Imagine que você é um jovem idealista.
Sonha por um mundo melhor, se indigna com a desigualdade social e pensa em militar em algum partido.
Aí então você vê a inauguração do Templo de Salomão.
Mais especificamente, você vê Dilma ao lado de Edir Macedo, agora com uma barba branca interminável.
Edir, o homem que inventou no Brasil a máquina evangélica de tirar dinheiro dos ingênuos, dos inocentes, dos crédulos – dos pobres.
Alckmin está lá também, contrito. Mas você não se surpreende com isso. Não espera de nada dele, e então sua presença não decepciona você.
Mas Dilma?
Num templo faustoso, para cuja construção milhões de fieis contribuíram muitas vezes com o que tinham no bolso.
Você vai pensar: não é esta espécie de política que eu quero fazer. Não é aquele partido que vai me ter.
Bem, todo o meu introito foi para dizer o custo de imagem para Dilma, e para o PT, de fazer um tipo de política tão parecido com tudo que está aí.
O comparecimento à inauguração do templo é apenas um entre tantos gestos.
Apenas para ficar num caso: você consegue ver Mujica no beija-mãos do Edir Macedo do Uruguai?
Mujica não foi sequer à consagração de Francisco em Roma, só para compararmos.
Ah, razões pragmáticas levaram Dilma ao Templo de Salomão. Ela tem que disputar os votos dos evangélicos. Tem que agradá-los.
Mas a que preço.
Você não apenas associa sua imagem à de um homem que é uma espécie de anti-Francisco. Um cultua a simplicidade, e a igualdade. O outro cultua o dinheiro, e a ostentação.
Você acaba também abraçando causas conservadoras apenas para não arriscar a perda de votos evangélicos.
Discutir coisas como o aborto? Esqueça. A legalização da maconha? Esqueça também.
Mas pior ainda.
Você parece mais um na multidão dos velhos políticos, sobretudo aos olhos de jovens idealistas que são, ou deveriam ser, o futuro de um partido como o PT.
Os princípios, na sofreguidão da busca por votos, vão sendo atirados ao mar como peso do qual você tem que se livrar.
Sobra o quê?
Pragmatismo, quando é demais, vira oportunismo cínico.
Não.
Não é baixo o “Custo Edir” para Dilma e para o PT.
Nossa, o "crime" dela, não é nada comparado aos do Zé Dirceu, Genuíno, Delúbio, mas afinal, com qual envergadura moral o Petista quer apontar Edir Macedo?Quer partir do principio da exploração dos humildes?Isto não lhe parece paradoxal???
ResponderExcluirO parlamento não pode ficar refém dos dogmas religiosos...Defendo o Estado Laico...
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