O país vai mal das finanças. Para ficarmos assim, doses de incompetência e desonestidade foram decisivas. Porém, como elas vieram à luz e estão sendo combatidas (por vontade ou contra a vontade do governo), a tendência é que a situação melhore lentamente, embora não sem alto custo social.
Muito difíceis de recuperar são as conquistas que as pessoas de uma sociedade buscam para a sua vida mais íntima --seu corpo, seus amores, seu núcleo afetivo, seu desejo de continuar existindo.
Estamos assistindo (e só assistindo) a grupos políticos aproveitarem a fragilidade do Executivo para tentar impor no Legislativo um programa reacionário --ou seja, de reação a avanços, entre eles os debates sobre temas fundamentais.
A união entre pessoas do mesmo sexo é uma realidade; mais de 600 mil abortos clandestinos são realizados anualmente no Brasil; mais de 50 mil pessoas são assassinadas todos os anos; temos mais de 500 mil presos em situação medieval, o que realimenta a violência.
Diante disso, o que oferecem os parlamentares liderados por Eduardo Cunha? O Estatuto da Família, marginalizando os homossexuais; nenhuma discussão sobre aborto; a revisão do Estatuto do Desarmamento, para que mais gente tenha armas e dê tiros por aí; a redução da maioridade penal, para aumentar prisões e ódios.
É claro que esses políticos representam o que muitos brasileiros pensam. Mas quem pensa diferente tem direito a dizer em voz alta que esses projetos significam um recuo às trevas. E será difícil sair delas. Basta ver quanto tempo levamos para chegar até aqui.
Se vitoriosos agora, os reacionários logo pedirão ainda mais armas na rua, prisão para adolescentes de idade ainda menor etc. Nem será surpresa se algum, nostálgico do século 19, pedir a volta da escravidão.
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