grande mídia. Só agora entenderam a urgência e necessidade de escolherem o lado (esquerda X direita) no caráter plebiscitário e o dueto inevitável da política nacional.

9 – Falência teórica e prática de muitos intelectuais públicos locais – Quando não estão nas torres de marfim isoladas da “pureza da academia e da neutralidade axiológica dos isentões”, caíram para a direita. Um exemplo é César Benjamin, participou da resistência contra a ditadura, foi um dos coordenadores da campanha do PT em 1989, foi candidato a vice-presidente na chapa do PSOL com Heloísa Helena em 2006 e terminou como secretário municipal de educação de Crivella, até ser afastado, a típica trajetória antipetista e sua degenerescência política. Muitos intelectuais no RJ representam elevado estado de confusão política, apoiaram as jornadas de junho de 2013 sem entenderem o reacionário “ovo da serpente” de direita, são contra os partidos políticos importantes de esquerda e enfraqueceram a resistência contra a atual onda de direita. Não sabem o que fazer e se perderam politicamente na atual conjuntura do segundo turno de 2018.

10 – Muitos ativistas e pensadores do RJ não entenderam que o Golpe de 2016 era contra a democracia, contra Dilma e o PT. O Rio de Janeiro foi o exemplo de um Brasil sem o PT, um Brasil ameaçado pela extrema direita e sem maiores espaços de resistência somente oferecidos nacionalmente pelo PT, por seus parlamentares. Sem o PT falta visão estratégica a curto, médio e longo prazo para qualquer outra alternativa de esquerda. Não conhecem o Brasil profundo e pensam a política apenas no contexto regional e partidário do Rio de Janeiro. De frente para o mar e de costas para o Brasil. A derrota do fascismo e do bolsonarismo passará pela renovação da esquerda, do PT e de novas experiências no Rio de Janeiro.

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